quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

FIM E INÍCIO DE ANO

Sempre foi assim: aos trezentos e sessenta e cinco dias, ciclo que se repete ano a ano, faz-se retrospectiva e avalia-se o período, levando-se em conta as comemorações de aniversários, formaturas, despedidas para a eternidade de entes queridos, festas juninas, festa natalina e tudo o mais que mereceu nossa avaliação como mudanças de atitude, de residência, de ambiente de trabalho; conhecendo novos colegas, novos vizinhos e novos amigos; o comportamento do tempo: friagem rigorosa no inverno, chuvas torrenciais, enchentes, alagamentos, deslizamentos de terras, queda de pontes, desabamentos de residências, perdas de vidas, desabrigados, desalojados; secas com perdas de safras, falta de água e poeira. A temperatura chegou alta no verão, trazendo tempestades destrutivas, queda de granizo, ventanias, falta de energia, descargas elétricas da atmosfera e apagões... E pelo mundo afora, as guerras continuaram, maremotos, terremotos, ações criminosas de todas as formas e uma crise econômica assolou todo o planeta, e parecia não ter fim... Vidas e mais vidas se perderam pelas imprudências cometidas no trânsito, nos latrocínios, nos infanticídios, assassinatos por motivos fúteis; enfim uma legião de jovens, adultos e idosos deixou esta vida precocemente...
Acima uma resenha do ano de 2009. E agora, que nos espera 2010? Certamente algumas ocorrências se repetirão, mas gostaríamos que outras não. Desejamos que o ano de 2010 se iniciasse com chuvas para o reabastecimento das nossas fontes, para que a umidade faça o nascer e o crescer das plantas; que o sol continuasse a brilhar para aspergir a luminosidades, iluminar nosso planeta, fornecer energia a todos os viventes e a manter dias e noites distintamente.
Se não fosse querer demais, gostaria que neste ano que se inicia, fosse banida a violência; que se preservasse a vida, que pusesse fim às guerras, que a natureza se acalmasse, pondo fim ao aquecimento global, mantivesse temperatura da terra estática; que não houvesse terremotos, sunames e tempestades; que não houvesse falta de alimento; enfim que prevalecesse o amor, a ternura, as amizades e a justiça.
Esperemos 2010, um ano abençoado por Deus e que toda a humanidade seja alvo dessas benesses.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

RETORNO À DOCÊNCIA

Há muitos anos deixei de comparecer às aulas na UVV. Parece-me que teria abandonado esse emprego, deixando, inclusive, de comunicar-me com a direção do estabelecimento, sem quaisquer explicações, mas na minha mente continuava professor, até que, tomei atitude de apresentar-me ao professor Rachid para explicar-lhe o ocorrido comigo. Não era coisa de meu costume deixar de cumprir. Para mim, as obrigações sempre tiveram prioridade, mas dessa vez, só a consciência é que me cobrava explicações, e pedidos de desculpas por ter agido desidiosamente para com a escola. Que pensavam de mim alunos, diretor, e colegas professores?
Cheguei à faculdade e me dirigi, logo, à sala dos professores. Lá se encontrava costumeiramente o professor Rachid reunido com os docentes, traçando planos estratégicos de ensino e, ao mesmo tempo, mantendo reunião informal e costumeira, ouvindo causos, piadinhas curtas de última hora e, por costume não recomendável, até questiúnculas da vida acadêmica. Ao chegar, dirigi-lhe a palavra, expliquei-lhe o porquê deixara de comparecer às aulas, fazendo lacunas em horários de minhas obrigações. Apesar de a escola ter-me descontado essas horas não trabalhadas, eu, só agora, comparecia para tentar explicar o inexplicável. Desconto de salários foi o mínimo; merecia, certamente, punições maiores, reconheço.
O diretor, depois de ouvir-me atentamente, passou-me exemplar reprimenda. Eu julguei ter meu contrato rescindido “por justa causa”, conforme dispõe o artigo 482 da CLT – (Consolidação das Leis do Trabalho) e seria nada mais que justa a punição. Mas o diretor chamou-me a não mais cometer falta dessa natureza, ficando, desta vez, aceitas minhas desculpas e justificativas devidas às enfermidades que estive acometido, consistentes de duas revascularizações do miocárdio, uma pancreatite aguda e a recente descoberta de hidrocefalia de pressão normal (HPN), durante esses vinte anos afastados da docência. E não só isso: devia retornar, adotando nova metodologia didática de trabalho, não se usando mais escritas em quadros com giz. No meu caso, ante a facilidade que tenho de escrever, poderia, a partir de títulos específicos, eu desenvolveria aulas em arquivos para serem baixados e até impressos pelos alunos. De posse desse material, minha função em sala de aula seria o desenvolvimento oral para que os alunos me acompanhassem pelo material informatizado. Já no início do período, eu deveria me adaptar às novas modalidades de aulas, coisa que, sem dúvida, modernizaria nosso ensino.
Com este acontecimento, espero que esteja redimido das minhas faltas. Continuei professor porque minhas justificativas foram aceitas. Agora, só me resta trabalhar e modernizar-me, para que esses pesadelos que povoam minhas madrugadas não voltem a ocorrer.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

EMPREGO PRIVILEGIADO

Evandro, filho de ex-combatente, natural de São Paulo do Rio Perdido, convidou-me a visitar aquela região para uma rápida passagem pela casa do Alberto, primo do seu pai. Primeiramente passamos pela BR-101 e depois enveredamos pela BR-259, chegando a Colatina. Nesta cidade convidou um rapaz para fazer-nos companhia. Aos poucos eu percebia que, pelas conversas de Evandro, ele dava conta de que grande empreendimento estava para chegar ao Estado, falava no geral sem particularizar os assuntos, empregava linguagem metafórica, de tal modo que nos motivasse a meditar sobre conteúdos desses diálogos
Em Colatina, como era horário de almoço, o restaurante “Drink” era opção certa, pois ali a casa era tradicionalmente famosa pelos serviços especializados no fornecimento de peixadas e onde, sempre, como de costume, servia as famosas lagostas de água doce, afora pratos elaborados com cortes especiais de carne bovina, suína, de ave e tipos de iguarias exóticas provenientes de caças da rica fauna da mata atlântica. Foi boa opção, pois além das iguarias que saboreamos, desfrutamos do conforto da casa em agradável ambiente climatizado. De conversa em conversa, Evandro fornecia pistas sobre atividades que seriam implantadas pelo novo empreendimento, porém, quando indagado, ele falava de maneira a nos explicar tudo com sutileza e afirmações evasivas, deixando-nos mais dúvidas que certezas.
Nós viajávamos em três pessoas: Evandro, um rapaz de quem não lembro o nome e eu. Quando nosso principal personagem falava, para cada um de nós, ele tinha linguagem diferente, usava sempre que possível os jargões de cada atividade profissional nossa. Assim, cada um procurava se comunicar, como estivesse falando com pessoa de atividade comum à sua. Comigo, ele falava sobre contabilidade, auditoria, administração financeira, assunto de economia, matemática e estatística (aí é que se podia, embora não clara, ver a intenção do nosso entrevistador em relação a cada um de nós). Quanto ao colega, que tinha como perfil profissional, a atividade de vendas e promoções, Evandro se mostrava profundo conhecedor das suas habilidades e ele, neste caso, sentia-se a vontade para expressar suas experiências.
Mas nossa viagem prosseguiu, passando por São Roque do Canaã, São João de Petrópolis e Santo Antônio do Canaã, local onde paramos por alguns minutos para prosseguir viagem no sentido de Várzea Alegre, através de moderníssima via pavimentada e inaugurada pelo governo do Estado do Espírito Santo recentemente.
De Várzea Alegre, rumamos no sentido de São Paulo do Rio Perdido, pois Evandro desejar passar por essa localidade que lhe trazia boas recordações da infância que viveu ali. Viu tudo diferente: o grupo escolar em que cursou as primeiras séries do antigo curso primário, hoje, não passava de depósito que servia a um comerciante instalado num prédio de dois andares construído, fazendo frente para a estrada, ainda de chão. A igreja já não era a mesma. Fora demolida e uma edificação moderna ocupava seu lugar. O cemitério, em que assistiu a inúmeros funerais, exibia a mesma fachada, embora no seu interior, muitos jazigos havia, além daqueles antigos do seu tempo de infância, e um rio que se formava de pequenos cursos de água provenientes daquelas montanhas, hoje, nada mais era do que pequeno córrego que se seca quase que completamente durantes os meses secos. Ali era o local predileto para pescar grandes traíras e bagres e eram grandes mesmo!
Subindo agora por uma estrada nova em que somente pedestres e cavaleiros a utilizavam antigamente, chegamos à casa do primo de seu pai, o Alberto, irmão de Gercino, Laurindo e Catarina. Chegamos e fomos recebidos por Alberto que nos convidou a entrarmos em sua casa. Tomamos água para aplacar a sede e nessa casa podíamos apreciar o frescor da brisa que vinha das bandas de alguns capões de mata atlântica, ainda restantes, abrigo natural de pássaros como os laçaris, maracanãs, juritis, corujas e os temíveis gaviões, cujo pio faz pássaros e galináceos sentirem-se aterrorizados.
Catarina, dirigindo-se ao primo Evandro, indagou se aceitaríamos lanchar com eles, costume familiar nesse horário de 15 horas, - claro, disse Evandro, coisa que nos aliviou, pois, realmente, sentíamo-nos famintos, depois de longas horas por essas estradas, quando de terra, poeirentas. E foi assim que Catarina nos serviu café, pão caseiro, queijo e leite, resultantes derivados da ordenha de vacas ali nessa propriedade. Depois de satisfeitas nossas necessidades de alimentos, cuidamos das conversas com nosso anfitrião e, em dado, momento em que eu e Evandro tivemos oportunidade de conversar a sós, ele me fez proposta de emprego nessa empresa que se instalaria brevemente em solo capixaba. No meu caso, ele me propunha ocupar um cargo de contoller, abrangendo toda a administração financeira e contábil, controlar custos e fluxos de caixa para acompanhar o movimento e de receitas e despesas e mais uma série de encargos de natureza contábil. Perguntei: - e o salário? Respondeu-me: de 15 a 20 mil reais, neles não incluídas as despesas de viagens, cujo ônus estaria a cargo da empresa. Perguntou-me: - aceita? – Sim, aceito, respondi. - Então, assim que estiver na matriz, cuidarei da oficialização do seu emprego e logo, logo, lhe darei notícias. – Há detalhes que combinaremos oportunamente, quanto ao local em que será sua sede de trabalho, que poderá ser em qualquer cidade do Espírito Santo, de preferência, dessas da região centro serrana. Quanto ao rapaz que era entrevistado com vistas a fazer parte de uma equipe de vendas, nada soube a respeito do salário que lhe foi proposto. Ele, ao que me parece, chefiaria o departamento de vendas, formando uma equipe de funcionários subalternos ao seu redor.
Nessa época de ascensão da economia, os salários são generosos, mas as exigências de experiência comprovada e da demonstração de conhecimentos e eficiência nos cargos é condição normal e obrigatória.
De Várzea Alegre, deveríamos retornar a Vitória, mas entardeceu e a noite chegou celeremente. Com isto, resolvemos aceitar a hospitalidade e pernoitaríamos na casa de Alberto.
Ao amanhecer do dia seguinte percebi que dormia confortavelmente na minha cama. E o emprego de 20.000 reais? Bem, talvez no próximo sonho, esse sonho possa se tornar realidade. Quem sabe...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Várzea Alegre

