quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

FINAL DO ANO DE 2008

Dia 31 de dezembro amanheceu ensolarado e quente, nem se parece que há poucos dias tivemos temperaturas amenas durante o início do verão. Uma frente fria esteve estacionada no litoral do Estado, causando, além da temperatura que dificilmente é vista nesta época, alta pluviometria própria deste tempo. Embora os índices de chuvas tenham se comportado dentro da média histórica, o Município de Vila Velha esteve assolado por inundações, as costumeiras nas partes baixas da cidade, principalmente nos bairros Pontal das Garças, Darly Santos e Nova Garanhuns e em quase toda a extensão da Avenida (ou Rodovia) Carlos Lindenberg. Em menores proporções, também em outros bairros houve alagamentos, costumeiros com qualquer chuva intensa.
Apesar do movimento tímido no calçadão da Praia da Costa nesta última manhã do ano, Anésia e eu fizemos nossa costumeira caminhada, não nos estendendo mais que três quilômetros porque às sete horas da matina o sol brilhava alto e irradiava bastante calor.
Passamos no supermercado e no hortifruti que são próximos à nossa residência, compramos tranquilamente, pois hoje o movimento não se parecia com aquele da véspera do Natal. Talvez o maior volume de compras para celebrar o “Reveilon” ocorra no turno vespertino, especialmente para aqueles que deixam tudo para a última hora.
Este ano, pelo menos durante a manhã, o número de tendas destinadas àqueles que vão assistir à queima de fogos para celebrar a virada do ano era mínimo, em comparação aos anos anteriores, mas ainda é cedo. Mesmo os freqüentadores da praia se fazem presentes em quantidades mínimas. Quer me parecer que a orla só estará repleta à noite, isto é, se não chover.
Daqui a pouco fará parte do passado a eleição de Barak Obama, que presidirá a nação mais poderosa do mundo, a tragédia que marcou o Estado de Santa Catarina com enchentes deslizamentos de terras e desabamentos de moradias, onde, mais de uma centena de vidas se perderam; mas os atos de guerra no Oriente Médio indicam terem continuidade também em 2009, para pobre povo sofredor, cujas guerras tiveram início em épocas remotas e parecem nunca terem fim.
E a crise financeira mundial? Foi verdadeiro cataclismo que sacudiu, derrubou desde os mega empreendimentos das mais poderosas nações do mundo aos dos povos mais carentes do planeta. Perderam-se bilhões de dólares, de euros, de ienes, inclusive de reais. Também desapareceram milhões de empregos de onde vem a subsistência de outros milhões de pessoas. Que desdobramentos, esta crise ainda promete para 2009? Será que a retração que ocorre no consumo, na produção e no crédito escasso trará que conseqüências? Será que uma frase popularmente utilizada, durante crises econômicas brasileiras: “não pense em crise, trabalhe” teria alguma utilidade para a resolução da crise que assola todo o planeta?
Nem parece que há apenas um semestre houve as Olimpíadas de Pequim, as paraolimpíadas, terremoto devastador na China; depois eleições de prefeitos e vereadores em todos os municípios brasileiros. Daqui a pouco será que alguém se lembra em quem votou? E as “maracutaias” que emporcalharam todas as esferas do poder? Tornarão a ocorrer?
Bem, que o ano de 2009 seja repleto de progresso, de bem estar, de saúde, de amizade, de harmonia. Enfim são coisas desejadas a todos e por todos.
E a todos: um feliz 2009!


terça-feira, 30 de dezembro de 2008

TRÂNSITO COMPLICADO NA MADRUGADA

Cheguei ao Parque Moscoso e me deparei com trânsito engarrafado: não havia qualquer sentido com opção para se sair ou se chegar. Um coletivo de passageiros havia colidido na traseira de um caminhão próximo ao cruzamento da Rua Florentino Avidos com a Av. República. Não havia agente de trânsito no local e tudo se agravava devido aos curiosos que paravam seus autos e saltavam para testemunhar o ocorrido. Nem é preciso dizer que as ocorrências de rua atraem sempre um sem número de curiosos. Uns perguntavam: “- Quem foi o culpado”? “- há alguma vítima fatal?”. Sim, parece que existem pessoas que devotam solidariedade, quando alguém sofre algum infortúnio: acidente, assalto ou qualquer outra coisa. Mas há uma coisa curiosamente própria do ser humano, talvez resquícios de sadismo. Coisa estranha, mas parece sentirem prazer em ver sangue derramado, cadáver ou coisas do gênero. Há ainda grande parcela da população que simplesmente é atraída por mera curiosidade.
O que me incomodava era o trânsito que não fluía, embora eu não tivesse compromisso inadiável, essa inércia me causava ansiedade. Felizmente não tivemos notícias de que existissem vítimas; apenas danos materiais, tanto no coletivo, que era dirigido por meu compadre Darcy Venturini, como no veículo atingido na parte traseira. Eu, na realidade, soube por acaso, quem era o motorista condutor. Digo e repito: não sou movido por curiosidade e se souber que existe vítima, quer seja fatal ou não, eu procuro me afastar do local, não por omissão de socorro, mas porque me causa sentimento de pena, pois lamento qualquer tipo de sofrimento que algum semelhante possa sentir.
Horas se passaram até que um desses agentes de trânsito do Município de Vitória, depois de desbloquear o trânsito com ruidosa sirene de sua viatura, deu oportunidade para que a perícia comparecesse ao local para fazer o registro da ocorrência. Esses registros são peças indispensáveis para que os seguros dos autos sejam acionados para a cobertura dos sinistros, indenizarem terceiros envolvidos; enfim colocar tudo sob o manto da legalidade.
Assim que chegado o perito de trânsito da polícia rodoviária do Estado, meu compadre Darcy simplesmente declarou-se culpado por motivo de estar guiando sem observar a distância mínima regulamentar. E quem bate na traseira dificilmente tem razão. Uma das exceções seria no caso de que o veículo da dianteira estivesse no sentido marcha à ré, coisa que deveria ser provada, mesmo que por meio de testemunho visual.
A simples ocorrência de uma colisão de veículos pode dificultar o trânsito por horas e mais horas. E, se tiver vítimas, tudo se complica mais ainda. Até o socorro é dificultado e, aquelas pessoas que são dadas a apreciarem eventos desse tipo, costumam se aglomerar no local, mesmo sem entender algo do acontecido, perguntam-se entre si, não sendo raro, criarem histórias fantasiosas com fatos inexistentes.
O nosso pequeno acidente, nada mais que insignificante incidente, gerou complicações no trânsito durante a madrugada. Imaginem se fossem nos horários de movimentação intensa, que ocorrem nas manhãs e no entardecer? Certamente seria tudo mais complicado. Mas no caso presente tudo se dissipou ao amanhecer do dia, q uando soou nosso despertador.


quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

UM DIAMANTE VERMELHO

Você é capaz de reconhecer um diamante vermelho? Pois bem. Eu imaginava que não soubesse, mas durante a última madrugada tive prova disto: um garimpeiro me entregou uma gema completamente negra que, numa face que parecia polida, exibia um brilho que me ofuscava a visão. Brilho que emanava todas as cores do arco íris. Que pedra seria? Coisa que eu jamais vira, mas a intuição me revelava: só podia ser um diamante.
Com aquela misteriosa gema no bolso, eu procurei por um indivíduo de quem sequer sei o nome; sei apenas que ele era ourives, protético e odontólogo. E eu lhe entreguei a pedra para que a examinasse, porque fora informado de que esse profissional entendia de gemologia. Assim que pôs mãos no material, ele passou saliva e a encostou no lado esquerdo do seu pescoço. Logo se mostrou perturbado diante do que sentiu naquele toque. Apenas me disse: “- tenho que fazer o teste do fogo para ter certeza se esta gema é, realmente, a que imagino”.
Aquele profissional de múltiplas atividades levou a pedra ao fogo de um maçarico e, em poucos momentos a peça mudou da cor negra intensa para um verde semelhante ao da esmeralda. Vi na fisionomia do indivíduo que ele se mostrava atônito, parecendo demonstrar certo frenesi diante do que a pedra demonstrava.
Nesse momento chegavam clientes para tratamentos odontológicos, um deles parecia estar acometido de fortes dores e reclamava atendimento urgente. O dentista interrompeu o exame da pedra para atender aquele paciente, abrindo um dente com uma broca, cujo ruído me incomodava os ouvidos. Era como se ele estivesse abrindo algum dos meus dentes. Essa experiência era conhecida, desde minha infância, quando freqüentei um gabinete de dentista, e até que tivesse o último dente extraído recentemente. O dentista, sem que nada lhe fosse perguntado me disse: “– vou cobrar vinte contos pelo serviço, pois logo vou obturar o dente desse cliente”. Outros pacientes chegavam e o profissional continuamente tomado de uma espécie de excitação, ora levava a pedra ao fogo, ora atendia alguns dos pacientes que chegavam continuamente.
Eu percebia o seguinte: pelo estado aflitivo que o profissional demonstrava a pedra realmente era algo valiosíssimo e aquilo começava a me preocupar, pois o garimpeiro, que me confiara essa gema, teria me dito que recebera uma oferta de cinqüenta e cinco mil reais e, nessas circunstâncias, me pareciam óbvias, além do profissional do garimpo de quem eu deveria comprar o material achado, embora nada tivesse sido dito, com o desvendamento de que se tratava de uma gema de alta preciosidade, eu havia adquirido um sócio. Sim. Isto mesmo. Duas coisas levariam a isto: o preço do sigilo e o custo do trabalho.
Nisso, eu peguei a pedra e a coloquei contra luz, observando de que já não era negra; tinha uma cor marrom. Agora, eu comecei a sentir-me impaciente e falei ao indivíduo: “- não dá para a gente concluir o trabalho hoje. Eu levo a pedra, você atende seus clientes e a gente conclui o trabalho amanhã?”. “– Nada disso, dá para a gente fazer as duas coisas ao mesmo tempo”. Percebi que a coisa era tão valiosa que nem eu nem o profissional confiávamos um no outro. E agora? Presenciávamos um impasse: eu não confiava deixar aquela coisa valiosa nas mãos daquele indivíduo, nem ele confiava deixar para o dia seguinte. O profissional completamente aturdido e se mostrando visivelmente tomado de ansiedade me confidenciou: “- essa pedra é a coisa mais valiosa que já vi. É um diamante vermelho raríssimo e só falta mais um pouco de fogo para que revele todo o seu colorido e brilho. Tenha paciência, que atendo meus clientes e faço a conclusão do tratamento da pedra. Aguarde!”.
Agora eu pensava: “como faço? Proponho ao garimpeiro comprar-lhe a preciosa mercadoria? E ao profissional que faz o tratamento térmico do material? Faço-lhe uma proposta? Mas que proposta? Pensando bem seria melhor, nesse momento, aguardar pacientemente o resultado e depois, quem sabe?... Falar francamente sobre a existência de um garimpeiro que é o legítimo dono do diamante e propor-lhe uma tríplice sociedade?”. A verdade é que, de qualquer forma nenhum dos três tinha condições financeiras para comprar qualquer uma das partes. Neste caso depois do resultado final, se, realmente, a gema for um preciosíssimo diamante vermelho, o melhor que se poderia fazer, seria procurar quem pudesse comprar a mercadoria, vendê-la e fazer uma justa partição do dinheiro.
Mas que dinheiro? Não é que o despertador que minha esposa tem instalado no seu celular, soou forte às seis horas da manhã e desfez todo esse sonho de riqueza. Não foi preciso dividir coisa alguma, pelo menos por enquanto.





segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

SE EU FOSSE CAPAZ...

