segunda-feira, 28 de junho de 2010

AFINAL, A ÁGUA É PRECIOSA

    

    No Brasil, maior parte da energia elétrica gerada provém de usinas hidroelétricas, formando sempre imensos lagos da preciosa água para, em momento oportuno, ser transformada em energia elétrica, pela força das quedas produzida pela gravidade. A conversão das reservas de água em energia elétrica é o modelo que melhor se adaptou às condições peculiares do nosso país. É forma de produção de energia limpa, não polui, mas gasta preciosas reservas hídricas.

    Já houve quem dissesse que a forma energética mais limpa é aquela produzida pela energia nucelar, cujos resíduos são perfeitamente administráveis; não polui a atmosfera, pois não emite partículas carboníferas e o poder de produção e altamente expressivo.

    Se a produção energética viesse aposentar nossas grandes usinas, com certeza, teríamos reservas hídricas significativas, tanto para uso nas irrigações necessárias à produção agrícola ou, mesmo, para o consumo direto das populações, cujo abastecimento se encontra no limiar de possíveis crises de abastecimento. Nesse caso, seriam usadas as reservas já existentes, bem como deveriam ser construídas barragens em vales profundos nas cabeceiras dos rios e de seus afluentes, inclusive nas bacias de altitudes, às vezes, inferiores ao nível do mar. Esses rios, mediante a filtragem dessa água poderiam se tornar de cursos perenes, beneficiando todos os segmentos – industriais. Comerciais, agrícolas e de uso urbano. Certamente, diante do futuro sombrio que se avizinha, teríamos garantia de que a vida seria postergada. Essa preocupação se funda em previsões pessimistas que, num futuro próximo não haverá água. E já se pode vislumbrar a ocorrência de secas prolongadas, ora de chuvas diluviais. Também as águas dessas tempestades hídricas, se houvessem barragens disponíveis poderiam ser objeto de reservas, que tornariam rios perenes e com o cuidado de evitar edificações a beira dos cursos de água, evitar-se-iam catástrofes como as que presenciamos do sul ao norte do Brasil e pelo mundo afora.

    Já foi o tempo que se podia gastar água desmedidamente; de agora em diante é tempo de poupar água, um bem precioso e que se torna escasso. Não falo aqui das medidas de poupança de águas consistentes da mudança de pequenos hábitos válidos como o exemplo da reciclagem doméstica, reutilizando água para fins menos nobres. Falo, isto sim, de mega providências capazes de trazer ao uso grandes projetos de ação duradoura, modificando e melhorando, tanto a produção como a racionalidade do uso da água preciosa.

    Continuamente, até que me for dado raciocinar sobre essa causa, postarei novas abordagens.

    

sábado, 26 de junho de 2010

POUPANÇA DE ÁGUA

    Quaisquer depressões, vales profundos, onde se possa guardar água, deveriam ser utilizadas, através da construção de barragens, de modo a poupar toda a água que fosse possível. É sabido que, em épocas das chuvas torrenciais a cada vez mais presentes com as ocorrências de descontroles ambientais das disfunções climáticas, ora provocadas pelo aquecimento global, ora pela má distribuição hídrica decorrente da mudança das correntes marítimas, direcionando também as correntes atmosféricas para sentidos diversos. A qualquer momento, como foi o fenômeno de chuvas aluviais ocorridas na semana passa nos estados de Alagoas e de Pernambuco, onde pequenos riachos funcionaram como verdadeiros sunames, carregando tudo o que havia pela frente como se fossem ondas gigantes.

    Toda essa quantidade de água vinda repentinamente se foi, deixando apenas um rastro de destruição de bens materiais e de preciosas vidas humanas. Isso deixa, a cada vez evidente, que surpresas desse tipo serão ocorrências reiteradas e imprevistas, o que as torna sempre dotadas de alto poder destrutivo. Se houvesse bacias e vales represados, todos esse potencial hídrico, além de não ser nocivo, ainda, poderia aumentar os volumes da poupança de água sempre mais escassa.

