sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

REFLEXÕES SOBRE O USO DA ÁGUA



          Acredito mesmo que a água potável natural está no limiar da existência; há muito, só se consome água submetida a tratamentos purificadores para a eliminação de resíduos tóxicos devido ao uso indiscriminado de defensivos agrícolas e de dejetos domésticos e de criações de animais em escala industrial. A purificação desses recursos hídricos demanda custos elevados e esses insumos nem sempre são utilizados para os fins nobres do consumo humano. A água, líquido originariamente obtido de minas com envasamento e fornecido resultante de depósito em lençóis freáticos, nem sempre representa segurança para o consumo, eis que a formação de lodo esverdeado prenuncia a existência de flora microbiana – fitos planctos e zoo planctos resultantes da infiltração de substâncias nitrogenadas de restos de vegetais e de animais decompostos.
       Além da purificação mediante filtragem e aplicação de substâncias cloradas e reguladores do PH, que atingem qualidades apropriadas ao consumo humano.
       O progresso da produção de cultivares e animais destinados ao abate causam impregnação de efluentes que, lançados às correntes dos córregos e rios, vêm onerar os custos de purificação dessas águas, restando necessidade de sucessivos tratamentos em filtragens em domicílios para consumo como líquido para aplacar a sede para manter os corpos hidratados. Isso tudo causa custos, sendo lamentável que, em muitos casos, esse líquido tenha usos menos nobres, tais como irrigação de jardins, lavagem de automóveis, limpeza de quintais, praças e ruas, descargas de sanitários feitas com água potável. Por outro lado, os efluentes resultantes do uso em ambiente doméstico conduzem ao esgotamento sanitário, servindo apenas como agente poluidor dos rios e mares. Mas recentemente, graças a recursos oriundos de fontes internacionais destinados à despoluição dos ecossistemas, houve uma conscientização nesse sentido, levando à realização de tratamentos de esgotos. Por enquanto, essas águas resultantes desses tratamentos, tiveram pelo menos duas aplicações: os resíduos sólidos compostos de matéria orgânica hidrogenada passaram a ser utilizadas para a adubação de jardins públicos e a água, depois desse processo, segue correndo para os rios, lagos e oceano.
          Na verdade, em muitos casos, a água tratada para obter potabilidade e servir ao consumo humano provém de cursos de água, que nada mais são do que verdadeiros esgotos sanitários a céu aberto. Se ainda persiste o preconceito do uso das águas provenientes de esgotos domésticos tratados, num primeiro momento poderiam ter utilidade para usos menos nobre, tais como irrigação de jardins, reutilizadas como rede doméstica para esgotamento sanitário, para lavagem de pisos e de automóveis. Com o tempo, a escassez dos líquidos obtidos da natureza como nas fontes das nascentes, águas captadas diretamente das chuvas, haverá certamente a necessidade do aproveitamento de águas resultantes de tratamento de esgotos, adotando-se processos aperfeiçoados e, com certeza, a escassez fará bom motivo para o seu uso genérico. Inicialmente poderiam existir duas origens de água para consumo doméstico e para estabelecimentos empresariais. Tanto a água de origem natural e a resultante daquela dos tratamentos de esgotos retornariam para o sistema de tratamento e seguidamente utilizada. A opção do uso de águas resultantes dos tratamentos de esgotos hidro sanitários em rede de distribuição paralela resultaria em preços menos custosos.
       Já é certo que o uso das águas dos rios, lagos e prospectadas do subsolo terão preço cobrado, também por seu uso para fins agrícolas. E os mananciais provenientes da natureza, mediante o emprego desses recursos de receitas oriundas desse tipo de uso deveriam servir, inclusive, para rigorosos controles sobre os cuidados de manutenção das bacias de captação e dos cursos de água que correm nos leitos dos rios, sempre livres do desmatamento adjacente e de agentes poluidores, quer sejam de origem doméstica ou de estabelecimentos industriais, de criadouros de animais e outros quaisquer fins. Também acredito na premiação daqueles usuários que promovem a conservação das nascentes, que preservam e plantam matas ciliares nas proximidades dos cursos de água, que evitam o corte de árvores ou vegetação em volta das bacias captadoras das águas das nascentes, que evitam o descarte de substâncias ou materiais poluentes em quaisquer ambientes aquáticos (nascentes, córregos, rios, lagos e oceanos). A premiação poderia ser através de créditos para determinados volumes hídricos para utilizá-la na irrigação de plantações, para o consumo em indústrias e nas granjas e criadouros de animais destinados ao abate e/ou para fins ornamentais.
          No futuro, visando maior oferta de água, não se poderá descartar a dessalinização das águas dos mares e oceanos. Deixemos bem claro: todas as alternativas de uso racional das águas poderão prolongar a existência da vida neste planeta – sem água não há vida, tal como a conhecemos.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

SEGUNDO ANDAR NA TERCEIRA PONTE?



