terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

AFINAL, É CARNAVAL!

Hoje, 24 de fevereiro de 2009, terça feira gorda de carnaval. Neste dia de carnaval de gala, a claridade solar parece torrar tudo: assar a pele das pessoas que se banham a beira mar, desidratar impiedosamente as folhas das plantas ainda verdes, fazer da terra, até a poucos dias, escorregadia lamacenta, seca e poeirenta agora. E isto já está desta forma, quente e seco, desde o início do mês de janeiro próximo passado. Agora, no carnaval, parece mais quente ainda. Tudo isto me faz lembrar os períodos de carnaval dos anos de 1958 a 1960. Nessa época o saudoso garimpeiro José Cristal, egresso lá das bandas de Itarana, foi quem organizou esses carnavais.
José Cristal trouxe de Minas Gerais, (não soubemos de que município teria vindo), uma forma de festejos carnavalescos que tinha como temática um boi chamado “Janeiro”. Bem que poderia ser “Colorado”, “Pintadinho”, “Dengoso” ou outro nome qualquer próprio de boi. Mas “Janeiro” era seu nome. O bovino era construído dias antes dos festejos de momo, a partir de uma cabeça de boi, que tivesse os chifres preservados, para ser instalada numa das extremidades. Seu corpo era formado por uma carcaça de madeira, depois coberto com tecido estampado e intensamente colorido. Outro animal existia e era u’a mula. Esta não tinha nome específico, mas que importava saber o nome da mula? Já o do boi era imprescindível porque fazia parte dos festejos carnavalescos de uma cidade mineira, aonde o nome “Boi Janeiro” era coisa tradicional.
Com alguns participantes (somente homens. Mulheres ainda não tinham coragem de participar de blocos carnavalescos em Várzea Alegre). De alguns participantes me lembro: Dino Venturini, Anízio de Barros Vilela, Ivo Roccon, Silvio Bieth, Foinha, Egidio, Zé Guedes, Jairão, tal de Malaquias, Gervásio, Lico e Lolo (irmãos Pivetta), Reinaldo Loss, Lourival Roccon, Jaime Cirilo, Anízio Taufner, os irmãos Odorico e Eufrásio Pivetta, José D’Ávila e mais alguns, inclusive eu.
Se mulheres não havia nesse bloco, figuras femininas travestidas havia dentre as fantasias, cujas identidades se protegiam com máscaras adquiridas no comércio de Colatina. E a música originava-se de acordeom, pandeiro e triângulo metálico, estes para fazer a percussão de modo que as músicas tivesses seus ritmos. Mas que músicas? A principal era a de uma letra que José Cristal ensinara e ensaiara com o pessoal, pois era ele o diretor e o principal mentor do grupo. Quais os ritmos? Quem é que disse que existia samba nesse carnaval? Talvez “rancheiras”, cateretês, “canas verdes” ou marchinhas. Certamente todos os ritmos de música caipira. Quem disse country? Alguém, por acaso sabia o que era isso?
Fazia tanto calor, tanto quanto faz neste carnaval, talvez por isto que essas coisas me vem à memória. Devido ao clima excessivamente cálido, somente depois que o sol baixasse no poente, as atividades do bloco tinham início ao som das músicas, o boi e a mulinha fazendo evoluções movidas por foliões especialmente designados por José Cristal – nosso carnavalesco. E nessas tardes e noites acorria de toda a vizinhança: idosos, adultos e crianças para assistirem à novidade. Numa tarde o bloco se pôs sobre a carroceria de um caminhão e seguiu à cidade de Santa Teresa para apresentar-se de forma imprevista. De repetente, uma multidão acorreu à rua, juntando-se ao bloco do “Boi Janeiro”, participando juntos da folia improvisada. Desta excursão eu não participei, pois não podia afastar-me de Várzea Alegre, porque nosso sócio da farmácia passava esse período com seus familiares residentes no Patrimônio de Santo Antônio.
Em 1959, o sucesso desse bloco carnavalesco se repetiu. Em 1960 também, exceto eu que não pude mais participar, pois a farmácia, agora sob minha responsabilidade exclusiva exigia minha presença contínua. E esse foi o último carnaval em que o bloco “Boi Janeiro” se apresentou, pois seu criador, orientador e diretor, José Cristal mudou-se de Várzea Alegre para garimpar gemas preciosas em outras paragens.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

