quinta-feira, 25 de abril de 2013

MAIORIDADE PENAL



Em todas as postagens que o tema foi abordado, quer sejam as reduções da idade para a responsabilidade penal, compartilhei, não importando a que idade esse regresso é fixado. Fi-lo para que meus amigos comentem, registrando suas opiniões e pontos de vista e as defendam. Vi nos comentários que o assunto apresenta diversidade de opiniões. Alguns defendem que a retroatividade da idade penal traria castigos e condenações penais aos mais pobres, aos grupos raciais menos privilegiados, cabendo à nação oferecer melhores condições de educação, de saúde e acessos universalizados ao lazer e outros meios para a devida inclusão social.
Há uma variável a ser considerada – a família –, através dos exemplos edificantes dos genitores, mostrando suas realizações aos descendentes, mantendo na prole a disciplina como uma das formas de conduta: desde cedo, são voltadas ao trabalho na comunidade familiar, à educação escolar e aos princípios religiosos morais e éticos.
Não me importa a que idade a regressão da aplicação de penas para coibir quaisquer práticas de crimes, que são postadas. Eu as compartilho sempre, não para simplesmente concordar, mas para ajudar na divulgação e, com isso, ampliar o debate para um assunto complexo, refletido sob vários aspectos, dentre eles a idade biológica que elege o momento em que os indivíduos podem ser considerados capazes. No entanto, o que se vê diariamente nos noticiários? Menores de idade que se prostituem, matam, se drogam, traficam substâncias entorpecentes ilegais, furtam, roubam, estupram, agridem colegas nas escolas, seus professores e, no ambiente doméstico, essas mazelas não diferem.
Até que ponto a sociedade deve tolerar essa situação: é lícito matar, quando isso é praticado por menor? Também praticar todo o corolário de crimes, inclusive quando esses menores, participando de organizações criminosas são escalados para agir porque são menores e sua impunidade é garantida?
Que pensar de tudo isso? A quem deve ser atribuída a responsabilidade para a cura dessas doenças da humanidade? Quais seriam os meios? Quando começar? As respostas não podem ser simplistas, pois há um conjunto de fatores que criam e mantêm essas condutas: o primeiro de todos os erros localiza-se no seio familiar pela cultura arraigada do despreparo para a educação dos filhos pelo exemplo de práticas de boa conduta, servindo como forma a ser seguida; a falta de limites, que deixa, desde cedo, esses menores à vontade, não raro, seguindo no ambiente de colegas já pervertidos, completando seu aprendizado por mera imitação. E, ainda, essa omissão de quem (a família), a priori, tem o dever de condução dessa população infantil aos caminhos do bem.
Outro fator que não deve ser afastado é a constante evasão das populações interioranas rumo aos grandes centros urbanos em busca de melhores oportunidades de trabalho, de moradia, de lazer e de formação estudantil. Não tendo qualificação profissional, sujeitam-se aos subempregos e, por falta de recursos financeiros, fixam suas habitações em bairros periféricos desassistidos de saneamento básico, tornando-se as famílias propensas como consequência aos costumes da vizinhança. Não é raro nesse ambiente adotarem a prostituição como fator adicional de renda, o uso e comercialização de drogas, tornando-os dependentes e, por consequência, ficarem sujeitos às regras e costumes desse segmento de organizações criminosas, ora sendo assassinados por não cumprirem às regras, ora tornando-se executores de assassinatos para retribuir com seus compromissos de receberem em troca drogas ou o pagamento de dívidas delas resultantes. Assim, depois de adultos continuam na participação desse mundo do crime. E aí continuam a recrutar menores filhos de famílias desestruturadas, quer por falta de rendas ou já integrantes desse meio cujos valores religiosos, morais e éticos tenham abandonado pelas circunstâncias da carência. E isso vai se tornando um círculo vicioso.
Sem dúvida, as maiores vítimas desse sistema complexo são os menores: não podem trabalhar porque o Estatuto da Criança de do Adolescente lhes impõe essa condição, não continuam seus estudos ou nem mesmo permanecem no ensino básico devido ao abandono ou faltas de metas, quer por deficiências financeiras, por falta de encaminhamento às escolas públicas e sofrendo o constante assédio de outros já participantes do mundo do crime, tornam-se reféns e continuam, tal como outros, ao uso de drogas, participação na sua distribuição (traficantes) e realizando àquilo que o meio lhes oferece: assassinando consumidores inadimplentes ou sendo executados pelas mesmas razões e, ainda, participando na condição de menores no confronto armado entre quadrilhas de bandidos traficantes de tóxicos. Os menores, neste caso, interessam à bandidagem porque servem de escudos quanto à sua responsabilidade criminal. Permanecem algum tempo internados em instituições destinadas à sua ressocialização. Quando atingem à maturidade se tornam primários diante da legislação penal, mas seu passado redimido não os afasta da criminalidade do passado. Sua experiência nesse submundo os torna delinquentes ativos.
Vejam que a participação de menores de 18 anos em atividades criminais para as quais são inimputáveis é assunto por demais complexo que demanda estudos, ações desde o ambiente familiar, às escolas, às igrejas e ao Poder Público, quer educando, preparando os indivíduos, desde cedo, para a escolaridade e formação profissional que envolva, a partir desde o ensino fundamental. Isso visa melhorias no discernimento, no trabalho, no entendimento de que a pessoa não foi criada senão para trilhar os caminhos do bem. Cabe às organizações religiosas colaborarem e essa cooperação merece ampliação.
Pelo visto, qualquer conclusão apressada sobre o tema dificilmente será completa. O importante é que cada segmento envolvido ocupe seu espaço na solução desse grave problema, que na atualidade destrói esta geração de jovens responsáveis pelo futuro da humanidade. Não permitamos que isso continue sendo motivo para quaisquer retrocessos e não permitamos que nossos jovens sejam inútil e cruelmente sacrificados.
Mas o problema não se resume nisto. São necessárias providências que envolvam toda a sociedade, analisando a idade dos indivíduos, assim: do ponto de vista orgânico, as ciências biológicas deveriam se manifestar quanto o grau de maturidade individual; as entidades religiosas sobre os aspectos morais e éticos; a justiça, quanto à legalidade da aplicação de leis que rebaixem a competência penal para idades inferiores aos dezoito anos; Assistentes sociais, quanto aos aspectos do envolvimento sociológico e humanístico; os poderes legislativo e executivo, quanto à necessidade da elaboração e votação de leis que permitam atitudes protetoras e punitivas a quem de direito; e a justiça para a mensuração e aplicação das penas, quando cabíveis.