SEGUNDO ANDAR NA TERCEIRA PONTE?
Sim. Isto mesmo! A terceira ponte é a ligação entre Vila Velha e Vitória e vice-versa. Muitos não sabem que o verdadeiro nome desta ligação sobre a baía de Vitória tem o nome de Deputado Darcy Castello de Mendonça. E o primeiro pilar foi concretado em 1978 e foi concluída em 1989, no governo de Max de Freitas Mauro. Inicialmente operando com 12 mil carros por dia e em outubro de 1992 já eram 15.964 por dia, em média. Atualmente passam pela Terceira Ponte, diariamente, cerca de 60 mil veículos, que contam com uma estrutura moderna e eficiente, que compreende: iluminação, sinalização, serviço de emergência médica e socorro mecânico.
Costumeiramente atravesso sobre este monumento da engenharia, já tomado em alguns horários pela saturação, assim como as demais pontes, a primeira e a segunda.
Em conversa com um velho taxista, que exibia como sinal dos tempos numa calva ocupando bom espaço na cobertura superior e o restante tomado por uma rala cobertura de pelos brancos, exibindo com isto, além dos sinais da senilidade, a sabedoria da madureza proporcionada pela cronologia dos tempos. Nessa travessia, esse profissional, quando abordamos as dificuldades devidas à saturação de todo o trânsito da região metropolitana de Vitória, eu dizia que somente novas invenções de veículos que se locomovessem em terra, ar e mar, inclusive flutuantes e imersíveis (os anfíbios), poderiam, no futuro, equacionar esta situação caótica que vivemos e cuja tendência será a de piorar, antes que tecnologias inovadoras venham a ocorrer.
Nisso, o velho taxista disse-me que, informado por um engenheiro entendedor do assunto, que a ponte em questão graças à excelente estrutura suportaria um segundo andar alojado sobre os seus pilares dimensionados para uma carga de peso adicional. Assim, teríamos a ponte em dois níveis, podendo o andar atual servir em mão única de Vitória a Vila Velha e o superior de sentido inverso, bastando acrescer uma praça para a cobrança do pedágio no ponto inicial, em Vila Velha.
No meu ponto de vista me pareceria mais seguros se fossem edificados pilares justapostos aos existentes, ligados por traves arqueadas na parte inferior e planas para o assentamento das vigas de concreto longitudinais e sobre estas as respectivas lajes para distribuição das pistas de rolagens. Nessa estrutura do primeiro ou do segundo pavimento poderiam localizadas ciclovias, uma via de mão dupla para pedestres, e vias específicas para veículos ciclomotores.
Outra sugestão seria o uso do andar superior para implantação de uma linha de metrô entre as extremidades da Grande Vitória, com estações iniciais e finais nas cidades de Guarapari e Fundão e uma linha bifurcada, partindo da cidade de Viana e de Cariacica sede com entroncamento na cidade de Serra, atravessando paralelamente a rodovia do Contorno. Podendo, ainda, atravessar a baía de Vitória e seguindo pelo contorno de Vitória, tendo ainda como opção o acréscimo desta via.
A essas minhas sugestões deveriam ser realizados estudos e proposições por técnicos especializados. Por mais simples e empíricos que sejam esses estudos, talvez possam deles derivar algo de inovador e ainda não pensado.
Estão postas minhas proposições. Se alguma coisa merecer proveito, esta é a minha colaboração.



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

TRAGÉDIAS (IN) PREVISÍVEIS


       
            Depois do ocorrido na boate “KISS”, na cidade de Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul – tragédia imprevisível que, no primeiro momento, registrou 231 mortes de jovens na maioria estudantes universitários com idades entre 18 a 25 anos de idade – deixando em estado de comoção generalizada famílias residentes na maioria no Sul do Brasil, cujo estado de luto tomou praticamente toda a Nação.
Dentre os frequentadores dessa casa de diversão, além das vítimas fatais pouco mais de uma centena de jovens foram hospitalizados, muitos em estado grave, vindo nesses dias subsequentes ocorrer vários falecimentos. Enquanto isso se discute as causas que motivaram o incêndio do estabelecimento e os agravantes decorrentes de completa falta de condições físicas do imóvel consistentes em ausência de saídas de emergência, uso de materiais inadequados usados como isolantes acústicos, que, além de providos de facilidade de combustão, também produziram como subproduto gases letais. Outro agravante consistente na falta de preparo dos funcionários da segurança impediu a saída dos frequentadores em pânico – exigiam a apresentação das comandas quitadas, pois era para isso que foram preparados – eles deveriam zelar pela preservação do erário da empresa.
Depois disso, o Brasil interiro vive um estado súbito de acordar depois de um pesadelo. Todas as corporações de bombeiros, secretarias municipais e estaduais voltaram-se a verificar que existem atos normativos em vigor, que, se aplicados convenientemente pelas autoridades responsáveis já poderiam ter evitado o pior. Mas, agora, todo cuidado em fiscalizar, conceder ou cassar licenças de estabelecimentos em recintos fechados destinados à frequência maciça, quer sejam casas de espetáculos, teatros, cinemas, super e hipermercados, praças desportivas, templos religiosos e colégios, dentre outros. Todos devem ostentar as necessárias condições de segurança, nisso entendidos: capacidade máxima de lotação, solidez nas edificações, segurança bem planejada com servidores devidamente treinados para situações previsíveis ou mesmo imprevisíveis.
Agora, esperemos que passado esse estado de comoção, tudo não venha ser esquecido até que novas tragédias ocorram.