quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

FINAL DO ANO DE 2008

Dia 31 de dezembro amanheceu ensolarado e quente, nem se parece que há poucos dias tivemos temperaturas amenas durante o início do verão. Uma frente fria esteve estacionada no litoral do Estado, causando, além da temperatura que dificilmente é vista nesta época, alta pluviometria própria deste tempo. Embora os índices de chuvas tenham se comportado dentro da média histórica, o Município de Vila Velha esteve assolado por inundações, as costumeiras nas partes baixas da cidade, principalmente nos bairros Pontal das Garças, Darly Santos e Nova Garanhuns e em quase toda a extensão da Avenida (ou Rodovia) Carlos Lindenberg. Em menores proporções, também em outros bairros houve alagamentos, costumeiros com qualquer chuva intensa.
Apesar do movimento tímido no calçadão da Praia da Costa nesta última manhã do ano, Anésia e eu fizemos nossa costumeira caminhada, não nos estendendo mais que três quilômetros porque às sete horas da matina o sol brilhava alto e irradiava bastante calor.
Passamos no supermercado e no hortifruti que são próximos à nossa residência, compramos tranquilamente, pois hoje o movimento não se parecia com aquele da véspera do Natal. Talvez o maior volume de compras para celebrar o “Reveilon” ocorra no turno vespertino, especialmente para aqueles que deixam tudo para a última hora.
Este ano, pelo menos durante a manhã, o número de tendas destinadas àqueles que vão assistir à queima de fogos para celebrar a virada do ano era mínimo, em comparação aos anos anteriores, mas ainda é cedo. Mesmo os freqüentadores da praia se fazem presentes em quantidades mínimas. Quer me parecer que a orla só estará repleta à noite, isto é, se não chover.
Daqui a pouco fará parte do passado a eleição de Barak Obama, que presidirá a nação mais poderosa do mundo, a tragédia que marcou o Estado de Santa Catarina com enchentes deslizamentos de terras e desabamentos de moradias, onde, mais de uma centena de vidas se perderam; mas os atos de guerra no Oriente Médio indicam terem continuidade também em 2009, para pobre povo sofredor, cujas guerras tiveram início em épocas remotas e parecem nunca terem fim.
E a crise financeira mundial? Foi verdadeiro cataclismo que sacudiu, derrubou desde os mega empreendimentos das mais poderosas nações do mundo aos dos povos mais carentes do planeta. Perderam-se bilhões de dólares, de euros, de ienes, inclusive de reais. Também desapareceram milhões de empregos de onde vem a subsistência de outros milhões de pessoas. Que desdobramentos, esta crise ainda promete para 2009? Será que a retração que ocorre no consumo, na produção e no crédito escasso trará que conseqüências? Será que uma frase popularmente utilizada, durante crises econômicas brasileiras: “não pense em crise, trabalhe” teria alguma utilidade para a resolução da crise que assola todo o planeta?
Nem parece que há apenas um semestre houve as Olimpíadas de Pequim, as paraolimpíadas, terremoto devastador na China; depois eleições de prefeitos e vereadores em todos os municípios brasileiros. Daqui a pouco será que alguém se lembra em quem votou? E as “maracutaias” que emporcalharam todas as esferas do poder? Tornarão a ocorrer?
Bem, que o ano de 2009 seja repleto de progresso, de bem estar, de saúde, de amizade, de harmonia. Enfim são coisas desejadas a todos e por todos.
E a todos: um feliz 2009!