“A PAZ É FRUTO DA JUSTIÇA”

Todos os anos, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) promove campanha durante o tempo da quaresma sobre um tema atual e de cunho sociológico cristão para que os católicos do Brasil reflitam e adotem medidas capazes de minorar causas de problemas cruciais vividos pelas pessoas. Este ano, o estado de violência que se vive serviu de tema.
Com o lema, a Campanha da Fraternidade de 2009 se fundamenta no Binômio: “PAZ E JUSTIÇA”. O primeiro termo é resultante direto do segundo.
A violência tomou proporções que tornaram o Brasil uma nação nada diferente daquelas que se encontram em guerra. Vivemos verdadeiramente em estado de guerra, conflito que elimina vidas de jovens pelos motivos mais banais: Pessoas são assassinadas por não honrarem pagamento de dívidas resultantes da compra de drogas, por denunciarem traficantes, por fazerem parte de grupos concorrentes, por traição dos parceiros do crime. Neste tópico está concentrada a maior causa da violência nos dias atuais. Mas se não bastasse, existem outras causas que, também, concorrem: os roubos, os furtos, os crimes de abuso sexual, os seqüestros, os golpes perpetrados através das vias de comunicação via ligações telefônicas e o uso criminoso na Internet. Tudo isso deixa o ser humano acuado, indefeso e refém do crime.
As causas da violência têm, também, como origem o estado de penúria das populações empobrecidas por causas climáticas, analfabetismo, desemprego, prostituição, má distribuição de rendas e principalmente pela forma acintosa com que homens públicos detentores do dever ético de proteger bens públicos; eles os roubam e dilapidam esse patrimônio público. Outros sonegam tributos devidos escasseando recursos que seriam destinados à saúde, à educação, à assistência social e obras geradoras de postos de trabalho.
Isto tudo resulta de um quadro de injustiças, capaz de promover a aceleração da violência, que encontra amparo fecundo na impunidade certa. Mas a população carcerária aumenta a cada dia, gerando aqui e ali rebeliões, porque muito se prende e pouco se julga. A morosidade da justiça que tem causas de entraves legais, passa da hora de se modernizar segundo os recursos advindos da modernidade.
O que fazer agora?
Promover reflexões e debates e demonstrar a insatisfação para que as autoridades tomem posição, se engajem na luta por uma justiça célere, que devolva inocentes ao convívio e penalize culpados. E também para que os legisladores busquem reformar diplomas legais ultrapassados e ineficazes.
Enquanto isso, a nós cabe protestar democraticamente em consonância com nossos princípios cristãos. Mas nossa luta há de ser aguerrida e constante, não se limitando apenas ao período quaresmal.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