Alguns diriam que grandes quantidades de águas estocadas poderiam causar impactos ambientais, também nocivos em alguns casos. Mas o que adiantaria a existência de terras férteis e secas, terras habitadas, faltando água e, como consequência, nada podendo vegetar para produzir alimentos à vida; mas águas represadas poderiam servir de meio à criação da fauna aquática essencialmente benéfica na cadeia alimentar. Também os recursos hídricos estocados poderiam ter utilização no desenvolvimento de vegetais indispensáveis à alimentação humana – cereais, leguminosas, frutas, tubérculos e verduras folhosas. Não se pode dissociar a água, que é parte integrante do nosso corpo na proporção de cerca de 60%. Sem água não se poderia fazer a reposição dessa parcela, o que tornaria inviável a vida humana.

Tais volumes de água fenomenais, se reservados poderiam, além de fornecer condições perenes a muitos cursos, serem aproveitados na produção de energia. Enfim, se faz urgente e inadiável qualquer forma de poupança de água.

Outras providências simples, mas eficazes, poderiam contribuir para que se postergassem as ameaças que pairam sobre o futuro da humanidade. Espera-se que cada um cumpra sua parte, por mínima que seja, antes que o fim se instale imediatamente. Postergar a vida sobre este planeta é o desafio que nos move fazer campanha. Qualquer resultado, por pífio que seja, tem seu Valor. A vida agradece!


 

quarta-feira, 23 de junho de 2010

COISAS FUTURAS

    Em recente crônica "A MORTE DE UM RIO", eu vi, com tristeza como esta natureza morre depressa, a "passos largos", não, "aos poucos", como costumamos dizer. Não sei o quanto poderei testemunhar nesse futuro sombrio que se avizinha. Sobre a falência das águas e dos rios é uma realidade que me deixa angustiado; não tenho forças para reverter esse processo, por alguns, considerado inevitável. Eu, bem que gostaria de não fazer parte deste pessimismo.

    Voltando a falar sobre Várzea Alegre, vi e senti que ali nessas terras férteis, o destino não reserva boas previsões. Assim como em todo o planeta, a água se extingue rapidamente. Como poderão sobreviver todos esses cafeeiros, todas as hortaliças e os cereais ali produzidos atualmente com fartura? Há um princípio de logística de guerra, o da "terra arrasada", para que o inimigo dela não tire proveito. O nosso inimigo comum é o aquecimento global e as consequências dele advindas. Então esse nosso inimigo, embora consiga destruir a natureza, não seria de bom alvitre aguardar que se percam nossas riquezas. Como? Usando os recursos minerais de Várzea Alegre, representados pelas enormes reservas de argila, exploradas e transformadas em utilidade para a construção de moradias e outras edificações; extrair todos os recursos possíveis de serem encontrados no subsolo: gemas preciosas e produtos de origem sílica, úteis, como matéria-prima, na produção de bens industrializados; todos os restantes de madeira das florestas nativas deveriam ser aproveitados, antes mesmo que a própria natureza os consumisse.

    Depois de exauridas todas essas riquezas e a terra tornada pobre de elementos nobres, de que adiantaria ter terra fértil, não possuir a água que a torna coisa viva? Depois desse processo espoliativo, seria a vez de ocupar esse grande espaço dessa bacia que representa a topografia da localidade com grande reservatório de água, mediante construção de apenas três barragens: uma no vale do Rio Santa Maria do Rio Doce, outra no vale do Rio Perdido e, finalmente, se necessária, na garganta entre Pedra da Onça e Pedra Alegre. Seria formado grande lago com 30 a 50 metros de profundidade, que se encheria com as águas provenientes das chuvas, desperdiçadas atualmente. E que seria do destino das pessoas que habitam a localidade atualmente? Suas residências, suas igrejas e suas escolas? De que adiantaria viver num deserto outrora fértil e produtivo? Certamente, o resto de vida estaria nessa reserva hídrica. Reserva que poderia beneficiar todo o vale do Rio Santa Maria do Rio Doce, tornando-o perene durante todo o ano, de uma estação das águas a outra no ano seguinte.

    Várzea Alegre serve, neste caso, como exemplo do que poderia ocorrer com as megas barragens, utilizando ora bacias semelhantes ou trechos de vales profundos. Isso, com certeza, poderia ser copiado para quaisquer regiões do planeta, onde fosse possível estocar água para que a vida pudesse ser postergada.

    Se isto que acabo de escrever tiver alguma utilidade? Esta foi minha contribuição!

    Vila Velha, 23 de junho de 2010.

