terça-feira, 30 de setembro de 2008

VILA VELHA EM ÉPOCA DE ELEIÇÕES

Às vésperas da eleição de nossos representantes – prefeito e vereadores para o próximo período de quatro anos, Vila Velha como na totalidade dos municípios brasileiros, vive-se o frenesi eleitoral. Todos correm: candidatos, cabos eleitorais, patrocinadores e eleitores, todos rumando às urnas. No próximo dia cinco de outubro, caso pudéssemos visualizar os sinais eletrônicos e decodificá-los previamente, poderíamos antecipar todos os nomes dos eleitos. Há quem diga ter o poder premonitório; eu não o tenho, por isso tenho que aguardar a contagem dos votos e a sua divulgação para saber se meus preferidos foram ou não eleitos.
Nesses dias vemos nossa cidade repleta de ruas esburacadas, trânsito caótico, poeira, tapumes, e carros de passeio, utilitários, caminhões, ônibus repletos de papéis e de potente aparelhagem de som, difundindo decibéis a bel prazer, a ponto de trincar nossos tímpanos. Ouço dizer que isto que acontece conosco não é privilégio dos pobres coitados canelas verdes; o mesmo acontece a Vitória, às cidades das santas, dos santos e até daqueles dos belos horizontes; convenhamos: isto só é possível graças ao exercício da democracia, que é plena e transparente nesta terra tupiniquim.
Já não se consegue encontrar Vasco Alves, ora caminhando pelo calçadão, ora marcando pontual café da manhã na Padaria Monte Líbano, sempre demonstrando amistosos cumprimentos (mesmo fora das campanhas eleitorais); atualmente ele se encontra voltado ao duro trabalho da cata aos votos. Sinto sua falta nesses encontros casuais, sua fala amiga e seus comentários sobre quaisquer assuntos. Sinceramente gosto de partilhar de sua amizade; há os que não gostam; também há os que não gostem do Dionísio Rui, do Cláudio Vereza, do Marcelino Fraga, do doutor Hércules; eu gosto de todos eles, quer sejam candidatos ou não. Se fosse capaz e se isto fosse possível, dividiria o Município de Vila Velha em tantas prefeituras quantos são os candidatos. Teríamos, pelo menos, cinco prefeituras e o mesmo multiplicador se aplicaria para os números de vereadores. Assim, conforme o número de votos alcançados, as prefeituras seriam escolhidas pela respectiva classificação dos candidatos. Neste caso, os eleitores poderiam ser governados pelos candidatos escolhidos, bastando que optassem por residir nos respectivos territórios jurisdicionados por esta ou aquela prefeitura. Imaginem se essa idéia pegasse que balbúrdia se tornaria esse Brasil! Uma loucura com certeza. Será que isso funcionaria? Imaginem esta situação aplicada ao Município de São Paulo, ao do Rio de Janeiro, ao de Belo Horizonte e... Não imaginem, porque por enquanto isto é apenas uma fantasia, nem mesmo nos sonhos isto existe, estejam certos!