RISCOS NO TRÂNSITO DE VILA VELHA

Pedestres
Toda a cidade de Vila Velha está repleta de armadilhas para pedestres. O que se vê por toda parte são ressaltos, buracos e tampas de caixas de passagem de redes de esgotos, de energia elétrica, de telefones, de galerias pluviais e não sei mais do quê, podendo esconder risco não aparente (em frente ao prédio que residimos, uma senhora que caminhava pelo passeio, ao pisar numa destas tampas, caiu e saiu machucada). No final do ano passado, coincidindo com o término do mandado do prefeito anterior e com chuvas acima da média habitual, foram iniciadas obras de urbanização, desde o centro desta cidade às vias litorâneas, disso resultando uma herança para a atual administração municipal.
Que adianta responsabilizar a gestão passada? Isso funciona na teoria. Mas na prática, a população espera providências das autoridades atuais. Urge, portanto, o término dessas obras, não apenas para correção do aspecto estético negativamente aparente para a maior concentração de população urbana das cidades capixabas. O aspecto conforto visual e segurança se entrelaçam e se completam: pedestres devem ter segurança de caminhar em vias isentas de buracos, de ressaltos, de tampas de caixas de transmissão de energia, de linhas telefônicas, de tubulações de água e esgoto e quiçá de outras não mencionadas.
Veículos
Além de representarem riscos para pedestres que atravessam fora das faixas próprias, os veículos expõem a riscos como se fizessem verdadeiras “roletas russas”. Alguns abusam, desenvolvendo velocidade acima da que é permitida, às vezes, desrespeitam semáforos e invadem faixa exclusivos dos pedestres, ocupando, inclusive as calçados, violam mais espaço daqueles. Há ainda os veículos de duas rodas (motos e bicicletas), frequentemente transitando no sentido contrário à mão de direção, aumentam as chances de atropelamentos, especialmente de idosos com problemas de acuidade auditiva e de crianças, que não tem facilidade para distinguir o perigo.
Mas esses mesmos veículos, às vezes apontados como vilões do trânsito, sofrem conseqüências de danos materiais causados pela falta de conservação em que se encontram a maioria das vias da cidade de Vila Velha: obras inacabadas, esburacadas e deficientes em sinalização, causam acidentes inevitáveis, constantemente.
Urge que a municipalidade se volte para reurbanização desta cidade, que é a mais populosa do Estado do Espírito Santo, concedendo tanto aos seus habitantes, como aos visitantes o mínimo de conforto para que sintam vontade de retornar, se é que se queira, de fato, fazer do turismo uma opção econômica para o Município de Vila Velha. A população agradece.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

VERÃO NA PRAIA DA COSTA - ES

Depois dos alagamentos das principais vias de Vila Velha, (ES), ocorridos durante as chuvas do final de ano, o sol voltou a brilhar intensamente, desde os derradeiros dias de 2008 a este início de fevereiro de 2009.
Afora a buraqueira em toda a cidade, causada por obras inacabadas e agravadas por chuvas intensas acima da média, ocorridos no final de 2008, aos poucos a vida, nesta cidade volta ao normal para esta época do ano. As praias desde o Clube Libanês a Coqueiral de Itaparica se tornaram verdadeiro formigueiro.
Como ocorreu em todos os municípios, em primeiro de janeiro tomou posse nosso prefeito eleito. Ele, agora, é o prefeito de todos os vilavelhenses, quer tenham votado nele ou não, quer tenham feito campanha e em favor ou contra. Neucimar Fraga será nosso prefeito durante os próximos quatro anos ou por outro período idêntico. A partir de agora, Neucimar é nosso melhor prefeito, nele depositamos nossas esperanças para que faça de Vila Velha nossa melhor morada.
Somando-se a tudo isso, sempre no início de cada ano ocorrem megaeventos na faixa litorânea da Praia da Costa. Os carnavais fora de época foram abolidos há algum tempo. Era comum nesses eventos ocorrerem atos de vandalismo, como forma de extravasar a alegria, que tais festejos causam na população apreciadora. Felizmente isso é coisa pretérita.
Outros megaeventos ocorreram, a exemplo dos shows do “Jesus Vida Verão”, feiras, exposições e torneios de esportes coletivos nas areias da praia, tudo contribuindo para criar situações caóticas, quer sejam elas no trânsito de uma cidade que não foi planejada para receber a maior massa populacional das cidades capixabas. Esses eventos trazem personalidades artísticas, que por si sós, são capazes de atrair grande público. E neste ano e a cada ano o público tende a aumentar, graças à fama da boa qualidade dos eventos.
Apesar de reclamações da população residente neste bairro, que sofre com os tumultos no trânsito, sonorizações com excessivos decibéis, incomodando principalmente idosos inativos, que escolheram o bairro Praia da Costa para o descanso a que tem direito, após longos anos de trabalho. Mas a juventude pensa diferente – o que importa para estes é a diversão. Refletindo racionalmente é possível observar-se, no caso do evento Jesus Vida Verão, existe uma espécie de revanchismo radical, que valoriza a posição contrária de muitos como se fosse intolerância de católicos por causa do acontecimento ser de iniciativa de cristãos evangélicos. Isto não é verdade. Jamais se viu, nos templos católicos, qualquer menção ou insinuação que visasse acusação, responsabilizando esta, essa ou aquela entidade religiosa pelos transtornos que o evento Jesus Vida Verão causa aos moradores da Praia da Costa, graças ao sucesso do empreendimento. O que se sente é que o bairro Praia da Costa não comporta tamanhos acontecimentos. É louvável a iniciativa de que organiza e presta à comunidade encontro de tamanha magnitude. Não devo esquecer de que quem critica algo tem o dever de contribuir com sugestões capazes de solucionar ou minimizar os efeitos negativos deste e de outros eventos que atraiam público maciço.
A Associação dos Moradores da Praia da Costa vem debatendo e oportunizando diálogo e estudos que visem equacionar esta questão. Muitos moradores protestam e, a cada ano, o evento se torna maior e mais significativo graças à aceitação por parte da população da Grande Vitória, que comparece e prestigia o evento.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

