sexta-feira, 31 de julho de 2009

DESRESPEITO AOS VALORES PAISAGÍSTICOS

Vila Velha, (ES), recebe com surpresa e indignação, notícias de que as castanheiras que molduram a orla da praia da Costa serão extirpadas para dar lugar ao plantio de coqueiros, violando o sagrado direito dos moradores e visitantes de se abrigarem na sombra destas majestosas árvores, existentes ao longo de dezenas de anos, talvez cinco, seis, sete ou mais dezenas, estas árvores nos brindaram com sua beleza, sua sombra e serviram de abrigo aos pássaros do céu.
Por que autoridades municipais de Vila Velha fariam tamanha maldade conosco, com as aves que nelas habitam e fazem seus ninhos, onde nascem seus filhotes, onde viceja a natureza?
Nesta cidade, diariamente somos afrontados com o corte impiedoso de árvores na calada da noite, aos poucos, apagando as dádivas que a natureza, com as graças de Deus, nos fornecem Oxigênio, enquanto recolhem resíduos carboníferos para, com eles, junto com a água que combinam e sintetizem seu alimento à base dos hidratos de carbono. O que mais nos deixa indignados é o desrespeito das autoridades municipais sequer dão uma destino digno aos troncos da madeira dessas essências, descartando-as diretamente nos lixões. Madeiras que poderiam ser aproveitadas e, às vezes, decepadas para o combate de insetos, que tantos prejuízos causam às nossas mobílias. Enquanto falta madeira, por causa da destruição das florestas; matérias nobres são levadas ao lixo.
Se há leis que permitem essas ações criminosas, isto não encontra amparo na moral e na preservação de recursos naturais a cada vez mais escassos.
O que se vê é o inverso do que cabe ao poder público, a quem deveria dar proteção à nossa natureza, se faz desconhecer as agressões praticadas por cidadãos e, agora, se concretizada tal agressão, se junta para promover a destruição.
Soube, na manhã de hoje, que uma das justificativas para o extermínio das castanheiras e sua origem estrangeira. Se isto, por si só, fosse justificativa, deveriam ser extintos nosso café, a pimenta do reino, a cana de açúcar, a manga e uma infinidade de plantas frutíferas trazidas de várias partes do mundo. Comenta-se, também, que as raízes das castanheiras destroem a pavimentação e esburacam calçadas para pedestres. Conte outra! E, enquanto o município concentra esforços para decepar impiedosamente árvores ornamentais, pessoas continuam habitando literalmente em baixo da ponte! Há falta de aulas na rede municipal de ensino e necessidade de se tamparem muitos buracos, nas ruas, nos calçamentos; esgotos correndo a céu aberto, postos de saúde superlotados, faltam médicos, medicamentos e outras coisas para o bom atendimento da população.
Há ainda uma coisa que me deixa temeroso: um assunto polêmico de importância menor, quando alardeado, pode esconder falcatruas maiores. Devemos estar atentos!