COISAS DE VÁRZEA ALEGRE

Não posso passar algum tempo sem voltar a Várzea Alegre. Com certeza essa não é a Várzea Alegre atual, talvez seja a de 1958, de acordo com pessoas que viviam por lá e fatos que ocorriam nessa contemporaneidade.
Eis os fatos que ocorriam, dos quais me lembro:
Trabalhava numa farmácia em que meu pai e João Romélio Zonta eram sócios, eu era o representante do meu pai nesse negócio, que se localizava num ponto comercial de um imóvel pertencente aos irmãos Oscar e Luiz Pacífico. Hoje, e, em outras oportunidades de visitas, o estabelecimento, na minha memória jamais teria se mudado de lá, ainda, mesmo na atualidade, convivendo com mais duas farmácias, a nossa permanece lá e intacta. É bem verdade que durante mais de cinquenta anos, aquelas instalações, aqueles enormes vidros de xaropes, elixires, vinhos reconstituintes de marcas diversas, litros e mais litros de álcool, éter sulfúrico, tintura de iodo, solução de mercúrio cromo, todos estão lá. Bem verdade que empoeirados e com rótulos esmaecidos e amarelados pela ação do tempo. Nesta madrugada fazia limpeza e arrumação nas prateleiras, varria o chão com uma vassoura deixada comigo por uma moça loura, empregada doméstica de dona Wilma e Romélio. Ela me fazia uma recomendação: “- cuide bem desta vassoura, pois dona Wilma, minha patroa, sempre me recomenda isso”. Eu dizia a tal moça que poderia ficar tranquila, pois eu varreria toda a sujeira da farmácia e teria o máximo cuidado com a vassoura de dona Wilma.
Romélio atendia um cliente – pessoa da família Mognatto, de Tabocas e eu cumprimentei esse senhor. Ele, simplesmente, ignorou meu cumprimento, como se nem tivesse ouvido o que lhe disse. É bom que se diga, o povo de Várzea Alegre tinha grande admiração e respeito por Romélio; quanto a mim, nessa época, já sofria rejeição, que se agravou mais tarde quando me tornei titular desse estabelecimento farmacêutico – coisas reais sofridas por mim, que viriam a me afetar seriamente.
A casa que Romélio e eu construímos, ao lado de uma ponte que há sobre o Rio Santa Maria do Rio Doce estava pronta e habitada por Romélio e sua esposa, somente o casal, pois seu primogênito havia falecido e, ainda, não tinham mais filhos. Quanto à farmácia, sua localização permanecia no imóvel dos irmãos “Pacífico” e, na minha mente, permanece lá tal e qual a sua instalação original.
Sempre que retorno a Várzea Alegre, revejo nossa farmácia e fico preocupado porque me parece que continuamos sem pagar os alugueres do ponto comercial. Falei sobre isso a Romélio e ele me advertiu: “- não toque nesse assunto e lembre-se que por muitos anos pagamos alugueres ao velho “Baratela”, pai do atual proprietário do imóvel. Portanto, não toque nesse assunto e ponto final”.
Martinho Bieth me ofereceu para que eu comprasse os imóveis de sua propriedade, a casa aonde residia e a barraca aonde funcionava sua tenda de ferreiro. Pensei: que faço com essas casas? Não sou ferreiro, embora domine um pouco do ofício de serralheiro, por ter participado, por algum tempo, do curso de serralheria na Escola Técnica Federal. Poderia, sim, ampliar essa oficina, acrescentando aparelhagens de solda acetilênica e de solda elétrica. Poderia também expandir o negócio, produzindo grades, portas de aço, além de foices, roncas, facões, apontar picaretas, alavancas; enfim ferramentas diversas. Mas, e a farmácia? Desistiria simplesmente, ou cuidaria dessa profissão como alternativa, contratando profissionais ferreiros, serralheiros e funileiros? Agora pergunto: “– porque nosso ferreiro teria resolvido desfazer-se de seu negócio e posto a venda, tanto sua residência como sua oficina? Até hoje não teria entendido se isso fosse verdade; seria?
Num determinado dia, Várzea Alegre vivia festividades, e multidões de pessoas teriam acorrido lá para participarem da festa de inauguração da nova igreja dedicada a Nossa Senhora do Bom Parto, a padroeira da localidade. Nesse dia falava com Luiz Lucas, Valentim Simoura, Silvino Araujo, Sebastião Pivetta, Pedro Corteletti, Antônio Roccon, Pietro Sperandio Pierazzo, Antônio Zanotti, Theodoro Zanotti, Guilherme Zanotti e outros integrantes dessa numerosa família.
Apesar da idade de 16 anos, eu vivia em pleno período da adolescência, tinha uma namorada de quem eu era apaixonado, como diriam: encantamentos da juventude! Quanto ao resto, eu fazia o que todos os rapazes da minha faixa etária eram capazes; trabalhava na farmácia, freqüentava a igreja e, nessa época, era costumeiro nas tardes de sábado e de domingo realizarem-se sorteios de prendas e leilões com objetivo de arrecadar recursos para a igreja, mas no ponto alto desses encontros foram realizados durante todas as tardes do mês de maio, época consagrada a Maria Santíssima. E fazíamos mais: freqüentávamos bailes realizados em residências de todo o entorno, época que ainda não havia energia elétrica, sendo normal a iluminação dessas salas de baile com lamparinas e lampiões a querosene. Os instrumentos musicais consistiam em concertinas, acordeons e pandeiros e as danças varavam noites e madrugadas. Nem é preciso dizer que o combustível fartamente usado era cachaça, daquela pura que boi, nem passarinho bebem! Mas, o que reinava era a alegria! Ah! Se esse tempo voltasse! Com certeza, faria tudo igual e novamente! Hoje, o que vemos, também nessa Várzea Alegre são bailes realizados ao som ensurdecedor das modernas bandas e luzes negras intermitentes, não se podendo ouvir algo que se fale, nem ver direito com que se fala! Parece mesmo que o som mexe com o estômago e os intestinos. Hoje é assim mesmo!
Havia outra diversão frequentemente realizada – as pescarias com rede de arrasto, evoluindo, depois, para o uso das redes três malhas, assim que chegou à localidade o dentista de nome Pedro Ponche o “Tutu”. Daí por diante a pesca se tornou predatória, quase extinguindo toda a fauna ictiológica desses pequenos rios, pois esse dentista pertencia a uma família originalmente habitante das margens do Rio Doce, que tinha na pesca a sua principal atividade. Conseguíamos capturar peixões enormes, alguns chegavam ao peso de até 300 gramas. Mas, como eram grandes! Ao final de uma pescaria com duração de 4 a 5 horas, alguns goles de cachaça para não se resfriar, a gente conseguia a façanha de pescar uns três a quatro quilogramas desses peixes compostos de acarás, cascudos, traíras, piaus, piabas e alguns dos terríveis mandis, até alguma cumbaca.
Como era bela a visão que se tinha, quando se desembarcasse em Caldeirão, aonde residia uma família Magdalon, em local extremo do município de Santa Teresa, quase na chegada da Serra do “Caratinga”. De lá se podia avistar toda a baixada de Várzea Alegre. Se fosse de setembro a dezembro tudo o que se via era enormes e verdes milharais; de janeiro a março, todo aquele verde dava lugar à cor amarelada das folhas e palhas do milho maduro e, de abril a agosto podia-se ver alguns tapetes verdes das plantações de feijão e a terra novamente ia sendo desnudada para que novos plantios dos cereais arroz e milho fossem renovados. Sinto saudade desse tempo. Mas, hoje, esta mesma paisagem geográfica é representada por cafezais que cobrem desde margens dos rios Santa Maria e Várzea Alegre às fraldas das montanhas circundantes da grande baixada. Entre um e outro cafezal, há plantios de hortaliças compostas por tomateiros, plantios de inhame, de pimentões, pepinos, de jiló, de batata-doce, de feijão de vagem e de quiabo.
As visões de Várzea Alegre povoam a minha mente durante e principalmente nas madrugadas; vejo a localidade antiga, a meio antiga e a contemporânea. Nesses sonhos, épocas se misturam: coisas antigas, coisas meio antigas e atuais. As idades passadas parecem atuais; e as atuais estão junto às antigas, tudo se misturando na mente, mas nitidamente. Quando rememoro esses fatos no consciente tenho como definir precisamente personagens e épocas. Mesmo assim, sinto satisfação ao rever fatos de quaisquer épocas.

domingo, 20 de dezembro de 2009

BELO HORIZONTE

Mais uma vez retorno a essa bela capital. Sei, apenas, que viajei sozinho, não sei para fazer o que! Seria, talvez, para comerciar pedras preciosas encontradas na região de Várzea Alegre, há poucos dias? Só sei que passei por lá durante cinco dias e parece-me que estive hospedado, como em outras ocasiões, no Hotel D. Pedro II, na Rua Curitiba – centro. A verdade é que os detalhes dessa minha estada em BH, não são lembrados. Tenho certeza que não fui a passeio. Devo ter feito essa viagem com algum objetivo profissional. Mas qual? Sei lá! Em todo o caso contarei alguns fatos ocorridos. De Belo Horizonte, mesmo, pouca coisa me lembro. Lembro, sim, que estive lá. E isso basta!
Não podia me esquecer que durante quase uma semana, choveu e fez muito frio e, eu acostumado ao calor e ao sol que reinam por aqui, não cuidei de me agasalhar convenientemente. Também, depois de todos esses dias, sem sequer ter feito um único telefonema para casa, tinha certeza: o tempo aqui para estas bandas anunciava tempestades certas! Também pudera, onde já se viu, nos dias atuais, com tantos recursos de comunicação, alguém permanecer fora de casa e não fazer um único telefonema? É meu rapaz! Puxões de orelha, cocorotes e permanecer de castigo são coisas mínimas, diante da sua falta de consideração para com sua família.
Agora, cuidemos do retorno. Lembro-me que dirigia um automóvel preto. E agora? De que marca e modelo? Basta lembrar-me que era um automóvel preto. Eu fazia essa viagem de retorno a casa através de estradas que escondiam armadilhas por todos os lados: barreiras que deslizavam, surgiam buracos na pista, que mais se pareciam com crateras, tudo causado por essas chuvas torrenciais que assolavam grande parte do Estado de Minas Gerais, especialmente na região leste. Pelo rádio, ouviam-se notícias acerca de vias interrompidas, rios que arrastavam pontes e inundações que ocorriam em várias cidades. Esse era o quadro cinzento dessa viagem; era um salvem-se quem puder!
Em um momento de pouca visibilidade que a chuva intensa causava, senti forte impacto e percebi que meu automóvel se emendara com outro que estava na dianteira. Dois autos se tornaram um e era visível que o carro da frente fazia parte do meu. Dos três ocupantes, duas eram mulheres e um garoto, aparentando ter idade de dez a doze anos. Este viajava no banco traseiro e, com o impacto foi arremessado para o banco do carona do meu automóvel, bem como de alguns pertences dos outros passageiros, dos quais me lembro de um casaco marrom, um chapéu e um vestido pretos. Longo congestionamento se formou nos dois sentidos da via e nossos carros continuavam engatados: dois formavam um! Mas, assim que o trânsito fluiu, o carro que ia a nossa frente conseguiu prosseguir viagem, distanciando-se rapidamente. Quanto ao meu, que sofreu graves avarias, não teve como prosseguir. Assim que percebi que o garoto ficara comigo, eu lhe perguntei: - e agora, como fazemos para alcançar sua mãe e sua tia? Mas ele, simplesmente, me respondeu: - nem uma é minha mãe, nem a outra é minha tia. E porque você viajava com elas? Perguntei. - Sabe, senhor, eu fui abandonado na Bahia e vim para o Espírito Santo, viajando de carona em carona até chegar a São Torquatro e como essas senhoras se hospedavam num hotel, que é próximo à estação ferroviária, me convidaram a acompanhá-las nessa viagem que fizenos até Brasília. Tenho certeza, elas não vão me esperar, não! Mas se o senhor, quando chegar, hospedar-se nesse hotel em São Torquatro, talvez elas estejam por lá, pois foi o local onde eu as conheci.
A viagem ainda foi longa, grande parte dela feita a pé, atravessando pastarias com cercas de arame farpado, córregos escorrendo muita água, devido a essas chuvas que pareciam não ter fim, escalar montanhas, capoeiras e matas, até chegarmos numa estação ferroviária, daquelas em que havia embarque de passageiros, em algum local às margens do Rio Doce. Embarcamos (não entendo, até o momento, como foi possível embarcarmos, pois estávamos imundos, encharcados e exaustos por carregar às costas nossos pertences, inclusive o vestido preto, o casaco marrom e o chapéu preto, deixados por aquelas senhoras) e prosseguimos viagem de trem num vagão de segunda classe, talvez fosse até de terceira, pois além de mercadorias, ali eram transportados animais domésticos (bois, cabras, porcos e galinhas). Agora entendo porque nos deixaram embarcar!
Passando por várias estações localizadas ao longo das margens do Rio Doce, depois essa composição férrea enveredou por uma rota destinada à capital do Estado do Espírito Santo, finalizando o trajeto na Estação Pedro Nolasco, Jardim América, município de Cariacica. Mesmo cansados física e mentalmente o garoto, meu companheiro, desembarcamos e seguimos, atravessando a Ponte do Camelo, chegando a São Torquatro, bairro da cidade de Vila Velha. Lá estava o hotel de que o garoto me falara, onde deveríamos nos hospedar. Talvez aquelas mulheres pudessem ser ali encontradas, pois era meu desejo entregar-lhes o garoto que adotaram como companheiro de viagem. Além de ter cometido falhas, não me comunicando com minha família, chegar a casa com um garoto, que não sei de onde veio, tudo poderia aumentar minhas complicações.
Na manhã do dia seguinte, acordamos, vestimos nossas roupas que mais se pareciam com molambos e, quando chegamos à portaria do hotel, vários colegas auditores fiscais aposentados me aguardavam para prestarem-me homenagem em virtude da façanha que acabava de realizar e cumprimentar-me por ocasião das festas natalinas e passagem para o ano novo. Estava ali Pedro Massariol, Cirênio de Almeida Reis e mais duas colegas de cujos nomes não me lembro. Senti-me envergonhado ante a aparência lastimável em que me encontrava, mas meus colegas me abraçaram e me cumprimentaram efusivamente.
Agora, nem me lembro do destino do garoto que me acompanhou em parte da viagem. Certamente ali nesse hotel, como ele conhecesse bem, ele mesmo encontraria seu destino. Problema maior seria chegar a casa. Deveria contratar o serviço de um taxi e pronto! Nada disso, sem que eu o soubesse já me encontrava repousando no conforto do meu leito. E os castigos? Quem disse isso? Houve algum equívoco, certamente!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