terça-feira, 30 de dezembro de 2008

TRÂNSITO COMPLICADO NA MADRUGADA

Cheguei ao Parque Moscoso e me deparei com trânsito engarrafado: não havia qualquer sentido com opção para se sair ou se chegar. Um coletivo de passageiros havia colidido na traseira de um caminhão próximo ao cruzamento da Rua Florentino Avidos com a Av. República. Não havia agente de trânsito no local e tudo se agravava devido aos curiosos que paravam seus autos e saltavam para testemunhar o ocorrido. Nem é preciso dizer que as ocorrências de rua atraem sempre um sem número de curiosos. Uns perguntavam: “- Quem foi o culpado”? “- há alguma vítima fatal?”. Sim, parece que existem pessoas que devotam solidariedade, quando alguém sofre algum infortúnio: acidente, assalto ou qualquer outra coisa. Mas há uma coisa curiosamente própria do ser humano, talvez resquícios de sadismo. Coisa estranha, mas parece sentirem prazer em ver sangue derramado, cadáver ou coisas do gênero. Há ainda grande parcela da população que simplesmente é atraída por mera curiosidade.
O que me incomodava era o trânsito que não fluía, embora eu não tivesse compromisso inadiável, essa inércia me causava ansiedade. Felizmente não tivemos notícias de que existissem vítimas; apenas danos materiais, tanto no coletivo, que era dirigido por meu compadre Darcy Venturini, como no veículo atingido na parte traseira. Eu, na realidade, soube por acaso, quem era o motorista condutor. Digo e repito: não sou movido por curiosidade e se souber que existe vítima, quer seja fatal ou não, eu procuro me afastar do local, não por omissão de socorro, mas porque me causa sentimento de pena, pois lamento qualquer tipo de sofrimento que algum semelhante possa sentir.
Horas se passaram até que um desses agentes de trânsito do Município de Vitória, depois de desbloquear o trânsito com ruidosa sirene de sua viatura, deu oportunidade para que a perícia comparecesse ao local para fazer o registro da ocorrência. Esses registros são peças indispensáveis para que os seguros dos autos sejam acionados para a cobertura dos sinistros, indenizarem terceiros envolvidos; enfim colocar tudo sob o manto da legalidade.
Assim que chegado o perito de trânsito da polícia rodoviária do Estado, meu compadre Darcy simplesmente declarou-se culpado por motivo de estar guiando sem observar a distância mínima regulamentar. E quem bate na traseira dificilmente tem razão. Uma das exceções seria no caso de que o veículo da dianteira estivesse no sentido marcha à ré, coisa que deveria ser provada, mesmo que por meio de testemunho visual.
A simples ocorrência de uma colisão de veículos pode dificultar o trânsito por horas e mais horas. E, se tiver vítimas, tudo se complica mais ainda. Até o socorro é dificultado e, aquelas pessoas que são dadas a apreciarem eventos desse tipo, costumam se aglomerar no local, mesmo sem entender algo do acontecido, perguntam-se entre si, não sendo raro, criarem histórias fantasiosas com fatos inexistentes.
O nosso pequeno acidente, nada mais que insignificante incidente, gerou complicações no trânsito durante a madrugada. Imaginem se fossem nos horários de movimentação intensa, que ocorrem nas manhãs e no entardecer? Certamente seria tudo mais complicado. Mas no caso presente tudo se dissipou ao amanhecer do dia, q uando soou nosso despertador.


quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

UM DIAMANTE VERMELHO

Você é capaz de reconhecer um diamante vermelho? Pois bem. Eu imaginava que não soubesse, mas durante a última madrugada tive prova disto: um garimpeiro me entregou uma gema completamente negra que, numa face que parecia polida, exibia um brilho que me ofuscava a visão. Brilho que emanava todas as cores do arco íris. Que pedra seria? Coisa que eu jamais vira, mas a intuição me revelava: só podia ser um diamante.
Com aquela misteriosa gema no bolso, eu procurei por um indivíduo de quem sequer sei o nome; sei apenas que ele era ourives, protético e odontólogo. E eu lhe entreguei a pedra para que a examinasse, porque fora informado de que esse profissional entendia de gemologia. Assim que pôs mãos no material, ele passou saliva e a encostou no lado esquerdo do seu pescoço. Logo se mostrou perturbado diante do que sentiu naquele toque. Apenas me disse: “- tenho que fazer o teste do fogo para ter certeza se esta gema é, realmente, a que imagino”.
Aquele profissional de múltiplas atividades levou a pedra ao fogo de um maçarico e, em poucos momentos a peça mudou da cor negra intensa para um verde semelhante ao da esmeralda. Vi na fisionomia do indivíduo que ele se mostrava atônito, parecendo demonstrar certo frenesi diante do que a pedra demonstrava.
Nesse momento chegavam clientes para tratamentos odontológicos, um deles parecia estar acometido de fortes dores e reclamava atendimento urgente. O dentista interrompeu o exame da pedra para atender aquele paciente, abrindo um dente com uma broca, cujo ruído me incomodava os ouvidos. Era como se ele estivesse abrindo algum dos meus dentes. Essa experiência era conhecida, desde minha infância, quando freqüentei um gabinete de dentista, e até que tivesse o último dente extraído recentemente. O dentista, sem que nada lhe fosse perguntado me disse: “– vou cobrar vinte contos pelo serviço, pois logo vou obturar o dente desse cliente”. Outros pacientes chegavam e o profissional continuamente tomado de uma espécie de excitação, ora levava a pedra ao fogo, ora atendia alguns dos pacientes que chegavam continuamente.
Eu percebia o seguinte: pelo estado aflitivo que o profissional demonstrava a pedra realmente era algo valiosíssimo e aquilo começava a me preocupar, pois o garimpeiro, que me confiara essa gema, teria me dito que recebera uma oferta de cinqüenta e cinco mil reais e, nessas circunstâncias, me pareciam óbvias, além do profissional do garimpo de quem eu deveria comprar o material achado, embora nada tivesse sido dito, com o desvendamento de que se tratava de uma gema de alta preciosidade, eu havia adquirido um sócio. Sim. Isto mesmo. Duas coisas levariam a isto: o preço do sigilo e o custo do trabalho.
Nisso, eu peguei a pedra e a coloquei contra luz, observando de que já não era negra; tinha uma cor marrom. Agora, eu comecei a sentir-me impaciente e falei ao indivíduo: “- não dá para a gente concluir o trabalho hoje. Eu levo a pedra, você atende seus clientes e a gente conclui o trabalho amanhã?”. “– Nada disso, dá para a gente fazer as duas coisas ao mesmo tempo”. Percebi que a coisa era tão valiosa que nem eu nem o profissional confiávamos um no outro. E agora? Presenciávamos um impasse: eu não confiava deixar aquela coisa valiosa nas mãos daquele indivíduo, nem ele confiava deixar para o dia seguinte. O profissional completamente aturdido e se mostrando visivelmente tomado de ansiedade me confidenciou: “- essa pedra é a coisa mais valiosa que já vi. É um diamante vermelho raríssimo e só falta mais um pouco de fogo para que revele todo o seu colorido e brilho. Tenha paciência, que atendo meus clientes e faço a conclusão do tratamento da pedra. Aguarde!”.
Agora eu pensava: “como faço? Proponho ao garimpeiro comprar-lhe a preciosa mercadoria? E ao profissional que faz o tratamento térmico do material? Faço-lhe uma proposta? Mas que proposta? Pensando bem seria melhor, nesse momento, aguardar pacientemente o resultado e depois, quem sabe?... Falar francamente sobre a existência de um garimpeiro que é o legítimo dono do diamante e propor-lhe uma tríplice sociedade?”. A verdade é que, de qualquer forma nenhum dos três tinha condições financeiras para comprar qualquer uma das partes. Neste caso depois do resultado final, se, realmente, a gema for um preciosíssimo diamante vermelho, o melhor que se poderia fazer, seria procurar quem pudesse comprar a mercadoria, vendê-la e fazer uma justa partição do dinheiro.
Mas que dinheiro? Não é que o despertador que minha esposa tem instalado no seu celular, soou forte às seis horas da manhã e desfez todo esse sonho de riqueza. Não foi preciso dividir coisa alguma, pelo menos por enquanto.





segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

SE EU FOSSE CAPAZ...