Se eu pudesse e tivesse o poder de decidir ou até mesmo de propor, eu seria capaz de unificar os distritos de Alto Caldeirão e Alto Santa Maria (que era antigamente do “Rio Doce”). Não que eu seja contra a existência de distritos fracionados do antigo Distrito Alto Santa Maria do Rio Doce, hoje Alto Caldeirão e Alto Santa Maria, o primeiro incorporou Tabocas e Alto Tabocas, ficando o segundo com Alto Várzea Alegre e com as “Barras” do Perdido, do Rio Várzea Alegre e do Córrego Santo Hilário.
Se eu fosse capaz, eu faria a supressão de todos esses “Altos”. Em lugar de Alto Caldeirão, seria apenas Caldeirão, Alto Tabocas em apenas Tabocas, Alto Várzea Alegre, trocaria o nome da localidade para Pedra da Onça, Alto Santa Maria, voltaria a ser chamado Santa Maria do Rio Doce para distingui-lo de Santa Maria da Vitória. Quanto às “barras”, eu deixaria para que outras pessoas, se é que tivessem idéias diversas que sugerissem trocar esses nomes. Esse assunto deveria ser posto à opinião pública dos cidadãos residentes em toda a área de abrangência.
Se a unificação dos distritos fizesse dessa união resultado da soma de forças, assim: Tabocas continuaria sendo, além do local do cultivo do café arábica, o pólo da uva e do vinho; Caldeirão, além da confluências das rodovias por onde se pode chegar a Santa Maria de Jetibá, a Itarana e a Santa Teresa, o seu clima ameno pode tornar a localidade propícia ao agro turismo – vocação natural dessas montanhas; os baixios de Várzea Alegre, Pedra da Onça e os vales dos rios Santa Maria e do Perdido, dotados de terras férteis e com recursos hídricos abundantes se tornam propícios à produção de alimentos, tanto cereais como leguminosas e frutas. Há ainda, nessa parte do distrito potencial mineralógico de granitos nobres e de gemas preciosas, especialmente das águas-marinhas.
Mas se eu, realmente, fosse capaz, primeiramente proporia a unificação dos distritos, renomeando-os “Caldeirão de Santa Maria do Rio Doce”. Esta reunificação estaria criando o embrião de um futuro município, com um nome que contemplasse tanto a antiga localidade de Caldeirão e o nome do Rio Santa Maria do Rio Doce, não deixando a quem quer que localize este nome, dúvida sobre a que localidade se trata.
Fui ferrenho partidário de que se adotasse para nome do distrito – Várzea Alegre. Vejo hoje que a grandeza do município cearense que tem esse nome ofuscaria a nossa Várzea Alegre, também existe em Minas Gerais um município de grandeza relativa, chamado “Vargem Alegre”. Este, também, tem nome semelhante, servindo para confundir pessoas que procurassem por Várzea Alegre. Também não se deveria suprimir esse nome que continuaria a nomear, talvez, um dos distritos desse nono município. A nova unidade municipal seria sediada em Caldeirão ou em Várzea Alegre e teria os seguintes distritos: Sede, Tabocas, Várzea Alegre, São Paulo e Barra do Rio Perdido.
As jurisdições distritais seriam assim:
O Distrito Sede, se em Caldeirão, compreenderia alcançar os limites dos Municípios de Itarana, de Santa Maria de Jetibá e de Santa Teresa; se em Várzea Alegre, compreenderia toda a baixada de Várzea Alegre, acrescido da localidade de Pedra da Onça.
O distrito de São Paulo do Rio Perdido abrangeria Itanhanga, Pedra Alegre e Córrego Frio.
O distrito de Tabocas abrangeria, além desta localidade, São José e Santo Hilário.
O distrito de Barra do Rio Perdido abrangeria o Vale do Perdido, o Vale do Santa Maria, chegando à Barra do Santo Hilário.
Vantagens:
O município recém criado passaria a receber quota do Fundo Nacional dos Municípios, dotações específicas para aplicar em Educação e Saúde. Teria como ordenar a ocupação dos espaços urbanos e deles receber tributos destinados à municipalidade. Outras vantagens seriam as possibilidades de gerir e de legislar mediante a instalação dos poderes executivo e legislativo municipais.
Também haveria vantagem para o Município de Santa Teresa, que se desoneraria dos dispêndios que lhe afetam o orçamento municipal, pois esse território emancipado deixaria de depender das dotações dessa municipalidade. Acresce, ainda, que as receitas originárias do território desmembrado não acarretarão perdas, porque os serviços públicos de educação e de saúde onerarão recursos próprios e de transferências da União.


terça-feira, 16 de dezembro de 2008

NOSSA VÁRZEA ALEGRE


Pois bem esta nossa Várzea Alegre, pequenina e linda tem paisagem privilegiada: dela podem ser vistas: a Pedra da Onça, um pico rochoso no limite dos municípios de Santa Teresa e de Itarana, local em que, em 1941, foi descoberta a maior jazida de águas-marinhas de que se têm notícias; a Pedra Alegre, de onde pode ser avistada a Cidade de Itarana; a Pedra Paulista, no limite de Santa Teresa com Itaguaçu, próxima Também do tríplice limite desses municípios com o de São Roque do Canaã. São visíveis ainda os adornos formados pela Pedra do “Charuto”, pelas pedreiras do riacho “Canudo”, a Serra do Toma Vento; as montanhas do “Caldeirão”, as montanhas do Santo Hilário, bem como o Vale do Rio Perdido, que fica aquém da Serra de Santa Júlia.
Várzea Alegre é terra fértil onde se alternam as culturas de café da variedade arábica e do famoso “Conilon”, terra que produz gêneros alimentícios como cereais, leguminosas, tubérculos e hortaliças, especialmente tomateiros.
Esta localidade é, também, a vila urbana que serve de sede ao Distrito de Alto Santa Maria, que é encravado na região sudoeste do Município de Santa Teresa, Estado do Espírito Santo.
Está-se escrevendo a história desta Várzea Alegre, tendo como colonizadores pioneiros membros das famílias de luso brasileiros, “Damasceno” e “Lima”. Estes foram seguidos por descendentes de europeus de origem germânica (alemães, pomeranos, holandeses austríacos) e de uma maioria de descendentes de imigrantes italianos.
Brevemente a história desta nossa Várzea Alegre será publicada neste blog.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

TORNEI-ME ASSASSINO

Isso já me aconteceu no passado. Tornei-me assassino acidentalmente, quando uma arma que eu portava disparou e atingiu meu melhor ex-amigo. Além de perder esse, toda a sua família deixou de me considerar amigo, se tornando todos eles meus desafetos. Também pudera! O que eu podia esperar a partir desse momento. Não tive sequer coragem de prestar socorro à vítima, não porque fosse esse o meu instinto. Foi por medo mesmo. Eles poderiam reagir violentamente, e até promoverem um linchamento, não me restando outra opção senão a de fugir.
Você, leitor, por acaso conhece a Cidade de Fundão? Pois foi ali que esse fato lamentável ocorreu. Bem se você me respondeu afirmativamente, devo lhe informar que saí correndo serra acima até a Cidade de Santa Teresa, que dista exatos vinte e oito quilômetros. Não fiquei ali, pois sentia que não tardaria ser alcançado, e aí... Bom nem pensar. Continuei caminhando a pé por mais trinta e cinco quilômetros até chegar à localidade de Várzea Alegre. Deveria encontrar um esconderijo e o fiz em casa de minha cunhada Demétria, que nessa época residia na mesma casa em que fiquei alojado quando Romélio e eu éramos sócios de uma farmácia. Ocupei o mesmo quarto de outrora, onde a atual cama ocupava a mesma posição. De nada adiantou ocupar esse esconderijo, pois não tardou que curiosos chegassem para indagar de Demétria porque eu estava escondido ali. Embora ela lhes dava respostas evasivas, mais e mais curiosos vinham e alguns chegaram até à janela do quarto para indagarem diretamente a mim; eu não lhes dava chance, fingindo dormir, coisa que eu não conseguia devido aos sentimentos simultâneos de culpa e de medo. E como li em algum livro: a notícia se espalhava como se fosse “num rastilho de pólvora”, levando a toda a população local conhecer toda a verdade. Assim, eu estava vulnerável tanto àqueles que me perseguiam quanto à polícia, que deveria estar no meu encalço.
Resolvi retornar até Santa Teresa. Ali deveria me sentir mais seguro, mas foi puro engano: quando passava pela rua, conhecidos, amigos e especialmente curiosos apontavam e, de dedo em riste e diziam:
- olhem aí o assassino!
E isso me deixava a cada vez mais ansioso, sentindo minha respiração ofegante aliada ao cansaço extenuante das longas caminhadas.
Cheguei à casa de Renato, sobrinho de Anésia. Ele havia colocado à frente da rua, que era naquele local em que antigamente funcionara a cadeia pública, montes de areia para serviriam como trincheiras no caso de sermos atacados pelas pessoas que me procuravam para fazerem justiça com as próprias mãos. Renato me entregou um revólver de marca famosa e uma espingarda calibre doze de repetição. Ele me orientou a que me postasse atrás desses montes de areia para me servirem de escudo no caso de troca de tiros. Fiquei ali por alguns instantes a sós, quando vi policiais militares sendo municiados com potentes armas como fuzis e metralhadoras. Não tive dúvidas: a força policial se dirigia na minha direção. Rapidamente escondi o armamento e me postei diante da casa, aguardando a chegada da força policial constituída por um militar que portava uma metralhadora e duas policiais femininas que traziam um pedaço de tecido de lona (imaginei que tal tecido serviria, caso eu reagisse, para me imobilizar como se fosse algo parecido a uma camisa de força). Assim que o grupo se aproximou, eu disse em voz alta:
- a quem procurais?
- é você que se chama Idomar?
- Positivo, respondi, elevando meus braços, numa atitude de entrega, como o fazem as pessoas quando abordadas para serem presas.
As duas policiais iniciaram simultaneamente: enquanto uma fazia minha identificação datiloscópica completa a outra me colocava suavemente um par de algemas. O que acabava de acontecer comigo? Estava preso e sob a custódia do Estado e isso me trouxe uma completa sensação de confortável segurança. Toda a ansiedade e o medo que sentia desapareceram completamente. Finalmente estava em paz. Será que esse sentimento ocorre comumente quando as pessoas são presas? Eu sabia perfeitamente que merecia ser julgado e até condenado pela morte do meu amigo; não pela intenção, porque ela não existiu, mas devia, sim, ser responsabilizado por minha negligência de portar uma arma sem qualquer necessidade: o uso de arma é restrito às pessoas que trabalhem na polícia, fazem serviço de segurança ou dela necessite para sua defesa em situações especiais.
Um fato que me chamou atenção eu o registro: as policiais femininas mostraram extrema competência ao me fazerem abordagem e prisão. Costumo dizer que o mundo sempre pertenceu às mulheres e elas não se cansam de demonstrar isso. Muitos fingem em não acreditar numa verdade axiomática.
Eu estava com a consciência em paz, porque seria julgado e seria castigado por crime de culpa; não de dolo, porque, realmente jamais tive intenção de fazer uso de arma, nem mesmo como instrumento de defesa. Afinal, defender-me do quê?
Apesar dos castigos de que resultariam do julgamento, havia algo que jamais seria compensado, por mais rigorosas que fossem as penas: nada faria com que meu amigo retornasse à vida.
Embora eu não tenha mencionado, essa história ocorreu em duas fases distintas: na primeira eu acordei. Na segunda só acordei quando o carrilhão instalado na cozinha tocou às seis horas da manhã, seguido imediatamente pelo despertador programado no celular de Anésia, minha esposa.