domingo, 28 de setembro de 2008

FRENESI ELEITORAL

Na reta final de campanhas eleitorais, os candidatos, os cabos eleitorais e a própria Justiça Eleitoral estão todos tomados de ansiedade para que nada venha a falhar: os políticos fazem as últimas investidas naqueles redutos que entendem e a que a campanha não atingiu plenamente o marketing, onde existem setores considerados hostis. É verdade que a propaganda já se encerrou; existem, ainda, aqueles meios discretos de se contatar eleitores considerados refratários, por que, quaisquer votos obtidos no decorrer do jogo, podem ser decisivos, pois um voto apenas pode dar vitória a qualquer candidato.
No último dia em que se permitiu a realização de comício, nem tudo ocorreu da forma como os candidatos e seus assessores desejavam: alguns contratempos de última hora aconteceram, um ou outro ocupante da tribuna expressou-se mal, causando situação incômoda até entre os próprios correligionários; nada mais se pode fazer: esta era a última oportunidade para convencer eleitores indecisos. Pergunta-se: que fazer agora? Nada mais há o que possa ser feito, senão aguardar o resultado das urnas. O bom senso recomenda muita calma nesta hora. Talvez os erros cometidos neste último comício, sequer tenham sido percebidos, tanto pelos eleitores já comprometidos, como por aqueles ainda indecisos neste último momento.
Por outro lado a Justiça Eleitoral, nesses instantes finais do processo, está voltada ao pleno funcionamento das seções receptoras de votos, deve zelar para que não se cometam crimes e para apurar os que, porventura, venham a ser cometidos e enquadrar quaisquer desvios de conduta, especialmente quanto às fraudes, ao pleno e livre direito do eleitor escolher seus candidatos: livre de pressões e quaisquer atos que resultem no impedimento da livre escolha.
Depois vêm apurações e resultados do pleito. Algo que contrarie expectativas pode gerar descontentamento, dúvida e desconfiança. Por isso que, quem conduz um processo eleitoral, tem que estar seguro e ter nas mãos, completo controle de todos os procedimentos adotados.
Terminada a coleta dos votos, hoje pelas urnas eletrônicas, a ansiedade estressante toma conta dos candidatos, dos seus eleitores e, de modo especial, àqueles que têm no resultado eleitoral a possibilidade de se materializarem as promessas de campanha: favores especiais, tais como empregos de assessoria, realizações de obras para as comunidades a que pertençam e resultados de gestão, que beneficiarão toda a população do município.
Apurados e conhecidos os resultados, todos se sentirão afetados: a euforia tomará conta dos vencedores e de seus correligionários; a decepção e a frustração serão sentidas pelos que terão que aguardar novas eleições, quando terão novamente oportunidade de concorrer. Resta agora, aos ganhadores realizar com dignidade o mandato que lhes foi conferido; aos perdedores sonhar com novas oportunidades numa próxima eleição. Até lá, como dizem: “muita água pode correr por baixo da ponte”. Até as próximas eleições muitas coisas estarão mudadas: adversários de hoje, poderão ser os correligionários e aliados de amanhã e vice versa.
Quanto a nós eleitores e munícipes, temos novos prefeitos e vereadores eleitos, que tenham sido nossos candidatos preferidos ou não, exercerão os mandatos que a maioria lhes outorgou: eles governarão os destinos municipais pelos próximos quatro anos e alguns alcançarão reeleição, conforme for o desejo do eleitorado. Aguardemos e torçamos para que estes eleitos façam bom governo: os beneficiados seremos nós.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