Se eu pudesse e tivesse o poder de decidir ou até mesmo de propor, eu seria capaz de unificar os distritos de Alto Caldeirão e Alto Santa Maria (que era antigamente do “Rio Doce”). Não que eu seja contra a existência de distritos fracionados do antigo Distrito Alto Santa Maria do Rio Doce, hoje Alto Caldeirão e Alto Santa Maria, o primeiro incorporou Tabocas e Alto Tabocas, ficando o segundo com Alto Várzea Alegre e com as “Barras” do Perdido, do Rio Várzea Alegre e do Córrego Santo Hilário.
Se eu fosse capaz, eu faria a supressão de todos esses “Altos”. Em lugar de Alto Caldeirão, seria apenas Caldeirão, Alto Tabocas em apenas Tabocas, Alto Várzea Alegre, trocaria o nome da localidade para Pedra da Onça, Alto Santa Maria, voltaria a ser chamado Santa Maria do Rio Doce para distingui-lo de Santa Maria da Vitória. Quanto às “barras”, eu deixaria para que outras pessoas, se é que tivessem idéias diversas que sugerissem trocar esses nomes. Esse assunto deveria ser posto à opinião pública dos cidadãos residentes em toda a área de abrangência.
Se a unificação dos distritos fizesse dessa união resultado da soma de forças, assim: Tabocas continuaria sendo, além do local do cultivo do café arábica, o pólo da uva e do vinho; Caldeirão, além da confluências das rodovias por onde se pode chegar a Santa Maria de Jetibá, a Itarana e a Santa Teresa, o seu clima ameno pode tornar a localidade propícia ao agro turismo – vocação natural dessas montanhas; os baixios de Várzea Alegre, Pedra da Onça e os vales dos rios Santa Maria e do Perdido, dotados de terras férteis e com recursos hídricos abundantes se tornam propícios à produção de alimentos, tanto cereais como leguminosas e frutas. Há ainda, nessa parte do distrito potencial mineralógico de granitos nobres e de gemas preciosas, especialmente das águas-marinhas.
Mas se eu, realmente, fosse capaz, primeiramente proporia a unificação dos distritos, renomeando-os “Caldeirão de Santa Maria do Rio Doce”. Esta reunificação estaria criando o embrião de um futuro município, com um nome que contemplasse tanto a antiga localidade de Caldeirão e o nome do Rio Santa Maria do Rio Doce, não deixando a quem quer que localize este nome, dúvida sobre a que localidade se trata.
Fui ferrenho partidário de que se adotasse para nome do distrito – Várzea Alegre. Vejo hoje que a grandeza do município cearense que tem esse nome ofuscaria a nossa Várzea Alegre, também existe em Minas Gerais um município de grandeza relativa, chamado “Vargem Alegre”. Este, também, tem nome semelhante, servindo para confundir pessoas que procurassem por Várzea Alegre. Também não se deveria suprimir esse nome que continuaria a nomear, talvez, um dos distritos desse nono município. A nova unidade municipal seria sediada em Caldeirão ou em Várzea Alegre e teria os seguintes distritos: Sede, Tabocas, Várzea Alegre, São Paulo e Barra do Rio Perdido.
As jurisdições distritais seriam assim:
O Distrito Sede, se em Caldeirão, compreenderia alcançar os limites dos Municípios de Itarana, de Santa Maria de Jetibá e de Santa Teresa; se em Várzea Alegre, compreenderia toda a baixada de Várzea Alegre, acrescido da localidade de Pedra da Onça.
O distrito de São Paulo do Rio Perdido abrangeria Itanhanga, Pedra Alegre e Córrego Frio.
O distrito de Tabocas abrangeria, além desta localidade, São José e Santo Hilário.
O distrito de Barra do Rio Perdido abrangeria o Vale do Perdido, o Vale do Santa Maria, chegando à Barra do Santo Hilário.
Vantagens:
O município recém criado passaria a receber quota do Fundo Nacional dos Municípios, dotações específicas para aplicar em Educação e Saúde. Teria como ordenar a ocupação dos espaços urbanos e deles receber tributos destinados à municipalidade. Outras vantagens seriam as possibilidades de gerir e de legislar mediante a instalação dos poderes executivo e legislativo municipais.
Também haveria vantagem para o Município de Santa Teresa, que se desoneraria dos dispêndios que lhe afetam o orçamento municipal, pois esse território emancipado deixaria de depender das dotações dessa municipalidade. Acresce, ainda, que as receitas originárias do território desmembrado não acarretarão perdas, porque os serviços públicos de educação e de saúde onerarão recursos próprios e de transferências da União.


terça-feira, 16 de dezembro de 2008

NOSSA VÁRZEA ALEGRE


Pois bem esta nossa Várzea Alegre, pequenina e linda tem paisagem privilegiada: dela podem ser vistas: a Pedra da Onça, um pico rochoso no limite dos municípios de Santa Teresa e de Itarana, local em que, em 1941, foi descoberta a maior jazida de águas-marinhas de que se têm notícias; a Pedra Alegre, de onde pode ser avistada a Cidade de Itarana; a Pedra Paulista, no limite de Santa Teresa com Itaguaçu, próxima Também do tríplice limite desses municípios com o de São Roque do Canaã. São visíveis ainda os adornos formados pela Pedra do “Charuto”, pelas pedreiras do riacho “Canudo”, a Serra do Toma Vento; as montanhas do “Caldeirão”, as montanhas do Santo Hilário, bem como o Vale do Rio Perdido, que fica aquém da Serra de Santa Júlia.
Várzea Alegre é terra fértil onde se alternam as culturas de café da variedade arábica e do famoso “Conilon”, terra que produz gêneros alimentícios como cereais, leguminosas, tubérculos e hortaliças, especialmente tomateiros.
Esta localidade é, também, a vila urbana que serve de sede ao Distrito de Alto Santa Maria, que é encravado na região sudoeste do Município de Santa Teresa, Estado do Espírito Santo.
Está-se escrevendo a história desta Várzea Alegre, tendo como colonizadores pioneiros membros das famílias de luso brasileiros, “Damasceno” e “Lima”. Estes foram seguidos por descendentes de europeus de origem germânica (alemães, pomeranos, holandeses austríacos) e de uma maioria de descendentes de imigrantes italianos.
Brevemente a história desta nossa Várzea Alegre será publicada neste blog.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