domingo, 14 de dezembro de 2008

MENSAGEM DE NATAL


O NATAL DE SEMPRE

Natal era a festa maior precedida das festividades dedicadas a Santa Luzia. Esta comemoração abria os festejos de final, passagem de ano e dos Santos Reis.
Na tarde de 12 de dezembro a gente saía, recolhendo porções da grama mais fresca que se encontrasse. E isso não era difícil, porque tanto nas beiradas dos caminhos quanto nos pastos que circundavam nossa casa lá da roça, grama era um capim abundante. Era necessário colocarmos nos pratos em que aguardávamos os presentes da santa, aquelas porções de grama para servirem de alimento ao seu “burrinho”, senão ela poderia não vir.
A vinte e quatro de dezembro, novamente colhíamos grama para alimentarmos aquelas renas que puxavam o trenó de Papai Noel que passaria durante essa noite do nascimento do Menino Jesus.
Na passagem do Ano Velho para o Ano Novo, o Ano Bom, nós colocávamos nossos pratos porque esse Ano Novo nos traria algum presente e, ainda, tínhamos mais uma oportunidade na noite de seis de janeiro – nessa data passariam os Reis Magos – os santos reis.
Uma coisa que nos deixava temerosos: a chuva que costumava cair copiosamente nessa época, porque o Rio Canudo quando enchia costumava não permitir passagem, nem mesmo para quem estivesse montado em burros ou cavalos. Felizmente tanto Santa Luzia quanto Papai Noel nunca deixou de nos visitar.
Num retrospecto, essas datas lembram os presentes que costumávamos ganhar: Na noite de Santa Luzia, poderiam vir algumas balas, ora daquelas fabricadas pela “Garoto”, umas no formato de bolinhas listradas, outras embrulhadas em papéis ilustrados com as figuras das frutas dos doces de que eram recheadas. Havia alguma vez que só vieram algumas balas no formato de pequenos ovos de açúcar colorido. No natal, além das balas doces costumeiras, houve alguma vez que ganhamos bombons e também barras de chocolate (até hoje quando sinto o aroma do chocolate, ele me faz lembrar a noite do Natal e as festas de final de ano). Na passagem de ano, houve vez que ganhamos cada um de nós, uma daquelas notas azuis de um cruzeiro. Mas na noite passagem dos Santos Reis, os presentes eram escassos. Ganhava-se nada mais que balas doces. Presentes como brinquedos, ou uma lata daqueles doces “quatro em um” (goiabada, marmelada, pessegada e bananada), só eram vistos nas casas dos nossos vizinhos, que tinham situação financeira melhor.
Mesmo nessa simplicidade das festas de Santa Luzia, do Natal, da passagem do Ano Velho para o Ano Novo e na passagem dos Santos Reis, havia um encantamento de magia e de fantasias próprias do nosso tempo de infância; nem se sonhava ainda com os pisca-piscas multicoloridos e toda essa sinfonia de músicas e de cores dos natais de hoje. Mas se vivia uma felicidade ímpar. Será que as crianças que estão nesses espaços outrora ocupados por nós, serão tão felizes quanto nós o fomos, quando comemoram essas festas? Tomara que sim! E até muito mais, porque o Natal será sempre a data maior do mundo infantil. Enquanto houver crianças, o Natal e as festas de final de ano ocorrerão com todas as fantasias do encantado mundo das crianças.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O MAR INSISTE EM AVANÇAR SOBRE VILA VELHA

Se não me engano esta seria a quarta vez que o mar invade Vila Velha. Choveu muito nesse terceiro decêndio de novembro de 2008, lembrando-me, inclusive, de uma tragédia ocorrida a 22 de novembro de 1966, há quarenta e dois anos, portanto. Na noite dessa data choveu tanto que as encostas do Canudo e do Toma Vento (localidades situadas no Município de Santa Teresa, ES), pareciam desabar literalmente. Para complicar houve queda de granizo, depositando-se nas baixadas de Várzea Alegre e permanecendo em estado sólido por mais de trinta dias. Felizmente naquela tragédia ocorrida em 1966, não houve, como agora nesta ocorrida no Estado de Santa Catarina, perdas de vidas humanas. Os prejuízos significativos se expressaram em perdas de plantações e de animais bovinos, eqüinos e muares
Com base na lei da conservação da matéria proclamada pelo princípio de Lavoisier de que: “Na natureza nada se cria e nada se perde; tudo se transforma”, pode-se ver que as notícias sombrias sobre o aumento dos níveis dos oceanos não implicam em que a natureza tenha obtido reforço nos estoques hídricos; eles apenas migram pela transformação que o degelo das calotas polares e das demais geleiras da Terra, tornadas líqüidas aumentem os níveis das massas dos oceanos e mares. Isto quer dizer que água em estado sólido se liquefez e se deslocou para os depósitos líqüidos.
Essas chuvas abundantes não poderiam de forma alguma ter influência nesse aumento repentino das águas do mar, que vi crescerem, encobrirem a Avenida Gil Veloso, inundar os estacionamentos do subsolo dos prédios da Praia da Costa e depois lentamente subindo e ocupando seguidamente os pavimentos inferiores de todos os prédios. Mas a água do mar tinha o colorido próprio da água-marinha, não daquele da gema preciosa, mas este da própria água do mar. Não sei distinguir se era azul esverdeada, ou verde azulada. Estes matizes cromáticos se faziam presentes e não havia marolas; só a água subia lenta e mansamente, não inspirando nada que fosse desastroso ou assombroso.
Outras vezes eu vi coisas semelhantes, mas esta recente me deixa certo de que o anúncio da elevação dos níveis dos oceanos e mares é coisa certa; embora freadas bruscamente as causas, mesmo assim não haveria como retroceder deste destino considerado unanimemente pelos cientistas como coisa certa e óbvia. Mas por que, esta visão me acompanha e me sugere aviso premonitório de coisas de um futuro que minhas vistas não alcançarão. Seria presunçoso afirmar que minhas visões se constituem em aviso para que a humanidade se previna, adote providências que possam postergar tais fatos. Por que esses avisos teriam que chegar a alguém que vive no anonimato da insignificância que tem minha pessoa? Essas coisas deveriam ser reveladas a pessoas que têm poder para influenciar opiniões, que têm poder para mudar rumos de acontecimentos, tanto na esfera econômica quanto na política. Também tudo isso deveria ser revelado a pessoas que têm influência nos meios de comunicação e, finalmente pessoas que tivessem autoridade para determinar mudanças no comportamento das pessoas, das organizações religiosas, das governamentais e de outras quaisquer.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

ORKUT, O QUE É ISTO?

Afinal o que é Orkut? É uma sociedade formada por pessoas e mantida pelo Google, criada pelo engenheiro turco Orkut Büyükkokten, que lhe emprestou o nome e tem como objetivo a aproximação de pessoas amigas para que se comuniquem através da rede internacional de computadores. Esse nome ocupa na atualidade o ranking dos assuntos mais procurados: é uma realidade, quer queiramos ou não; quer gostemos ou não.
Será que o nome ORKUT tem algo de especial que encanta milhões de internautas? O que explica tal fenômeno?
Em torno desse nome se unem pessoas idosas, pessoas maduras, pessoas jovens e crianças: todos entendem a linguagem tornada universal para que amigos se encontrem, amigos se tornem amigos dos amigos dos amigos...
A verdade é que a gente encontra gente que a gente quer encontrar; gente que a gente não gostaria de encontrar, mas só não se encontram nessa organização aqueles que relutam em não aceitá-la.
Para finalizar: existe algo de mágico no ORKUT?

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

TRAGÉDIAS EM NOVEMBRO

Há quarenta e dois anos nesse mesmo dia em que o Estado de Santa Catarina sofreu a maior catástrofe da sua história, culminando com enchentes, deslizamentos de encostas, desabamentos de prédios, postes, destruição de tubulações de água, de gás, destruição de rodovias, de redes elétricas e de portos. Exatamente nesses 22 de novembro de 1966, uma tragédia de menores proporções, embora semelhante, se abatia sobre Várzea Alegre, trazendo abaixo florestas, plantações e animais oriundos das pedreiras do Canudo e do Toma Vento.

A semelhança singular desses acontecimentos demonstra o diferencial das proporções: essa daqui, eu a testemunhei num sonho ocorrido em agosto do ano de 1966, fato testemunhado por relato que fiz à minha esposa naquela manhã e comprovado na noite de 22 de novembro de 1966. A destruição alcançou lavouras de café, de cereais e uma casa residencial desocupada a tempo. Além da chuva torrencial e ventos de muitos quilômetros, caiu muito granizo visto até 30 dias depois do ocorrido; uma coisa diferente desta tragédia foi que aqui não houve a lamentável perda de vidas humanas como as que vimos em Santa Catarina em imagens registradas e gravadas na nossa mente, causando comoção coletiva. Esse fato está registrado detalhadamente no livro de minha autoria “Memórias 2ª edição”, tal como narrado aqui.

No ano passado, quando os noticiários estamparam manchetes sobre causas e conseqüências do aquecimento global, eu fiz ilações sobre o comportamento climático e dos possíveis acidentes catastróficos a nós reservados nesses próximos tempos, passando-me pela imaginação: o degelo das calotas polares e geleiras situadas sobre os picos mais elevados da terra, que farão com que os níveis dos oceanos se elevem e inundem todas as costas terrestres. O maior aquecimento provocará aumento na evaporação, gerando maiores concentrações de água em estado gasoso (nuvens) e a temperatura mais alta provocará maior intensidade na sublimação, gerando chuvas diluvianas, ventos velocíssimos, enchentes de rios que poderão inundar e arrastar tudo que exista nas áreas ribeirinhas. Chuvas intensas e constantes encharcarão as terras que deslizarão pelas montanhas abaixo. Com efeito, como se localizar nos pontos mais seguros? As áreas costeiras poderão ser inundadas, como vales por onde escorrem rios e riachos. Construir moradias nos altos das montanhas? Estas poderão vir abaixo trazidas por chuvas diluvianas. Erigir grandes moradias verticais? Elas poderão cair sob a força descomunal dos ventos de furacões, de tornados e de ciclones. Aonde, então, haverá maior segurança?

Se houver no futuro materiais flutuantes, se é que não existam adversidades ainda não imaginadas, parece que as edificações mais seguras seriam flutuantes, acrescendo também que, no caso de previsão de catástrofe em uma determinada área geográfica, poderiam ser arrastadas para locais mais seguros.

Acredito com a certeza de leigo que, embora desconheça verdades axiomáticas da ciência, escreve livremente o que pensa; talvez essa providência não traga grande contribuição, mas a vontade de ser útil me faz um intruso nas áreas onde pouco ou nada conheço. Não sei, mas se nada ocorre sem que Deus o permita, Ele me permite e eu escrevo sobre o que sei, talvez sobre o que penso que sei; minha vontade de ser útil suplanta minhas limitações. Portanto os conhecedores, ou seja, aqueles dotados do conhecimento que me perdoem a intromissão em assuntos tão complexos.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

VÁRZEA ALEGRE EXISTE MESMO!

Esta Várzea Alegre à qual me refiro existe: é o nome da sede do Distrito Alto Santa Maria, Município de Santa Teresa, Estado do Espírito Santo. O distrito tem o nome Santa Maria porque se localiza nas cabeceiras desse curso d’água que chega ao Rio Doce na cidade de Colatina.
Várzea Alegre já produziu, tanto nas montanhas que a cercam, como nas várzeas que lhe emprestam o nome, gemas preciosas como águas-marinhas, ametistas, crisoberilos, granadas, morganitas; quartzos citrino, morion e hialino; pedra da lua, brasilianitas, piritas e fluoritas, e outras ainda por descobrir. Sobre as jazidas já prospectadas e as que ainda podem existir, o assunto é abordado no livro “A Pedra da Onça – Jazidas, lavras e garimpos no Espírito Santo”, que, além de muitas localidades citadas, Várzea Alegre ocupa lugar de destaque também por muitos garimpeiros que apenas sonharam e outros que alcançaram fortuna.
Mas esta terra tem outras riquezas: a beleza de suas paisagens pode ser vista de quaisquer ângulos das cadeias que a cercam e a fazem se parecer com uma imensa bacia côncava repleta dos verdes dos cafezais entrecortados por polígonos ocupados por outros cultivares (cereais, leguminosas, tubérculos, hortaliças e outros), por alguns trechos de mata atlântica e pelo granito de espécies nobres.
A maior riqueza de Várzea Alegre está implícita na sua população, na sua história de localidade que esteve praticamente isolado por cerca de um século, isolamento rompido a partir do início da década de 1950, quando agricultores se dedicavam aos sábados no trabalho braçal extra para a construção de uma estrada rudimentar para que os primeiros veículos auto motorizados chegassem à localidade. E assim não parou mais, até que, em 2005, foi decidido pelo governo estadual construir um moderno segmento de 17,5 quilômetros da rodovia ES-452, ligando Santo Antônio do Canaã a Várzea Alegre, obra que se encontra concluída, aguardando inauguração. Agora, Várzea Alegre se encontra devidamente integrada por moderna via pavimentada. Isto permite que produza mais, seja visitada e conhecida; a fama que possa atrair o interesse de mais visitantes, mais compradores de seus produtos depende da criatividade de que Várzea Alegre ofereça atrativos capazes de aguçar interesses diversos: atrativos gastronômicos, de lazer, de cultura, de matérias primas, de produtos industrializados, enfim. Tudo agora depende da população descruzar os braços, arregaçar as mangas e colocar mãos à obra para fazer coisas diferentes, desejadas, raras e notórias. Não há mais motivo para alegar falta de comunicação, de transportes, pois tudo ficou mais próximo e ágil.
Agora a decisão de alavancar o progresso da comunidade depende de cada um dos habitantes de Várzea Alegre; não bastando ter meios de transportes ágeis e seguros; é preciso tomar iniciativas, tais como incrementar a produção agrícola, fomentar o agro turismo, planejar e implementar empreendimentos que criem postos de trabalho, não só para evitar o êxodo rural, como também para servir de atrativo para a migração de trabalhadores, propiciando o crescimento demográfico de tal modo que venham desfrutar do progresso que se desenha neste futuro próximo.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

EXISTE ÁGUA NO SUBSOLO DE VILA VELHA?