    Idomar Taufner


 

terça-feira, 22 de junho de 2010

MORTE DE UM RIO

    É triste, mas verdadeira a história. Observei hoje, fitando um filete de água que passa sob a ponte edificada pouco acima da barra do riacho Canudo. Neste local. Quando cito no meu livro "Memórias", publicado em segunda edição, as pescarias que meu Nono Quinto fazia nesse local e sempre trazia para casa grande piaus, moréias, e traíras. Havia também outros peixes que beliscavam nos seus anzóis.

    Ouço dizer que o rio Santa Maria do Rio Doce, outrora caudaloso, há tempos se encontra sem vida, movimentando-se lentamente e serpenteando pelos baixios de Várzea Alegre. Onde havia diversidade de peixes, inclusive em seus afluentes, hoje, apenas lâmina de água de poucos centímetros de profundidade, exibe água transparente e verdadeiramente sem vida. Piaus! Que piaus! Traíras, acarás, moréias, sequer os lambaris, outrora abundantes, nem seus fantasmas etéreos existem mais.

    Essa é a realidade dos cursos de água, que a natureza sempre nos aquinhoou generosamente. Aos poucos, dejetos sólidos, resíduos de agrotóxicos, destruição das vegetações ciliares, que deixam de captar a água para o reabastecimento dos lençóis freáticos; chuvas intensas, encontrando o solo desnudo da vegetação que servia para absorver água, como se fossem esponjas, são causas da erosão nas encostas e assoreamento dos leitos de córregos, riachos e rios, contribuindo para perpetrar essa matança da natureza!

    Constatei, para minha tristeza, a morte desse rio, ainda não consumada, mas é certa sua extinção nesse ritmo, se providências de reversão não forem adotadas.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

LIMPEZA PÚBLICA NA GRANDE VITÓRIA EM ESTADO CALAMITOSO

    Primeiramente entraram em greve os condutores dos carros de transporte de lixo, situação tornada mais grave assim que os garis fizerem a mesma opção de paralisar seus serviços. Hoje existe lixo espalhado por todos os recantos da Grande Vitória, deixando a aparência de verdadeira calamidade.

Os movimentos de ambas classes produzem um só efeito – imundície por todos os lados.

Não que se julgue ilegítimos os preitos dessas laboriosas classes de trabalhadores. Todos nós, também, julgamos sempre no direito a melhores salários, porém o que não se justifica deixar toda uma comunidade refém e a mercê de contaminações que podem ocorrer com a exposição de matéria orgânica, causando proliferação de microorganismos nocivos à saúde e de modos especialíssimo o lixo hospitalar, sempre fonte de contaminação das mais graves doenças.

O que se espera das autoridades públicas, que não se omitam diante da gravidade que disso possa resultar. E dos próprios trabalhadores ações responsáveis, minimizando os efeitos que possam resultar suas ações e omissões.

Embora esse problema vez ou outra torne evidente a necessidade da regulamentação, com tratamento mais responsável, quando se tratem de paralizações de serviços em áreas essenciais. Com isto quero dizer, que contamos com a sensibilidade das autoridades públicas, especialmente daqueles que têm o dever de controlar e de legislar sobre este tipo de matéria.


 

terça-feira, 15 de junho de 2010

PÁSSAROS NA PRAIA DA COSTA – VILA VELHA - ES

    Na orla da praia existem pássaros, alguns freqüentam o calçadão, outros passeiam pelas areias na cata dos alimentos: restos de espigas de milho cozido depositadas na areia, cocos verdes partidos e migalhas de pão alimentam os pombos habitantes da praia. Além desses, os pardais, na atualidade, tem população reduzida; algo deva ter-lhes acontecido – falta de alimento ou aves predadoras podem ter se alimentado dos seus ovos ou dos próprios pássaros. Os bem-te-vis são um espetáculo à parte, reproduzindo o som onomatopaico, identificando seus nomes. Vez ou outra aparecem anus pretos e outros da variedade branca, mas a maior sensação ocorre quando as corujas buraqueiras constroem túneis sob a areia a e ali realizam a postura dos ovos, permanecendo em longa vigília aos seus filhotes, às vezes, durante meses.

Ultimamente apareceram algumas rolas visitando locais onde se deposita o lixo doméstico na procura de restos de comida que lhes sirvam de alimento. Visto do alto do nosso prédio, algumas rolinhas freqüentavam o local do lixo; mas de repente morador resolveu colocar canjiquinha de milho numa jardineira e, aos poucos, apareceram alguns desses pássaros e com a reiterada colocação do alimento, hoje, a partir das nove horas, uma nuvem desses pássaros vem em busca do alimento, sempre ali colocado à disposição. Imagino que com essa fartura de alimento, essas pequenas rolas terão sua fertilidade aumentada, vindo, como consequência o aumento de sua população.