quinta-feira, 30 de julho de 2009

ENCONTRO PLURIPARTIDÁRIO

Não sei por que, eu fui encarregado de comparecer a um evento em que se reuniram várias agremiações partidárias, visando, por meio de uma festa angariar recursos para campanhas político eleitorais. Para comparecer a esse evento consegui carona com o líder do DEM, que reside aqui nas proximidades.
O local do encontro, eu me lembro perfeitamente: um grande espaço para eventos foi construído especialmente, onde, antigamente, funcionara a fábrica de refrigerantes “Pepsi- Cola” e, há mais tempo ainda, grande armazém de café de uma empresa exportadora, num imóvel localizado no município de Vila Velha, Estado do Espírito Santo, Brasil, à margem da Rodovia Carlos Lindemberg, pela frente e, margeando o rio Marinho nos fundos.
Logo chegaram líderes do PMDB, do PSDB, do PDC e de outros partidos, dentre eles, do PT (partido do atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva), do qual eu era um dos representantes. O encontro se desenvolvia com lideranças discursando e os elogios mútuos era a regra, isto publicamente, mas nos bastidores todo mundo falava mal de todo mundo. A consumação de bebidas e alimentos se fazia com a paga de importâncias exorbitantes; tudo para arrecadar recursos para um fundo mútuo para, depois, ser rateado proporcionalmente aos membros presentes de cada partido. Eu consumi pouca coisa: somente alimentos isentos de substâncias gordurosas e com baixo teor de carboidratos e nenhuma bebida alcoólica.
O traje dos homens era exclusivamente de terno na cor preta e as damas presentes, esposas, irmãs, filhas e mães dos políticos usavam indumentária multicolorida, mas o que mais se viam eram trajes femininos nas cores verdes e amarelas; algum vestido azul aqui e ali podia ser visto. Como havia mais homens presentes, o tom preto prevalecia. Prevaleciam fofocas, com os homens liderando as questiúnculas partidárias dos membros das agremiações diversas e, não raro, dos próprios correligionários. Neste desempenho de mexericar, a surpresa se deu com a liderança masculina (quem diria?).
Ao término do evento, rateados os recursos, coube-me receber a quota parte pertencente ao PT, consistentes de vários envelopes listrados de vermelho e branco, recheados de notas de dinheiro. Recurso que devia ser entregue à diretoria do partido que, depois de conferido, seria depositado em conta bancária da agremiação.
Para retornar a casa, não me foi disponibilizada carona. Lembro-me, isto sim, da longa permanência num ponto de ônibus, próximo de onde se estabelecia o “Bar Cobilândia”. Tanto foi a demora de chegar o coletivo, que acabei dormindo no ponto, literalmente. Acordando pela manhã em casa, me lembrando vagamente da tal reunião. Que reunião?
Se esse encontro tivesse ocorrido, quantos deles seriam necessários para arrecadar dinheiro para as milionárias campanhas eleitorais? Um caso a meditar...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

DEFICIÊNCIAS AUDIOVISUAIS

Há indivíduos portadores de deficiências auditivas e visuais ou simultaneamente com ambas. Quem nasceu cego e/ou surdo, que imagens seu cérebro projeta? Mas os sons; simplesmente não existem. Ou existiriam? Pergunto: como lidar na comunicação com esses indivíduos? Aqueles que vêem, tem imagens como referência. Os que ouvem, mas não vêem; somente os sons servem como sua referência. Podem estabelecer distâncias? Criar imagens virtuais, através do tato? Para essas três situações possíveis, minhas indagações ficam por conta de meras hipóteses. Há, ainda, deficiências parciais de quem ouve e vê com imagens e sons distorcidos. Como no caso do daltonismo, que os indivíduos portadores desta anomalia vêem cores diversas das verdadeiras. Mas quais são as cores verdadeiras, senão um convencionalismo cromático da interpretação das ondas e estabelecendo a cromatografia. O universo, desta forma, é policromático; a monocromia seria a falta de percepção visual do comprimento das ondas eletromagnéticas. Seria, na realidade, a monotonia.
Num segundo momento, comento sobre as deficiências audiovisuais adquiridas ao longo da vida, que podem ser: causadas por traumatismos acidentais e por sequelas de enfermidades, tais como diabetes, carências nutricionais e por degeneração, geralmente oriundas de causas desconhecidas, citando, como exemplo, a retinose pigmentar progressiva. Esta enfermidade torna os portadores progressivamente deficientes, até atingirem a perda da acuidade total da visão. A Perda da audição tem, como agravantes, a idade, disfunções metabólicas e enfermidades infecciosas.
Neste segundo grupo, os indivíduos portadores dessas deficiências conheceram visão e audição normais, tendo como comparar os efeitos de suas anomalias e sentindo, com certeza, a falta desses sentidos.
Existe, ainda, o fenômeno da cinestesia, consistente na visão e audição de imagens e sons distorcidos ou inexistentes no momento da percepção: ver imagens passando em plena luz do dia, ouvir sons, como campainhas, sirenes, grilos, ronco de motores. Isso acontece com mais frequência durante o sono, levando-me a imaginar que estivesse sonhando. Muitas vezes me levantei da cama durante a noite para atender à porta ou ao telefone, que havia tocado apenas na minha mente. Tal fenômeno pode ser entendido como cinestesia?
Visando alcançar melhor comunicação interpessoal, exclusivamente a guisa de sugestão, imagino que, a partir do ensino fundamental, deveriam ser adotados ensinamentos de comunicação por sinais, alfabeto “Braile”, leitura labial, código de “Morse”. Mais adiante, o ensino deveria contemplar estudos dos mais variados idiomas, inclusive a língua universal “Esperanto”. Tudo, visando melhoria nas comunicações e para utilizar-se no caso da perda da audição e/ou da visão. Assim, qualquer indivíduo que viesse ter necessidade por questão de se ter tornado deficiente visual ou auditivo. Ninguém seria surpreendido subitamente, pois a base do conhecimento, adquirida no início da vida, seria facilmente assimilada. Outra vantagem seria a possibilidade da melhoria geral da comunicação entre as pessoas em qualquer circunstância.
Nada do que falei esgota o assunto; serve apenas como um alerta destinado à reflexão.
Aguardo críticas de quem não concorde e também de quem queira interagir neste assunto.