IMAGENS DE VÁRZEA ALEGRE

Nas postagens anteriores foram transferidas imagens de Várzea Alegre diversas de algumas publicadas na internet, como se fossem da Várzea Alegre cearense. As paisagens são cobertas do verde dos cafezais e dos cultivos de hortaliças, onde é freqüente a esistência de extensos plantios de tomateiros.

VÁRZEA ALEGRE, A VILA E VISTA PARA A PEDRA DO CHARUTO

 
 
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VÁRZEA ALEGRE COM VISTA DA PEDRA DA ONÇA

 
 
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VISTA PARCIAL DE VÁRZEA ALEGRE

 
 
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Vista parcial de Várzea Alegre

 
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NOSSA VÁRZEA ALEGRE ATUAL

Nesta coletânea de fotos eu mostro a nossa Várzea Alegre vista por vários ângulos. Vejam a vila de Várzea que sedia o Distrito de Alto Santa Maria (já teve a extensão do “Rio Doce, retirada numa reorganização distrital, assim que desmembrado São Roque do Canaã para tornar-se município emancipado). Embora muitos confundam a localidade de Várzea Alegre com o distrito de Alto Santa Maria; na realidade Várzea Alegre é apenas o nome dado à sede do distrito.
Reafirmando: Várzea Alegre (a nossa), está localizada na sede do Distrito de Alto Santa Maria, Município de Santa Teresa, Estado do Espírito Santo. E muito nos honra quando a confundem com a cidade de Várzea Alegre, município do Estado do Ceará, que conta com cerca de cem mil habitantes.
A seguir posto algumas paisagens da nossa pequenina Várzea Alegre, cuja população não chega a cinco mil habitantes. São paisagens de rara beleza, que delas nos sentimos orgulhosos.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