COISAS ESTRANHAS

Nem preciso sair de casa, nem de minha cama para chegar a Várzea Alegre durante noites e madrugadas. Parece incrível, mas é a pura verdade. Numa dessas, visitei uma propriedade de Pedro Sperandio Pierazzo, onde, além do Rio Santa Maria, ele havia erigido um palacete que dizia ser a sede de uma nação italiana. No quintal havia vários poços circulares recheados de fubá de milho branco e uma escavação que diziam ser de uma lavra de pedras preciosas. De posse de uma picareta eu escavava num barranco repleto de pequenos cristais. Achei algumas pedras verdes que me diziam serem esmeraldas. Embora sentindo o cansaço característico, já experimentado no passado quando fazia algo semelhante, mesmo, assim, eu continuava a cavar, achando agora cristais lapidados, alguns nos formatos de prismas hexagonais alongados com pontas na cores roxas e violeta; havia estilhaços de pedras cristalinas azuis.
Continuando a escavação, além de cristais, surgiram estojos de madeira polidos e envernizados; alguns estavam vazios, outros continham peças artisticamente trabalhadas, como imagens de santos, estatuetas de deuses da mitologia greco-romana, feitas de pedra sabão, de alabastro e de cristais de cores diversas, inclusive de pedra ágata. Mas o inusitado ocorreu quando abri um estojo que continha um revólver de aço inoxidável, munições de calibres diversos, punhais e peças metálicas não identificáveis. Esse estojo e todo o conteúdo foram escolhidos para que fossem integrar uma coleção de peças raras do meu acervo.
Aqueles achados pareciam coisas enterradas por alguém que as escondesse ali. Por que e por quem teriam sido enterradas? Eu pretendia continuar a escavação, pois eu julgava que pudesse encontrar outras coisas, talvez as barras de ouro e jóias compostas de grandes diamantes trazidas da Itália pela família Pierazzo, mas o cansaço me dominava e consumia minhas energias devidas ao peso das ferramentas e daquela terra úmida de coloração escura repleta de húmus, apropriada para o plantio de hortaliças. Esse cansaço fez com que encerrasse o trabalho de prospecção, deixando para continuar em outra oportunidade, coisa de que não me lembro ter voltado a fazer.
Sobre essa questão de ocultar coisas valiosas, houve época em que, imigrantes de origem européia se utilizaram desses expedientes para ocultarem ouro, jóias e armas, de modo especial, durante as grandes guerras mundiais para deixá-los protegidos, tanto de ladrões como das forças de repressão a que estiveram sujeitos indivíduos de origem germânica e italiana. Outros, também, para evitar que pessoas das próprias famílias deles se apoderassem antes mesmo que tais bens fossem objeto de divisão nos inventários. Algumas vezes, o sigilo dos esconderijos do conhecimento de poucos, resultava no esquecimento e, por isso, existem histórias de tesouros que jamais virão a ser descobertos, e, outros descobertos por mero acaso. Nisso valem ser lembrados o caso de um pote recheado de ouro e de jóias preciosas, descoberto por acaso no quintal de uma família de descendentes de italianos na localidade de Boapaba, situada no Município de Colatina – região norte do Estado do Espírito Santo. Também a descoberta de algumas armas cerradas no interior de paredes de um antigo casarão, provavelmente escondidas para evitar possíveis retaliações próprias de épocas de guerra, porque poderiam ser entendidas como instrumentos capazes de provocar atitudes hostis.
Noutra noite, na rua principal de Várzea Alegre, havia pessoas, como de costume, comentavam sobre futebol, sobre a colheita do café, sobre os plantios de hortaliças e, principalmente, sobre lavras: as antigas e outras recentes, algumas que trouxeram riqueza e as que trouxeram desafetos e frustrações. Mas em Várzea Alegre, entra ano, sai ano e os assuntos sempre gravitam no entorno desses temas. Isso motiva que esses assuntos, principalmente o das lavras se perpetue, mantendo esse clima da influência psicológica da grande e antiga lavra da Pedra da Onça para perpetuar a ambição e os sonhos de grandes fortunas chegadas de forma inesperada e fácil, como aquilo já visto no passado.
Nessa mesma noite, ouviu-se acalorada discussão entre os Primos Hilton Corteletti e Mário Zanotti. Dessa discussão resultou que ambos sacaram revólveres e se miraram como se estivessem para praticar iminente duelo. Vociferavam palavras que se sentem constrangidas por figurarem nos dicionários. A qualquer momento trocariam disparos que os levariam a se ferir mortalmente. Do local em que me encontrava, eu lhes dirigia apelos para que depusessem as armas e voltassem à razão, enfim para que tivessem juízo, evitando ato que levaria às famílias de ambos, tristeza, lamúrias e choros incontidos; de nada adiantavam meus argumentos: eles se mantinham insensíveis aos apelos; estavam voltados somente ao ódio e pareciam dele se alimentarem exclusivamente. Assim que o primeiro estampido ecoasse, uma tragédia ocorreria, mas havia algo que vez ou outra os primos se aproximavam e se confidenciavam em voz baixa. Havia momentos que a arma de um ou a do outro apontasse para mim, me parecendo que, a qualquer momento eu poderia ser atingido por uma bala perdida e as cenas de conversas entre os primos que se apontavam armas ameaçadoras ocorriam com certa freqüência, mas em determinado momento se abraçaram e recolheram suas armas, acautelando-as e, aos risos, fizeram com que todas as ameaças, como se fossem de uma tempestade iminente, cessassem e trouxessem alívio geral na comunidade.
Viu-se, depois de alguns minutos que se pareceram séculos, que tudo não se passara de uma brincadeira para causar um estranho divertimento, gerando, ao mesmo tempo, emoção e medo generalizado na população local. Felizmente tudo não se passara de uma brincadeira estranha e de mau gosto.
Como é costumeiro, percebi que estive o tempo todo dormindo tranquilamente ao lado de minha esposa, mas, ao acordar, ainda sentia a ansiedade de uma cena de tragédia iminente.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O QUE É SER CEGO?