TORNEI-ME ASSASSINO

Isso já me aconteceu no passado. Tornei-me assassino acidentalmente, quando uma arma que eu portava disparou e atingiu meu melhor ex-amigo. Além de perder esse, toda a sua família deixou de me considerar amigo, se tornando todos eles meus desafetos. Também pudera! O que eu podia esperar a partir desse momento. Não tive sequer coragem de prestar socorro à vítima, não porque fosse esse o meu instinto. Foi por medo mesmo. Eles poderiam reagir violentamente, e até promoverem um linchamento, não me restando outra opção senão a de fugir.
Você, leitor, por acaso conhece a Cidade de Fundão? Pois foi ali que esse fato lamentável ocorreu. Bem se você me respondeu afirmativamente, devo lhe informar que saí correndo serra acima até a Cidade de Santa Teresa, que dista exatos vinte e oito quilômetros. Não fiquei ali, pois sentia que não tardaria ser alcançado, e aí... Bom nem pensar. Continuei caminhando a pé por mais trinta e cinco quilômetros até chegar à localidade de Várzea Alegre. Deveria encontrar um esconderijo e o fiz em casa de minha cunhada Demétria, que nessa época residia na mesma casa em que fiquei alojado quando Romélio e eu éramos sócios de uma farmácia. Ocupei o mesmo quarto de outrora, onde a atual cama ocupava a mesma posição. De nada adiantou ocupar esse esconderijo, pois não tardou que curiosos chegassem para indagar de Demétria porque eu estava escondido ali. Embora ela lhes dava respostas evasivas, mais e mais curiosos vinham e alguns chegaram até à janela do quarto para indagarem diretamente a mim; eu não lhes dava chance, fingindo dormir, coisa que eu não conseguia devido aos sentimentos simultâneos de culpa e de medo. E como li em algum livro: a notícia se espalhava como se fosse “num rastilho de pólvora”, levando a toda a população local conhecer toda a verdade. Assim, eu estava vulnerável tanto àqueles que me perseguiam quanto à polícia, que deveria estar no meu encalço.
Resolvi retornar até Santa Teresa. Ali deveria me sentir mais seguro, mas foi puro engano: quando passava pela rua, conhecidos, amigos e especialmente curiosos apontavam e, de dedo em riste e diziam:
- olhem aí o assassino!
E isso me deixava a cada vez mais ansioso, sentindo minha respiração ofegante aliada ao cansaço extenuante das longas caminhadas.
Cheguei à casa de Renato, sobrinho de Anésia. Ele havia colocado à frente da rua, que era naquele local em que antigamente funcionara a cadeia pública, montes de areia para serviriam como trincheiras no caso de sermos atacados pelas pessoas que me procuravam para fazerem justiça com as próprias mãos. Renato me entregou um revólver de marca famosa e uma espingarda calibre doze de repetição. Ele me orientou a que me postasse atrás desses montes de areia para me servirem de escudo no caso de troca de tiros. Fiquei ali por alguns instantes a sós, quando vi policiais militares sendo municiados com potentes armas como fuzis e metralhadoras. Não tive dúvidas: a força policial se dirigia na minha direção. Rapidamente escondi o armamento e me postei diante da casa, aguardando a chegada da força policial constituída por um militar que portava uma metralhadora e duas policiais femininas que traziam um pedaço de tecido de lona (imaginei que tal tecido serviria, caso eu reagisse, para me imobilizar como se fosse algo parecido a uma camisa de força). Assim que o grupo se aproximou, eu disse em voz alta:
- a quem procurais?
- é você que se chama Idomar?
- Positivo, respondi, elevando meus braços, numa atitude de entrega, como o fazem as pessoas quando abordadas para serem presas.
As duas policiais iniciaram simultaneamente: enquanto uma fazia minha identificação datiloscópica completa a outra me colocava suavemente um par de algemas. O que acabava de acontecer comigo? Estava preso e sob a custódia do Estado e isso me trouxe uma completa sensação de confortável segurança. Toda a ansiedade e o medo que sentia desapareceram completamente. Finalmente estava em paz. Será que esse sentimento ocorre comumente quando as pessoas são presas? Eu sabia perfeitamente que merecia ser julgado e até condenado pela morte do meu amigo; não pela intenção, porque ela não existiu, mas devia, sim, ser responsabilizado por minha negligência de portar uma arma sem qualquer necessidade: o uso de arma é restrito às pessoas que trabalhem na polícia, fazem serviço de segurança ou dela necessite para sua defesa em situações especiais.
Um fato que me chamou atenção eu o registro: as policiais femininas mostraram extrema competência ao me fazerem abordagem e prisão. Costumo dizer que o mundo sempre pertenceu às mulheres e elas não se cansam de demonstrar isso. Muitos fingem em não acreditar numa verdade axiomática.
Eu estava com a consciência em paz, porque seria julgado e seria castigado por crime de culpa; não de dolo, porque, realmente jamais tive intenção de fazer uso de arma, nem mesmo como instrumento de defesa. Afinal, defender-me do quê?
Apesar dos castigos de que resultariam do julgamento, havia algo que jamais seria compensado, por mais rigorosas que fossem as penas: nada faria com que meu amigo retornasse à vida.
Embora eu não tenha mencionado, essa história ocorreu em duas fases distintas: na primeira eu acordei. Na segunda só acordei quando o carrilhão instalado na cozinha tocou às seis horas da manhã, seguido imediatamente pelo despertador programado no celular de Anésia, minha esposa.