RIQUEZA AMARELA

Cor amarela por si só simboliza riqueza, contrastada hoje pelo verde escuro dos cafezais, ocupando a outrora paisagem do amarelo esmaecido na cor palha dos milharais com as folhas secas, mostravam o estado de maturação dos seus frutos.
A paisagem verde de hoje substituiu e amarela que ocupava a mesma área nas planícies e encostas desta Várzea Alegre e de todo o Distrito de Alto Santa Maria (outrora do Rio Doce). Podemos substituir a simbologia das cores amarelo e verde pelas fases do milho cultivado em forma de monocultura, a partir da década de 1940, chegando à de 1970 à seca inicial deste terceiro milênio.
Entre uma e outra monocultura, houve a inclusão do vermelho da cultura do tomate, uma opção agrícola mais lucrativa que aquelas chamadas de cores amarela e verde. A primeira representava uma ocupação de quase a totalidade do solo agricultável, reduzindo com a ocupação da cultura de tomateiros. A implantação de lavouras de café em substituição à cultura do milho passou a convivência pacífica com as culturas alternativas, dentre as quais a mais importante, desde o início do cultivo, foi o plantio de tomateiros.
Atualmente a agricultura da planície de Várzea Alegre compõe-se dos cultivos de cafezais, de milho de hortaliças e de pequenos rebanhos de gado vacum destinados à produção de laticínios produzidos artesanalmente. Há, simultaneamente, a produção de cana-de-açúcar destinada à destilação de cachaça numa moderna fábrica e ocorrem nas pequenas propriedades alguns canaviais utilizados exclusivamente para produzir rapadura e derivados, todos em quantidades mínimas.
Houve no passado a garimpagem como forma de utilizar mão-de-obra disponível nas entressafras. Atualmente, a garimpagem esbarra na incerteza dos achados e nos controles ambientais rígidos. As formações rochosas da localidade não contemplam variedades graníticas nobres. Assim a mineração de rochas, depois de algumas experiências, tornou-se atividade inexeqüível. Restaria a mineração de argila abundante desde as várzeas as encostas das montanhas. Embora abundante este mineral, a alta freqüência de óxido de ferro o torna inapropriado para a produção de artigos cerâmicos, pois na queima, os grânulos ferrosos fundem e formam furos e descontinuidade nas peças. Talvez todo este potencial de matéria prima tivesse aproveitamento para a produção de tijolos e lajotas. E a produção poderia ser em larga escala, pois os depósitos não apresentam facilidade de exaustão.
O que me parece representar algum futuro econômico adicional seria o desenvolvimento do cultivo de frutas, tais como uva, araçaúna, jabuticaba, acerola, graviola, goiaba, manga e jaca. Poderia ser implantada indústria para processar polpas de frutas e, também, de tomates quando produzidos em excesso ou cultivados especificamente para esse fim.
Se outros cultivares não venham a ser produzidos na região, este é o panorama econômico agrícola de Várzea Alegre e de todo o Distrito de Alto Santa Maria (do Rio Doce), pode-se concluir.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