segunda-feira, 1 de abril de 2013

ÊXTASE



Não havia nada que não fosse absolutamente branco.
Durante festejos consecutivos de duas madrugadas, as vestimentas dos anfitriões e dos convidados, os alimentos, as bebidas tinham igualmente o branco como cor única. Serviam alimentos, provavelmente com os ingredientes de leite e seus derivados juntamente com farináceos estritamente brancos.
Havia convidados diversos: homens, mulheres, moças e crianças, vestindo roupas feitas com tecidos impecavelmente brancos ou incolores, ocupando cadeiras e bancos em espaços cujas paredes divisórias e tetos, que não contrastavam em nada: tudo era branco mesmo.
O ambiente era festivo e a decoração com móveis, lustres e, em tudo o mais, não havia contrastes cromáticos. Eu vestia um terno de puro linho, daquele que tremulava aos mais suaves movimentos e enamorei-me de Isabel, uma linda moça dotada de imensa cabeleira, tal como flocos de algodão e, para não contrastar com toda aquela brancura, suas vestes além do mesmo colorido exibiam um intenso brilho prateado. Entre nós havia um relacionamento fraternamente cordial e sublime, um verdadeiro êxtase coloquial. Em algum momento, ela dizia: - veja como aquela jovem moça de branco tem o olhar fixo em você. Nisto desapareceu como se tivesse se volatizado.
Nesses encontros festivos, os alimentos consumidos tinham, posteriormente, trânsito até atingir a finalização sem que perdessem a cor original...
Não houve terceira madrugada nesses acontecimentos, pois foram interrompidos abruptamente tal como é o costume.