domingo, 14 de dezembro de 2008

MENSAGEM DE NATAL


O NATAL DE SEMPRE

Natal era a festa maior precedida das festividades dedicadas a Santa Luzia. Esta comemoração abria os festejos de final, passagem de ano e dos Santos Reis.
Na tarde de 12 de dezembro a gente saía, recolhendo porções da grama mais fresca que se encontrasse. E isso não era difícil, porque tanto nas beiradas dos caminhos quanto nos pastos que circundavam nossa casa lá da roça, grama era um capim abundante. Era necessário colocarmos nos pratos em que aguardávamos os presentes da santa, aquelas porções de grama para servirem de alimento ao seu “burrinho”, senão ela poderia não vir.
A vinte e quatro de dezembro, novamente colhíamos grama para alimentarmos aquelas renas que puxavam o trenó de Papai Noel que passaria durante essa noite do nascimento do Menino Jesus.
Na passagem do Ano Velho para o Ano Novo, o Ano Bom, nós colocávamos nossos pratos porque esse Ano Novo nos traria algum presente e, ainda, tínhamos mais uma oportunidade na noite de seis de janeiro – nessa data passariam os Reis Magos – os santos reis.
Uma coisa que nos deixava temerosos: a chuva que costumava cair copiosamente nessa época, porque o Rio Canudo quando enchia costumava não permitir passagem, nem mesmo para quem estivesse montado em burros ou cavalos. Felizmente tanto Santa Luzia quanto Papai Noel nunca deixou de nos visitar.
Num retrospecto, essas datas lembram os presentes que costumávamos ganhar: Na noite de Santa Luzia, poderiam vir algumas balas, ora daquelas fabricadas pela “Garoto”, umas no formato de bolinhas listradas, outras embrulhadas em papéis ilustrados com as figuras das frutas dos doces de que eram recheadas. Havia alguma vez que só vieram algumas balas no formato de pequenos ovos de açúcar colorido. No natal, além das balas doces costumeiras, houve alguma vez que ganhamos bombons e também barras de chocolate (até hoje quando sinto o aroma do chocolate, ele me faz lembrar a noite do Natal e as festas de final de ano). Na passagem de ano, houve vez que ganhamos cada um de nós, uma daquelas notas azuis de um cruzeiro. Mas na noite passagem dos Santos Reis, os presentes eram escassos. Ganhava-se nada mais que balas doces. Presentes como brinquedos, ou uma lata daqueles doces “quatro em um” (goiabada, marmelada, pessegada e bananada), só eram vistos nas casas dos nossos vizinhos, que tinham situação financeira melhor.
Mesmo nessa simplicidade das festas de Santa Luzia, do Natal, da passagem do Ano Velho para o Ano Novo e na passagem dos Santos Reis, havia um encantamento de magia e de fantasias próprias do nosso tempo de infância; nem se sonhava ainda com os pisca-piscas multicoloridos e toda essa sinfonia de músicas e de cores dos natais de hoje. Mas se vivia uma felicidade ímpar. Será que as crianças que estão nesses espaços outrora ocupados por nós, serão tão felizes quanto nós o fomos, quando comemoram essas festas? Tomara que sim! E até muito mais, porque o Natal será sempre a data maior do mundo infantil. Enquanto houver crianças, o Natal e as festas de final de ano ocorrerão com todas as fantasias do encantado mundo das crianças.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O MAR INSISTE EM AVANÇAR SOBRE VILA VELHA