SOCORRO DIFÍCIL

Fazia trajeto em vitória embarcado num ônibus do TRANSCOL (empresa de transporte coletivo), apenas o motorista e eu; quando, de repente, chegou pedido de socorro para o resgate de funcionários e clientes de uma agência da Caixa Econômica Federal, localizada no centro dessa cidade. Acredito que estivéssemos circulando pela Enseada do Suá. Devíamos prestar socorro, dever de todos, mas como é difícil! Ufa!
O motorista desse coletivo tomou direção ao centro da cidade e o trajeto mais curto seria seguir pela Avenida Marechal Mascarenhas de Morais – conhecida como Beira Mar – e, assim que atingimos o Bairro Bento Ferreira, tornou-se impossível prosseguirmos, devido à invasão do mar em toda a extensão da via: fortes ondas avançavam sobre essa via. Seria impossível que chegássemos ao centro da cidade por essa rota. Desviamos e prosseguirmos pela Avenida Nossa Senhora da Penha com retorno pela Rua das Palmeiras para chegar à Avenida Leitão da Silva. Mas, de dificuldade em dificuldade, perdíamos tempo e o socorro se tornava, a cada momento, mais difícil. Parecia, mesmo, que se tornaria impossível.
Ao trafegarmos por essas vias, a cada trecho, mais dificuldades surgiram, ora pedestres atravessando sem qualquer segurança, ora terras deslizadas invadiam as pistas. E o motorista, sinalizando extenuante cansaço, resolveu passar-me a direção do dito coletivo. Parece-me que ele sabia acerca do meu hábito de dirigir coletivos e caminhões de carga durante madrugadas e foi o que aconteceu. Não adiantou muito, pois as dificuldades se revezavam e, com isto, perdíamos tempo. Será que chegaríamos a tempo de prestar o socorro reclamado? Ou teriam solicitado socorro alternativo?
Nada aconteceu nada, não conseguimos socorrer ninguém. Sabem o por quê? Porque nada acontecia, não havia ninguém a ser socorrido; nada havia, de verdade! Bastou que eu acordasse, quando o dia começava sua caminhada de leste a oeste e, assim, se foi mais um dos meus sonhos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

CICLOVIA VERMELHA

Sim, isto mesmo! A cor das ciclovias deve ser padronizada de vermelho? Aquela que existe no calçadão da Praia da Costa tem a coloração de tijolo, cor do barro, esta ainda em construção na Avenida Champagnat é totalmente vermelha. Parece que a cor vermelha me acompanha. Foram um diamante vermelho e recentemente um avião, também rubro. Cheguei a pensar que avião vermelho fosse novidade na literatura. Pesquisando na Internet, encontrei centenas de casos, se não idênticos, mas semelhantes: avião vermelho já não era coisa inédita! O mesmo me aconteceu com o caso do diamante, também vermelho. Nestes dois casos, foi coisa dos meus sonhos que teimam acontecer durante madrugadas afora.
Realmente, a ciclovia da Avenida Champagnat, agora vermelha, ocupa um terço da largura de toda a extensão desse logradouro e uma faixa que, anteriormente, se destinava ao estacionamento de autos, inclusive quando estivessem fazendo cargas e descargas. Vimos que, para dotar essa avenida de ciclovia de mão dupla, comerciantes e moradores da área tiveram pequenos sacrifícios, impedindo paradas e estacionamentos, mas parece que esse progresso trouxe benefícios à população ciclista. Hoje mesmo, pela manhã, era grande o movimento desses veículos de duas rodas: cerca de quatro deles eram vistos a trafegar; enquanto alguns que não chegavam a uma dezena haviam estacionado ao longo da via.
Não se pode julgar o mérito da obra ante a situação atual de uso, porque deve ter sido planejada para o futuro, com base nas estatísticas crescentes do uso de veículos ciclísticos. Nem mesmo a cor que é pintada, porque desconhecemos as normas de padronização dessas vias. Apenas faz-se registro.
Para conhecimento daqueles que não conhecem a Avenida Champagnat, informo que é situada do centro da Cidade de Vila Velha à orla da Praia da Costa, no Estado do Espírito Santo.

domingo, 13 de dezembro de 2009

DOUTOR É...

Alguns doutores, verdadeiramente titulados, afirmam que para governar o Brasil, além de culto o indivíduo deve ser escolarizado, como se títulos e diplomas, por si só, fossem capazes de muita coisa. Há um fato recente, em que uma pessoa que se diz professora e doutora em língua portuguesa afirma que o atual presidente faz desgoverno. Ela escreve bem – como doutora na língua pátria! – Não se poderia esperar coisa diferente. Sente-se prazer em se ler sua produção literária acerca de um assunto que ela, sim, reúne bons atributos para candidatar-se a cargo eletivo qualquer, do mais simples ao mais elevado, e contribuir com o conhecimento que tem e que falta a muitos. Ela soube aproveitar as oportunidades e chegou ao doutorado; não só por oportunidades, mas certamente aliaram-se persistência e dedicação.
Aos desavisados, essa pessoa, com argumentos bem elaborados e usando vocábulos apropriados, pode até convencer por algum tempo, pois há os que enganam muitos por algum tempo; os que enganam alguns por todo o tempo; e, há os que enganam a todos por todo o tempo com recurso das palavras, com falácias e com argumentos equivocados. Não creio que, com tanta cultura e escolaridade, essa pessoa só vê em outros seus aspectos negativos. Se todas as pessoas fossem doutores, pergunto: de que serviria tal título?
Neste imenso Brasil, estou certo de que faltaram e faltam oportunidades para que cidadãos sejam escolarizados e, uma vez existindo oportunidade, é preciso que seja aproveitada; mas, por outro lado, há aqueles que tendo se dedicado alcançaram o autodidatismo, embora seja essa forma de cultura carente daquilo que se aprende durante os ciclos escolares, desde o ensino básico, médio, superior e nas pós-graduações, sejam nos mestrados, doutorados e PHD´s. Um autodidata sempre exibirá alguma deficiência e isso o torna incompleto, principalmente nos conhecimentos básicos de matemática, do vernáculo, enfim de vários conhecimentos que se complementam.
Este artigo não pode ser traduzido como defesa das deficiências culturais do nosso presidente. Ele é um vitorioso e o Brasil também. Outros presidentes que o precederam, dotados de escolaridade plena, nada melhor que este fizeram. Hoje, talvez por força da conjuntura mundial, nos aspectos políticos e econômicos, ele tenha logrado alcançar maior respeito perante a comunidade internacional: hoje não se fala em dívida externa; o FMI que nos causava pesadelos no passado, tem empréstimos feitos com o Brasil. Tudo isso, um presidente sem escolaridade conseguiu! Imaginem se fosse doutor? Apesar de tentativas o Real teima em se valorizar frente às moedas estrangeiras!
O aspecto mais negativo, não se pode debitar apenas ao governo atual, é a corrupção aliada da impunidade. Culturalmente se pode perceber que até nos evangelhos de Nosso Senhor Jesus Cristo, especialmente na liturgia do dia de hoje, os cobradores de impostos indagavam a João Batista como deveriam proceder e a resposta era de que deveriam ater-se a arrecadar, apenas o devido; policiais também indagavam: como devemos proceder. A resposta era de que não retirassem dinheiro das pessoas com o uso da força e que eles se satisfizessem com seus salários. Vê-se que, embora é esse um antigo hábito não deva ser considerado coisa normal. O seu combate deve ser constante e incondicional – com a aplicação dos rigores da lei e da justiça.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

AVIÃO VERMELHO

Dirigir veículos pesados durante madrugadas é coisa rotineira e, desta vez, não foi diferente. Os cenários, na maioria das vezes, são estradas de Várzea Alegre – verdadeiros lamaçais - como as que existiam nessa localidade em épocas de chuvas, costumeiramente intensas. O inusitado foi o caminhão Mercedes Benz, grande e dotado de alguns atributos especiais, dentre os quais se destacava o volante da direção, tanto servia para conduzir o veículo, mudando a direção do mesmo, quanto para a troca de marchas, onde o volante servia de manopla e a haste como a alavanca do câmbio. Sim! E como era fácil para manobrar essa grande viatura! Era surpreendente a mobilidade e dirigibilidade: bastavam toques suaves e tudo funcionava perfeitamente.
Nesse vai e vem pelas estradas barrentas, ora atravessando córregos caudalosos, especialmente o grande Canudo, cuja ponte de travessia, quase sempre, se via coberta pela correnteza das águas provenientes das enxurradas formadas nas pedreiras adjacentes à Serra do Toma Vento. Não havia, mesmo, obstáculos que fossem capazes de impedir que meu caminhão trafegasse com facilidade por esses lamaçais. E com isso, eu fazia transporte de mercadorias das colheitas fartas de milho, feijão, arroz e café, tudo produzido em abundância.
Não gostei e fiquei aborrecido com uma fofoca, originada por pessoas invejosas, diante do sucesso que fazia com meu caminhão, tanto servindo ao transporte de mercadorias como de pessoas que eram levadas às festas religiosas e jogos de futebol que ocorriam em todo o entorno. Imaginem: essas pessoas invejosas puseram a circular o boato que meu caminhão fora capaz de arrancar uma porteira na propriedade do Inácio Lucas, pessoa a quem tinha como verdadeiro amigo. Mas nessa localidade, ocuparem-se as pessoas de fofocas é coisa corriqueira; poucos são os que se eximem, ou estariam a salvo desse nefasto costume. Paciência! O mundo é como é... Não, talvez, como gostássemos como fosse. É pena! Que bom, se fosse perfeito!
Por duas vezes, ocorreram-me fatos negativos na condução do meu caminhão: num deles a haste da direção elevou-se subitamente e, para que permanecesse no controle da direção e na troca das marchas, tive que manter-me de pé, pois o volante chegou próximo ao teto. Mesma com certa dificuldade, evitei o acidente iminente; mas, de outra vez, tendo perdido a atenção ao volante, invadi um canteiro de cebolas de cabeça numa horta do meu amigo Alfeu. Nesse caso, as rodas esmagaram boa quantidade das hortaliças, tendo seu proprietário determinado que cortassem e picassem a verdura para ser conservada mediante congelamento.
Até aqui, nada de coisas que não fossem consideradas normais, quando dirijo grandes viaturas – caminhões e ônibus – coisa que faço sistematicamente durante madrugadas, mas o surpreendente viria acontecer em seguida: ouviu-se o ronco ensurdecedor vindo do céu! Acreditem! Coisa jamais vista em Várzea Alegre! Um imenso avião “Tupolev” fazia pouso, provavelmente de emergência, nas baixadas de Várzea Alegre. Mesmo em velocidade reduzida, a aeronave só parou não antes de destruir completamente uma plantação de repolhos na propriedade de Alfeu, que fica próxima ao Canto da Cachoeira do rio Santa Maria do Rio Doce. Dano mínimo, considerando o imenso tamanho desse avião. Assim que parado, desembarcou o único tripulante, um home moreno fisionomicamente parecido com o ditador da Líbia – Moamar Kadafi – que chegou e conversou comigo. Eu perguntei: - É de origem soviética? Ele sinalizou positivamente, elevando ambos os polegares, direito esquerdo. Não falava sequer uma palavra em português todos os presentes não entendiam nem falava a língua russa. Embora isso, eu falando português e ele, russo, e nos entendíamos perfeitamente.
A primeira coisa que teria dito: - pago todos os prejuízos que causei, pedindo água e comida para saciar sede e fome, pois há muitas horas voava perdido pelo mundo afora, pois seus instrumentos de comunicação e controle de vôo foram avariados ao ter enfrentado tempestade violenta, quando atravessava a linha do equador. E agora? Nosso personagem conseguirá voltar à origem, e levar essa grande aeronave vermelha? Sim, vermelha! Essa era a cor da fuselagem do aparelho, certamente causada pela analogia do vermelho atribuído à ideologia soviética no passado.
Quando acordei, tinha vontade que permanecesse dormindo para ver até onde essa história iria. Agora, esperemos que, quem sabe, em algum dia ou alguma madrugada a história continue...