PROPLEMAS NA MADRUGADA

Desta vez Licínio Ferreira residia em Cariacica e notícias vindas de lá indicavam a existência de problemas com a saúde porque retornara ao uso de bebidas alcoólicas, quadro que se agravava, pois se tornara usuário dependente de drogas entorpecentes inaláveis, de uso oral e de injetáveis.
Outro agravante na vida de Licínio, agora descasado, por ter se separado da Maria Ribeiro. Fato que contribuía para seu retorno ao uso de bebidas alcoólicas, conforme fizera no passado. Agora, também, não contava mais com a presença de Cidelene, falecida há três anos. Essa irmã impunha-lhe limites, fazia com que tomasse medicamentos capazes de inibir seu vício de dependência do álcool. Dois fatores contribuíram para que chegasse a esta situação: a ausência da irmã e da esposa. Também, durante a constância de dois matrimônios não foram gerados filhos, tornando Licínio virtualmente solitário.
Anésia e eu chegamos ao local em que residia num casebre à beira da rodovia que liga esta Cidade de Cariacica à de Santa Leopoldina. Ali Licínio compartilhava a moradia com dois elementos notoriamente ligados ao crime, quer como traficantes de drogas, praticantes de furtos e roubos. Isso o que se tinha notícia, fora outros costumeiramente acompanhados nesses casos. Ao chegarmos ao local pudemos ver a situação lastimável que Licínio se encontrava: desnutrido, demonstrando visíveis sinais de alucinação, ora demonstrando euforia, ora ansiedade e depressão. Era lastimável sua situação e tudo indicava que a tisiologia antiga retornava, agora, com força maior, devido ao estado de profunda desnutrição aparentada. Se não bastasse todo esse quadro, havia comentários de que seria implacavelmente morto por causa de dívidas de drogas. Preferimos inicialmente nos afastarmos do ambiente, mas aquela cena, a lembrança de Cidelene e de seu pai, meu compadre Sebastião me fizeram pensar na tomada de alguma atitude capaz de minorar a situação.
Retornei ao local para fazer a locomoção do enfermo para hospital do Sistema Único de Saúde, mas a remoção haveria de ser feita por uma ambulância, coisa tornada impossível, pois não havia uma só disponível. Um daqueles indivíduos que dividia a moradia do casebre encontrou solução: Licínio seria removido num camburão da Polícia Militar. Neste caso, para acompanhar o enfermo, somente policiais seriam admitidos. Não sei como, mas consegui um fardamento completo para eu usar nessa operação. Vesti aquela farda cinza escuro, e fui até o bairro de Jardim América para aguardar a passagem da viatura para nela embarcar. Sem que eu soubesse me postei frente a um distrito policial e logo fui notado que meu disfarce não era perfeito, como pude constatar na forma como um policial me observava. Aproximei-me dele e expliquei qual a razão do disfarce, não me criando obstáculo, exibindo apenas certo ar de desconfiança. Depois, chegou o delegado e eu tive que repetir toda a história e estive postado à frente dessa delegacia, enquanto aguardava o camburão que deveria conduzir Licínio ao Hospital de Polícia Militar do Estado do Espírito Santo. Enquanto aguardava, estive tomado de ansiedade, sentia dores de cabeça e muito frio. A viatura policial não chegou e tudo acabou quando soou nosso despertador, porque, na realidade, nada aconteceu.
Mais tarde, depois da nossa caminhada no calçadão da Praia de Costa, entendi o porquê da minha ansiedade e cefaléia: estava em crise hipertensiva, conforme comprovado em aferição.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