Nas duas jardineiras postada ao longo da nossa varanda há algumas plantas, dentre as quais uma flor que denominam "Maria sem vergonha". Por quê? Dizem por que tal planta não escolhe lugar... Pois bem suas flores, sempre presentes já receberam visitas de colibris e foi visto, apenas uma vez, tal de "caga sebo", abelhas negras chamadas de "Cachorras" (esses insetos silvestres, quando tocadas em suas colméias, costumam emaranharem-se nos cabelos das pessoas) e, também, borboletas negras, sugando o néctar das flores e assim como os beija flores têm a função de polinizar para que as plantas se reproduzam.

Além de tal flor, brotaram uma pimenteira da variedade malagueta e dois exemplares da planta aromática manjericão. As flores desta também são visitadas pelos colibris, abelhas e borboletas, mas a sensação fica por conta de um bem-te-vi que, uma vez ao dia, vem se alimentar de algumas pimentas, atualmente maduras, conforme se pode verificar por sua coloração vermelha. Este bem-te-vi, apesar de existirem muitos habitando árvores de toda a região, parece que não convida seus semelhantes para se refestelarem com as nossas pimentas. Eu sabia que esta variedade de pimenta é alimento predileto dessa ave; cheguei, mesmo a comentar o assunto. Pois, saibam: nossa pimenteira pertence, mesmo, aos bem-te-vis.

A presença das rolinhas tem horários predeterminados: uma às nove horas e outro, impreterivelmente, às dezesseis horas. Hoje, por acaso duas dessas aves estiveram visitando minha suíte.


 

quinta-feira, 10 de junho de 2010

MUNICÍPIOS BRASILEIROS

    Nas recentes décadas, generalizou-se a emancipação de pequenos municípios pelo Brasil afora. Alguns são criados para participar da cota do FPM (Fundo de Participação Municipal, para contar com verbas destinadas às áreas da saúde, da educação e verbas específicas tais como dotações destinadas às melhorias sanitárias e outras.

É notório, no caso das unidades cedentes de territórios de emancipação, concordarem a até apoiarem tais iniciativas, pois se sentem, na maioria das vezes, desembaraçadas da responsabilidade de aplicações nessas áreas e a perda relativa das participações nas dotações federais e/ou estaduais serem mínimas.

Não posso referir-me a números, pois não os tenho, mas pela lógica penso e falo. As populações de pequenas cidades, que na maioria das vezes, não passa de dez mil habitantes, vêm nisso oportunidades de empregos públicos e os políticos de ocuparem cargos eletivos de vereador e prefeito, afora os cargos de natureza administrativa e outros. Concordo que, em situações de pequenos municípios, nos quais há geração de receitas provenientes de ações concretas da economia local, seja válida sua emancipação, pois terá como arcar à suas expensas com todos os dispêndios municipais.

Mas grande número resultante de pequenas unidades municipais, cujas receitas são insuficientes para o seu custeio e ainda permitem desmembramentos só há uma coisa comparável: separações de pobres tendem a ampliar a pobreza. Penso seriamente: criando-se parâmetros mínimos, aqueles que não os alcançassem poderiam ser aglutinados em unidades que se tornassem auto-suficientes financeiramente através da eliminação de unidades administrativas, cargos eletivos; remanejando funcionários para as unidades resultantes e se dispensado aqueles considerados ociosos, partindo, nesse caso, prioritariamente pela dispensa dos não efetivos e transferência de outros, tanto para unidades municipais diversas, bem como para entidades do poder estadual e/ou federal, tanto na administração direta como em autarquias ou organizações conveniadas para a prestação de serviços públicos.

Se esse ou aquele município tem responsabilidade de arrecadar taxas e impostos destinados a cobrirem seus gastos; auxílios estaduais e federais para socorro dessas unidades viriam quando houvesse situações emergenciais e calamitosas. Disso resultaria da redução da carga de tributos federais e, não tendo a quem recorrer, as administrações municipais teriam o dever de somente fazer dispêndios suportáveis pelos seus orçamentos. As exceções ocorreriam por conta de programas estaduais e/ou federais específicos, ainda assim, acompanhados de contrapartidas municipais.