domingo, 6 de dezembro de 2009

FESTA DE GALA

Convidados e mais convidados chegavam para as cerimônias de posse de um governador de estado. Casais trajados a rigor subiam a uma escada para se acomodarem em um salão localizado em andar superior, até que chegasse o momento da cerimônia de transmissão do cargo e posse do Governador; depois, em seguida, seriam empossados aqueles indicados para ocuparem o primeiro escalão do governo. Enquanto isso, nós, os militares das diversas armas, aguardávamos ordens postados num saguão, de onde, através de escadas e elevadores, podia-se chegar às dependências nobres desse palácio, decorado suntuosamente.
Nós, oficiais e soldados, cada um, conforme a corporação que pertencesse, trajávamos uniformes completos. Oficiais do Exército, da Marinha, da Aeronáutica e da Polícia Militar do Estado usavam fardas de gala, exibindo condecorações e divisas. Eu fazia parte do grupo que tinha farda, inclusive quepe, totalmente brancos e uma gravata preta; outro grupo, com farda idêntica se diferenciava pela gravata de coloração azul, outro, ainda, a gravata tinha coloração cinza. Mas, todo esse grupo de fardamento branco pertencia à corporação da saúde (médicos, enfermeiros, odontólogos e farmacêuticos). Eu fazia parte porque era farmacêutico, embora não tivesse formação acadêmica de graduação, recebi essa honraria de usar farda branca de gala, como oficial da saúde, por mérito alcançado como profissional prático.
Enquanto aguardávamos o momento da cerimônia maior, foram-nos oferecidos alimentos salgados consistentes de pacotes individuais e uma grande torta para ser dividida posteriormente. Degustamos os salgados individuais; embora sentíssemos sede, nenhuma bebida líquida havia disponível e, aquela permanência constantemente em pé, nos deixava exaustos e parecia que a espera fosse interminável.
Lá pelas tantas, todos os militares presentes, fomos convocados a postarmo-nos em forma para participarmos do hasteamento do Pavilhão Nacional e da Bandeira do Estado do Espírito Santo, ocasião em que foram entoados os hinos do Brasil e do Estado. Nós, em rigorosa posição de sentido, participamos efetivamente da cerimônia. Depois, através de sistema de alto falantes, foram anunciados nomes de personalidades que participariam da cerimônia maior. Meu nome não constou dessa lista e, com isso, voltei ao meu trabalho na minha pequena farmácia para atender a algumas pessoas que, por várias horas, aguardavam minha presença. O primeiro cliente, incrível, indagou-me se vendia solado para sapatão. Simplesmente disse-lhe: no momento não! Mais três ainda me aguardavam e os atendi um a um, fechei o estabelecimento e voltei a casa para repousar, ocasião em que ouvia comentários sobre a grande festa da posse do novo governador, da qual nós militares participamos apenas dos acontecimentos, exclusivamente nos pátios e no saguão do palácio.
Ao amanhecer de hoje, soube e me certifiquei de que nada disso aconteceu; que, apenas dormi muito e devaneios costumeiros das madrugadas voltaram a me ocorrer.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

NÃO VI, NÃO OUVI E NEM SEI DE NADA!

Depois que certo presidente adotou o lema de nada ter visto; de nada ter ouvido e de nada saber, quando questionado sobre atos de corrupção no seu governo, esse hábito tornou-se moda de uso corrente: presidente, governadores e prefeitos fizeram desse jargão a forma de se esquivarem de dar explicações sobre atos de improbidade praticados por correligionários políticos, por assessores e por funcionários de altos escalões (funcionários de hierarquias inferiores, não há explicações; existem imediatas punições e pronto!).
Não muito longe daqui, a própria imprensa, ao fazer denúncia de que funcionários estariam recebendo quantias indevidas a título de gratificações de origem duvidosa, sem explicitar nomes, deixa a impressão de que tudo deverá ficar por isto mesmo (impunidade). Quanto ao chefe do executivo deste município, esse demonstrou ter aprendido a usar os mesmos argumentos, assim que questionado sobre possíveis irregularidades nos pagamentos dos seus funcionários. Simplesmente esquivou-se, indicando seu Secretário de Administração para prestar os devidos esclarecimentos. Coisa incrível, não é que essa autoridade, alegando estar ocupando esse cargo há pouco tempo, não teria tido tempo suficiente para conhecer o que determina a lei (Será que alguém pode alegar desconhecimento da lei; ou existem exceções?).
Se a lei permite que funcionários recebam altas somas do dinheiro público, como se fossem premiados; porque não indicar alguém que tenha a incumbência para cuidar do cumprimento, para falar sobre o assunto e que tenha capacidade de assessorar autoridades para que tenham segurança na prestação de contas ao povo que os elegeram?
Essa é a triste evidência de que Charles de Gaulle, a quem é atribuída à frase: “O Brasil não é um país sério”, nos leva a uma certeza: o velho general francês, realmente, estava certo!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

DIVERSÕES INFANTIS

Se não abordei tudo que possa ser causa do mundo violento em que vivemos, existe um sem número de respostas para que se tente justificar suas causas: uma que pode estar associada à violência atual, sem dúvida, pode ser debitada à educação infantil. É na infância que se imprime os modos de vida dos cidadãos. Quem conviver em ambiente tranquilo, durante a infância, terá memorizado experiências de vida pacífica; ao contrário, quem viver experimentando filmes de desenhos animados e de jogos infantis, muitos dos quais exibidos livremente na web terão no subconsciente, uma carga de informações cognitivas capazes de serem liberadas para a vida na prática, tornando o indivíduo propenso à violência e a instrumentalização de coisas como armamentos, inimigos de uma guerra cujas cenas se encontram arquivadas na mente.
Vivenciando imagens de seres bestiais e horripilantes, usando armas mortíferas, o que se pode esperar dessas experiências para quem está na fase de formação da mente?
Felizmente ainda existem filmes e jogos em que se expõem criaturas delicadas e uma coisa que fascina os pequenos é ocorrência de fatos de magia, enfim, de coisas sobrenaturais, como fantasmas do tipo “Gasparzinho”, cujas figuras são delicadamente suaves. Outros filmes que exibem figuras de crianças dotadas de beleza e de histórias em que se praticam atos de experiências de vida familiar, de belas fadas, de duendes, de animais, cujas figuras expressam docilidade e conversas como se humanos fossem.
Se for à infância, o tempo destinado às fantasias, que sejam belas, suaves, que gerem perspectivas de amizade, de amor, de fé e de bondade, sobretudo.

CONDOMÍNIOS HABITACIONAIS - INOVAÇÕES

Mega é a palavra que define o tamanho das coisas do futuro: mega cidades, mega condomínios, mega centros comerciais; enfim mega tudo. Nesse contexto de idéias, de condições de vida futura, de necessidades de adaptação às reais circunstâncias, torna-se indispensável projetar características habitacionais, de racionalização dos recursos materiais, dos meios de transporte e de comunicação, de modo que a sobrevivência da espécie humana se prolongue por séculos, mais séculos e milênios. Ufa! Mas isso não é fácil! Há desafios de toda sorte e por toda parte: temos que minimizar malefícios do efeito estufa e embora, mesmo parecendo utópico, assumir o controle total e definitivo deste mal contemporâneo.
Sabe-se que desde os inventos da roda, dos engenhos automotores capazes de funcionar, substituindo o esforço humano e a energia dos animais domesticados para essa finalidade, o aumento da produtividade desencadeou a revolução industrial, cuja continuidade parece não ter fim. Primeiramente foram desenvolvidas as máquinas a vapor, tanto para acionar máquinas industriais, locomotivas para locomover o transporte ferroviário e o naval. O motor a explosão, inicialmente desenvolvido tinha funcionamento com o gás derivado do petróleo, posteriormente modificado, para consumir outro derivado desse fóssil mineral, considerado como rejeito – a gasolina combustível, depois largamente utilizado, assim como o óleo diesel. Com a descoberta de energia elétrica que, além de seu uso na iluminação, através do desenvolvimento tecnológico veio a ser largamente utilizada como força motriz.
Mas, o progresso é dinâmico e contínuo: grandes inventos e descobertas chegam até nós e parece que não tem limites. Para acompanhar essa marcha da futurologia, é bom lembrar que um mundo que tem pressa, que clama cada vez por mais por praticidade e por modificações capazes de minimizar os efeitos que a natureza, por força, das alterações climáticas, da exaustão dos recursos não renováveis e os espaços densamente povoados. Tudo clamando por racionalizações, pelas descobertas de novos materiais, pela melhor utilização dos espaços e, também, por mais conforto. Nesse aspecto, é necessário que as construções, tanto as que tem uso nas comunicações e transportes, quanto aos usos residenciais e afins tenham estudos e proposições inovadoras.
As construções habitacionais alinharam sequência com a moradia natural das cavernas, surgindo, assim, as primeiras edificações residenciais, ora feitas mediante a aglutinação de blocos de pedra, com o uso de madeiras combinadas com massa de argila e, sucessivamente, usaram óleo de peixe, calcário, blocos de gelo (nas moradias dos esquimós, onde a matéria abundante é água em estado sólido) etc.
Hoje, usando-se materiais diversificados e de grande resistência, constroem-se, moradias, a cada vez, mais sofisticadas e, neste sentido, sugeri num dos meus artigos, hoje capítulo do livro Mosaico... Que cães deveriam ser agraciados com dependências próprias nas moradias de hoje e do futuro, tendo elevadores privativos para que não fossem obrigados a sentir os maus odores de seres de espécies diversas, e, ainda recomendava aposentos diferenciados para esses amigos nas moradias dos humanos. Percebi, depois, que essas sugestões estariam criando novo nicho de consumo na área da construção civil. Mas, agora acrescento outras inovações para condomínio verticais, visando no caso de moradias novas virem a ser dotas de garagem dentro da planta de cada apartamento. Não estranhem! Esses apartamentos poderiam comportar mini automóveis, esses do tipo para uso de duas pessoas e esses veículos chegariam às unidades autônomas trazidos por elevadores espaçosos, construídos de materiais rústicos e resistentes, também, os mesmos elevadores seriam úteis ao transporte de mudanças. Hoje, mesmo, para receber um conjunto de sofás, os entregadores tiveram grande dificuldade para fazer com que esses móveis chegassem ao meu apartamento que se situa no segundo andar de um prédio edificado há, aproximadamente vinte anos, época em que era comum construírem-se apartamentos com dependências amplas, inclusive às de uso comum. Usar o elevador foi impraticável; o jeito, e não houve outro, foi o de se usarem as escadarias espaçosas. Mesmo, assim, ocorreu um processo lento e à custa de grandes sacrifícios e com muito gasto de energia física. Eu já escrevia este artigo e isto foi motivo para consolidar e justificar minhas sugestões.
Além das utilidades apontadas para o uso desses elevadores, com certeza, os serviços de entrega de móveis, as empresas de mudanças teriam como efetuar essas tarefas com rapidez, segurança e eficiência.
Aguardemos novas inspirações para que outras sugestões sejam acrescentadas para inovações nas edificações de moradias, amplas, confortáveis, práticas, racionais e dotadas de economicidade.

