quinta-feira, 27 de agosto de 2009

MUNDO VIOLENTO

Gastam-se toneladas de tinta nos jornais para registrar o sangue que se derrama pelo mundo afora, com toda a variedade de violência. Isto é uma verdadeira guerra, que é situada diante dos nossos olhos, na frente de nossas casas; quando não é dentro delas. Parece mesmo que a humanidade perdeu o controle da situação: mata-se por qualquer motivo e até sem qualquer razão.
Havia um tempo que essas notícias, hoje corriqueiras, nos meios de comunicação escrita, televisiva e por meio da informática eram coisa que só atingia aos outros. Hoje toda essa violência pode estar nas ruas por onde passamos, na igreja que freqüentamos, nas escolas, nos estabelecimentos comerciais, nos veículos que trafegam transportando bens e pessoas, nos locais de entretenimento, enfim em qualquer lugar. Basta que o homem esteja presente para que a maldade impere. São assassinatos por motivos banais, por disputas quaisquer, por assaltos, por seqüestros, simplesmente por ódio. Mas a violência abrange outras formas: abortos, infanticídios, violências sexuais (estupro, incesto, pedofilia e sadomasoquismo).
Guerras representam violência, que tem até regras e leis. Matar como ato de guerra não é crime considerado homicídio. É defesa legítima. Também as execuções capitais, quando e aonde as leis as prevêem, são atos considerados legítimos. Sob o aspecto religioso, nas santas inquisições, os indivíduos considerados hereges e feiticeiros podiam ser executados, após julgamentos em tribunais eclesiásticos.
Na atualidade existem verdadeiras guerras não declaradas que ceifam vidas aos milhares. São verdadeiros genocídios. Podem ser citados os acidentes do trânsito, as disputas por pontos geográficos de venda de substâncias tóxicas e entorpecentes, mortes causadas por dívidas de tóxico por parte de dependentes químicos e aquelas destinadas a vingança dos delatores.
Também a natureza exerce seu poder de violência, expresso nos acidentes naturais: terremotos, sunames, vendavais, erupções vulcânicas, inundações causadas por cheias resultantes de chuvas diluviais, incêndios casuais e/ou propositais, deslizamentos de terras e de rochas, avalanches de neve, desmoronamentos de prédios, de pontes e de outras quaisquer edificações, quer por movimentos espontâneos da natureza ou causados artificialmente por bombardeios ou demolições planejadas.
Violentas também podem ser classificadas as ações de fazer ou deixar de fazer (omissões). A fome que assola populações africanas pobres e outros bolsões de pobreza espalhados pelo mundo afora, pode ser fruto de ingerência externa espoliativa das riquezas de bens e omissão de meios de escolarização, cujo atraso cultural e intolerâncias de grupos religiosos e raciais impedem que populações alcancem meios para proverem-se dos recursos alimentares, fruto apenas da ignorância coletiva dessas populações. Há outro fator relacionado á fome no mundo. Pode-se debitar grande parcela desta carência ao desequilíbrio climático, forçado pelo aquecimento global, promovendo profundas mudanças na produção de alimentos. Também o conhecimento tecnológico deficiente, fruto da pobreza e da miséria, torna o problema agravado.
Enquanto fazemos essas considerações, análises e reflexões sobre a violência que assola o planeta, aqui ao nosso lado pode estar ocorrendo um assalto, um assassinato, um aborto criminoso, um infanticídio, um mal trato a um idoso, a falta de escola, um acidente de trânsito com vítimas; acolá, uma tempestade, um terremoto, um desmoronamento, uma seca, uma enchente que inunda e afogam indivíduos, principalmente os desprovidos de recursos – aqueles obrigados a habitarem locais desprotegidos e desassistidos pelos poderes públicos. Enfim, nosso mundo é extremante violento!