terça-feira, 28 de julho de 2009

MUITO LIXO!

Há meses, uma notícia reiteradamente publicada pelos jornais Brasil afora, me deixa intrigado. Intrigado! Nem tanto! Falar sobre lixo deixa algo de bom? Certo é que algumas empresas brasileiras importaram diretamente da Inglaterra quase uma centena de contêineres, que dizem ser apenas lixo. Será isto, verdade?
Pensando bem, a remessa do lixo foi através de processo de importação? Teria sido uma compra ou mera doação? E que tipo de lixo? Materiais recicláveis? Insumos para a produção de fertilizantes? Seria uma mera prestação de serviços de limpeza das cidades inglesas? Junto com todo esse lixo, haveria oculto algum tipo de contrabando? Algum material estratégico ou, simplesmente, imundície mesmo?
Talvez, junto com esses bens de descarte, retornasse ao Brasil parte do ouro produzido nos séculos XVII e XVIII, enviado à Coroa Inglesa para o pagamento de dívidas dos portugueses, senhores desta Colônia?
Mais coisas devem ser levadas em conta: a repatriação desses materiais de descarte poderia acobertar o envio, nesse meio, considerado, talvez excipiente, drogas, pedras preciosas, preciosidades da flora e da fauna brasileiras e onde pode ter vindo Uísque, drogas, armas e sei lã o que mais...
Apesar de essa notícia ter sido reiterada, não se vê resultado de investigações profundas das autoridades brasileiras. Seja apenas para se saber se o fato não passe de mera prestação de serviços para o descarte de lixo comum, lixo hospitalar contaminado ou resíduo de substâncias radioativas ou, outras quaisquer, capazes de causar danos à saúde ou ao meio ambiente.
Caso se trate apenas de mero serviço de descarte de lixo comum, não deixa de ser uma atitude vergonhosa de falta de patriotismo e/ou servidão própria dos cidadãos desclassificados e sem estima.