Se não me engano esta seria a quarta vez que o mar invade Vila Velha. Choveu muito nesse terceiro decêndio de novembro de 2008, lembrando-me, inclusive, de uma tragédia ocorrida a 22 de novembro de 1966, há quarenta e dois anos, portanto. Na noite dessa data choveu tanto que as encostas do Canudo e do Toma Vento (localidades situadas no Município de Santa Teresa, ES), pareciam desabar literalmente. Para complicar houve queda de granizo, depositando-se nas baixadas de Várzea Alegre e permanecendo em estado sólido por mais de trinta dias. Felizmente naquela tragédia ocorrida em 1966, não houve, como agora nesta ocorrida no Estado de Santa Catarina, perdas de vidas humanas. Os prejuízos significativos se expressaram em perdas de plantações e de animais bovinos, eqüinos e muares
Com base na lei da conservação da matéria proclamada pelo princípio de Lavoisier de que: “Na natureza nada se cria e nada se perde; tudo se transforma”, pode-se ver que as notícias sombrias sobre o aumento dos níveis dos oceanos não implicam em que a natureza tenha obtido reforço nos estoques hídricos; eles apenas migram pela transformação que o degelo das calotas polares e das demais geleiras da Terra, tornadas líqüidas aumentem os níveis das massas dos oceanos e mares. Isto quer dizer que água em estado sólido se liquefez e se deslocou para os depósitos líqüidos.
Essas chuvas abundantes não poderiam de forma alguma ter influência nesse aumento repentino das águas do mar, que vi crescerem, encobrirem a Avenida Gil Veloso, inundar os estacionamentos do subsolo dos prédios da Praia da Costa e depois lentamente subindo e ocupando seguidamente os pavimentos inferiores de todos os prédios. Mas a água do mar tinha o colorido próprio da água-marinha, não daquele da gema preciosa, mas este da própria água do mar. Não sei distinguir se era azul esverdeada, ou verde azulada. Estes matizes cromáticos se faziam presentes e não havia marolas; só a água subia lenta e mansamente, não inspirando nada que fosse desastroso ou assombroso.
Outras vezes eu vi coisas semelhantes, mas esta recente me deixa certo de que o anúncio da elevação dos níveis dos oceanos e mares é coisa certa; embora freadas bruscamente as causas, mesmo assim não haveria como retroceder deste destino considerado unanimemente pelos cientistas como coisa certa e óbvia. Mas por que, esta visão me acompanha e me sugere aviso premonitório de coisas de um futuro que minhas vistas não alcançarão. Seria presunçoso afirmar que minhas visões se constituem em aviso para que a humanidade se previna, adote providências que possam postergar tais fatos. Por que esses avisos teriam que chegar a alguém que vive no anonimato da insignificância que tem minha pessoa? Essas coisas deveriam ser reveladas a pessoas que têm poder para influenciar opiniões, que têm poder para mudar rumos de acontecimentos, tanto na esfera econômica quanto na política. Também tudo isso deveria ser revelado a pessoas que têm influência nos meios de comunicação e, finalmente pessoas que tivessem autoridade para determinar mudanças no comportamento das pessoas, das organizações religiosas, das governamentais e de outras quaisquer.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

ORKUT, O QUE É ISTO?