O que é pior? Ser cego ou ter perdido a visão?
Imagino logo que ser cego seja ver para dentro, enxergar a mente, os pensamentos; colocar cores no negro das trevas que é nada ver; buscar formas do nada. Para quem já teve visão não é difícil imaginar formas, ou seja, reproduzir algo visto, fazer modificações nas formas, nos contornos, nas cores, no tamanho das coisas e no local em que se encontram. Quando tenho os olhos cerrados, enxergo para dentro e vejo coisas que vi anteriormente.
Não consigo nem imaginar o que seja ser cego desde quando nasceu: nunca ter visto claridade, formas dos objetos, policromia. Por caso seria uma espécie de visão monocrômica? Acredito, certamente, que só a mente de cada um desses indivíduos que nunca enxergaram pode ter essa resposta, mas como explicá-la a quem vê, conhece cores formas, objetos e onde se situam?
Para quem jamais conheceu nada através da visão, nada faz diferença, mas francamente se existisse um meio de enxergarmos a mente dessas pessoas, o que veríamos? As imagens têm coisas em comum ou cada uma dessas pessoas cria suas próprias imagens? Pelo visto, o fato de se ter perdido a visão faz com que quem a tenha perdido, possa comparar sua ausência e sentir o vazio das trevas, tenha que conviver projetando coisas, detalhes, cores. Pode ser até algo semelhante ao que conseguimos pensar de olhos fechados ou durante os sonhos. Para que já enxergou, pode ver as coisas pelo tato, pode sentir o movimento das folhas açoitadas pelo vento, o movimento dos veículos pelo ruído dos motores, mas não pode ver o azul do céu, nem a cor do mar, a luz do sol, o claro frio da lua, a cor das flores, o verde dos vegetais, os tons cromáticos das pinturas, as cores do arco íris e...
Diante de tudo isto, há coisas que os sentidos se tornam aguçados quando se perde algum deles. Mas quais seriam as compensações que viriam para quem perde totalmente a visão? Parece-me que o sentido do tato se torna exacerbado. O que mais? Talvez a memória de ruídos que lembrem algumas imagens.
Certo é que, somente aos que perderam totalmente a visão, são os que têm respostas conclusivas a todas as indagações que se fazem sobre esse assunto.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