domingo, 26 de julho de 2009

TOPOGRAFIA DE VILA VELHA E CONSEQUÊNCIAS

A cidade de Vila Velha, (ES) é, basicamente, localizada pouco acima do nível do mar. Apesar das promessas de políticos de que se fará macro drenagem; pouco se pode crer que os efeitos de tais obras de construção de valas, galerias e outras similares venham a surtir drenagem significativa, pois quando os índices pluviométricos superam a capacidade de vazão dos canais naturais, o excesso hídrico tende a se acumular pelas baixadas afora. Para que houvesse uma drenagem eficaz, somente seria alcançada por meio de bombas de sucção instaladas ao longo dos canais e a água, assim bombeada, fosse despejada diretamente no mar.
Este problema topográfico de Vila Velha poderá, ainda, ser agravado com os efeitos do aquecimento global. Este, inexoravelmente, provocará o aumento dos níveis dos mares; aí, esta cidade poderá ter seu solo submerso. De nada adiantaria construir valas, canais, nem tampar toda essa buraqueira existente nas ruas, vielas e avenidas desta terra dos “Canelas Verdes”. Seria como que furar buracos na água, literalmente.
Para o futuro longínquo, talvez nem tanto, a cidade provavelmente estará localizada sobre terreno alagado e parte das atuais edificações estará abaixo do nível da água. Neste caso, os andares térreos estariam onde é hoje o segundo pavimento e as vias de circulação (ruas, avenidas e vielas), deveriam ser edificadas num plano superior, através de elevados e pontes. Aonde houvesse volume de água ocupando as atuais depressões, os deslocamentos de passageiros e de cargas poderiam ser feitos por meio de navegação em pequenas embarcações. Outra solução indicada para o transporte de passageiras e pequenas cargas seria o uso de teleféricos construídos entre prédios e montes, aonde também, os terrenos destinados à edificação de prédios comerciais, industriais e habitacionais seriam os mais valorizados.
Refletindo sobre água potável, pode-se perceber facilmente que o fornecimento deste líquido tende a ser finito, pois os mananciais originários estão restritos aos rios Santa Maria da Vitória, Jucu, Formate e pequenos cursos de água nas proximidades de Guarapari, de Viana, de Cariacica, de Santa Leopoldina, de Serra e de Fundão. A reserva hídrica promete, se não solucionar definitivamente o abastecimento de água de Vila Velha, ser recurso hídrico supletivo o depósito existente no subsolo a 100 ou mais metros de profundidade, pois há provas com poços escavados, produzindo água potável de excelente qualidade mineral.
Vê-se, atualmente, ser necessário o planejamento urbano de Vila Velha com a mente voltada a essas variáveis, embora, hoje reine ceticismo em algumas correntes de cientistas, que acreditam na existência de catastrofismo pregado por pessoas alarmistas, como se houvéssemos chegado ao apocalipse. Alguns fatos sucessivamente ocorridos ultimamente corroboram com previsões pessimistas: tempestades catastróficas, secas duradouras, degelo dos pólos, redução da camada de Ozônio, pandemias de viroses e desequilíbrio climático generalizado completam o quadro caótico neste início do terceiro milênio.
É bom que pensemos seriamente sobre esses fatos aqui abordados. Será válido tomar providências previamente?

sexta-feira, 24 de julho de 2009

HISTÓRIAS REAIS?

As farmácias
Quando me encontro em Várzea Alegre, naturalmente meu companheiro para atividades garimpeiras, viagens às cidades vizinhas e outros programas de lazer, sempre foi meu cunhado e compadre Alfeu Scotá, o Preto, como é mais conhecido na região. E, desta vez, não foi diferente: eu me preparava para retornar à Capital, quando ele insistentemente me convidava para conhecer uma farmácia instalada naquela velha casa – a primeira residência da família Scottá em Várzea Alegre. Dizia ele que tal drogaria, instalada por sua filha, formada em farmácia e bioquímica, tinha uma organização estrutural para atender via telefone, fax e internet a toda a região de Várzea Alegre e Adjacências. Era, na verdade, um estabelecimento singular, tinha instalação localizada num grande barracão ao ar livre. Suas prateleiras, originalmente construídas em madeira rústica de cor escura, semelhante àquelas das estacas existentes nos pastos de bovinos. Via-se embalagens de papelão por todos os lados, papel pardo para embrulhos, fitas adesivas e cordões; três microcomputadores e medicamentos, espalhados por toda parte, completavam o ambiente. Tudo mais se parecia com uma distribuidora; menos com uma farmácia tradicional.
Cheguei a tal farmácia, depois de uma série de acontecimentos e imprevistos: Convidei Preto para irmos ao local no meu Fusca. Neste não podia ser: estava sem os bancos e tapetes, porque Tico Bieth, depois de fazer-lhe revisão mecânica, cuidava de uma limpeza completa. Sairia dali cheirando a limpeza.
Tive que interromper uma viagem, a frete, que faria meu caminhão. Apressadamente, tomei a direção desse auto e pusemo-nos a caminho, atravessando a vila de Várzea Alegre, a ponte sobre o Rio Santa Maria e, logo, estaríamos trafegando por uma estrada que era de lama só. Na primeira curva, o carro deslizou e batemos num barranco tão encharcado, que sequer pode-se sentir o impacto. Seguimos em frente e assim que passávamos frente à casa do Orlandinho, tocando numa árvore, foi ela arrancada pelas raízes, sem que sentíssemos qualquer impacto. Mais uma subida por uma trilha, que não se podia chamar de estrada, enfim chegamos diante da tal farmácia, cuja descrição já fora feita acima.