Possibilidades existem, dependendo do local que se perfurem poços. Se a perfuração localizar algum abismo entre os rochedos que afloram tanto no mar quando no solo das baixadas sedimentares de Vila Velha, é possível que se encontre grande quantidade de água dessa proveniente do mar, que se infiltra pela porosidade do terreno; a qualidade não deve ser das melhores, pois é possível a existência de alta salinidade e restos orgânicos de origem vegetal e animal (fito-biológicos e zoobilógicos originários do ecossistema superficial, hoje depositado), cujas matérias confiram à água existente inclusões de impurezas, como a exacerbada presença de compostos nitrogenados que as tornariam impróprias do ponto de vista da potabilidade. Essas reservas hídricas poderiam servir ao uso como elemento de irrigação para plantas paisagísticas e para uso nas ações de limpeza de ruas, praças, ginásios de esportes e de pátios de estabelecimentos comerciais e industriais. Isso causaria uma economia de água tratada, desperdiçada nessas aplicações, o que encarece e baixa oferta de produto próprio ao consumo humano.
Se poços perfurados em camadas profundas localizarem lençóis de água, de água abaixo de camadas rochosas de arenitos fundidos com óxidos metálicos tais como ferro e alumínio, existe a possibilidade de ser encontrada água de qualidade potável e em quantidades suficientes para substituir parcial ou totalmente a água que hoje é oferecida proveniente dos rios Jucu, Marinho e Santa Maria. Também os municípios de Cariacica e de Serra têm chances de concorrer com as potencialidades hídricas do Município de Vila Velha, através de perfurações profundas no subsolo, tendo estes dois municípios chances de produzirem água de melhor qualidade.
Voltando a Vila Velha, nessas terras, quanto mais profundos os poços perfurados, além de água de boa qualidade, podem ser descobertas águas impregnadas de substâncias tóxicas de origem mineral, como é comum a existência de altos teores de arsênicos nesses lençóis freáticos profundos desde o extremo sul da América ao extremo norte da América do Norte. Há, ainda, a possibilidade de ser encontrado algum poço de petróleo, devido existir reservas de óleo na plataforma oceânica, não se podendo descartar sua existência também na plataforma continental.
Se prospecções experimentais localizarem águas quantitativa e qualitativamente viáveis, isto poderá solucionar a demanda por água com o crescimento vegetativo populacional da Grande Vitória. E isto, segundo projeções estatísticas de estudos, em médio prazo, remete estudos para a busca de água na Bacia dos Reis Magos, no Município de Fundão e na Bacia do Rio Piraqueaçu, no Município de Aracruz. Se nenhuma das hipóteses se tornarem viáveis, a solução para o abastecimento de água da região virá através da dessalinização da água do mar, através de grandes empreendimentos públicos ou de micro, pequenos e médios serviços para o abastecimento setorizado, quer sejam de iniciativa, tanto do poder público quanto da iniciativa privada.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

CRISE FIANCEIRA GLOBAL – Comportamentos

Afinal como devem as pessoas se comportar neste tempo de crise econômica? As respostas são diversas. A que tipo de comportamento se refere? Vários: exportações, importações, políticas creditícias, juros, oferta, demanda, produção e consumo. Há quem diga que o próprio mercado regula a economia. Vejamos: o medo de que não haja mercado, há quem reduza a produção, o receio de que haja escassez de produtos, muitos correm às compras; a escassez de recursos para que o governo disponibilize crédito para o funcionamento do mercado de produção, de importações e de exportações obrigam-no elevar os juros que permitem o fluxo de captações e isto garante rendas aos investidores; mas dificulta aumento do consumo através de compras a prazo. Na América, onde existem milhões de pessoas que, sistematicamente, utilizam os cartões de crédito, diante do panorama atual, o uso desse mecanismo de crédito sofreu drástica redução, isto por causa do receio justificado no aumento dos juros.
No passado, existiu no Brasil um modelo protecionista, regulando e limitando importações como se isso fosse capaz de manter o equilíbrio das contas externas. Isso e, também, a reserva de mercado que se pretendia fazer com relação ao aparecimento disseminado dos microcomputadores, provocou um atraso tecnológico razoável, recuperado com o livre comércio de componentes de computadores, tornando o Brasil integrado à era da informação obtida em decorrência do progresso neste segmento. Havendo liberdade de comércio e de produção, o restante da regulação fica por conta do mercado mesmo.
Hoje, tomados de surpresa, os habitantes da Terra têm que conviver com uma crise financeira global, que deixa a todos atordoados, sem rumo mesmo. E isto motiva análises para se justificarem as causas, os efeitos e os comportamentos adequados. Há acusações de que a atual crise tenha se originado no mau uso de recursos para o financiamento de imóveis, fazendo-se transações, onde, esses bens hiper-valorizados proporcionavam lucros irreais às empresas incorporadoras e aos estabelecimentos bancários. Deveriam arcar com todo o ônus os adquirentes das moradias. Em determinado momento a inadimplência se tornou elevada a ponto de lavar bancos à insolvência, causando efeito dominó com a quebra sucessiva de bancos e o pânico se generalizou pelas bolsas de valores de todo o mundo. Os investidores especulativos promoveram recuo generalizado e as ações, exatamente as que ostentavam capitais de empresas sólidas tiveram seus valores abruptamente aviltados. Nem é preciso repetir: o pânico tomou conta em todos os quadrantes.
Agora parece que virou moda empresas (as grandes) apelarem por socorro junto aos governos, querendo cada uma valer-se em desculpas da crise para solucionar suas deficiências mediante ajudas com recursos oficiais, isto porque o precedente de ajuda aos bancos leva a outros setores da economia procurar pela mesma fonte de remédio para seus males, dizendo serem agudos, quando podem ser de natureza crônica e de causas diversas, às vezes não tenham nada a ver diretamente com a crise global; sofram, de qualquer forma, os efeitos negativos que se alastram por todos os segmentos da economia mundial. Acredito que o trabalho mais o capital e com o decorrer do tempo trarão de volta a normalidade.
Uma coisa, eu imagino: a hora é propícia para retorno ao trabalho, para comprar os bens de que se necessita, produzir o que se é capaz, gastar-se menos do que se ganha, porque as sobras formam poupança, proporcionando aplicações que fomentam linhas de crédito aos setores que deles necessitem para melhorar suas performance. Assim, ao invés da preocupação com crises, usando-se o tempo para o trabalho, é provável que tudo se torne à normalidade.

sábado, 15 de novembro de 2008

VÁRZEA ALEGRE



Várzea Alegre Vista da estrada que desce do Caldeirão, destaques para o pico da Pedra da Onça, Serra do Toma Vento e área urbana na grande baixada.

VISTA DE VÁRZEA ALEGRE


Vista de Várzea Alegre, destacando área urbana, Pedra do "Charuto" e, ao fundo a Pedra Paulista e as montanhas de Pedra Alegre.

VISTA PARCIAL DE VÁRZEA ALEGRE


Vista de várzea alegre com destaque para as montanhas do Toma Vento, Pedreiras do Canudo e picos de Alto Caldeirão

VÁRZEA ALEGRE EXISTE?

Sim, existe e está localizada no Distrito Alto Santa Maria e é o nome que empresta à sua sede, distrito que se localiza no sudoeste do Município de Santa Teresa. Através dos contornos em que o município tem Itarana, Itaguaçu e São Roque do Canaã como municípios limítrofes. A localidade tem paisagens de beleza exuberante como destaque as magníficas vistas da Pedra da Onça, da Pedra Paulista, da Pedra do Charuto, das montanhas do toma Vento, das Pedreiras do Canudo, da Cachoeira do Rio Santa Maria, da Igreja de Santo Antônio e da própria área urbana localizada no centro de grande bacia côncava, cujas beiradas descortinam montanhas contínuas no seu entorno.
Das baixadas às montanhas que cercam a localidade lhe conferindo rara beleza, os imensos cafezais da variedade “conilon”, lhe emprestam um imenso tapete verde entrecortado por inúmeras residências que sediam os minifúndios totalmente cultivados. As diversas culturas, com destaque para plantios de tomateiros, cereais e pequenas pastagens. Tudo se ligando como se fosse grande e multicolorido quebra cabeças.
A sede conta com igreja, vários estabelecimentos comerciais, escolas e uma moderna praça para a prática de esportes. Para uma visão materializada, juntam-se fotos de vários ângulos da localidade de VÁRZEA ALEGRE, tendo a Rodovia ES 452, moderna e recém pavimentada rodovia, por onde se pode chegar à localidade.
Várzea Alegre existe, também, na história de pioneiros, de tempos difíceis, de tempos de fatura, de heróis, de personagens tornados famosos e por muito mais. E ainda: brevemente estaremos lançando um livro relatando a história feita por esta comunidade, seus feitos em prol do Município de Santa Teresa e do Estado do Espírito Santo.