sábado, 21 de novembro de 2009

CAOS NA AVENIDA CHAMPAGNAT - Vila Velha - ES

Recentes intervenções nesta avenida, ao invés de melhorar acessos à Praia da Costa e à terceira ponte, estão tornando essa acessibilidade difícil. Não se pode entender, quando aumenta o número de veículos, ruas e avenidas construídas há algumas décadas, por isso estreitas, vem sofrendo modificações que as tornam impróprias ao tráfego de veículos e, com a desculpa de que é necessária uma ciclovia de mão dupla e restringir parada e algumas vagas de estacionamento apenas ao lado direito dessa via, provocando dificuldades aos comerciantes na chegada e expedição de mercadorias; tornando inviável chegada e saída de mudanças ao lado esquerdo da mesma via. Sim, além do comércio de mercadorias e de prestação de serviços, há, ainda em casas e prédios deste logradouro muitas residências.
Mesmo com essa ação prejudicial que obras, ditas de melhoria e modernização, vem causando ao tráfego de veículos, de pedestres, ao comércio, aos consumidores em geral e às residências ali localizadas, vê-se que a população, cansada de pleitear direitos, vem se mantendo calada, inerte e omissa, deixando de se mover no seu justo direito de pleitear.
Como entender o caso
A construção de uma ciclovia de mão dupla ocorreu provavelmente por causa do elevado número de acidentes com bicicletas: atropelamentos, batidas e congestionamento numérico desses veículos de duas rodas, lateralmente espaçosos e carentes de estacionamento próprios. Isso deveria estar causando locomoções extenuantes feitas a pé, ao longo das ruas da nossa querida cidade dos canelas verdes. Doravante, a exemplo do que é visto nas ruas da Índia, da China de outros países orientais populosos, dever-se-ia adotar bicicletas, triciclos tracionados por força humana, talvez, com isso, pudéssemos gerar economia de combustíveis que, além de raros e exauríveis (especialmente, os minerais), ainda agravam a poluição atmosférica, contribuindo diretamente para o aumento do efeito estufa. Com o uso de bicicletas, triciclos, tanto contribuiriam para o transporte de passageiros, como para substituir os atuais táxis, autos coletivos, veículos para pequenas entregas e cargas de menor peso. Apesar do risco real, que veículos de duas rodas motorizados causam no trânsito, estes, por ocuparem espaços menores permaneceriam, tendo, conforme o caso, vias preferenciais.
Todo esse caos, ora atingindo as avenidas Champagnat e Jerônimo Monteiro, é motivo de insatisfação generalizada e cabível nas circunstancias, entretanto nada acontece por acaso e, geralmente, para tudo existem compensações.
Provavelmente existam projetos ambiciosos que, talvez não possam ser divulgados pela natural falta de meios à sua implementação imediata, faltando recursos financeiros ou, mesmo, projetos ainda não conclusos. Se divulgados agora, poderiam gerar expectativas extemporâneas. Certamente, autoridades competentes farão publicidade das ações, no momento que se tornarem factíveis.
Dentre às ações capazes de modernizar a cidade de Vila Velha, primeiramente dotando a circulação viária ágil e eficiente, mesmo sem que se reduza numericamente as frotas de carros de transporte coletivo, caminhões de carga, automóveis de passeio e, naturalmente esse número potencial de veículos de duas rodas (bicicletas, carroças e afins). Para isso, algumas obras revolucionariamente modernas, como, por exemplo, a duplicação das vias alimentadoras do trânsito, nisto, como tal entendidas, as rodovias (ou avenidas) Carlos Lindemberg, Jerônimo Monteiro, Champagnat, Darly Santos, Luciano das Neves, Hugo Musso, Antônio Gil Veloso; as mais movimentadas. A duplicação desses vias se faria, sem que fossem necessárias desapropriações, exceto algumas imprescindíveis e o inusitado: duplicações verticais, para serem utilizadas, mais ou menos, assim: a via térrea original se prestaria ao uso de veículos de transporte coletivo, veículos utilizados no transporte de cargas, bicicletas, triciclos não motorizados, motos e ao uso por pedestres. Quanto à parte superior, nessa primeira fase, seria utilizada por veículos ágeis, tais como automóveis de passeio e um sistema de transporte de passageiros movido por energia elétrica, montados sobre trilhos, uma espécie de metrô, destinado ao transporte de passageiros entre terminais, aonde, por sua vez, esses terminais seriam alimentados por auto ônibus, a exemplo do atual sistema. Providências idênticas poderiam ser adotadas tanto para a Capital, quanto para os demais município da região metropolitana.
Tudo isto que é dito carecerá estudos pormenorizados e devidamente detalhados para serem conhecidos tecnicamente e seus custos financeiros, explicitando as viabilidades e benefícios que a população estaria sendo alvo. Isto se constituiria no que é chamado de “CUSTO/BENEFÍCIO”.
Sem que estas ou outras providências sejam tomados, corremos o risco de tornarmo-nos reféns de caos generalizado no trânsito viário de Vila Velha e dos demais municípios que compõem a região metropolitana de Vitória.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O ANFITRIÃO

Encontrei-me hospedado numa dessas residências do tipo “mansão”, a convite de um senhor, cujo nome não me lembro ou não soube. Nesse local, tudo era grandioso, grandes suítes e, entre as quais, uma me foi disponibilizada. Havia um costume que obrigava a todos: o de sempre estar convenientemente trajados, os homens com ternos completos, gravatas e sapatos sociais. Havia, além do meu anfitrião, um casal de jovens, estes somente eram vistos à noite e muito cedo partiam para locais de que diziam serem seus trabalhos. Fora isso, passávamos dias inteiros, eu e meu anfitrião, era só comer, descansar e pouco conversar, até mesmo, o casal de jovens filhos, quando se encontrasse em casa, poucas falas pronunciavam, eram breves, falando o estritamente necessário. Nem seus nomes, eu fiquei sabendo.
Em algum dia, o dono da casa me convidou para irmos a uma agência do Banco do Brasil, aonde movimentava suas reservas financeiras. Lá tive oportunidade de pagar algumas contas num terminal de auto atendimento, enquanto, o anfitrião era atendido diretamente no gabinete da gerência do banco. Nem ousei acompanhá-lo, porque não devia ser indiscreto, a ponto de não respeitar a privacidade desse meu amigo, embora ele, entendo, tivesse-me deixado a vontade. Mas o grau de confiança permitia que ele me contasse detalhes dos seus negócios financeiros. Exemplos disso, foi confidenciar-me que vendera pequena propriedade por doze milhões de reais, parte para resgatar dívidas originárias do inventário dos bens (espólio), causado pelo óbito de sua esposa. Disse-me ele que, os maiores entraves para divisão dos bens da parceira falecida foram causados por seus dois genros e suas duas noras. Quanto ao casal de filhos, que ainda coabitam com ele, sempre foram cordatos. Apesar de serem econômicos nas conversas, pouco permanecem em casa, por causa das suas ocupações profissionais. E a conversa com o meu anfitrião (cujo nome não me lembro, repito), não parou por aí, ele me revelou mais coisas confidenciais, especialmente de uma namorada com quem tem relacionamento, embora seja sigilo para a família. Depois acrescentou como faz suas aplicações financeiras, ora em fundos de renda fixa, ora de renda varável, em caderneta de poupança, confidenciando-me sua melhor aplicação, a que lhe rende rendas próximas dos juros que os bancos obtém com empréstimos pessoais, assim: quando algum cliente do banco, que seja dono de cadastro confiável, o estabelecimento bancário lhe faz empréstimo com seus recursos, concedendo aval à operação e, com isso recebe juros maiores e diferenciados. Tal fato jamais pode ser comentado: é assunto extremamente confidencial!
Diante dos fatos, eu percebia que ganhara a confiança do meu abastado anfitrião. Assim, retornamos a casa e eu permaneci usufruindo de todo o conforto naquela mansão.
Certa manhã, eu não acordei no horário costumeiro e explique-me ter perdido a hora. Ao que aquele senhor, pura bondade, disse-me que nesse dia não fazia diferença, pois era domingo, dia que se pode permanecer por mais tempo no leito. Nessa manhã chegavam pessoas: muitos homens de idade semelhante à nossa e alguma mulheres, que podiam ser contadas a dedo, parecendo todos solteiros ou viúvos. Enfim, não demonstravam sinais de laços familiares entre si: apenas amigos e toda gente de pouca conversa. Eu, até que tinha vontade de dirigir-me a essas pessoas, especialmente àqueles cujas fisionomias me pareciam de gente conhecida, como era o caso de um senhor fisionomicamente aparentando traços de pessoas da família Zanotti, porém quando o fitava, parecia que ele desviava o olhar, como quisesse dizer que não queria conversa. Eu, na realidade, a partir desse momento, comecei sentir-me um estranho no ninho; ninho de gente afortunada, quanto o anfitrião. Eu pressentia um isolamento, ou seja, uma barreira ou mesmo um abismo existente entre classes sociais, mas depois, aos poucos, esses obstáculos se tornaram menores. Houve até o caso de um daqueles senhores, dirigindo-me a palavra, fez comentário sobre uma grande escada de alvenaria, construída desde a periferia alcançando o cume de uma montanha, aonde tinha início cobertura florestal, nada mais que isso. Questionava este senhor: Para que gastar tanto dinheiro na construção de uma obra que nenhuma utilidade representa? Lembrei-me de uma passagem bíblica: “A escada de Jacó”, vista por ele durante um sonho. (...”A humanidade, a grande massa humana, ao encarnar está adormecida, como estava adormecido Jacó, quando teve seu sonho relatado pela bíblia”...).
Nesse dia, não percebi nada além disso, as pessoas presumivelmente convidadas, desapareceram, não houve serviço de distribuição de alimentos, nada mais; apenas, da forma como teve início este sonho terminou, sem que nada de especial tivesse acontecido para isso.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

ALGO SOBRENATURAL?

Na madrugada de ontem, minha esposa percebeu que eu falava com alguém no meu escritório. Ela me indagou: com quem você fala? Não podia responder, pois nem mesmo eu sabia; ouvia apenas uma voz e eu perguntava: quem é você? Imaginava que se tratasse de algum morador antigo deste apartamento. Estranho! Ouvia a voz e nem ao menos percebia de que lado procedia. Depois ouvi outras pessoas me dirigindo palavras: homens, senhoras, talvez senhoritas, até mesmo crianças, estas falavam e choramingavam simultaneamente.
Tudo se tornava, a cada vez, mais estranho e apavorante, não acha? Toda essa mistura de palavras de adultos, de jovens, de crianças misturados a gritos, xingamentos, choro de criança, gemidos. Eu, nada, via; muito ouvia, sem saber de onde vinha todo esse vozerio. Não pensem que tudo teria ficado nisso, pois, de repente, todo aquele vozerio transformou-se em sons mais apavorantes ainda: agora eram berros, balidos, urros, miados, cacarejos, relinchos, uivos, tudo isso misturado ao grasnar de pássaros silvestres, como o Curucutu de corujas e assovios. Mais ainda: o ambiente, além de toda aquela barulheira infernal estava impregnado de odores fétidos. Havia mistura de curral de bovinos, estábulo de equinos, pocilgas, galinheiros; fortes odores de enxofre queimado e de animais caprinos e ovinos. Podia sentir o roçar de chifres e da pilosidade de animais domésticos e selvagens; parecia existir jaguatiricas; onças pardas, negras e pintadas. Imaginei que podia ser devorada e estraçalhado por essa mistura de feras. Nesse momento, eu clamei por socorro, tentava gritar em alto som, mas sentia-me sufocado. Nem Anésia, nem ninguém me prestava socorro. Nisso pensei: somente Deus poderá me socorrer nessa situação aflitiva a que me encontro, passando a recitar aquela oração chamada de “Profissão de fé”, também nossa conhecida como “Creio em Deus Pai...”. Quando encerrei a oração com as palavras: “... Na vida eterna, amém”. Eis que, toda aquela tormenta, todo aquele desespero se dissiparam. Acordei com sudorese generalizada e com o coração batendo a mil. Para ter certeza de que tudo, realmente, se passara, recitei novamente o “Creio”. Agora, sim, acordado percebi que estava livre de grande pesadelo. Lembrei também que tive o hábito de ter a Bíblia Sagrada ao lado da cabeceira da cama, costumando fazer alguma leitura da “ Palavra”, antes de me deitar. Depois dormia tranquilamente e livre desses pavores noturnos.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

NOSSO RETORNO MIGRATÓRIO

Assim como fizeram nossos ancestrais, agora é nossa vez de retornarmos para a Itália, usando navegação marítima. Lembro-me que éramos dois casais: Anésia e eu; Alfeu e Zenóbia. Viajamos num navio velocíssimos, bastando apensas uma noite para atravessarmos o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo e já nos encontrávamos no interior da Itália, numa pequena povoação de camponeses.
Chegamos e fomos recebidos, servindo-nos mesa farta: carnes de aves assadas, pães, vinhos e uvas frescas. Nossos anfitriões preencheram fichas com nossas identidades e dados pessoais, depois vieram as apresentações com presença de familiares e de vizinhos.
Alfeu e Zenóbia providenciaram, de imediato, compra de terras para cultivarem uvas, trigo, criar um pequeno rebanho de bovinos que fazia parte da propriedade adquirida. A paga se deu, parte em dinheiro e a entrega de um apartamento aqui no Brasil, pois essa família que vendia a propriedade rural pretendia imigrar para o Brasil, ou seja, o inverso do que nós fazíamos.
Coisas estranhas aconteciam: tanto nós falávamos fluentemente o italiano, como eles (italianos) dominavam perfeitamente este português falado no Brasil. Assim, a comunicação se fazia de modo perfeito: o entendimento era fácil.
Enquanto Preto tinha como objetivo a produção de bens agrícolas, inclusive introduzir a cultura do café arábica (coisa apreciada na Itália). Eu, logo me manifestei para saber se o local era propício à existência de gemas preciosas e tive informação: embora esse assunto não fosse frequente, houve casos de terem sido encontrados alguns exemplares de berilos dotados de coloração amarelo-esverdeada e os entendidos gemólogos chamavam-nas de “heliodoros”. Embora a coloração tenha características próprias, combinando verde e amarelo intensos, essa pedra tem a mesma fórmula da nossa água-marinha. Mostraram-me o local, aonde tais gemas foram encontradas e uma característica podia de facilmente notada: uma espécie de argila exibia intensa cor amarela.
Será que Preto conseguiria implantar a cultura do café em solo europeu? O primeiro obstáculo seria o clima, aonde, no inverno, ocorrem temperaturas baixíssimas. Imagino coisas que podem vir a ocorrer: estudos técnicos, usando, inclusive, plantas da rubiácea geneticamente modificadas, utilizando genes de plantas como das oliveiras, seriam uma hipótese para criar um cultivar de café que resistisse às variações climáticas próprias da Europa. Será que alguém teria tomado tal iniciativa? Muito interessante, pois o povo italiano tem especial predileção para a bebida do café. Eles produzem máquinas especiais, notoriamente a que faz o café expresso, divulgada pelo mundo afora e com uso intenso no próprio Brasil, afora receitas culinárias exóticas feitas à base do café.
Certamente que Preto terá que contratar os serviços técnicos de engenheiro agrônomo italiano para fazer estudos de viabilidade técnica. Esperamos que consiga. Depois esse cultivo poderá se expandir por toda a Península Ibérica e ultrapassar as cordilheiras dos Alpes, chegando À Suiça, Áustria, Alemanha, Holanda, Polônia e em alguns países do Leste Europeu.
Já no meu caso, prospectar gemas preciosas na Europa, parece-me coisa de pouco ou nenhum futuro. Talvez o futuro seja mesmo comerciar gemas produzidas no Brasil, na África e nos países orientais.
Todo esse devaneio ocorreu durante, apenas, numa noite, ou melhor, durante uma madrugada. Como é bom sonhar! Talvez esse sonho seja até factível. Quem sabe?