sábado, 22 de agosto de 2009

TRINTA ANOS DE PRAIA DA COSTA

A Praia da Costa é localizada na orla do município de Vila Velha, no Estado do Espírito Santo. É a principal, além da de Itapoã e a de Itaparica, totalizando sete quilômetros e meio de faixa de areia contínua, desde o extremo norte, aonde se localiza o Clube Libanês, ao extremo sul, nas proximidades do estuário do rio Jucu. Em toda essa faixa o Oceano Atlântico deita e arrebenta suas ondas, resultando espumas alvas em toda à extensão.
Desde que nos mudamos para Vila Velha, tivemos a oportunidade e privilégio de presenciar este pedaço de paraíso, chamado “Praia da Costa”. Foi de tanto apreciar o ambiente, que nos tornamos moradores definitivos da localidade. Vimos erguer-se a floresta de pedra e a grande muralha, separando a cidade de Vila Velha do vasto oceano; vimos quando a faixa de areia recebia contínuas urbanizações, árvores eram plantadas; outras sendo retiradas. Vimos ruas serem pavimentadas, a troca dos bloquetes por cobertura asfáltica, tonalizando do cinza ao negro derivado do petróleo; presenciamos uma fileira de toscas barraquinhas, aonde se vendia de quase tudo: lanches, aperitivos, o famoso peroá frito e, também, pescadas; coco verde, milho cozido, torresmos, aipim frito e outras guloseimas, além dos bronzeadores, que acreditavam mudar a tonalidade da cor da pele besuntada e exposta ao ardente sol. Testemunhamos a abertura e fechamento de clínicas, farmácias, supermercados, bares e restaurantes; o sentido do trânsito, ora em mão dupla na Avenida Champagnat, na Gil Veloso, na Hugo Musso, ora em sentido de mão única nessas mesmas vias. Vimos serem extintas as barraquinhas, dando lugar aos modernos quiosques no formato de “Asa Delta”; a remoção das edificações do “Clube dos Quarenta” e do famoso “Mug”, da “Casa do Navio” para aumentar a fluidez do tráfego de pedestres e para a construção de imponente “flat”. A tudo isso nós presenciamos e muito mais: a construção da terceira ponte que nos liga à Praia do Suá, Praia do Canto e outros bairros da Capital, que ficaram próximos; a construção do Shopping Praia da Costa, como parte do incremento do comércio e de atividades de lazer.
E agora? Vamos falar sobre moradores e freqüentadores, de onde migraram e a população originária da Praia da Costa. A população que frequenta, quer como banhistas, ou visitantes noturnos de restaurantes, boates, pizzarias e botecos vem de toda a Grande Vitória. Quanto aos banhistas, nesses veranicos que ocorrem em qualquer estação do ano, são moradores fixos do bairro; mas na estação apropriada, que compreende desde a primavera, verão e outono, a frequência se dá, em grande parte, pela população flutuante, na maioria, originária de outros estados da federação, quer como ocupantes temporários de moradias fixas, ou, sejam eles turistas hospedados em hotéis, pousadas e imóveis de locação temporária. Nessas temporadas a orla litorânea tem ocupação constante.
O calçadão da praia, desde o amanhecer ao anoitecer vive em constante movimento: alguns caminhando a passos largos como forma de exercitarem-se, outros simplesmente passeando com seus cães de estimação, gente fazendo exercícios aeróbicos ao ar livre. E na areia, além daqueles postados e protegidos por barracas e guardas sóis, muitos praticam esportes, como vôlei de praia, futebol, handebol, frescobol e corridas, tanto no calçadão como na areia da praia. E, ainda, há pescadores, lançando ao mar anzóis municiados de iscas atrativas aos peixes; mas peixe mesmo, só nas peixarias, mas vale o entretenimento!
Além dos citados, temos pássaros que enfeitam e dão vida ao espaço: a maior incidência fica por conta dos pombos, habitantes alados e assíduos, tanto no calçadão como na faixa de areia, vivendo à cata das migalhas de alimentos deixadas nesses locais por outros freqüentadores. Os alegres bem-te-vis e os pardais, a cada vez menos numerosos (dizem que por causa dos produtos químicos utilizados no combate aos mosquitos). Vê-se aqui e ali, embora raros, alguns anus pretos e brancos, também raros gaviões. Vez ou outra aparece ninhos de um tipo de coruja, que dizem ser nativo da região – a “buraqueira”, cujos ninhos ocorrem em tocas subterrâneas sob a areia e vegetação gramínea. Um animalzinho, outrora frequente, quase não é mais visto nestas praias: refiro-me ao pequeno caranguejo branco – o guruçá está praticamente extinto. No verão chegam as pequenas andorinhas que enchem de vida castanheiras, oitis e demais árvores existentes na orla. Existem ainda as andorinhas do mar e outras aves, a maioria de dotadas de penas brancas, que vem acompanhando os cardumes de pequenos peixes migratórios. Outras aves marítimas, como gaivotas e atobás aparecem ocasionalmente
Existe um grupo de pescadores artesanais com suas pequenas embarcações instalados na Curva da Sereia. Quanto ao pescado, que conseguem capturar atualmente, é coisa rara, se restringindo a pequenas quantidades de pequenos exemplares de robalos, pescadinha, chicharros e outros.
Este é um pequeno retrato da Praia da Costa, que conhecemos a pouco mais de trinta anos.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