CIRURGIA INTERATIVA

Acreditem esta não é mais uma dessas histórias mirabolantes que costumo contar. Acreditem também, nesta história, meu amigo Alberto de Tal é médico, não é o filho, que realmente é médico especializado em cirurgia plástica. Parece-me que Alberto, o pai, nesta história é cirurgião geral e faz operações, onde o paciente interage com ele.
Tudo começou quando me consultei com doutor Alberto de Tal, indicando-me exames minuciosos para tentar diagnosticar uma enfermidade estranhamente rara que me afeta o ouvido: sinto, não, ouço mesmo a campainha da porta de chegada, tocar a qualquer momento, canto de cigarras, de grilos, som do forno microondas quando se desliga ao fim de uma operação, pessoas que me chamam pelo nome durante qualquer hora do dia, da noite e até durante madrugadas. Zunido de secadores de cabelo, de barbeadores elétricos, inclusive sons daqueles rádios antigos equipados com válvulas: eles roncavam, assoviavam e estalavam. Pois é, ouço tudo isso e mais coisas de que não me lembro no momento.
O tal doutor ouviu minhas queixas, dizendo-me com comparecesse à sua clínica, onde faz exames minuciosos e, se for o caso, realiza cirurgias. Agendei data próxima por causa do aviso de que isto era caso de urgência, embora ele não tivesse me fornecido qualquer diagnóstico. Tal dia e hora marcados, eu compareci à clínica: era o único paciente marcado para todo esse dia. Doutor Alberto, assim que cheguei iniciou o atendimento, colocando-me sentado a frente de um teclado de computador que não exibia letras, acentos, números ou quaisquer outros sinais, nem mouse possuía, me dizendo que eu devia preencher uma ficha nessa máquina, informando nome, dados pessoais e queixas, ou seja, todas aquelas sentidas e as que sentira em outros tempos quaisquer.
Iniciei digitando até esgotar todo o repertório de sintomas de enfermidades novas e antigas; não deixando de relatar minuciosamente todas as cirurgias a que já tivesse sido submetido. Ao final, eu disse que havia terminado. O médico disse: “não precisa fazer mais nada, o computador fará o restante do trabalho, apenas aguarde”. Depois de alguns segundos, num formulário contínuo, uma impressora exibia relatório completo. Nisso, doutor Alberto me pediu que lhe adiantasse trezentos reais. Levei a mão no bolso e lhe entreguei três notas de cem reais. Informou-me que tal adiantamento seria para cobrir possível despesa com anestesia geral, dizendo-me que aguardasse, pois outros membros da equipe médica que cuidaria do meu caso não tardariam em chegar.
Permaneci sentado numa poltrona, por várias horas, de onde transmiti meus dados por aquele estranho computador, até que três médicos de fisionomia nipônica chegaram; aquela poltrona se fixava sobre trilhos, com uma haste lateral equipada com discos, tocando um barranco de terra argilosa (imagino esse contato como se fosse uma espécie de aterramento para neutralizar a energia estática da aparelhagem). Chegando ao final dessa longa sala, um dos médicos da equipe aproximou-se de mim e inseriu uma agulha, equipando uma seringa, num dos meus dedos polegares, a pretexto de que o sangue serviria para determinar minha taxa de oxigênio, ou seja, o grau de saturação. Enquanto isso, eu fazia nova operação num equipamento periférico de informática para solicitar novo relatório a respeito do meu caso. Novamente me solicitaram que eu operasse o equipamento. Toque em apenas uma tecla e novo relatório foi impresso. Desta vez para ser apreciado pela equipe de médicos recém chegada. Aquela agulha que perfurou meu polegar não me causou dor alguma, apesar da perfuração ter sido feita sob a unha. Isso, realmente, se pareceu algo estranho. Novamente a poltrona deslizou sobre trilhos, reconduzindo-me ao ponto inicial.
O médico que se parecia ser o mais idoso do grupo aproximou-se de mim com um algodão embebido em alguma substância volátil que eu devesse aspirar pelas narinas; deveria assim ser anestesiado, processo tornado lento, quando um dos médicos disse: “a dificuldade de a anestesia fazer efeito se deve ao fato do processo avançado de sinusite deste paciente”. Enfim, parecia que já estivesse anestesiado; embora consciente, nada sentia.
A poltrona em que me assentava, assim que colocada na horizontal, tornou-se mesa cirúrgica, embora não ouvisse nada, podia ver tudo que se passava nessa fase da cirurgia. Vi quando doutor Alberto introduziu-me seguidamente uma espécie de broca elétrica em cada uma das narinas. Como afirmo nada senti, apenas tive medo quando um médico, aparentando ser o mais jovem do grupo, disse que era hora de tratar-me da orelha, introduzindo uma grossa e comprida agulha no canal auditivo da orelha direita; entretanto nada senti, pois o efeito do anestésico ainda se fazia presente.
Apesar de anestesiado, eu estava lúcido e imaginava no alto custo de todo esse procedimento cirúrgico capaz de remunerar, de uma só vez, grande equipe de médicos especialistas. Lembrando-me que, apesar de ter cobertura de dois planos de saúde, não se cogitou em nada disso. Certamente, eu teria que arcar com preço de uma cirurgia que, por contemplar novos e revolucionários métodos, tudo à minhas expensas. O pior é que já me sentia lesado, por não ter sido avisado sobre a forma do atendimento e que não há planos que cubram tal tratamento; nem pode ser considerado ético. Embora você, leitor, não saiba, eu sou amigo do bispo, e é, exatamente, a quem devo reclamar.
Depois de tudo, fui avisado que deveria permanecer em repouso por algumas horas e, neste caso, seria prudente avisar minha esposa Anésia para que me fizesse companhia, enquanto permanecesse em observação. Daí, em diante, nada mais me lembra. Será que eu teria perdido os sentidos? O que eu perdi literalmente foi o horário de acordar. Despertei deste sono, além das sete horas desta manhã de sábado, dia de ir às compras na feira de produtos orgânicos e de fazer outras coisas.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

E, AGORA, BARAK OBAMA?

Com certeza, esse nome pronunciado bilhões de vezes ao redor do mundo expressou e continua fazendo a esperança da maioria dos habitantes do planeta terra. A África negra e a branca, os amarelos do oriente, os caucasianos do resto do mundo anseiam por seu governo: o árabe do Iraque, do Afeganistão, do Paquistão e dos povos do resto do mundo, mesmo que não representem unanimidade, os anseios da maioria, aguardam por suas providências, promovendo a paz em todos os sentidos. Nunca houve um postulante da Casa Branca que tivesse sido tão aguardado. E, agora, Barak? Você corresponderá a todos esses anseios dos bilhões de habitantes do mundo que depositaram o resto de suas fichas? Não fosse você ter surgido, já não havia ânimo para fazer mais um cacife e o jogo seria abandonado junto com a esperança que se esvaía a passos largos: já não havia motivo para sonhar que as explosões das bombas fossem abafadas, que os fuzis se silenciassem, que se produzissem alimentos ao invés de armas; que se produzissem remédios ao invés de ferimentos, que se produzissem navios, aviões, hospitais para transportar pessoas; não para destruí-las e hospitais para a cura de enfermidades; não para socorrer vítimas de guerra.
Não fosse os americanos tê-lo feito presidente da América; os eleitores de todas as nações tê-lo-iam feito presidente do mundo. Esses votos simbólicos globais fazem-no, de certo modo, também a nação que o tornou presidente, um líder que deve cuidar da sustentabilidade do mundo, que tome imediatas providências para refrear o aquecimento global, contribuindo para a eliminação dos costumes que essa nação, dita mais poderosa do mundo, tem na contribuição para o avanço da catástrofe a que se sujeita a passos largos, ao trágico apocalipse final da humanidade.
Sabemos que, como ser humano, tem limitações próprias; o carisma peculiar de um líder verdadeiro poderá auxiliar a humanidade guiada por propósitos verdadeiramente sem fronteiras – um ideal não atingido por causa do egoísmo, do sectarismo ideológico, enfim pela falta de acuidade de visualizar o mundo verdadeiramente isento de fronteiras; as fronteiras se existissem seriam resultante da diversidade dos corpos celestes que vagam pela imensidão do firmamento; nem assim Deus o quis, por que Ele é universal. Nem os mundos diversos têm fronteiras diante de Deus. Porque o Homem quer que existam? E, não havendo limites fronteiriços, a humanidade uma e indivisível, irmanada poderia desfrutar racionalmente dos recursos que Deus criou.
Obama! Aproveite esta liderança que o mundo lhe delega, cuide da união dos povos, do seu bem estar, da sua felicidade, da sua vida. Esqueça as fronteiras das nações; derrube-as e aproxime a humanidade sedenta de paz. Talvez, um Obama apenas não seja suficiente para esta tarefa necessária e urgente; outros líderes espelhados no seu exemplo surgirão para que os anseios da humanidade sejam guiados por tantos quantos líderes se fazem necessários para que possa continuar vivendo feliz neste mundo, que é uma dádiva de Deus.
Parece que, neste momento em que as crises se sucedem, maiores são os motivos para que a humanidade ameaçada por toda sorte de previsões sombrias, encontre motivos para minimizar seus problemas e suas angústias. Isto é o mínimo que se pode esperar

VISITA AO PALÁCIO EPISCOPAL

Em recente visita que fiz ao bispo, pude constar algumas coisas que ocorrem no quotidiano desse prelado: enquanto cuida de suas obrigações sacerdotais, dentre as quais as leituras obrigatoriamente feitas por todos os sacerdotes e constantes orações, inclusive o terço; outras tarefas consistem na administração, baixando orientações, recebendo notícias dos atos dos vigários das paróquias jurisdicionadas à diocese e cobrando resultados dos programas eclesiásticos de evangelização, do cumprimento do calendário e das liturgias que lhe são próprias.
Confesso que não foi intencional presenciar coisas relacionadas a assuntos confidenciais e de conhecimento restrito de padres, de presidentes de comunidades, de coordenadores de pastorais, assuntos considerados privativos; presenciei por me encontrar no gabinete episcopal e, a mim, nada do que era tratado pelo bispo e seus auxiliares, dizia respeito. Havia duas secretárias, irmãs de caridade; assessores sacerdotes e servidores leigos, executando tarefas meramente burocráticas. Pois é, presenciei o bispo recebendo notícias ao telefone, que lhe causaram visível desagrado, ao que, agia prontamente, determinando o afastamento de algum sacerdote infrator do código canônico. Não foi apenas um caso; foram vários, deixando o bispo sempre mais insatisfeito com seus colaboradores. Uma coisa é certa: não tomei conhecimento desses sacerdotes punidos por terem cometido faltas graves, nem conheci o teor de tais indisciplinas. Eu percebia: o bispo era tomado de mansidão própria dos santos, revezada com atitudes enérgicas e impetuosas. Eu pensava: não é que o bispo tem o temperamento em algo parecido comigo, ora calmo, afetuoso; ora enérgico e impetuoso. Nos intervalos, ele se mostrava afável, me conferindo aquela atenção própria dos pais para com os filhos. Em determinado momento, ele me convidou a receber uma bênção especial, colocando-me uma medalha de Santo Antônio sobre minha testa e proferindo palavras de cujo teor, eu não fui capaz de decifrar, pois eram ditas em latim. Dessa língua tenho vaga lembrança quando estive interno num seminário de padres capuchinos.
O bispo continuava a cuidar dos seus afazeres, quando comentou que havia recebido uma notícia vinda diretamente do Vaticano, dando-lhe ciência de que seria substituído por outro bispo, cabendo ao substituto propor sua excomunhão. Isso deveria ser fruto de denúncia de como tratava seus subalternos com rispidez ou outros quaisquer motivos, que a mim não competia saber. Uma das secretárias, quando eu chamei o prelado: “senhor padre”, ela me interpelou dizendo: “bispo!”.
Isso tudo teria ocorrido num Domingo à tarde. Anésia não me acompanhou nessa visita, pois cuidava de dar atenção às cunhadas Arlete e Zenóbia e, quando se preparavam para retornar a Várzea Alegre, Distrito de Alto Santa Maria, Município de Santa Teresa para onde nós deveríamos retornar, eu lhes disse que minha vista ainda não se havia encerrado, podendo eles partir. Mais tarde, eu iria de ônibus até Santa Teresa e, caso não os alcançasse, eu tomaria um táxi para chegar ao destino. No exato momento em que me despedia do bispo, ele ainda me aconselhava a que não agisse por impulso, como ele o fizera na minha presença, como se soubesse, que meu perfil em muito se assemelhava ao seu. Toquei naqueles ombros desse ancião obeso para o abraço de despedida, enquanto ouvi o som do despertador do celular, que é programado por Anésia. Não tive dúvida: Eram seis horas da manhã e eu deveria me apressar em preparar nosso lanche matutino como o fazemos costumeiramente.