ALGO SOBRENATURAL?

ALGO SOBRENATURAL?
Na madrugada de ontem, minha esposa percebeu que eu falava com alguém no meu escritório. Ela me indagou: com quem você fala? Não podia responder, pois nem mesmo eu sabia; ouvia apenas uma voz e eu perguntava: quem é você? Imaginava que se tratasse de algum morador antigo deste apartamento. Estranho! Ouvia a voz e nem ao menos percebia de que lado procedia. Depois ouvi outras pessoas me dirigindo palavras: homens, senhoras, talvez senhoritas, até mesmo crianças, estas falavam e choramingavam simultaneamente.
Tudo se tornava, a cada vez, mais estranho e apavorante, não acha? Toda essa mistura de palavras de adultos, de jovens, de crianças misturados a gritos, xingamentos, choro de criança, gemidos. Eu, nada, via; muito ouvia, sem saber de onde vinha todo esse vozerio. Não pensem que tudo teria ficado nisso, pois, de repente, todo aquele vozerio transformou-se em sons mais apavorantes ainda: agora eram berros, balidos, urros, miados, cacarejos, relinchos, uivos, tudo isso misturado ao grasnar de pássaros silvestres, como o Curucutu de corujas e assovios. Mais ainda: o ambiente, além de toda aquela barulheira infernal estava impregnado de odores fétidos. Havia mistura de curral de bovinos, estábulo de equinos, pocilgas, galinheiros; fortes odores de enxofre queimado e de animais caprinos e ovinos. Podia sentir o roçar de chifres e da pilosidade de animais domésticos e selvagens; parecia existir jaguatiricas; onças pardas, negras e pintadas. Imaginei que podia ser devorado e estraçalhado por essa mistura de feras. Nesse momento, eu clamei por socorro, tentava gritar em alto som, mas sentia-me sufocado. Nem Anésia, nem ninguém me prestava socorro. Nisso pensei: somente Deus poderá me socorrer nessa situação aflitiva a que me encontro, passando a recitar aquela oração chamada de “Profissão de fé”, também nossa conhecida como “Creio em Deus Pai...”. Quando encerrei a oração com as palavras: “... Na vida eterna, amém”. Eis que, toda aquela tormenta, todo aquele desespero se dissiparam. Acordei com sudorese generalizada e com o coração batendo a mil. Para ter certeza de que tudo, realmente, se passara, recitei novamente o “Creio”. Agora, sim, acordado percebi que estava livre de grande pesadelo. Lembrei também que tive o hábito de ter a Bíblia Sagrada ao lado da cabeceira da cama, costumando fazer alguma leitura da “ Palavra”, antes de me deitar. Depois dormia tranquilamente e livre desses pavores noturnos.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

LIVRO “MEMÓRIAS III – 30 ANOS EM VILA VELHA”

Finalmente, a 31 de outubro próximo passado, o livro “Memórias III – 30 anos em Vila Velha, teve seu lançamento oficializado em local próximo ao encontro das ruas Henrique Moscoso e São Paulo. Apesar das fortes chuvas dos últimos dias, dezenas de pessoas prestigiaram o evento.
O livro, agora, encontra-se exposto à venda na “Papelaria Praia da Costa”, no “Café Cult”, ambas na avenida Champagnat; e na loja do “Hortifruti”, situada na rua Henrique Moscoso, todas na região da Praia da Costa, em Vila Velha – ES.
O livro, com 252 páginas, é vendido a R$ 25,00 (vinte e cinco reais), nos locais citados acima. Pode ser adquirido, também, através de pedidos diretamente ao autor através do correio eletrônico itaufner@gmail.com.

LIVRO MEMÓRIAS III - 30 anos em Vila Velha

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

NOSSO HABITAT

Queiramos ou não, este é o mundo em que habitamos: seja harmonioso, hostil ou pacífico, este é nosso habitat. Por certo deveria ser harmonioso e pacífico, mas ao contrário, é hostil, tanto no sentido lato, como no estrito; não há como enxergar nossa moradia da maneira como nos foi legada, o Jardim do Édem. De lá, a maldade e a tentação demoníaca nos deixaram sem paz, harmonia e o estado de graça, que nos faziam criaturas pacíficas e contemplativas e semelhantes ao Criador.
Não sei se a evolução das espécies, ao invés de nos aperfeiçoar, fez regressão no comportamento, tornando-a cruelmente hostil e levada à prática de selvageria desmedida, especialmente contra os semelhantes. Observe-se que, animais ditos selvagens, apresentam abrandamento da ferocidade, tornando-se dóceis e domesticáveis; enquanto, nós humanos parecemos destinados ao inverso.
Basta que se leia apenas uma edição de jornal diário qualquer para que se verifique: as notícias são idênticas às do dia anterior e anteriores: a prática de crimes se sucede. São furtos, arrombamentos, assaltos, latrocínios, assassinatos, estupros, corrupção ativa e passiva, violência no âmbito familiar, violência no trânsito, golpes e tudo o que se possa imaginar de maldade contra os semelhantes. Parece que o gênio do mal está a vencer sempre.
De tudo isso, a que causas se pode explicar? O ser humano faz o meio em que vive ou sua vida é fruto desse ambiente? O assunto é por demais complexo, mas causas como educação infanto-juvenil, punições penais e ressocialização dos infratores.
Punição penal e ressocialização não devem ser entendidas como superlotações prisionais e falta de ocupação laboral dos detentos; Na verdade, as práticas criminais estão fora do controle e já passam do momento de o Estado se preocupar e tomar atitudes a fim de evitar que o crime se torne um poder paralelo, por enquanto; podendo, inclusive, oficializar-se como poder principal.
Nunca é demais apelar para que a sociedade organizada pense e aja no tempo devido, e com urgência.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

NOTÍCIA

Lançamento de livro
No próximo 31 de outubro, a partir das 8,30 hs será lançado o livro “MEMÓRIAS III – 30 anos em Vila Velha sob a terceira ponte, no cruzamento das ruas Henrique Moscos e São Paulo, ocasião em que o autor, Idomar Taufner, concederá autógrafos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

IRREGULARIDADES NAS RUAS DE VILA VELHA

As obras de recuperação dos pisos das ruas, calçadas para pedestres, retirada de árvores nocivas em meio às calçadas, colocação de tampas nas caixas das galerias pluviais, das caixas de passagem de fios telefônicos, de redes elétricas, de água, de esgotos e de canteiros de obras por toda parte dão à cidade de Vila Velha verdadeira paisagem lunar, com direito a inúmeras e imensas crateras.
Lembrar que, daqui a alguns dias ou meses, teremos ruas asfaltadas isentas de irregularidades, de buracos, de ressaltos, de árvores nocivas a exibir raízes destrutoras de calçadas, entupidoras de dutos de água, de galerias pluviais e todos os fossos dessas redes, ostentando tampas niveladas. Desta forma, não haverá desníveis, nem obstáculos, nem saídas abertas para que alguém caia, nem tropece nas irregularidades do solo das ruas de Vila Velha.
Se caírem chuvas intensas nesta primavera e no próximo verão, todas as obras de reurbanização terão que ser postergadas. Que bom! Assim, teremos aumento da produção de água, reabastecendo os lençóis freáticos, propiciando umidade para as plantas cultivadas pelos produtores rurais. Bom também, porque teremos que conviver com ruas esburacadas, inundadas por mais tempo. Disse bom porque podemos perceber que a população aprendeu a conviver com ruas desniveladas, esburacadas, calçadas irregulares, árvores que expandem suas raízes quebrando e levantando os pisos. Com isto criam obstáculos. À primeira vista, essas irregularidades deveriam provocar quedas, mas não é o que vem acontecendo: pedestres conhecedores das armadilhas que os espreitam por todas as ruas, calçadas, tampas de bueiros, de galerias, raízes de árvores expostas por toda parte. Isso tudo reduziu drasticamente o número de acidentes, como quedas, caídas em buracos e outros, por causa do aprendizado que tornaram as pessoas cautelosas.
Assim que concluídas essas obras de recuperação das vias urbanas de Vila velha, novamente pedestres, confiando na perfeição das vias, transitarão seguros e, com certeza, poderão ocorrer maior número de quedas. Aí, sim! Sentiremos saudades de quando as ruas de Vila Velha ostentavam buracos, desníveis e outras irregularidades. Agora todo cuidado é pouco: qualquer descuido e os cidadãos estarão literalmente no chão!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

MORTE DE ALGUÉM JÁ FALECIDO SIGNIFICA...

Pelo menos, verificando num livro sobre interpretação de sonhos, não existe esta hipótese, tudo levando a crer que o fato nada signifique. Mas, costumo fazer ilações sobre qualquer assunto, não será desta vez que um fato fique sem meus comentários, mesmo que sejam hipotéticos.
Durante uma festa que ocorria nesta madrugada, presentes nossa família, amigos, vizinhos e outras pessoas de quem não me lembro, a não ser de um jovem português a quem minha irmã Odila desejava ser apresentada. Como não se tratava de pessoa do nosso convívio, Odila se aproximou do tal português, apresentou-se como integrante de uma entidade denominada “Gomes da Costa”. Bom, este nome me trazia à lembrança, uma marca de sardinhas em conserva e o nome de um prato: “Bacalhau a Gome da Costa”, nada mais que isso. Parecia que Odila fez alusão a tal entidade denominada “Gomes da Costa” para que tivesse um caminho que a levasse a alguma coisa de origem portuguesa. Assim, estava aberto um canal de comunicação, logo concretizado com Odila se aproximado do tal português, de cujo nome não tínhamos conhecimento. Falaram muito, embora eu não tivesse conhecimento acerca de que dialogavam. Odila, certamente, contava a respeito de coisas e fatos que lhe ocorreram durante o tempo em que exerceu a profissão de Assistente Social e o português, do que falava?
Outras pessoas presentes, rodeando grande mesa repleta de alimentos e de bebias finas, conversavam animadamente, durante esse evento festivo, até que, em dado momento, minha cunhada Bel chamou Anésia, minha esposa e disse: - Tenho uma notícia nada boa para vocês. Recebi telefonema, avisando que seu sogro acada de falecer. Quem? Sogro de Anésia? Meu pai? Não, este não pode ser, ele já faleceu a exatos dez anos. Por acaso, Anésia teria outro sogro, que não fosse meu pai? Anésia ter outro sogro que não fosse meu pai, existem duas hipóteses, embora inviáveis: uma delas seria ter se casado comigo, já viúva e outra, se tivéssemos separados, estando ela viúva, separada, desquitada ou divorciada. Nada disto, estamos casados há quase meio século e o fizemos quando solteiros. Mas me ocorre uma idéia: Talvez Anésia tenha se casado com outrem em alguma vida passada. Quem sabe?
E a interpretação do sonho? Pensando bem, ontem a noite comi muito mais do que devia e isto, certamente, fez-me sonhar coisas estapafúrdias.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

COQUEIROS, CASTANHEIRAS, AROEIRAS E...

