segunda-feira, 1 de abril de 2013

ÊXTASE



Não havia nada que não fosse absolutamente branco.
Durante festejos consecutivos de duas madrugadas, as vestimentas dos anfitriões e dos convidados, os alimentos, as bebidas tinham igualmente o branco como cor única. Serviam alimentos, provavelmente com os ingredientes de leite e seus derivados juntamente com farináceos estritamente brancos.
Havia convidados diversos: homens, mulheres, moças e crianças, vestindo roupas feitas com tecidos impecavelmente brancos ou incolores, ocupando cadeiras e bancos em espaços cujas paredes divisórias e tetos, que não contrastavam em nada: tudo era branco mesmo.
O ambiente era festivo e a decoração com móveis, lustres e, em tudo o mais, não havia contrastes cromáticos. Eu vestia um terno de puro linho, daquele que tremulava aos mais suaves movimentos e enamorei-me de Isabel, uma linda moça dotada de imensa cabeleira, tal como flocos de algodão e, para não contrastar com toda aquela brancura, suas vestes além do mesmo colorido exibiam um intenso brilho prateado. Entre nós havia um relacionamento fraternamente cordial e sublime, um verdadeiro êxtase coloquial. Em algum momento, ela dizia: - veja como aquela jovem moça de branco tem o olhar fixo em você. Nisto desapareceu como se tivesse se volatizado.
Nesses encontros festivos, os alimentos consumidos tinham, posteriormente, trânsito até atingir a finalização sem que perdessem a cor original...
Não houve terceira madrugada nesses acontecimentos, pois foram interrompidos abruptamente tal como é o costume.

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