domingo, 9 de novembro de 2008

CRISE FINACEIRA GLOBAL II

Já se podia esperar que mais cedo ou mais tarde a ortodoxia do neoliberalismo chegasse ao fim; não um fim totalmente radical. Haveria de existir o meio termo do bom senso. Afinal, nem tudo deve ser estatizado e nem tudo deve ser privatizado, como era o tom inicial deste modelo econômico introduzido nas últimas décadas do século passado e neste início de milênio. Grande exemplo ocorreu na previdência chilena que era propagada aos quatro ventos como a panacéia universal para solucionar esse segmento social: deveria ser entregue à iniciativa privada, porque só assim essa parte da riqueza seria devidamente administrada. Hoje este modelo chileno de previdência, não tardará a ser reestatizado para recuperar a credibilidade da população assistida. Esta atividade entregue à iniciativa privada, como era propósito de que fosse implantada no Brasil, foi postergada e, agora, a estatização ganha fôlego novo neste sentido.
Não se pode creditar exclusivamente a ocorrência desta crise financeira global, mas o neo e o próprio liberalismo pressupõem liberdade econômica desestatizada com a crescente delegação à iniciativa privada de prerrogativas próprias do poder do Estado, deixando as rédeas dos controles à mercê dos interesses privados, ávidos sempre por lucros a cada vez maiores. Nisso pode ser entendido como se fossem entregar à raposa as chaves do galinheiro. Foi assim esse a stronômico rombo nas finanças dos bancos, deixando à mercê dos próprios bancos e incorporadores dos imóveis do sistema da casa própria americano. Numa troca de favores que nada mais é que senão corrupção ativa x corrupção passiva – verdadeiro acordo de cavalheiros. Tudo funcionava bem até que a massa de adquirentes desses imóveis esgotou sua capacidade de honrar com as parcelas de financiamentos supervalorizados. Os bancos procuraram desfazer-se desses ativos “podres”, que se generalizavam, comprometendo a normalidade da gestão dos negócios. Houve um alarme e instantaneamente o mundo viu despencar o valor das ações de grandes bancos e, por conseqüência, o pânico instalado não concedeu prazo para que grandes especuladores conseguissem salvar suas aplicações nesse mercado de especulação (de jogatina, mesmo).
Quem perdeu com isso? Todos. O mundo depois desse episódio será outro. Nós vimos coisa semelhante ocorrida no Brasil da década de 1970. Nessa época, não sei por que, houve forte influência para que pequenos investidores brasileiros investissem em ativos acionários. A campanha teve forte repercussão, levando muitas pessoas e venderem suas propriedades para investir no mercado acionário. Os investidores experientes faziam a especulação clássica: vendiam as ações na alta e adquiriam na baixa. Mas os inexperientes e incautos investidores ocasionais faziam o inverso: compravam as ações em alta e, quando baixavam, vendiam, porque imaginavam que a queda lhes poderia causar perdas totais; com isso, eles iam acumulando perdas sucessivamente. O pior mesmo aconteceu quando a capacidade de investir se exauriu e, não havendo mais quem comprasse, as bolsas despencaram rapidamente, levando prejuízos até aos investidores experientes.
Outro risco, caso a crise financeira se aprofunde, será como o filme visto antes, culpar os altos salários do funcionalismo e sua inépcia administrativa. Também os beneficiários pensionistas da previdência pública, correm risco de ganhar parte da culpa pela crise. Há uma dialética por demais conhecida: falam em recomposição do poder aquisitivo dos aposentados, até defendem a manutenção do valor dos benefícios, mediante a adoção do salário mínimo como indexador. Ao conceder os benefícios, estes seriam convertidos em N% do salário mínimo. Desta forma os benefícios, sempre que o SM fosse reajustado, teriam seus valores mantidos.
O segmento do funcionalismo público pode pressentir: quando se fala em melhoria das condições financeiras para os servidores públicos: Cuidado. Pode ser mais uma das falácias de que possam estar perpetrando na calada da noite, mais sacrifícios para uma classe que costumeiramente “paga o pato” pelos insucessos das finanças do poder público. Quando a aparência indica uma coisa positiva é sinal de alguma perda iminente. Isto pode ser entendido como “as coisas tendem a ser o inverso das aparências”. Funcionários públicos e beneficiários da previdência social estejam atentos, sempre.

domingo, 2 de novembro de 2008

CRISE FINACEIRA GLOBAL

O país mais rico do mundo, que tem a economia mais sólida, de repente, demonstrou fragilidade nas pernas. Primeiro foram boatos e a cada nova notícia, as bolsas de valores despencavam. Seriam sinais de recessão? Não. O sistema econômico que conjuga produção, agregação de valores, consumo, arrecadação de tributos e lucros das empresas gozava de boa saúde financeira em todo o mundo. É claro. Não nos Estados Unidos da América.
Para entender o caso
Na nação mais rica do mundo perpetrava-se uma maracutaia, diriam própria dos sagazes brasileiros. Mas desta vez essa prática de esperteza, um crime que nosso código penal tipifica como estelionato, acontecia numa nação do primeiro mundo. Como ocorre aqui, lá também existem financiamentos para a aquisição da casa própria. Ocorre que no Brasil, nenhuma instituição bancária financia valores equivalentes a 100% do que pleiteiam as partes envolvidas: construtoras e adquirentes. Nosso processo de avaliação é rigoroso, pois as instituições financeiras apostam no retorno do capital, acrescendo ainda que os recursos destinados à habitação não estejam disponíveis, senão por quotas rigorosamente controladas pelos órgãos do governo, porque os juros são diferenciados para menos, objetivando a função social como prioridade.
Lá na América, o sistema de avaliação visava conceder créditos para empreendimentos super avaliados para destinar vantagens financeiras às empresas construtoras e incorporadoras. Tal modo de agir atingiu o limite das possibilidades de os compromissos serem honrados e o calote se institucionalizou. Os bancos financiadores, sentindo falta de recursos, procuravam repassar essas carteiras de empréstimos a outros bancos e, em determinado momento, conseguiram visualizar o tamanho do rombo financeiro. Isto foi gota d’água para que as bolsas de valores de todo o mundo despencassem no sistema “dominó”, ou seja, uma peça após outra sucessivamente.
Agora tentemos chegar ao ponto crucial da questão: a economia globalizada tem lá suas vantagens, suas facilidades e sua integração. Bolsas de valores são locais destinados à comercialização do capital das empresas, como forma fácil, rápida e anônima de se adquirir partes desses capitais expressos em ações. Há os que adquirem ações com o objetivo de obterem dividendos resultantes dos lucros obtidos com a produção; há os que adquirem ações, apenas para especular. Assim quando determinada ação se valoriza é o momento certo de se realizarem os lucros, mas a continuidade das vendas de um tipo de ação tende baixar o seu valor. Com a baixa é hora de se comprar. Alguém que fique atento a essas oscilações pode obter ganhos especulativos. Isto é feito pelos pequenos investidores; os grandes representados por corporações especulativas, mais ganham com essas aplicações do que com o exercício de suas atividades. Grandes empresas, com as notícias geradoras do pânico que continuamente reverbera pelos quatro cantos do mundo, não acostumadas a oscilações violentas, perderam somas financeiras astronômicas, gerando mais pânico, que gerou maiores perdas. Agora, todo esse dinheiro perdido faz com que existam menos recursos financeiros para serem aplicados na produção e o próprio temor de novas e sucessivas crises acabam por levar às novas e reais crises, como se fosse uma bola de neve.
Não é fácil reverter esse quadro de desconfiança, depois da perda de tamanhos recursos financeiros. A própria prudência contribui para a redução da atividade econômica. Isto torna as bolsas de valores, mesas de pano verde onde a jogatina traz ganhos e perdas. Nunca vi numa mesa de jogo que houvesse apenas ganhadores; se há quem ganhe, há quem...

sábado, 1 de novembro de 2008

GANHEI UMA GRANA!

Não costumo freqüentar agências da Caixa Econômica; desta vez, deveria pagar algumas contas, depois de vencidas, somente nas agências da Caixa. Assim fiz, tendo primeiramente feito um saque em moeda numa agência do Banco do Brasil, por onde recebo meus vencimentos. Na realidade, como aposentado, me basta apenas essa conta bancária. Faço algum pagamento em banco diverso, quando me ocorre algum compromisso vencido, com estrita recomendação para pagamento nesse ou naquele banco.
Há alguns anos, eu tinha caderneta de poupança e títulos de capitalização da Caixa. Depois disso, nem me lembro se resgatei aqueles títulos, nem mesmo me lembro que tenha encerrado minha aplicação em caderneta de poupança da Caixa. Justo agora tive que pagar essas contas vencidas e algo de inusitado e surpreendente aconteceu: Passando pelo caixa, foi quitada a primeira conta, quando o funcionário digitou meu nome, apareceu uma mensagem na tela do monitor, indicando que um dos títulos de capitalização havia me sorteado prêmio de um milhão de reais. Ao efetuar o pagamento do segundo bloqueto, nova mensagem dava conta que eu havia ganhado outro sorteio, acumulando ganho de dois milhões de reais. Fiquei realmente surpreso, mas o funcionário me avisava que isto é comum ao digitar nome de algum correntista, ocorre o aviso de prêmio não procurado e não avisado por falta de dados cadastrais, como foi meu caso.
Concluídos os pagamentos da contas, o funcionário baixou e imprimiu um extrato, constando as premiações, bem como os rendimentos que tais recursos auferiram durante alguns anos. Na próxima segunda feira, eu deveria comparecer à agência da Caixa, situada no Centro de Vila Velha para atualizar meus dados cadastrais e escolher qual forma de aplicação seriam destinados mais de dois milhões de reais. Tanto poderia sacar, aplicar em caderneta de poupança, fundos de renda fixa ou variável.
Levei aquele extrato comigo, nada revelando a ninguém, exceto à Anésia com quem deveria planejar o que fazer com essa dinheirama. Pensando bem: bastariam quinhentos mil para Anésia e eu gastarmos; o restante poderia ser dividido em três partes iguais entre Domingos, Edgard e Karla. Desta forma, entendíamos fazer justiça com recursos vindos de forma inesperada e você, leitor, como dividiria esta bolada?
Mantive o assunto sob rigoroso sigilo até que, depois do café da manhã contei a todos, coisa que parecia ser real mesmo.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

QUATRO GATOS PRETOS

Prá que tanto gato? Não sei mesmo o que fazer com todos. Seria o caso de entregar para doação; gato preto, não! Isso dá azar e é de mau agouro, diriam os supersticiosos. Quanto a mim, isso não me causa nada: gatos pretos, brancos, amarelos, rajados; todos são nada mais que pequenos felinos. Caso se tratasse de uma pantera negra, não seriam necessárias quatro; apenas uma meteria medo em qualquer vivente.
Pois é, por algum tempo possuí esses quatro felinos tão negros quanto o carvão, o piche e outras coisas pretas. Dois eram filhotes e os outros dois eram um casal. Quanto aos filhotes, nem soube o sexo; apenas sei que eram dois gatinhos pretos tais quais eram seus pais. Eram brincalhões como o são todos os gatinhos.
Hoje, contando esse fato, houve pessoas que se benzeram, lembrando de exclamar “cruz credo!”. Agora eu pergunto: por que algumas pessoas têm tanto medo de gatos pretos? Eles representariam ou simbolizariam algo de mal. Eles seriam a personificação do capeta? Afinal o que é capeta, senão aquele personagem criado para impor limites às crianças? Seria, também, aquele anjo mau, que castigaria quem praticasse o mal? Ou seria aquele personagem que tentasse as pessoas para que fizessem coisas erradas e pelas quais merecessem que esse tal personagem as levasse para o inferno – a moradia desse tal capeta?
Que má fama tem os gatos pretos? Há alguma prova contra eles? Pobres gatos, “pagam o pato”, simplesmente por causa da cor dos pelos que ostentam. Assim, não teria a quem doar esses bichinhos; teria que abrigá-los, sustentá-los; até quando?
E você, leitor, gostaria de ganhar um desses “lindinhos”. Caso queira, basta que poste um comentário, manifestando esse desejo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

E AGORA, NEUCIMAR?