Várzea Alegre, sempre me traz memórias de algumas farmácias: a primeira foi a que pertencera a Acelino de Almeida, seguindo tivemos a de Alberto Badke, a de Leandro Sepulcri, a de Napoleão Baitela, a que tivemos em sociedade com João Romélio Zonta, aquela em que fui titular, depois transferida a Genílio, a Atílio Bianchi, a Eliezer Fagundes e as atuais: uma pertencente a Wanderlei e a última a Magali. Tudo isso, quer seja durante meus passeios reais ou estas fantasias que ocorrem nas madrugadas, não consigo me libertar das memórias, tanto das farmácias verdadeiras, como destas que vivo na fantasia da minha imaginação do inconsciente.
Hóspede da família Correia
Resolvi me hospedar numa pousada mantida pela família Correia – João e dona Mercedes – pais de Justo, de Clóvis e de Flora. Eles residiam numa grande chácara, numa área descampada do município de Vila Velha. Habitavam uma choupana fechada com taipa, apenas madeiras naturais entrelaçadas, desprovidas de fechamento completo. O coberto se fazia de palha de palmeiras naturais e capim sapê. Nas imediações havia instalações destinadas a hóspedes. Eram várias. Uma delas foi-me reservada e me entregue uma chave que exibia o número “5”, pendurado numa plaqueta metálica, com o algarismo vazado.
Quando cheguei a essa pousada, deparei-me com João, Mercedes e sua filha Flora a exibirem olhares tristes, carregados de decepção por causa de terem perdido a celebração da missa do dia por causa de Odila e Clóvis ter permanecido em visita até altas horas da noite, causando perderem o horário de irem à igreja. Assim, havia mesmo o sentimento de frustração por não terem podido exercer o que julgam o sagrado dever católico de comparecer à missa do domingo, obrigação inerente aos católicos praticantes, conforme o costume dessa família.
À tarde, depois de realizar caminhadas, em que me juntei a outros hóspedes, recolhi-me para o descanso: Primeiramente deveria banhar-me numa bica de água cristalina e na temperatura ambiente; fria porque estávamos em plena estação do inverno. Aquela água fria, jorrando copiosamente, fez-me sentir refeito do cansaço, mas o sono me levou à procura do meu aposento – uma acomodação basicamente de esteira de madeira guarnecida com colchão de capim e de travesseiros almofadados com o mesmo material vegetal de folhas secas de capim: tudo muito macio; só não havia lençóis nem cobertores e fronhas nos travesseiros. Senti frio, nesta primeira noite; nas seguintes, não sei o que senti. Senti certamente o conforto da minha cama e a companhia de Anésia, minha esposa. Também não me lembro de que tenha tido conversas com a família Correia; muito estranho, pois, por coisa alguma deixaria de desfrutar das costumeiras conversas com esses amigos.
Festa na comunidade de São Sebastião do Rio Perdido
São Sebastião é uma comunidade instalada na margem direita do rio Santa Maria do Rio Doce para quem se dirija a Várzea Alegre, distrito de Alto Santa Maria, município de Santa Teresa, (ES). Os habitantes deste lugarejo, resumido por uma igreja dedicada a São Sebastião, casa canônica e um cemitério, postado numa várzea, onde não falta um campo de futebol; mais algumas casas bem edificadas. Assim a paisagem se completa com os habitantes, a maioria, produtores rurais de famílias descendentes de imigrantes italianos.
Por ocasião dos festejos, devia ser a 20 de janeiro de um ano qualquer, de que não me lembro. A localidade, nesse, dia estava repleta de pessoas vindas das localidades adjacentes: de Santo Hilário, do vale do rio Perdido, de Santo Hilário, de Tabocas, de Caldeirão, de Santo Antônio do Canaã, de São João de Petrópolis, de São Roque do Canaã, de Valsugana, da sede do município de Santa Teresa, de toda a região de Várzea Alegre e circunvizinhanças. As festividades compuseram-se de Missa celebrada por um frade capuchinho, seguida de uma procissão, que contornava, além do campo de futebol, o cemitério e um trecho de estrada direcionada a algumas propriedades rurais. No encerramento das comemorações, houve disputa de partidas de futebol e um político de nome Isaías, trajado com terno de linho bege e chapéu de igual cor, fazia contatos com eleitores, estendia cumprimentos e abraços a todos quantos se encontrassem presentes.
Aproveitei a oportunidade para, também, rever parentes e amigos e deliciar-me de iguarias vendidas numa barraca guarnecida por uma lona sobre armação de bambus. Ali havia cerveja, refrigerantes, salgados fritos e doces de coco, de mamão, pés de moleque e, o que não podia faltar: cachaça, vinhos e vermutes. Esse povo, depois de degustar generosamente dessas beberagens compostas de alta porcentagem de substâncias etílicas, demonstrava alegria ímpar, falavam todos quase a um só tempo em altas vozes. Para completar o vozerio, disputavam um animado jogo, que chamam de “Mora”: quatro a cinco participantes vociferam exibindo dedos uns aos outros. Francamente, apesar de pertencer à mesma descendência, nunca entendi tal jogo. Mas o combustível alcoólico fazia com que exibissem exacerbada alegria.
A festa teria terminado lá pélas tantas da tarde, prometendo ocorrer novamente no ano seguinte. Para mim terminou quando escureceu e ao raiar do dia percebi que, naquela noite, não havia acordado uma só vez. Pela manhã, percebi que não sequer saído de minha cama, enquanto todas essas histórias ocorreram.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