A bem da verdade, essas reflexões carecem de estudos calcados em dados estatísticos, estudo da constitucionalidade das leis e, acima de tudo, o respeito pelo ônus que cabe aos contribuintes. De uma coisa estou certo: tanto na ponta (municípios), quanto nos meios (estados e governo federal) haveria motivos para mudanças capazes de racionalizar todo o sistema.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

TRÂNSITO NOS CENTROS DE GRANDES CIDADES

A reflexão, a seguir, tem como visual a cidade de Vitória, Estado do Espírito Santo, e o conjunto de aglomerados urbanos chamados região metropolitana. Isto que ocorre por estas bandas e a reflexão que se faz, no que couber, talvez pudesse ser aproveitada para outros grandes centros.

    Em quaisquer horários que nos dirijamos a Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra, estaremos diante de congestionamentos de veículos automotores, tanto autos de passeio, como de transporte coletivo e de cargas. Comenta-se que o problema passa pela construção de novas pontes, de túneis e de elevados. O que as ruas e os espaços urbanos não suportam é o elevado número, a cada vez mais presente nas ruas. Certamente, dizem, são coisas do progresso. Eu diria: é o preço que se paga pelo progresso.

    Isso nos leva a reflexões sobre como poderiam ser adotadas providências simples, ora elevando o custo dos responsáveis maiores pelos transtornos, ora amenizando o custo das partes que se sentem as mais sacrificadas.

    Maior conforto se destina aos usuários de automóveis de passeio, quase sempre, ocupados por apenas uma pessoa – somente o condutor, observando-se que extensas filas desses autos, tanto ocupam vias urbanas, pontes e estacionamentos, tanto aqueles oferecidos gratuitamente em locais públicos, nas praças de estabelecimentos comerciais e abarrotando as garagens das edificações residenciais e/ou comerciais – vê-se que não há mais onde estacionar, nem onde circular tantos veículos automotores.

    Esse fato é coisa comum aos grandes centros populacionais, especificamente mais graves nas capitais e suas regiões metropolitanas. Isto torna a Grande Vitória, capital do Estado do Espírito Santo, uma das metrópoles afetadas, pois as aglomerações urbanas espremem-se entre mar e montanhas. Atualmente os meios de se chegar à cidade de Vitória ou de sair dela é dotado ao todo de seis pontes, três das quais na parte sul e mesmo número na região norte.

    Fala-se sobre a ampliação desse número de travessias, quer seja na construção de novas pontes e mesmo de túnel subaquático. São projetos que sequer tenham saído do papel em razão dos altos custos e de benefícios temporários.

    Na região metropolitana de São Paulo e do Rio de Janeiro existem os metrôs, transportando milhões de passageiros, mas em Vitória, apesar de se ouvir falar vez outra sobre a implantação de um metrô de superfície, projeto ainda não tornado real, acredito, devidos aos altos custos, falta de praticidade e benefícios insignificantes.

    No caso de São Paulo, houve tentativas de priorizar veículos para circular na cidade, baseado no número de final de placa. Houve benefícios, gerando insatisfação, às vezes, aos usuários finais. E o caos permanece real.

    Quanto ao caso de Vitória, onde a frota cresce e as vias permanecem estáticas, imagino coisas a serem implementadas, se outras não existirem melhores. As seguintes:

    1 – Transporte coletivo

- Isenção de pedágios;

- Reposição das gratuidades de passagens para idosos, gestantes e deficientes físicos, esses passes concedidos mediante prévio cadastro dos beneficiários;

- Redução nos preços das passagens pagas pelos usuários do sistema;

- Manutenção de meia passagem para estudantes, mediante apresentação da identidade estudantil (as sobras de passes poderão ser utilizadas após os períodos de férias, quando excederem o número de utilizações durante determinado período letivo);

2 – Táxis e veículos de transporte escolar, de transporte de trabalhadores, receberiam desconto de 50% dos valores devidos a título de pedágio.

3 – Automóveis particulares teriam 50% de desconto, quando trafegassem com número completo de assentos ocupados, nos demais casos, pagaria tarifa especial de até (cinco) vezes o preço normal de cada categoria do veículo de uso particular.