Recentemente, deram-me notícia de que, a partir de agora, árvores, arbustos, bromélias, ramagens, relvas e demais vegetais conviverão harmonicamente, tanto nos canteiros postados no calçadão, quanto naquelas vicejantes em segmentos de areia da nossa praia. Agora sim, castanheiras sombrearão, abrigando banhistas, pássaros e insetos arbóreos; todos terão convivência junto com as novas palmeiras. Disto resultando harmonia de vidas vegetal e animal. Coqueiros e palmas silvestres farão parte da diversidade arbórea da Praia da Costa, fazendo-lhe ornamentação, enquanto emprestam contraste às folhagens, exibindo palmas açoitadas pela força, ora da brisa mansa, ora do vigor dos fortes ventos.
Nada mais justo que, árvores e outros vegetais originários da restinga litorânea se juntem a essências da mata atlântica, a espécimes oriundas do cerrado, da caatinga, da floresta amazônica, das savanas africanas, das estepes russas, das essências da exótica vegetação oriental. Isto quer dizer que, também, na Praia da Costa, a diversidade de espécimes vegetais oriundas das remotas regiões do planeta venham fazer aqui um ecossistema sui generis, merecendo nossa aprovação e aplausos.
Várias pessoas, algumas conhecidas, outras não conhecidas; todas me davam essas notícias e me parabenizavam por nossas vitórias alcançadas na proteção e na conservação de toda a riqueza botânica que ornamenta nossa orla. Bem que essas coisas poderiam ser verdade; talvez o sejam ao menos ao longo dessa madrugada. Daqui a alguns instantes, eu farei a caminhada matinal e poderei constatar se procedem essas notícias!

sábado, 19 de setembro de 2009

COQUEIROS, COQUEIROS, SÓ COQUEIROS...

Pelo jeito que vão as coisas, Praia da Costa será um nome nostálgico, do tempo em que havia areia, diversidade de árvores, até castanheiras havia. Hoje, melhor: amanhã ou depois de amanhã, poderá ser nomeada a “Praia do Coqueiral” ou, ainda, do “Cocal”, das “Palmeiras”, das “Palmáceas” ou coisa equivalente.
Enquanto ecoam notícias de que castanheiras e outras árvores “nocivas” à praia serão substituídas por coqueiros, já não temos dúvidas, pois, a cada manhã, se vêem coqueiros e mais coqueiros transplantados, já como árvores adultas, a exibirem nos troncos sinais de desnutrição e desidratação e repletos de cicatrizes causadas por brocas e pelos anéis deixados pelas marcas das folhagens caídas. Deixam-nos a certeza de que se trata de velhas palmeiras arrancadas de um sítio qualquer por alguém, que, sentindo os resultados improdutivos desses vegetais, os erradicam e os doam à municipalidade de Vila Velha, a fim de que sobrevivam, emoldurando as orlas da Praia da Costa, de Itapoã, de Itaparica (esta voltará ao “status” de “Coqueiral", conforme foi conhecida há alguns anos), indo adiante para outras praias...
Pobres plantas! Retiradas à força do seu habitat, sentem os sinais da fome e da sede Para alcançarem nutrientes e água, na medida em que desenvolvem tentáculos radiculares, demonstram todo o sofrimento expresso nos sinais aparentes de dores e de desnutrição. Muitas sobreviverão e ainda, depois desse desterro, vicejarão belas e esguias, oferecendo deleite visual aos frequentadores destas nossas praias, podendo bronzearem-se a bel-prazer sob o sol que não tem mais o obstáculo, principalmente, das frondosas castanheiras, retiradas há algum tempo para sorte dos coqueiros.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

SITUAÇÃO DE CIDADES ANTIGAS (Reflexão)

Toda a região metropolitana da Grande Vitória deveria passar por criteriosa ocupação dos espaços e suas finalidades, neste terceiro milênio. Não há como se esconder dos problemas. Estas cidades foram originadas de ocupações isentas de planejamento, que lhes conferem algumas dificuldades urbanísticas: ruas estreitas, construções de imóveis antigos que, apesar da sua participação histórica, não são suscetíveis de conservação e recuperação, isto ocorrendo principalmente no centro dessas cidades, aonde funcionavam as atividades econômicas e administrativas. A economia, originalmente secundária e terciária, tinha como agentes os estabelecimentos comerciais, industriais e de prestação de serviços. Os prédios públicos, juntamente com os demais, se concentravam nos núcleos dessas áreas urbanas, inclusive edificações residenciais. Com o passar do tempo, mais áreas foram ocupadas na periferia, no início ocupações de terrenos nos morros e em áreas alagadas de mangues e pauis através da ocupação desordenada cuja racionalização nunca será totalmente possível.
Não se pode ficar alheio ao que vem ocorrendo com os imóveis nas partes antigas de região metropolitana de Vitória e Vila Velha, geralmente antigos e obsoletos: o comércio migra para construções modernas, geralmente nos bairros periféricos, aonde, melhores em segurança e conforto, proporcionam geração de trabalho, de intermediação comercial e de prestação de serviços, acrescidos de oportunidades de lazer. As cidades, na maioria, nasceram do improviso ou, se planejadas, não contemplaram a visão do que seria hoje o trânsito. Não há mais espaço que possa contemplar estacionamento para tantos veículos, nem vias de acesso suficientes. Neste particular, o Município de Vila Velha anda na contramão: as recentes intervenções nas vias públicas de tráfego são contempladas com estreitamento das faixas de rolagem, parecendo que há falta de acuidade visual das pessoas responsáveis pelo planejamento urbano nesta cidade.
As edificações antigas, além de oferecerem riscos de incêndios, marquises inseguras e baixa rentabilidade nas locações, podendo-se observar que não são raros casos de imóveis desocupados e abandonados, servindo para o incremento da insegurança pessoal, devido ao frequente uso por marginais e populações de rua, sujeitando a possibilidade de incêndios e, não tendo manutenção, servem de depósito de lixo e outras impurezas causadoras da criação de roedores e de insetos, dentre os quais, aqueles que transmitem doenças, especialmente a dengue.
Que fazer com esses imóveis? Alguns simplesmente deveriam ser demolidos e os terrenos, uma vez vagos, serem utilizados com áreas de estacionamento rotativo; outros, gradativamente, receberem investimentos que os tornassem estacionamentos verticais. Exemplo disto é um estacionamento verticalizado existente no centro de Vitória, já existente a aproximadamente três décadas. Seria o caso de os incorporadores meditarem sobre esta possibilidade, eis que me parece existir demanda para a utilização dessa forma de ocupação imobiliária. O crescimento de opções de estacionamento de veículos faria com que as atividades comerciais e de lazer tornassem povoar esses espaços tendentes a serem abandonados.
Que fazer com os recursos paisagísticos arbóreos? Aqui há várias reflexões a serem feitas, mediante participação de todos os segmentos da população. Não se poderia deixar de estudar, tanto os aspectos da conservação paisagística como da preservação do ecossistema.
No caso de Vila Velha, foram quase quinhentos anos de crescimento desordenado. Como podem ser resolvidas as questões da reurbanização desta cidade?
Sobre este aspecto, o que se vê agora são ilações precipitadas, algumas expressas por leigos e postas segundo caprichos pessoais e isentas de reflexões sensatas. Não é o caso de ser contra ou, simplesmente, favorável a certas providências: tudo aquilo que é feito de forma açodada e sem planejamento; só mesmo a sorte pode ser capaz de fazer com que tais medidas sejam acertadamente eficazes.
Vejam o exemplo a atual tendência da administração de Vila Velha, que quer eliminar velhas castanheiras plantadas ao longo da orla das praias; muitas ocupando espaços na faixa de areia, outras vegetando sobre calçadões e calçadas de ruas destinadas à circulação de pedestres. Na minha opinião, árvores saudáveis que não estejam criando obstáculos à circulação de pessoas e de veículos, que não estejam dificultando redes de energia elétrica, de telefônicas e afins e não estejam infectadas por cupins, se convenientemente tratadas com podas e outros zelos, devem ser mantidas. Sobre esta questão, que não venham os profissionais, mesmo respeitando suas abalizadas opiniões acobertadas pelo conhecimento científico, emitir pareceres que visem exclusivamente satisfazer vontades e caprichos, justificando que esta, essa ou aquela árvore não tem procedência na flora brasileira, que produz folhas e frutos abundantes; folhas que no outono caem causando sujeira nas areias das praias e logradouros públicos; frutos que servem à proliferação de roedores e insetos; copas que servem ao abrigo de pássaros e morcegos – alguns considerados como vetores de enfermidades infecciosas. Mais uma vez, tais profissionais e leigos deveriam refletir sobre questões relativas ao ecossistema. Árvores não ostentam nacionalidade: são patrimônio verde do mundo globalizado. As folhas das castanheiras e de todos as árvores que compõem a paisagem arbórea, assim como seus caules, galhos e raízes; todos deveriam ser recolhidos, dando a cada um deles o destino de utilidade, assim: as madeiras deveriam ser aproveitadas, depois de serradas e tratadas para serem utilizadas como materiais integrantes na construção de bens móveis e de imóveis; os restos como pequenos galhos, fragmentos e folhas deveriam ser depositados em biodigestor, aproveitando a energia gerada pelos gases e os resíduos nitrogenados poderiam ser aproveitados como fertilizante para o cultivo de hortaliças e plantas fitoterápicas de uso doméstico. Quanto à proliferação de pequenos roedores e insetos ante à fartura de frutos que algumas árvores produzem, não podemos ficar alheios à cadeia alimentar que representam: as pequenas aves se alimentam de frutos e de insetos, depois juntamente aos pequenos roedores e insetos servem de alimento às pequenas corujas que fazem parte da fauna que vive ao abrigo das árvores ornamentais existentes no meio urbano. Os morcegos que habitam nesse meio são de espécies frugívoras que, tanto carregam as sementes para levá-las à expansão das florestas, aqui também executam dois papéis importantes: o de transporte das sementes e o de polinização das flores, permitindo a existência da fertilidade das espécimes vegetais. Não se tem notícia de que existam no ambiente urbano os temíveis morcegos hematófagos, aqueles que se alimentam de sangue e capazes de transmitir determinados tipos de zoonoses, podendo atacar animais domésticos e seres humanos. Estes, felizmente, habitam grutas existentes em rochedos, não havendo notícia da sua presença nas cidades que compõem a Grande Vitória.
Recursos hídricos
Grande preocupação e, por que não dizer: estado de total apreensão quanto à escassez grave de recursos hídricos, especialmente da água potável para uso humano, em face aos recursos existentes e conhecidos atualmente. Para servir à Grande Vitória, dois são os mananciais disponíveis, já em estado de exaustão quantitativa e qualitativa. São dois os principais: o rio Santa Maria da Vitória e o Rio Jucu, havendo algumas micro bacias representadas, na realidade, por afluentes desses principais rios, além do Rio Timbuí, opção ainda não aproveitada para a região norte da Grande Vitória. No mais, há como opção a perfuração de poços artesianos, visando a exploração dos recursos hídricos dos lençóis freáticos, alguns rasos e de água de qualidade duvidosa; outros profundos, mas de alternativas pouco viáveis. Quanto à administração e racionalidade dos recursos hídricos, algumas providências urgem: tratamento e recuperação das nascentes nas cabeceiras, envolvendo reflorestamento e manutenção de vegetação, que permitam as retenção da água nas bacias de captação, abastecedoras dos lençóis freáticos; despoluição dos ecossistemas, consistentes do uso controlado de agrotóxicos, tratamento de efluentes domésticos, comerciais e industriais e reflorestamento ciliar dos mananciais. São providências capazes de permitir a continuidade da produção da água. Agora, providências de racionalidade no uso que permitam aos atuais volumes produzidos alcançarem maior longevidade. Tais providências atingem, principalmente, os agentes consumidores, desde providências simples como fechar chuveiro enquanto se ensaboa, fechar torneira enquanto escova os dentes, manter carrapetas e registros sempre regulados, controlar o uso de descargas em vasos sanitários, jamais lavar carros e irrigar jardins com água tratada e distribuída com qualidade de potabilidade. Neste caso, nos locais onde há possibilidade de extração de água do subsolo, esta deveria ser utilizada para funções menos nobres.
No Brasil, a maior parte da energia elétrica é produzida pela força gerada por água depositada em barragens. Todo a economia de energia elétrica contribui para também poupar água.
Construção de moradias e obras públicas
Praticamente todos os recursos originários da natureza, quando utilizados racionalmente poderão ser suficientes para edificações de habitações, para obras públicas por alguns séculos. Tudo dependendo, inclusive, do aperfeiçoamento de materiais, de uso de espaços, de uso de recursos hídricos, de uso da iluminação natural, poupando o uso de fontes energéticas, especialmente daquelas não renováveis. Exemplo seria a construção de imóveis que se movimentassem acompanhando a emissão de claridade solar, de armazenamento de energia da mesma procedência e mobilidade para acompanhar a direção das correntes de ar, visando à refrigeração natural.
Alguns materiais poderiam ter dureza, maleabilidade e transparência à semelhança do vidro e mais resistência. Isto permitiria maior aproveitamento da claridade. Grandes baterias solares, dotadas de substâncias capazes de armazenar maiores reservas de energia para movimentarem elevadores, centrais de informática, iluminação e calefação.