ARBORIZAÇÃO NAS CIDADES – Danos e benefícios

Sempre foi recomendada a arborização das cidades, como forma de preservar o verde, que oxigena o ar e recolhe os resíduos carboníferos da atmosfera, propiciando nos organismos vivos, a revitalização obtida com essas trocas: o oxigênio purifica as células vivas que o trocam pela expelição do carbono resultante do processo de queima que gera a energia corporal – responsável pela força que impulsiona os movimentos.
Os resíduos de carbono recolhido pelas plantas servem juntamente com a combinação molecular de água para a produção dos hidratos de carbono – componentes básicos e integrantes da cadeia alimentar dos seres vivos: animais, bactérias e fungos.
O acúmulo de matérias faz crescer as árvores e seus caules se tornam matéria lenhosa constituída pelo acúmulo da biomassa, ou seja, a madeira. Madeira é um bem de múltiplas aplicações, servindo como fonte de energia, quando utilizada na forma de combustível, elemento integrante nas construções de bens móveis e imóveis e até como fonte de substâncias medicamentosas. Até as folhas das árvores tem grande utilidade, inclusive de manter e restaurar a fertilidade dos solos para que plantas de espécies diversas germinem, cresçam e frutifiquem.
Cito como exemplo, a cidade de Vila Velha, em cujas ruas há abundante presença de árvores, que são destinadas ao paisagismo e, algumas vezes, são causa de transtornos, quando caem sobre casas, sobre veículos e interditam ruas ao tráfego, geralmente motivadas por ventanias nos temporais; servem também à moradia dos terríveis cupins, que tanto prejuízos causam nas mobílias de nossas residências. Enfim se há benefícios; existe a contrapartida das desvantagens dessa cultura nos ambientes urbanos.
Nem tudo que se disse acima, torna o assunto conclusivo: a municipalidade deixa de aproveitar o maior recurso que essa vegetação arbórea produz – justamente a madeira. Não é difícil ver-se funcionários da prefeitura de Vila Velha derribaram árvores impiedosamente com suas motosserras, ora para proteger redes elétricas, ora para evitar possíveis danos aos imóveis, trazendo, como cosnequência, dois prejuízos: a perda paisagística e a matéria lenhosa. Tais remoções necessárias devem ser acompanhadas do aproveitamento da madeira resultante que pode, ora ser aproveitada na construção civil nos taipás, ora como elemento integrante na produção de moveleira. Para tanto, cada município deveria fazer o aproveitamento dessa madeira providenciando seu beneficiamento ou alienando-a a empresas que o façam. O que se vê hoje é a remoção das árvores e recortados seus troncos em pequenas toras para serem descartadas nos lixões. Numa época em que as florestas naturais estão praticamente extintas desprezar-se material nobre como a madeiras de nossas árvores urbanas, além de ser desperdício, poderia ser considerado crime ambiental.
Uma vez descartadas as árvores cuja permanência impede a passagem de redes elétricas, redes de água, e feito o seu aproveitamento, no mesmo lugar ou em local mais apropriado, deveria ser plantada nova árvore, para dar continuidade à arborização das ruas e avenidas de todas as cidades. Assim, no futuro haveria sempre mais madeira a ser aproveitada, além de todos os outros benefícios conhecidos.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