RECEBENDO VISITANTES

Recebemos a visita de uma família vinda lá das bandas do sul, do Rio Grande do Sul, talvez de Santa Catarina ou do Paraná. Ao todo, eram três pessoas: um casal, marido e esposa, e uma filha, moça feita e bela – loiríssima de olhos azuis e corpo perfeito, longilíneo. Foram recebidos em nossa casa e, agora, Anésia e eu tínhamos na condição de anfitriões ciceronearmos essas visitas. Não sei se eram nossos parentes ou, simplesmente, amigos.
Depois de hospedarmo-los em nosso apartamento numa suíte especialmente destinada a hóspedes, iniciamos a apresentar-lhes nossa cidade de Vila Velha, Estado do Espírito Santo. Primeiramente, guardando o veículo trazido por eles numa vaga extra em nossa garagem. Nem preciso dizer que me tornei o motorista para conduzir esses visitantes, primeiramente fazendo um tour pela cidade de Vila Velha, iniciando por uma visita ao Convento de Nossa Senhora da Penha, praias da Costa, de Itapoã, de Itaparica, da Barra do Jucu e da Ponta da Fruta. Visitamos, ainda em Vila Velha, o Museu Ferroviário, a fábrica de chocolates “Garoto” e quase todas as igrejas localizadas neste município. Agora teríamos que visitar cidades litorâneas e serranas, iniciando pela cidade de Guarapari, de Meaípe, de Piúma e de Marataízes. Na parte serrana, iniciamos com a visita à cidade de Santa Teresa. Nessa cidade, tivemos oportunidade de visitarmos o museu de biologia “Melo Leitão”, participamos de uma missa na Igreja Matriz, cerimônia em que não presenciamos por inteiro, pois tínhamos muitos locais, ainda, a visitar: feira de artesanato, cantinas, locais em que foram adquiridas garrafas de vinho e alguns litros da cachaça “Da Mata”. Marcamos, também, nossa passagem pelo restaurante “Mazzolin Di Fiori”, onde deliciamos pratos da culinária italiana, dentre os quais, os famosos “capelletti”.
Nossos passeios se tornaram oportunidades de prazeroso lazer, que se consumaram graças à atenção aos nossos visitantes. Assim, depois de mais de um ano em que não guiava automóveis, tive, também, meu retorno às pistas como condutor de veículos. Confesso que o fazia com prazer e, ao mesmo tempo, colaborava com o condutor – nosso visitante.
Agora, seria a oportunidade de prosseguirmos com os passeios e deveríamos iniciá-los pelas cidades vicinais da rodovia BR – 262: as cidades de Domingos Martins, Marechal Floriano e Venda Nova do Imigrante, região repleta de atrativos para oportunizar entretenimento aos nossos convidados.
Para alcançarmos inicialmente a BR-10l e retornar ao trevo de Viana para seguir pela BR-262, iniciamos pela Rodovia do Sol e tomaríamos um trajeto de uma via vicinal, ainda não coberta por pavimentação asfáltica. Assim o fizemos, fazendo uma parada num posto de combustíveis á margem da estrada para almoçarmos num restaurante existente no local. Nosso almoço teve com cardápio moqueca capixaba ao molho de camarão. Enquanto faríamos breve descanso para, depois, prosseguir viagem, de repente, eu fui acometido por intensa dor abdominal. Corri para local próximo, aonde havia algumas touceiras do capim colonião e ali caí me sentindo tocado por algo pastoso, como se fosse lama. Não sei se era isto, sei sim! Fedia muito! Dali exalava um odor fétido semelhante a um que ocorre num esgoto a céu aberto, localizado aqui na Praia da Costa, que é conhecido como Canal da Costa. O odor era tão intenso quanto à mistura deste com aquele das instalações sanitárias das estações rodoviárias. Fiquei ali inerte e uma mulher de aparência conhecida disse: – Edgard! É você que está aí? Respondi: Não sou o Edgard; sou o pai dele. Depois, Anésia me prestava socorro, procurando limpar-me com toalhas brancas em que exibiam seus bordados. Que pena! Utilizar material tão nobre para limpar toda essa nojeira?
Depois, não vi mais nossos visitantes, nem sei que rumos tomaram. Acordei deitado em minha cama e me parecia ainda sentir aqueles odores fétidos. Agora não tinha tempo a perder: devia providenciar o nosso lanche matutino, pois meu carrilhão, instalado na cozinha, soava seis longas e melodiosas batidas, demonstrando a que horas da manhã estávamos.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