Coleta de lixo
Neste aspecto, a seletividade da coleta e a reciclagem, separando o descarte de lixo de tal forma que o mesmo se torne em utilidades que poupem árvores das florestas, quando se recicla papel e madeiras; que se poupe petróleo e derivados, quando se poupem plásticos e similares; que se dêem destinos nobres a outros materiais descartados (vidros, metais, tecidos); enfim que se aproveitem recursos energéticos da matéria orgânica e a tornem fonte de vida na recuperação da fertilidade dos solos. Estejamos certos de que todas essas práticas de racionalidade no uso dos recursos que a natureza nos agracia dadivosamente, poderão fazer com que a vida se prolongue neste planeta.
Saneamento
Neste aspecto, pelo fato de serem finitos os recursos hídricos, se tornarão mais problemáticos os cuidados sanitários dependentes da água sejam eles por sua distribuição e pelo tratamento e destinação dos efluentes domésticos, comerciais e industriais. A existência de água de procedência natural terá, com certeza num futuro próximo, que ser substituída por água dessalinizada dos mares e aquela consequente do tratamento de dejetos deverá ser reutilizada, canalizando-a para áreas rurais para ser utilizada na irrigação de cultivares agrícolas, para ser utilizada também nas áreas urbanas como agente de higienização de prédios e de vias públicas. Mas o cuidado para que águas poluídas e contaminadas venham a ser despejadas nos cursos de rios e mares deverá ser redobrado.
Ruas e avenidas dessas aglomerações urbanas, a exemplo de estudos ficcionais já existentes poderiam ser sobrepostas e os prédios, tanto residenciais, quanto comerciais e industriais deveriam contemplar espaços maiores para permitirem melhores condições de circulação do ar e passagem da luz.

Automóveis e veículos de transporte
O ideal que fossem movidos por tração exclusivamente de agentes não poluentes, com energia elétrica, hidrogênio ou simplesmente água. Também os motores das indústrias, carentes de recursos energéticos potentes, deveriam fazer uso da energia limpa, produzida por usinas termonucleares
Conclusão
Na verdade, minhas reflexões sobre os problemas de urbanismo, uso racional dos recursos hídricos, dos recursos oriundos da seletividade dos dejetos, dos cuidados com a preservação da qualidade do ar, pela manutenção de práticas saudáveis de vida, pelo aperfeiçoamento educacional, sejam, pelo menos, um alerta para que aqueles que têm conhecimento técnico: usem esses recursos, visando ao bem-estar e longevidade dos semelhantes, num ambiente ordenado por práticas apropriadamente em prol da vida.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

SELINHO É CRIME?

No litoral do nordeste brasileiro, um grupo de turistas flagrou e, como dizem, um italiano casado com uma brasileira, beijando na boca sua filha de oito anos de idade, mas a mãe da criança afirma que a garota habitualmente troca “selinhos” com o pai, nada de beijo “com língua”; apenas expressam um hábito que ela considera absolutamente normal. Já os denunciantes afirmavam ter visto aquele pai acariciando partes íntimas da garota.
De acordo com a legislação brasileira, que acompanha nossos costumes morais, o ato se constitui de uma imoralidade que a lei prevê como crime e, se comprovado o fato, com os agravantes de todo o teor da denúncia, pode ser considerado de natureza libidinosa entre pai e filha, a polícia entendeu a necessidade da lavratura de flagrante delito, mantendo o indiciado em prisão temporária, até que se esclareça toda a verdade. Poderia o fato ser considerado como tentativa de incesto.
Concomitantemente, na Itália, uma brasileira, também casada com italiano, é acusado de ter provocado a morte de uma criança, filha do casal com se a tivesse atirado á água gelada no leito de um rio. Fato, também, envolto em mistério, segundo afirmações da acusada e de provas testemunhais, que cercam o caso: teria ocorrido falta de energia elétrica, causando escuridão no exato momento que a menina teria adentrado involuntariamente ao rio. E, como consequência da temperatura gélida da água, teria morrido por hipotermia, conforme laudo cadavérico.
No primeiro caso, a polícia brasileira, diante das denúncias, entendeu até que se prove o contrário, a existência de crime de natureza incestuosa e o caso teve ampla repercussão no meio jornalístico. Assim aguarda-se que o assunto, depois de esclarecido, possa ser alvo de julgamento criterioso. Da mesma forma polícia e justiça italianas têm caso polêmico para julgarem.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

MUNDO VIOLENTO

Gastam-se toneladas de tinta nos jornais para registrar o sangue que se derrama pelo mundo afora, com toda a variedade de violência. Isto é uma verdadeira guerra, que é situada diante dos nossos olhos, na frente de nossas casas; quando não é dentro delas. Parece mesmo que a humanidade perdeu o controle da situação: mata-se por qualquer motivo e até sem qualquer razão.
Havia um tempo que essas notícias, hoje corriqueiras, nos meios de comunicação escrita, televisiva e por meio da informática eram coisa que só atingia aos outros. Hoje toda essa violência pode estar nas ruas por onde passamos, na igreja que freqüentamos, nas escolas, nos estabelecimentos comerciais, nos veículos que trafegam transportando bens e pessoas, nos locais de entretenimento, enfim em qualquer lugar. Basta que o homem esteja presente para que a maldade impere. São assassinatos por motivos banais, por disputas quaisquer, por assaltos, por seqüestros, simplesmente por ódio. Mas a violência abrange outras formas: abortos, infanticídios, violências sexuais (estupro, incesto, pedofilia e sadomasoquismo).
Guerras representam violência, que tem até regras e leis. Matar como ato de guerra não é crime considerado homicídio. É defesa legítima. Também as execuções capitais, quando e aonde as leis as prevêem, são atos considerados legítimos. Sob o aspecto religioso, nas santas inquisições, os indivíduos considerados hereges e feiticeiros podiam ser executados, após julgamentos em tribunais eclesiásticos.
Na atualidade existem verdadeiras guerras não declaradas que ceifam vidas aos milhares. São verdadeiros genocídios. Podem ser citados os acidentes do trânsito, as disputas por pontos geográficos de venda de substâncias tóxicas e entorpecentes, mortes causadas por dívidas de tóxico por parte de dependentes químicos e aquelas destinadas a vingança dos delatores.
Também a natureza exerce seu poder de violência, expresso nos acidentes naturais: terremotos, sunames, vendavais, erupções vulcânicas, inundações causadas por cheias resultantes de chuvas diluviais, incêndios casuais e/ou propositais, deslizamentos de terras e de rochas, avalanches de neve, desmoronamentos de prédios, de pontes e de outras quaisquer edificações, quer por movimentos espontâneos da natureza ou causados artificialmente por bombardeios ou demolições planejadas.
Violentas também podem ser classificadas as ações de fazer ou deixar de fazer (omissões). A fome que assola populações africanas pobres e outros bolsões de pobreza espalhados pelo mundo afora, pode ser fruto de ingerência externa espoliativa das riquezas de bens e omissão de meios de escolarização, cujo atraso cultural e intolerâncias de grupos religiosos e raciais impedem que populações alcancem meios para proverem-se dos recursos alimentares, fruto apenas da ignorância coletiva dessas populações. Há outro fator relacionado á fome no mundo. Pode-se debitar grande parcela desta carência ao desequilíbrio climático, forçado pelo aquecimento global, promovendo profundas mudanças na produção de alimentos. Também o conhecimento tecnológico deficiente, fruto da pobreza e da miséria, torna o problema agravado.
Enquanto fazemos essas considerações, análises e reflexões sobre a violência que assola o planeta, aqui ao nosso lado pode estar ocorrendo um assalto, um assassinato, um aborto criminoso, um infanticídio, um mal trato a um idoso, a falta de escola, um acidente de trânsito com vítimas; acolá, uma tempestade, um terremoto, um desmoronamento, uma seca, uma enchente que inunda e afogam indivíduos, principalmente os desprovidos de recursos – aqueles obrigados a habitarem locais desprotegidos e desassistidos pelos poderes públicos. Enfim, nosso mundo é extremante violento!

sábado, 22 de agosto de 2009

TRINTA ANOS DE PRAIA DA COSTA

A Praia da Costa é localizada na orla do município de Vila Velha, no Estado do Espírito Santo. É a principal, além da de Itapoã e a de Itaparica, totalizando sete quilômetros e meio de faixa de areia contínua, desde o extremo norte, aonde se localiza o Clube Libanês, ao extremo sul, nas proximidades do estuário do rio Jucu. Em toda essa faixa o Oceano Atlântico deita e arrebenta suas ondas, resultando espumas alvas em toda à extensão.
Desde que nos mudamos para Vila Velha, tivemos a oportunidade e privilégio de presenciar este pedaço de paraíso, chamado “Praia da Costa”. Foi de tanto apreciar o ambiente, que nos tornamos moradores definitivos da localidade. Vimos erguer-se a floresta de pedra e a grande muralha, separando a cidade de Vila Velha do vasto oceano; vimos quando a faixa de areia recebia contínuas urbanizações, árvores eram plantadas; outras sendo retiradas. Vimos ruas serem pavimentadas, a troca dos bloquetes por cobertura asfáltica, tonalizando do cinza ao negro derivado do petróleo; presenciamos uma fileira de toscas barraquinhas, aonde se vendia de quase tudo: lanches, aperitivos, o famoso peroá frito e, também, pescadas; coco verde, milho cozido, torresmos, aipim frito e outras guloseimas, além dos bronzeadores, que acreditavam mudar a tonalidade da cor da pele besuntada e exposta ao ardente sol. Testemunhamos a abertura e fechamento de clínicas, farmácias, supermercados, bares e restaurantes; o sentido do trânsito, ora em mão dupla na Avenida Champagnat, na Gil Veloso, na Hugo Musso, ora em sentido de mão única nessas mesmas vias. Vimos serem extintas as barraquinhas, dando lugar aos modernos quiosques no formato de “Asa Delta”; a remoção das edificações do “Clube dos Quarenta” e do famoso “Mug”, da “Casa do Navio” para aumentar a fluidez do tráfego de pedestres e para a construção de imponente “flat”. A tudo isso nós presenciamos e muito mais: a construção da terceira ponte que nos liga à Praia do Suá, Praia do Canto e outros bairros da Capital, que ficaram próximos; a construção do Shopping Praia da Costa, como parte do incremento do comércio e de atividades de lazer.
E agora? Vamos falar sobre moradores e freqüentadores, de onde migraram e a população originária da Praia da Costa. A população que frequenta, quer como banhistas, ou visitantes noturnos de restaurantes, boates, pizzarias e botecos vem de toda a Grande Vitória. Quanto aos banhistas, nesses veranicos que ocorrem em qualquer estação do ano, são moradores fixos do bairro; mas na estação apropriada, que compreende desde a primavera, verão e outono, a frequência se dá, em grande parte, pela população flutuante, na maioria, originária de outros estados da federação, quer como ocupantes temporários de moradias fixas, ou, sejam eles turistas hospedados em hotéis, pousadas e imóveis de locação temporária. Nessas temporadas a orla litorânea tem ocupação constante.
O calçadão da praia, desde o amanhecer ao anoitecer vive em constante movimento: alguns caminhando a passos largos como forma de exercitarem-se, outros simplesmente passeando com seus cães de estimação, gente fazendo exercícios aeróbicos ao ar livre. E na areia, além daqueles postados e protegidos por barracas e guardas sóis, muitos praticam esportes, como vôlei de praia, futebol, handebol, frescobol e corridas, tanto no calçadão como na areia da praia. E, ainda, há pescadores, lançando ao mar anzóis municiados de iscas atrativas aos peixes; mas peixe mesmo, só nas peixarias, mas vale o entretenimento!
Além dos citados, temos pássaros que enfeitam e dão vida ao espaço: a maior incidência fica por conta dos pombos, habitantes alados e assíduos, tanto no calçadão como na faixa de areia, vivendo à cata das migalhas de alimentos deixadas nesses locais por outros freqüentadores. Os alegres bem-te-vis e os pardais, a cada vez menos numerosos (dizem que por causa dos produtos químicos utilizados no combate aos mosquitos). Vê-se aqui e ali, embora raros, alguns anus pretos e brancos, também raros gaviões. Vez ou outra aparece ninhos de um tipo de coruja, que dizem ser nativo da região – a “buraqueira”, cujos ninhos ocorrem em tocas subterrâneas sob a areia e vegetação gramínea. Um animalzinho, outrora frequente, quase não é mais visto nestas praias: refiro-me ao pequeno caranguejo branco – o guruçá está praticamente extinto. No verão chegam as pequenas andorinhas que enchem de vida castanheiras, oitis e demais árvores existentes na orla. Existem ainda as andorinhas do mar e outras aves, a maioria de dotadas de penas brancas, que vem acompanhando os cardumes de pequenos peixes migratórios. Outras aves marítimas, como gaivotas e atobás aparecem ocasionalmente
Existe um grupo de pescadores artesanais com suas pequenas embarcações instalados na Curva da Sereia. Quanto ao pescado, que conseguem capturar atualmente, é coisa rara, se restringindo a pequenas quantidades de pequenos exemplares de robalos, pescadinha, chicharros e outros.
Este é um pequeno retrato da Praia da Costa, que conhecemos a pouco mais de trinta anos.