REMINISCÊNCIAS DA FAESA E NOVA ATIVIDADE

Convidado para ser docente novamente na FAESA, eu aceitei e participei da primeira e única aula com uma turma em que reconhecia antigos alunos, alguns das turmas de 1978 e de 1979. Só não consigo lembrar-me dos seus nomes. Seguindo este fato fui contratado para trabalhar num escritório para operar um grande computador. Expliquei logo: - minha experiência com informática decorre de conhecimentos amealhados como autodidata. Neste caso tenho que passar por um treinamento para inteirar-me das rotinas da empresa.
Uma nova colega de trabalho me reconheceu e disse: - você, não é aquele professor que deu uma aula na turma do “Bem-te-vi”? Sim, respondi. Não tive ânimo em continuar, achando-me cansado e indisposto para me atualizar nos conteúdos específicos da disciplina, que nem me lembro qual era.
Continuei trabalhando, melhor ocupando uma cadeira frente ao computador e digitava alguns pequenos textos para familiarizar-me com a máquina. Embora, com quase todos os funcionários era o meu primeiro contato, sentia-me, em poucas horas, perfeitamente entrosado no ambiente. A certa hora da manhã, entre nossa chegada ao trabalho e o horário do almoço foi servido um lanche. Desde já eu adiantava que meu lanche seria de alimentos de baixa caloria, compostos, preferencialmente, de carboidratos complexos. Depois saímos para almoçar num restaurante selfservice existente nas proximidades do nosso trabalho. Também eu me encontrava hospedado num hotel simples, onde os dormitórios coletivos disponibilizavam armários coletivos para a guarda de pertences dos hóspedes, na maioria funcionários de escritórios e lojas comerciais existentes ali nas adjacências. Depois de uma noite de sono reparador, fui tomado por sonhos sobre minha participação como docente da FAESA. Vi-me diante de doutor Antário, de dona Waldete, sua esposa e tesoureira da instituição. Ela recebia as anuidades dos alunos e resgatava todas as despesas, inclusive os salários do professores e demais funcionários. Quanto a mim tive oportunidade de saber pelo próprio doutor Antário: ele teria que contratar um docente para trabalhar na turma do Bem-te-vi, o coordenador de um curso, que eu não sei de quê. Sabendo disso me ofereci para ocupar a vaga, embora eu tivesse abandonado uma turma após a primeira aula, o diretor pediu-me tempo para estudar minha proposta.
Nesta ocasião em que estive novamente nas antigas dependências da FAESA, instaladas nos prédios de um colégio de formação de irmãs de caridade, daquelas que tinham o hábito de viverem enclausuradas. Esse imóvel, constituído por quatro edificações, sendo duas dispostas paralelamente e outras tantas em uma antiga casa residencial e outra em um galpão outrora utilizado como depósito e garagem. Agora funcionava nele o departamento de pessoal e o escritório de contabilidade da escola. Eliseu era o chefe de pessoal e Gessé Laurindo o contador. A casa maior servia de tesouraria e sede da Fundação José Francisco de Paula, entidade mantenedora da FAESA. Ali somente a tesouraria tinha funcionamento em três turnos, enquanto que nas demais dependências, ora o Pastor José Francisco de Paula, ora doutor Antário eram vistos, ou algum outro dos membros da fundação.
Essas coisas sobre a FAESA nada mais foram do que o meu sonho dessa primeira noite instalado neste hotel, enquanto aguardava oportunidade para trazer nossa mudança, depois de encerrado o primeiro semestre letivo. Assim, todos poderiam vir depois que conseguisse alugar uma casa para nossa moradia.
Na primeira manhã, ao levantar-me, vi que minhas bagagens e a roupa usada no dia anterior haviam sido retiradas. Comentando com um daqueles hóspedes instados no mesmo quarto, ele me avisou que o camareiro recolhera tudo: mala, sapatos e roupas e tudo havia sido guardado numa dependência contígua. Conferi e, realmente, tudo se encontrava lá. Agora, eu deveria fazer a refeição matinal disponibilizada pelo hotel e, em seguida, retornar para realizar meu segundo dia de trabalho. Assim que me preparava, ouvi o som característico do despertador e vi que ainda me encontrava deitado ao lado de minha esposa. E o trabalho? Que trabalho? Devia, sim, levantar-me, preparar nosso lanche matutino, averiguar minha taxa de glicemia, aplicar-me as insulinas e, depois, tal como fizeram os outros, tomar minha primeira refeição matinal.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

FATO RARO?

Acordei hoje pela manhã ao som do despertador do celular de Anésia, que é característico em todas seis horas quando o dia nem bem acabou de amanhecer porque ainda prevalece o horário de verão neste início de fevereiro de 2009. Até aqui nada de anormal se não fosse o fato percebido no momento do som da música que é programada para servir como despertador: cada nota musical de cada intervalo tinha uma seqüência de zeros de maior ou menor intensidade tal o volume de cada nota, formando conjuntos de algarismos idênticos, apenas com tamanhos diferenciados, todos coloridos de azul reluzente. Isto seria algum fenômeno conhecido pela ciência ou algo novo e raro. De que nome poder-se-ia chamar tal fenômeno? Poderia ser algo ligado à comunicação semiótica? Ouvi dizer que pode ser sinestesia ou estado sinestésico.
De qualquer forma achei o fenômeno tanto quando estranho. (Já me disseram que o assunto pode ser vista através do PNL (Programa Neuro Lingüístico). Penso em falar a respeito com a médica neurologista que me dá assistência clínica. Então, aguardemos para ver. E você, leitor, qual sua opinião?