PRIMAVERA E ESTAÇÕES CLIMÁTICAS

PRIMAVERA E ESTAÇÕES CLIMÁTICAS DO BRASIL - REFLEXÕES
Nem bem saímos do inverno, já experimentamos calor forte, queda da taxa de umidade relativa do ar, poeira, incêndios e sol causticante. Quem disse que aqui existem estações definidas? Dizem que temos durante o ano todo apenas duas estações: o verão que ocupa a maior parte do ano e o vento sul que ocorre de forma intermitente. Embora as estações sejam mal definidas, experimentam-se durante o ano algumas mudanças: muito calor no período de dezembro a março, não raro estenderem-se estas características, aliadas a chuvas torrenciais, até o final de abril; depois o que seria o outono mistura-se ao inverno, amenizando o clima, intercalando dias mornos com outros frios, principalmente quando ocorre o famoso vento sul. Bom, aí completamos o ciclo com a chegada deste período que se inicia em setembro e chega a dezembro.
Nesta época há algo de diferente na natureza, as plantas põem brotos com folhas tenras, botões de flores eclodem, as primeiras chuvas mostram o início daquelas que virão no final do ano; temporais costumam ocorrer com ventanias, queda de granizo e chuvas casualmente localizadas. Não temos por aqui a rigidez dos contrastes entre as quatro estações como aqueles que ocorrem nos extremos, norte e sul do planeta. Não há hibernação de plantas nem de animais, produzem-se flores e frutas de janeiro a dezembro; as gramíneas vicejam durante s doze meses do ano, entretanto algumas têm nos meses de fevereiro a maio sua época de floração. Nesse imenso Brasil, o sul guarda algumas semelhanças com o clima dos extremos. São as terras de clima meridional ameno e de intensas chuvas durante a maior parte do ano, contrastando-se com as partes, setentrional e tropical, onde a pluviosidade se identifica com o verão e chamam-na de inverno.
As regiões centro oeste e nordeste do Brasil têm a característica comum quanto ao calor, são opostas quanto aos índices pluviométricos; enquanto que o Brasil central tem volumes acentuados de chuvas, formando rica bacia hidrográfica, o nordeste tem a característica de secas constantes, mas com procedimentos de irrigação, tem alta produtividade de cereais, de leguminosas e de frutas de diversas espécies, muitas delas frutificando até duas ou mais vezes ao ano. Isso faz com que em época de entressafra de algumas frutas originárias da região sul como mangas, uvas e espécimes cítricas, tendo safras diferenciadas, podem ser encontradas presentes no mercado brasileiro e ser exportadas continuamente para o exterior.
A escassez de água, quer seja pela falta de chuvas, contribuindo com isto a deficiência de reservas naturais e a má distribuição dos cursos, como também a deficiente estocagem do líquido representam desafio constante na produtividade agrícola, mas o fator agravante que freia a produção agrícola, tanto de vegetais destinados à produção de bioenergéticos como de alimentos tem uma barreira que na atualidade serve de óbice à produção – As reservas de minerais fertilizantes, bens não renováveis, já atingiram limites que, tanto impõem preços proibitivos como caminham no sentido da exaustão.
Resta, agora, a esperança de que, a exemplo da mega jazida de petróleo do pré sal, descubram-se reservas de minerais de potássio, fósforo, nitrogênio, tão abundantes que permitam avançar na produtividade de vegetais que sirvam como fonte de bioenergéticos como de alimentos para a humanidade, já ostentando bilhões de habitantes.
Nem só ao Brasil cabe a responsabilidade de produzir alimentos para a humanidade, mas as alterações climáticas em curso demonstram queda de produção e aumentos de preços, tudo levando a crer que o fantasma da fome que já assola populações pobres do continente africano e do asiático, poderá se tornar, a cada vez, mais grave. Somando-se a isto, efeitos de causa idêntica demonstram a escassez crescente de água para consumo humano. Aí de que adiantariam as estações climáticas?