Acordamos, hoje, de ressaca. Não que tenhamos nos excedido em bebidas, que tenhamos nos embriagado no dia anterior. No dia seguinte às eleições, a gente sente a ressaca cívica do dever cumprido quanto ao sufrágio de nossos candidatos. Quer tenha sido da vontade de todos ou não, você, Neucimar, representou nas urnas a vontade da maioria dos eleitores vilavelhenses, não da unanimidade! Assim, durante os próximos quatro anos, vossa senhoria, como prefeito eleito, representará seu povo e governará um município com mais de trezentos mil habitantes. Lembre-se de que quase a metade dos eleitores se manifestou contra a escolha do seu nome para ser seu prefeito; a maioria venceu e, hoje, o senhor é o prefeito de todos, quer quisessem ou não.
Vila Velha é um grande canteiro de obras inacabadas e imprescindíveis para a circulação das pessoas, dos veículos, dos bens que se produzem e que se consomem nesta terra. Quando me refiro à circulação, quero dizer que ruas do município se encontram intransitáveis, quer pela falta de manutenção ou obras inacabadas; embora imprescindíveis, não serão concluídas na gestão do atual prefeito. Talvez, se esses melhoramentos, como a reurbanização das ruas e os trabalhos feitos no saneamento, que é o caso da macro drenagem, demandando continuidade durante exercícios, não fossem suas prioridades. A população de Vila Velha, tanto aquela representante da maioria como a totalidade necessita de solução para esses graves problemas, com que vossa senhoria irá se defrontar nos próximos meses.
Quanto a nós, população, queremos parabenizá-lo pelo sucesso de campanha eleitoral vencedora, bem orquestrada, com promessas de governança responsável, de continuidade e de melhores e dos avançados e dinâmicos processos administrativos. Também, nós esperamos que nossos constituídos do poder legislativo municipal lhe dêem o apoio para as justas realizações em favor de toda a comunidade. Nossa participação se efetivará apoiando as decisões favoráveis à municipalidade.
Resta-nos, como sempre, contar com o alto espírito democrático norteador de sua vida pública, voltada às ações de trabalho em favor de seus munícipes.

sábado, 25 de outubro de 2008

MEU SEQÜESTRO


De repente me vi cercado por vários garotos de rua, vestidos com roupas sujas, daquelas que nunca viram água e sabão. O destino desse vestuário será, inexoravelmente, o lixo. Havia ao todo cerca de cinco ou mais dessas crianças que dividem as ruas entre si, abordando transeuntes e lhes pedido algum trocado. Corri a mão no bolso do lado direito de minha calça e distribuí todas as moedinhas que alcancei. Pareciam satisfeitos, demonstrando gestos amistosos e, com isso, resolvi conversar como grupo, visando saber como retiram o sustento nas ruas, onde moram e de que vivem suas famílias; se freqüentam escolas, se, além disso, que ganham, têm outras rendas oriundas de algum tipo de trabalho. Enfim, eu fazia uma investigação completa. Não sei dizer por quanto tempo estivemos conversando, acredito que por algumas horas.
Já me preparava para sair e chegaram mais três habitantes de rua, garotos maiores, certamente adolescentes. Dois deles vestiam-se com camisas do flamengo e exibiam nas cabeças daquelas tocas feitas com velhas meias femininas, o outro, igualmente aos primeiros, vestia-se de roupa suja: uma camisa de malha tão grande que parecia mais ser um vestido, nem se podia ver se usasse bermuda. Com a chegada dos novos menores, nossa conversa evoluía para durar mais tempo. Com certeza, eu teria mais respostas às minhas indagações e tudo se parecia que aquele encontro permaneceria no mesmo clima de entendimento amigável. Enganei-me! Esses recém chegados, fazendo gesto brusco empenharam armas ameaçadoras e avisaram que aquilo era um assalto. Tentei lhes oferecer algum dinheiro; eles, porém, assoviaram e logo dois meliantes adultos me colocaram vendas e, sob a ameaça de armas de fogo que me cutucavam as costelas, enquanto dois me guiavam pelos braços e me ordenavam para que lhes obedecesse, que ficasse “bonzinho”, senão, ali mesmo me executariam.
De olhos vendados e sob as constantes ameaças tangíveis, eu, se quisesse permanecer vivo, o melhor que faria era mesmo obedecer. Enquanto eu era levado, não sei para onde, ouvi a seguinte conversa: “- Gente, hoje nóis tivemo sorte: pegamos peixe grande! A gente leva o coroa para lá, telefona para a gente dele, pedindo o resgate e tem que ser uma grana preta, esse véio é daqueles que anda malado. Quando nóis chegá lá, a gente conversa prá vê quanto a gente pede prá soltar o homi”.
Depois do que ouvi e sentindo aqueles trabucos me cutucando as costelas, eu não tinha dúvidas. Estava mesmo seqüestrado e havia no bando gente que eu só ouvia falar: deviam ser criminosos profissionais e de alta periculosidade. Mas, numa situação dessas, o que se deve fazer? Melhor, mesmo, era fazer aquilo que fazem pessoas que têm juízo, não tinha dúvidas: obedecer.
Desse momento em diante nada mais ouvi, pois me jogaram num porta malas de um veículo e saíram em alta velocidade. Para onde me levavam? A partir daí, imaginava o que poderia me acontecer: Será que imaginavam realmente que eu fosse pessoa de posses? Ou teriam se equivocado e me tomado como refém, imaginando que eu fosse outra pessoa? Não tendo como pagar um resgate de quantia exorbitante, qual seria meu destino? Você, leitor, já se imaginou metido numa encrenca dessas?
O ronco do motor de um carro que, certamente, tinha perfurações no silencioso, seria capaz de ruído como esse que eu ouvia e mais: cada buraco, cada ressalto na pista, eu sofria toda a sorte de pancadas. Tudo isso me deixava, a cada momento, mais fraco, mais impotente e mais incerto do meu destino. Depois de algumas horas, que me pareceram um século, finalmente aquele carro, que mais se parecia com instrumento de suplício, parou. Ouvi o toque cadenciado da buzina, como se estivesse produzindo sinais em código. Ouvi pessoas conversando e tive certeza: aquelas vozes eram estranhas; nada se parecendo com a fala dos garotos, nem dos primeiros e nem daqueles que me renderam. Imaginei que a turma era de tal forma organizada, que em cada etapa, havia o revezamento das equipes – certamente de uma grande quadrilha, que tinha na ponta menores infratores, mantidos e organizados por uma entidade bem estruturada.
Pensando bem, a incerteza tomava conta de mim. Será que não teriam cometido equívoco, seqüestrando pessoa errada, que estava no local e na hora errada? Mas se o escolhido tivesse, mesmo, sido eu, como minha família faria para conduzir negociações com os seqüestradores? Dependendo do valor do resgate, não teriam como juntar recursos, pois nossas posses mal poderiam cobrir um resgate, a menos que fosse dividido em suaves prestações e, ainda, utilizando cartão de crédito.
Depois de alguns minutos, que me pareceram uma eternidade, fui, ainda com olhos vendados, conduzido para o interior de um imóvel, que exalava odor de coisas emboloradas, provavelmente sem ventilação. Ouvi, em seguida: “ - Deixem nossa encomenda a sós e deixem que retire a venda dos olhos”. Quando abri os olhos percebi a claridade que entrava pelas frestas das persianas do nosso quarto e Anésia dizia: “ – Lembre-se que hoje é sábado e nosso primeiro compromisso e ir à feira de produtos orgânicos”. Felizmente nada acontecera nesta madrugada, exceto esse pequeno pesadelo.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

NOVAMENTE AS COTAS RACIAIS...


As cores servem como parâmetro para julgar aparências? Descendentes de povos de raça negra devem ser privilegiados nos concursos? Por causa da cor da pele ou por descenderem de raça inferior? Existe alguma raça que deva ser considerada superior? E quem é miscigenado com raças branca, negra, amarela e vermelha? Que raça teria sorte de ser privilegiada? Acaso o sangue que lhes corre nas veias tem outra cor que não seja a vermelha?
Que fique longe de mim o preconceito de raça; qualquer que seja a descendência. Segundo penso, uma só coisa deveria privilegiar a todos: a competência demonstrada na eficiência, no aproveitamento do aprendizado, enfim, na capacidade de melhor fazer, de melhor desempenhar e alcançar melhores resultados.
O princípio da eqüidade, que faz o julgamento ser imparcial, que dá a todos o direito de serem iguais perante a lei, sem distinção de raça, de classe social, de credo religioso, que privilegiasse a todos estritamente com o princípio consagrado da justiça.
A criação de cotas nos vestibulares, nos concursos para provimento de cargos públicos, nada mais me parece do que atos de demagogia para demonstrar-se a favor a privilégios corporativistas de castas raciais, de castas religiosas e de castas sociais. Em nome de privilégio, na realidade, quem aceita o favor de cotas excludentes sinaliza concordância com situação de inferioridade. Esses preitos, de certo modo, derivam do desejo de premiar hoje quem no passado sofreu a exclusão como pessoa, causada pela segregação do escravagismo? Aceitar, hoje, o regime de cotas, mesmo para quem delas se beneficie, é continuar compactuando com a inferioridade dessas ou daquela raça. Mais excludente é aquele que aceita favores que o julgam, de certo modo, inferior. Inferior é aquele que aceita o rótulo.
Existe preceito que determina proteção ao aproveitamento dos deficientes, ou seja, daqueles que têm necessidades especiais, visando sua integração como pessoas normais no trabalho, que tenham oportunidades de ascensão social; às vezes subestimando capacidades superiores às dos indivíduos ditos normais. Com freqüência surgem como expoentes nas artes e no trabalho, não só demonstrando capacidade idêntica e, não raro, superiores, executando coisas com perfeição inimaginável. Mas, entendo que tal reserva é justa, não criando nenhum privilégio; apenas compensando deficiências impostas pela natureza.
Tudo o que eu disse acima, tem como finalidade fazer com que as pessoas se julguem e se tratem com igualdade, dêm oportunidades idênticas, mantendo sempre o sentido da justiça, que não privilegia nem exclui a quem quer que seja. O que me parece, quando reflito sobre esse tema de cotas, é a existência de intenção velada da manutenção de idéias conflitantes entre os grupos raciais diversos, simplesmente por demagogia política. Demagogia quando dizem ser favoráveis a privilégios e quando demonstram compensar deficiências raciais com o favor de cotas que tenham como parâmetro essa ou aquela descendência racial. Isto não é verdade porque somos todos iguais perante a lei! Ou não somos?

terça-feira, 21 de outubro de 2008

ATROPELAMENTOS

Praticamente em todos os dias, os noticiários falados, escritos e televisivos estampam notícias de pessoas atropeladas nas ruas da Grande Vitória e nas vias federais e estaduais que atravessam vilas, povoados e cidades de norte a sul do Estado. E esses eventos atraem sempre multidões de curiosos, enquanto se aguardam por socorro e remoção dessas vítimas, às vezes, fatais. São pequenos carros, autos do transporte coletivo, composições férreas, carretas e motocicletas, que causam esses atropelamentos de pessoas pedestres, motoqueiros e de animais (cães, gatos, muares e eqüinos).
De quem é a maior responsabilidade por esses sinistros? Pedestres idosos e, também, quaisquer outros desatentos, contribuindo, de forma efetiva, os excessos de velocidade e igualmente desatenção dos motoristas condutores.
Quais seriam as causas de tamanha desatenção? Os idosos, embora atentos, têm três causas a serem imputadas: falta de acuidade visual, principalmente aquela que permite calcular a distância em extensão, a audição, freqüentemente diminuída nas faixas etárias mais avançadas e a lentidão da caminhada distorcida entre o que a mente imagina, comparada com a velocidade real diminuída, agravada pela idade. Imagine um surdo, enxergando pouco e caminhando lento, tem três possibilidades de ser colhido por algum veiculo em movimento. Bom até aqui, falou-se especificamente dos idosos exponencialmente vítimas. Mas há indivíduos de idade adulta, jovens adolescentes e crianças, engrossando as estatísticas.
Agora, veja-se o que ocorre com os atropeladores: motoristas de coletivos cansados pelas longas jornadas de trabalho, recursos escassos para honrar compromissos, enfermidades na família, desagregação familiar, sentimento de baixa estima, tornam os indivíduos desatentos e dispersivos. Todos esses fatores associados podem levar à falta de atenção, que quase sempre oferece graves riscos de sinistros, tais como acidentes e atropelamentos. Há, ainda, a imperícia de condutores, quer não executando o trabalho como recomendam as técnicas ou negligenciando, abusam da velocidade regulamentar. Pode ainda existir o agravante do consumo de bebidas alcoólicas quando dirigem. Embora a causa seja rara, não se pode descartar a ocorrência de falha mecânica (quebra de freios e de direção), embora raros.
As notícias recentes deixam a população apreensiva, pois qualquer um de nós, especialmente se estiver na faixa da terceira idade. Portando todo cuidado deve ser tomado, quando qualquer um de nós pedestres, tivermos que dividir a rua com veículos automotores, tenhamos cuidado! E a vocês motoristas e motociclistas: sejam prudentes! Preservem a vida dos pedestres!