MAIS CORTES DE CASTANHEIRAS NA ORLA DE VILA VELHA

Nesta manhã de segunda feira, numa entrevista a um programa de TV, sobre a questão do corte das castanheiras da Praia da Costa, a autoridade municipal entrevistada procurava minimizar o problema, dizendo que o abate de castanheiras, nesse segmento de praia, estará limitado a pequenas intervenções; ficando a maior providência de retiradas dessas árvores restrita às orlas de Itapoã e de Itaparica. Nessas praias, o plantio das castanheiras se deu de forma desordenada. Algumas plantadas por proprietários de quiosques, outras por pescadores instalados na Ponta de Itapoã, assim disse essa autoridade.
Disse, ainda, respondendo a perguntas do repórter da TV, que o adensamento dessas árvores, ao longo da Praia de Itapoã e de Itaparica, prejudica a luminosidade do calçadão, dificulta a ação de vigilância das câmeras instaladas ao longo da orla, favorecendo a presença de criminosos, servindo-lhes de esconderijo e gerando maior insegurança no local.
Questionada tal autoridade, se a municipalidade teria ouvido a população para legitimar essas providências, procurou desviar o foco do questionamento com respostas evasivas.
Pelo tom das explicações que o representante da Prefeitura Municipal dava, durante a entrevista, procurava justificar de que o corte das castanheiras não teria objetivamente a Praia da Costa como alvo; seria implementada a retirada das castanheiras, em maior número, nas praias de Itapoã e de Itaparica. Como o questionamento do assunto tem na Praia da Costa a principal referência e repercussão, uma vez que o assunto deixa de ser privativo deste bairro da Praia da Costa. Logo: os questionamentos de moradores deixam para a população dos bairros vizinhos questionar sobre a legalidade e acertos dessas medidas que, segundo palavras ditas, trata-se de ações que visam melhorias paisagísticas e de segurança para a população.
Agora se pergunta: Seriam as explicações, apenas para reduzir a importância do assunto? Mesmo diante das explicações dadas, a população deveria dar crédito e, simplesmente, deixar que o assunto se resolva por si só? E, quanto aos vizinhos de Itapoã e de Itaparica, teriam simplesmente concordado; mas foram consultados?

sábado, 8 de agosto de 2009

PAISAGENS DA PRAIA DA COSTA

Não é privilégio da atual gestão municipal de Vila Velha intervir na paisagem da Praia da Costa. Ao longo desses trinta anos. Vimos desaparecer as edificações do “Clube dos Quarenta” (se não me engano), de um quiosque chamado “Mug”, de uma fileira de barraquinhas instaladas na orla, onde se vendiam aperitivos, peroá frito, caldinho de feijão, milho cozido e outros quitutes, sem esquecer que o peroá era preparado na banha de porco daquele toucinho da barriga dos suínos, do que resultavam saborosos torresmos. Muitas árvores e palmeiras foram plantadas, palmáceas oriundas da vegetação natural da mata atlântica e coco da baía, utilizando espécimes maduros e com caules medindo alguns metros de altura. Alguns vicejaram com dificuldade; outros não tiveram a mesma sorte.
E o que se vê agora? Ameaças de extermínio das velhas e folhosas castanheiras, que ornamentam e abrigam à sua sombra em alguns pontos da orla da praia, ao longo do Clube Libanês aos confins da Praia de Itaparica. Já são vistos transplantados coqueiros adultos. Muitos sucumbirão, deixando vagos seus espaços. Enquanto polemizam a retirada ou permanência das majestosas castanheiras, vicejantes no local há algumas décadas, continua a intervenção na paisagem arbórea da nossa famosa praia, motivadora de turistas visitantes de várias partes do Brasil e do exterior. Certamente muitos postais circulantes, vistos hoje no mesmo local, perderão as majestosas vistas.
O que devem fazer os habitantes da populosa Praia da Costa e de toda a orla praiana do município de Vila Velha, no Estado do Espírito Santo, indignados com atitudes tomadas ao gosto de cada gestão municipal? Parece-me óbvio: manifestar todo o descontentamento com esses gastos, frutos de verdadeiros improvisos paisagísticos, mostrar às autoridades competentes o que, afinal, deseja a população a cerca dos destinos urbanísticos de todo o município de Vila Velha, promovendo manifestações em assembléias populares para expressar os legítimos preitos da população. Às autoridades, caso queiram tratar o assunto democraticamente, cabe ouvir o clamor da população, valendo tal atitude, ir de encontro a todos os anseios que visam o bem estar coletivo.
Apesar de nossos administradores ocuparem esses cargos de gestores de coisas públicas terem sido eleitos por maioria de votos em eleições livres, gerindo os bens públicos com probidade, bom senso e manterem sempre consultas àqueles que os elegeram, tornam seu mandatos sempre cobertos pela legitimidade.
A população de Vila Velha acredita que o tom que norteia bons e fiéis detentores de cargos públicos permaneça sendo a principal guia norteadora dos seus eleitos.