XAROPE

Nome genérico para solução de sacarose em água, que pode ser usada como excipiente nas formulações farmacêuticas medicamentosas, ou, ainda, em sentido figurado, para indicar pessoa inconveniente (pegajosa, cansativa, enjoada). Daí vem: xaropada, xaropar, xaropear e xaroposo.
Xarope serve como nome de farmácia? Sim! Desta vez serviu mesmo! Vi isto quando atravessava a Avenida Princesa Isabel, no centro de Vitória, Capital do Estado do Espírito Santo. Os proprietários desse estabelecimento, meus amigos Regina e seu esposo conhecido por nós como “Nono”, lá estavam, atendendo ao balcão como o fazem na Farmácia Regina, localizada no centro da cidade de Santa Teresa, na região serrana do Espírito Santo.
Por que meus amigos teriam optado por estabelecer-se no centro de Vitória e utilizar o nome “Xarope” para seu estabelecimento? Certamente teriam algum motivo especial -, ou, simplesmente se viram obrigados a migrar para a Capital, como opção para expandir o negócio farmacêutico. Certo é que eu não tinha dúvidas: eram eles mesmos!
Hoje não sei, mas antigamente ali naquele local era ponto estratégico para estabelecer-se com farmácia, pois em todo o centro da cidade de Vitória existiam consultórios médicos e, também, o ambulatório do extinto INAMPS que era localizado ali adiante, na Praça Costa Pereira. Com essa presença maciça de médicos no entorno, havia receitas médicas a aviar, em quantidades significativas.
Se ainda não existe, de fato, estabelecimentos farmacêuticos que se utilizem deste nome para identificarem suas boticas, este fato deveria, no mínimo, ser sugestivo, podendo surgir “Farmácias Xarope”, “Drogarias Xarope” e derivações.
Será que meus amigos, atualmente, se utilizam desse nome para seu estabelecimento localizado em Santa Teresa? Bem que pensei: quando tiver oportunidade de passar por lá, confiro isso pessoalmente.
Durante a madrugada perambulei pela Grande Vitória, ora no meu carro, ora de táxi e, mesmo, de ônibus, e tive oportunidade de me encontrar com conhecidos e amigos, que outrora foram meus colegas e vizinhos nas cidades de Itarana, Fundão e Colatina. Esses devaneios realizados durante madrugas fazem-me voltar ao encontro desses velhos conhecidos, alguns deles até fizeram sua viagem derradeira para o outro lado, onde o tempo é eterno.
Não consegui esquecer-me desse nome “Xarope”, colocado na parte frontal da farmácia dos meus amigos. O título, expresso em grandes caracteres tinha como destaque o “X” de xarope, colocado em destaque num círculo luminoso de neon em circunferências luminosas e multicoloridas.
Ao acordar pela manhã, senti que fora um devaneio fantasioso; mas bem que poderia ser verdade. Não acha?