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

MORTES VIOLENTAS NA GRANDE VITÓRIA

Recentemente estamparam-se em vários jornais notícias sobre os índices de violência na Capital do Estado do Espírito Santo, comparando-os aos do Iraque em guerra. Dizia-se que o Brasil, que não está em guerra, vive paradoxalmente duas guerras: uma com 35.000 assassinatos e outra, no trânsito, que ceifa cerca de 35.000 vidas anualmente. Somados tais números, as perdas de vidas conferem ao Brasil um triste primeiro lugar, que o coloca como se vivesse guerra atroz.
Há ainda outro fato que, quando são comparados os números de assassinatos em Vitória, demonstram-na a cidade mais violenta do mundo. Examinando-se apenas os noticiários locais, sem recorrer-se às estatísticas, vê-se que a maioria dos assassinados refere-se a indivíduos jovens e do sexo masculino, quase sempre tendo como motivação alguma causa ligada ao consumo e tráfico de drogas ilícitas.
Mas mata-se por qualquer motivo e, como disse o Professor doutor Luiz Carlos Nunes ex-promotor de Justiça, quando ocupou a Pasta da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Governo do Estado do Espírito Santo, indagado como poderia adotar providências para reduzir o alto índice de assassinatos, ele simplesmente respondeu: “no Estado do Espírito Santo existe a cultura da morte”. Mata-se por qualquer motivo, podendo ser por motivo de dívidas de drogas, quaisquer vinganças; por motivo passional, assassinam-se os rivais; por motivos de disputas de propriedade, matam-se vizinhos; por motivos de calúnias e injúrias, eliminam-se os desafetos; por motivos fúteis de desavenças em brigas no trânsito, no calor das discussões, estando-se na posse de armas, isso pode representar causa para mortes irrefletidas; mata-se em assaltos, matam-se assaltantes, mata-se por inveja, matam-se concorrentes em atividades profissionais; Matam-se adversários políticos, que se propõem trabalhar pelo bem estar da coletividade (Quem bem estar é este de tirar a vida de alguém?). Enfim, há sempre algum motivo para tirar-se a vida de algum semelhante, não sendo raro matar-se por engano. Há significativa causa de morte entre as elementos das próprias organizações criminosas, sejam elas associações para o tráfico de drogas, de quadrilhas especificamente formadas para o crime de pistolagem, para roubos de cargas, para roubo de veículos e para quaisquer outras organizações ligadas às contravenções penais do jogo de bicho, de prostituição, de negócios ilegais de comercializações paralelas com moedas estrangeiras. Eliminam-se sócios em atividades lícitas, simplesmente para livrarem-se de partilhar resultados.
Houve épocas em que os empregados, depois de receberem seus quinhões resultantes do trabalho, morriam vitimados em tocaias para que os empregadores recuperassem os salários que lhes foram pagos. Essa modalidade é relatada como folclore vigente nas grandes e primitivas fazendas dos primeiros colonizadores das terras do Estado do Espírito Santo, ora por indivíduos de procedência luso-brasileira e também de europeus dedicados aos primórdios da expansão agrícola do Estado, teriam se utilizado de expedientes semelhantes, quando eliminavam seus parceiros de trabalho, evitando lhes entregar os créditos a que faziam jus. Mas essa forma de violência, com grande probabilidade de ter ocorrido não encontra amparo em fontes primárias da historiografia. Caso sejam verídicas ou não essas práticas, sempre carecerão da materialidade probatória. Nos centros urbanos, sempre houve os que registrassem, quer nos registros policiais e judiciais, quer na própria imprensa escrita. Bom exemplo disso são fatos históricos da violência resultante das contendas entre pessoas, às vezes do povo, como registros de ferimentos feitos com armas brancas como espadas e punhais.
Mas afinal, por que matar pessoas, simplesmente para se tornarem livres de suas presenças? Para impedir seu sucesso? Para livrar-se da concorrência? Para impedir que ocupem o poder? Para impedir suas posses de bens do amor de outras pessoas? Para anularem suas iniciativas e suas ações.
O que é matar? É interromper o ciclo da vida de um ser vivo que é ímpar no universo, que sentirá emoções nas alegrias, nas tristezas, nas frustrações, nos prazeres, nas dores e na própria morte. Com esta atitude antecipada, será frustrar-lhe oportunidades de sentir prazeres, de viver, de procriar mais semelhantes, de ser amado, de ser odiado, de ser pai, de ser mãe, de ser, talvez, benfeitor da humanidade, de proporcionar inventos que melhorem as condições de vida de todos os seres e de chegar a termo da existência a que lhe é destinada. Apesar da insensatez de ceifar vidas, isso seria permissão do Criador? Ou atitude da tentação do demônio? Tenho certeza que só o Onipotente tem a resposta.
Pensando bem, sabe-se que Jesus Cristo pelos santos desígnios do Pai, teve a vida tirada (ou oferecida para a remissão dos pecados da humanidade). Seria a morte de causa violenta, uma forma de alcançar o merecimento da vida eterna por meio deste sacrifício?
A nós que cremos na vida eterna após a morte, a interrupção da vida por meios não considerados normais, teríamos alguma forma de alcançar benefícios na proporção inversa dos agentes que causam o fim prematuro?