CIÚME MÓRBIDO

O que leva uma garota assumir um namoro, com apenas doze anos de idade? A culpa seria da libido? Aquela propriedade que seres se sentem atraídos por indivíduos do sexo oposto, apenas. Lindemberg, com dezessete anos, adolescente ainda imaturo, coisa que nos indivíduos do sexo masculino, se amadurece pouco mais arde. Nesse momento, esse namoro nada mais era do que atração física causada, certamente, pela forte libido sentida por ambos.
Eloá, aos quinze anos, experimentando as tendências possessivas do parceiro, em atitude amadurecida, já sabendo distinguir seus verdadeiros anseios, seus verdadeiros objetivos, pôs fim a um relacionamento de fantasias infantis de quando tinha apenas doze anos, corpo de mulher e mente de criança. Que se pode pensar sobre o estado psicológico de alguma menina nessa idade?
Hoje, Lindemberg, aos vinte e dois anos, assassino atirado a um cárcere repleto dos mais experientes meliantes; Eloá sepultada aos quinze anos, num local de onde apenas seu espírito liberto experimenta a eternidade.
Destino de descendentes de famílias que experimentaram as agruras da incerteza de quem migrou da aridez da terra nordestina e, aqui, prematuramente, Lindenberg, transformado agora o assassino da pessoa por quem nutria amor mórbido e Eloá, de origem idêntica, parte para todo o sempre. Seu espírito de menina adolescente permanecerá na mente de milhões de brasileiros, comovidos pela crueldade de como lhe foi subtraída a vida, uma vida de uma nada mais que menina. Nada mais poderá interferir no seu destino; quanto ao seu algoz Lindemberg, aos vinte e dois anos, apenas ingressando na vida adulta, o futuro próximo lhe reserva o castigo da privação da liberdade física e o pior de todos: a prisão no interior da consciência, que o torturará por tantos quantos forem os dias da sua vida. Será ele capaz de suportar tamanha culpa, inclusive de ter subtraído a vida de quem poderia fazê-lo feliz?
A mãe de Eloá, publicamente, disse ter perdoado ao assassino de sua filha; esse perdão, embora verdadeiro, não redime Lindenberg da culpa. Pela lei dos homens será julgado e condenado; quando à Lei de Deus, só a Ele cabe saber e conhecer se terá perdão.
E você, leitor, qual seu julgamento para esse caso?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

COMO COMBATER O SEDENTARISMO MENTAL?

Sedentarismo mental! Isto existe? Ou será mais uma das invenções daqueles que não tem o que fazer? Pois, fiquem sabendo que eu acredito mesmo nisso e noutras coisas que essa gente pensante dita como coisa certa e axiomática. São excentricidades para ocupar a mente dos menos avisados? Ou é coisa certa e inconteste. Para início de conversa, se você se aposentou, seja lá por que razão, com certeza deverá saber o que é “SEDENTARIMO MENTAL” e se você não tomar atitudes, será atropelado pela forma mais grave – a inércia que o levará a um estado letárgico irreversível – uma forma doentia e de reversão difícil, mas não impossível. Falo do assunto com experiência própria:
Retornando ao início da vida, você já percebeu como são velozes os espermatozóides? O combate à inércia, que pode caracterizar o sedentarismo físico, pode ser combatido com movimentos corpóreos, feitos regularmente. Disse regularmente, ou seja, com freqüência. Por analogia, quando alguém se aposenta e entende que descanso inclui inércia mental e se desliga de pensar, de buscar soluções. É o império da “lei do menor esforço”, que norteava “Jeca Tatu”, aquele personagem criado nas histórias infantis por Monteiro Lobato, o mesmo que criou próximo a Vila de “Tucanos” o “Sítio do Pica pau Amarelo”, que tinha nessa lei, o nome para designar o ócio de que o personagem era portador. Bom, já alcançamos conhecimento do que significa sedentarismo mental. Combatê-lo passa por ações de raciocinar, calcular, jogar cartas, fazer palavras cruzadas, ler e escrever. Combatendo essa inércia, chamada sedentarismo mental, na ativação das comunicações inter neuronais, haverá chances de prolongamento da vida e das próprias qualidades. Embora inexistindo provas, há quem garanta que isso ajude a retardar um mal, que ronda os idosos – o Mal de Alzeimer. Verdade ou mito, uma coisa é certa, as atividades físicas e mentais trazem melhor qualidade de vida nesta que pode ser chamada de “a melhor idade”.

sábado, 11 de outubro de 2008

O CAVALINHO QUE FALAVA

Tudo se inicia no morro do cruzamento, em Jucutuquara, de onde subi com meu fusca por ruas íngremes, escadas e alguns obstáculos, tornados intransponíveis ao meu “possante”. Quando me faltava via trafegável, tomava o carro nas costas e o atravessava de um lado a outro e de cima a baixo. Nesses momentos tinha a sorte de que o carro não representasse peso que não fosse suportável, ou eu é que desenvolvia força hercúlea. Mas aos trancos e barrancos cheguei ao alto num barraco de único cômodo, onde Antarinho e colegas faziam uma confraternização. Lá havia música, alimentos e bebidas, tanto alcoólicas como coquetéis isentos de álcool, refrigerantes e frutas. Serviram-me e eu pequei somente uvas rubis, uma variedade de frutos de tamanho acima do normal. Eu comia continuamente esses frutos e sentia o sabor do tanino, característico da casca e das sementes dessa variedade de uvas. Em determinado momento me sentia culpado por consumir generosa quantidade de carboidratos dessa fruta. Certamente minha glicemia deveria estar aumentada, fato que costumeiramente ocorre quando faço ingesta de frutas em quantidades generosas.
Depois de horas de festejos, alguns casais de jovens divertiam-se dançando dessas músicas ditas modernas, que tem sons carregados de decibéis, desses que nos fazem sentir como se ocorressem no interior do estômago. Coisas de jovens! Nossa época dessas festas, as músicas eram outras: na cidade os boleros, os foxes, os sambas, as valsas e, no interior, aqueles músicas ditas “caipiras”, ora executadas em sanfonas, ora em violas, violões, acompanhadas ao ritmo de pandeiros e triângulos metálicos.
Como sempre, não me importando com minha faixa etária, eu procurava dialogar com aqueles jovens, lembrando a Antarinho que atuei na FAESA, educandário de nível superior dirigido, administrado e de propriedade de sua família, tendo ele, também, freqüentado aulas em que eu, na condição de docente, ministrei, por algum tempo, em disciplinas de auditoria, contabilidade geral e de mercado de capitais. Mas Antário Filho indagou-me:
- Mas o professor continua sendo nosso parceiro na FAESA?
- Não. Respondi-lhe.
- Do jeito que o senhor gosta e tem jeito para a coisa, não posso crer que tenha abandonado as salas de aula!
- Pois é, Antário. Não tive outra opção. Algumas enfermidades me tornaram incapaz; não foi por falta de convites e oportunidades. Isso continua a me fazer parte, mesmo nos meus constantes sonhos: a sala de aula era algo prazeroso.
Eu continuava a consumir aquelas uvas deliciosas, e a festinha já sinalizavam finalizar, quando Antário me pediu um favor:
- Professor Idomar, não querendo abusar de sua boa vontade, eu poderia contar com um favor seu?
- Diga-me do que se trata, pois jamais deixaria de atender a um pedido seu, lembrando que seu pedido é uma ordem. Eu tenho dívidas de gratidão com doutor Antário, seu pai, com dona Valdete, sua mãe, enfim com todos vocês. Lembro-me que me deram trabalho e acreditaram em mim num momento especial de minha vida. Portanto, conte comigo.
- Professor, tenho aqui um cavalinho de minha especial estima. Só a uma pessoa como o senhor eu posso confiar essa criatura, que à noite, tem um alojamento especial próximo à Praça Misael Pena, no Parque Moscoso. Além de lhe ficar grato pelo favor, eu lhe pago sete reais pelo serviço.
- Antário, nada disso! Não posso lhe cobrar nada! Colocou-me o dinheiro no bolso e disse.
- Professor; não falemos mais nisso. Negócio combinado!
Peguei o cavalinho pelo cabresto e o conduzia do alto do Morro do Romão, chegando ao Morro da Fonte Grande, eu ouvi uma voz que nunca ouvira:
- Professor, eu sinto cansaço. Seria demais lhe pedir que me carregasse?
- Claro que não!
Tomei aquela criatura dócil nos braços e percebi que seu corpo tinha uma leveza especial, parecia flutuar. E ele me perguntava?
- Suporta bem meu peso?
- Que peso?
- Professor, nós acabamos de chegar ao Morro da Fonte Grande, temos que descer pela esquerda, se nós continuássemos rumando à direita chegaríamos a Santo Antônio.
Descemos à esquerda, conforme orientação do dócil cavalinho e já podíamos ver a proximidade da cidade alta de Vitória. Bastaria pequena caminhada e teríamos visão parcial do Parque Moscoso. Ante a proximidade do nosso destino, minha imaginação se fixava nos diálogos que fazia com essa criatura... Teria suas palavras, sua leveza, tanto de peso quanto de bons fluídos, algo de sobrenatural? Havia alguém se materializado neste ser para comunicar algo de importância de que eu não conseguisse entender. Lembrava-me de Antário Filho assassinado há alguns anos, meu aluno e filho de meus benfeitores e esse animal que falava comigo com tamanha sutileza, me tratando como se fosse alguém de espírito infantil, portador da inocência própria dos anjos.
Enfim, chegando às proximidades da Praça Misael Pena, localizada no Parque Moscoso, o dócil cavalinho me avisava:
- Professor, como pode ver ali, naquelas baias é minha morada. Chegamos! Fico-lhe grato pela paciência que teve comigo, me tratando como se de verdade se trata ao semelhante. Quando quiser, visite-me, sentir-me-ei honrado!
Segui de volta por outro caminho, pois meu fusca se encontrava estacionado nas proximidades da casa em que houve a festinha. Nada além de meu carro havia ali, a festa terminara e todos os convidados se haviam retirado rumo às suas casas. Peguei meu fusca e desci por aqueles caminhos desenhados naquelas ruas tortuosas, escadarias, ressaltos e, num determinado local teria que passar equilibrando sobre um cabo de aço estirado de um segmento de rua a outro. Duvidei que conseguisse sai ileso dessa aventura, mas, como que por um passe de mágica cheguei ao outro lado ileso. Prossegui meu caminho para chegar a casa. Na realidade quando ia contar à Anésia toda a façanha, acordei.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

ELEIÇÕES, O DIA SEGUINTE

As eleições municipais aconteceram ontem e se encerraram às 17 horas. Pouco mais de duas horas após esse horário, graças ao processo eleitoral brasileiro, que não se duvida, é o mais eficiente do mundo, pois já eram conhecidos resultados finais do pleito em grande parte das cidades brasileiras. Isto permitiu que se conhecessem novos prefeitos e novos vereadores. Pois bem, pode-se afirmar que em matéria eleitoral, o dia seguinte teve início no mesmo dia. Mas efetivamente o dia seguinte é hoje – dia de ressaca cívica: ruas repletas de panfletos por todas as cidades tupiniquins, candidatos eleitos, candidatos derrotados, eleitores satisfeitos com os resultados e outros nem tanto.
Àqueles que se elegeram, aos que se reelegeram, estejam certos: as cidades brasileiras contam, aguardam e esperam que todos cumpram seu dever com trabalho probo, sabendo representar a população que lhes outorgou a incumbência de representá-la junto às estas unidades da federação – os municípios. Representando para realizar ações que satisfaçam esperanças, aspirações e cumprir fielmente àquilo que é seu dever como representante, não apenas de quem fez a escolha, mas de todos os munícipes, ou seja, de toda a comunidade.
Aos que lograram classificação para se submeterem a nova escolha em segundo turno: saibam mais uma vez fazer da disputa um momento de convencimento do eleitorado sobre suas propostas de trabalho, demonstrando por que deve ser votado e convencendo que é o melhor e que, por isto, merece ser eleito.
A estes, cujos resultados não os contemplaram neste pleito, vocês poderão fazer nova tentativa nas próximas eleições, decorridos quatro anos. Enquanto isso; sejam gratos pelos votos alcançados, embora mínimos; sejam solícitos, demonstrando que merecem receber novos votos. Deixem claras e concretas suas intenções, que as mesmas não visavam apenas este pleito. Sejam sempre verdadeiros amigos e solidários, pois novas oportunidades se lhes apresentarão e pensem: perder uma eleição, talvez não fosse o pior que lhes pudesse acontecer, e acima de tudo: seria impossível que todos se elegessem. Reajam e tentem novamente!