Afinal o que é Orkut? É uma sociedade formada por pessoas e mantida pelo Google, criada pelo engenheiro turco Orkut Büyükkokten, que lhe emprestou o nome e tem como objetivo a aproximação de pessoas amigas para que se comuniquem através da rede internacional de computadores. Esse nome ocupa na atualidade o ranking dos assuntos mais procurados: é uma realidade, quer queiramos ou não; quer gostemos ou não.
Será que o nome ORKUT tem algo de especial que encanta milhões de internautas? O que explica tal fenômeno?
Em torno desse nome se unem pessoas idosas, pessoas maduras, pessoas jovens e crianças: todos entendem a linguagem tornada universal para que amigos se encontrem, amigos se tornem amigos dos amigos dos amigos...
A verdade é que a gente encontra gente que a gente quer encontrar; gente que a gente não gostaria de encontrar, mas só não se encontram nessa organização aqueles que relutam em não aceitá-la.
Para finalizar: existe algo de mágico no ORKUT?

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

TRAGÉDIAS EM NOVEMBRO

Há quarenta e dois anos nesse mesmo dia em que o Estado de Santa Catarina sofreu a maior catástrofe da sua história, culminando com enchentes, deslizamentos de encostas, desabamentos de prédios, postes, destruição de tubulações de água, de gás, destruição de rodovias, de redes elétricas e de portos. Exatamente nesses 22 de novembro de 1966, uma tragédia de menores proporções, embora semelhante, se abatia sobre Várzea Alegre, trazendo abaixo florestas, plantações e animais oriundos das pedreiras do Canudo e do Toma Vento.

A semelhança singular desses acontecimentos demonstra o diferencial das proporções: essa daqui, eu a testemunhei num sonho ocorrido em agosto do ano de 1966, fato testemunhado por relato que fiz à minha esposa naquela manhã e comprovado na noite de 22 de novembro de 1966. A destruição alcançou lavouras de café, de cereais e uma casa residencial desocupada a tempo. Além da chuva torrencial e ventos de muitos quilômetros, caiu muito granizo visto até 30 dias depois do ocorrido; uma coisa diferente desta tragédia foi que aqui não houve a lamentável perda de vidas humanas como as que vimos em Santa Catarina em imagens registradas e gravadas na nossa mente, causando comoção coletiva. Esse fato está registrado detalhadamente no livro de minha autoria “Memórias 2ª edição”, tal como narrado aqui.

No ano passado, quando os noticiários estamparam manchetes sobre causas e conseqüências do aquecimento global, eu fiz ilações sobre o comportamento climático e dos possíveis acidentes catastróficos a nós reservados nesses próximos tempos, passando-me pela imaginação: o degelo das calotas polares e geleiras situadas sobre os picos mais elevados da terra, que farão com que os níveis dos oceanos se elevem e inundem todas as costas terrestres. O maior aquecimento provocará aumento na evaporação, gerando maiores concentrações de água em estado gasoso (nuvens) e a temperatura mais alta provocará maior intensidade na sublimação, gerando chuvas diluvianas, ventos velocíssimos, enchentes de rios que poderão inundar e arrastar tudo que exista nas áreas ribeirinhas. Chuvas intensas e constantes encharcarão as terras que deslizarão pelas montanhas abaixo. Com efeito, como se localizar nos pontos mais seguros? As áreas costeiras poderão ser inundadas, como vales por onde escorrem rios e riachos. Construir moradias nos altos das montanhas? Estas poderão vir abaixo trazidas por chuvas diluvianas. Erigir grandes moradias verticais? Elas poderão cair sob a força descomunal dos ventos de furacões, de tornados e de ciclones. Aonde, então, haverá maior segurança?

Se houver no futuro materiais flutuantes, se é que não existam adversidades ainda não imaginadas, parece que as edificações mais seguras seriam flutuantes, acrescendo também que, no caso de previsão de catástrofe em uma determinada área geográfica, poderiam ser arrastadas para locais mais seguros.

Acredito com a certeza de leigo que, embora desconheça verdades axiomáticas da ciência, escreve livremente o que pensa; talvez essa providência não traga grande contribuição, mas a vontade de ser útil me faz um intruso nas áreas onde pouco ou nada conheço. Não sei, mas se nada ocorre sem que Deus o permita, Ele me permite e eu escrevo sobre o que sei, talvez sobre o que penso que sei; minha vontade de ser útil suplanta minhas limitações. Portanto os conhecedores, ou seja, aqueles dotados do conhecimento que me perdoem a intromissão em assuntos tão complexos.