Há, ainda, a considerar para as hipóteses elencadas rigorosos estudos estatísticos para se chegar a números, visando menor quantidade de autos sobre as pontes, em circulação nas ruas e na ocupação de vagas de estacionamento.

Também estariam de isentos da cobrança de pedágios ambulâncias destinadas ao transporte de enfermos, viaturas do corpo de bombeiros e viaturas de uso policial.

Esta reflexão é coisa superficialmente tratada, tornando necessários estudos que visem proteção a idosos, gestantes, deficientes, policiais quando em serviço e outros que se encontrem ao abrigo das leis.


 

domingo, 6 de junho de 2010

TODOS DE PRETO

    Sim. Isto mesmo! Todos trajados com ternos pretos sem exceção. Aconteceu de comparecermos a um evento num grande auditório, espécie de plenário, ocasião em que havia algumas dezenas de presenças. Eu estava ali a convite de Domingos e essa longa reunião adentrava a noite, sem qualquer previsão de término.

    Longos discursos em que oradores se revezavam; alguns discursavam como se estivessem tomando posse de cargo relevante; outros prestavam homenagens a personagens presentes e, também, a alguns já falecidos. Enfim, aquele sequência de pronunciamentos carregados de linguagem formal, onde era frequente o uso de verbalização na segunda pessoa do plural, fazendo com que nos sentíssemos pretéritos no tempo.

    Às tantas, noite adentro, Domingos retirou-se provavelmente com destino a casa. Quanto a mim, como o faço costumeiramente, e, com presença de vários interlocutores, perdia-me em longas conversas, pois quaisquer assuntos me servem para dialogar. E assuntos não faltavam, parecendo-me que em presença de colegas escritores, havia referências às obras literárias de capixabas ilustres. Houve momento em que me concentrei em conversas com mais alguns ocupantes que circundavam uma mesa retangular com cantos arredondados, cerca de dez, creio.

    Houve, também, distribuição de alimentos e bebidas. Minha opção foi por sucos de frutas e biscoitos dietéticos. Quanto aos demais consortes, havia até quem tomasse cervejas e refrigerantes, enquanto degustavam salgados fritos e petiscos frios servidos generosamente. Depois dessas degustações, eu me sentia saciado e uma súbita vontade de me retirar fez com que procurasse localizar meu automóvel – um Opala totalmente negro.

Para sair desse local, assim como fizera na chegada, devia passar por vários obstáculos. No primeiro, numa cancela, devia receber cartão magnético para usá-lo no último portão. O caminho de saída era estreito e serpenteava ao meio de móveis como cadeiras, bancos de madeira e blocos de concreto – os famosos "gelos baianos". Apesar de todas essas dificuldades, eu conseguia dirigir meu opala com relativa facilidade, não tocando nem de leve em quaisquer desses objetos; novo problema surgiu quando o Chefe da Segurança constatou que eu portava, de forma visível, um revólver calibre 38. Ele me solicitou, com voz suave, que lhe entregasse a arma, coisa feita por mim sem esboçar qualquer reação, mas convenhamos: porque portar arma sem que fosse detentor de autorização expressa por lei, depois do cumprimento de todas as formalidades. Acaso eu exercia algum cargo que me conferisse tal direito? Mesmo assim, não sei por que razões a arma me foi devolvida e eu aconselhado a não mais exibi-la.

    Novamente, tentando me retirar daquele recinto, repeti a passagem pela primeira cancela, recebi novamente o cartão que me liberava a saída, percebi que a edificação do imóvel era contígua a um cemitério, exibindo as construções de mausoléus e bens de serventia para sepultamentos e demais atividades que lhe são próprias, coisa absolutamente normal, mesmo porque tais estabelecimentos hão sempre de ser edificados em algum lugar. Nesse ambiente, julgados por muitos, coisa bizarra, esquisita e de mau gosto; ocorre aí o descanso pacífico dos restos inertes e sem vida de pessoas outrora belas, graciosas, saudáveis e donas de personalidades ímpares.

No local onde passei maior parte da noite e da madrugada, repentinamente ficou totalmente às escuras, não sei se por falta de energia ou por queda de disjuntores ou coisa qualquer. Assim permaneci por ali, já que o portão de saída não funcionaria sem eletricidade e praticamente todas as pessoas presentes haviam deixado o local. Devia aguardar que o dia amanhecesse. Enquanto isso, eu dormiria para retornar às atividades normais em seguida.