domingo, 14 de setembro de 2008

A COLATNA DOS MEUS SONHOS


Não sei se são saudades, por que são constantes minhas visitas a essa Cidade de Colatina. Saudades podem ser do meu trabalho, dos colégios que freqüentei, das casas onde morei, de meu pai e de minhas irmãs, de meus vizinhos, de meus colegas tanto aqueles do trabalho como dos que me fizeram companhia nos bancos escolares; também de outros que faziam parte dos encontros dominicais na igreja, nas festas de casamento e de grupos diversos. Saudades das reuniões nos colégios dos filhos; das nossas idas ao mercado para compras, aos supermercados, às lojas para adquirir tecidos, vestuário, medicamentos e utilidades domésticas.
Nesta madrugada, como em tantas outras vezes, estive em casa de meu pai, quando realizava trabalho temporário, fiscalizando uma empresa, de significativo porte, nesta cidade. Alojei-me por alguns dias em casa, de lá saindo cedo e retornando à noite depois de uma jornada, de faina cansativa. Não era cansaço físico; a mente exauria suas forças e as recompunha em cada noite de sono profundo. Sequer tinha tempo para visitas aos meus amigos e antigos vizinhos. Dediquei-me a esses contatos apenas durante o dia que precedia meu retorno a casa. Havia pelo menos três compromissos assumidos: primeiramente deveria fazer visita à agência da previdência para rever poucos daqueles colegas que ainda restavam em atividade; tinha, também, que ir ao escritório de uma empresa situada na Galeria Wanderlei para entregar um exemplar do livro “Memórias – 2ª edição, a uma irmã de Dézio Rizzo, a quem a obra era destinada. Depois, para finalizar minhas vistas, iria ao Bairro de Bela Vista, visitando simultaneamente Geraldo Corteletti, Guerino Mantovani, Isaltino Delácqua e João Cofler. No Bairro Honório Fraga, os compromissos agendados incluíam visitas a Demétria, Valentim, Preta, Alcebíades Ghisolfi. Bom lembrar que todas seriam visitas rápidas; não podia mesmo me enredar naquelas longas conversas costumeiras, porque senão... Nunca se sabe até onde iriam essas conversas. Para finalizar a jornada de contatos, ah! Já ia me esquecendo. Tinha um compromisso de levar um livro ao meu colega Pedro Massariol. Se não cumprisse este compromisso, como ficaria minha relação de amizade com esse colega?
Antes mesmo de ir ao INPS, concluí todos os compromissos, exceto esse com Pedro Massariol. Massariol seria a última visita, pois esse compromisso não deveria ser mera visitinha. Teríamos muitas coisas a falar, relembrar antigos fatos, ou seja, comemorar e degustar velhos acontecimentos que permanecem vivos na memória e pagar minha dívida, entregando-lhe o livro, que Pedro reclama ter sido preterido, privilegiando outros colegas e me esquecendo do velho amigo. Não é verdade que me esqueci desse amigo. Tenho, também, outros que embora não me cobrem, sinto na consciência a obrigação de lhes agraciar com este primeiro livro que publiquei, agora em segunda edição.
Na visita que fiz ao INPS, encontrei ainda em atividade Waldemar Birchler, Arly Rueda, Leonide Felisberto Storch, Silvio Benezolli, José Maria Zanetti, Ermelinda Serafini, Maria Cleusa Moisés, Maria da Penha Serafini, José Barbosa dos Santos, Marcílio Afonso Sarcinelli dos Santos, Roldão Manoel da Fonseca, doutor Wellington Rody, doutor Pedro Paulo Marques, Lúcia Helena Ribon, Maria Crizal da Conceição Alves, Sabará (não me lembro de que), José Nogueira, Silvano Ramos, Otávio Danuzio dos Santos Ribeiro, Iracy Ramos, José Carlos Rodrigues dos Santos, Claudette Aguieiras Cortat, Neide Arpini de Almeida, Abelardo Soares Chaves, Azelino Lemos, Olivina Mattedi, Geraldo Fiorot, Jandir Moroseski, Alceu Martinelli, Gentil Nunes Bezerra, Layr Wander de Abreu Mafra, Sérgio Paiva, Ruy Rodrigues Peneau, Deusinéia Farias de Vasconcelos, Luiz Carlos Peres, Antônia Parrini, Olga Amarante, Alcy Benetti, Luiz Carlos Amarante, Affefe Abdalla Guerrieri, Terezinha de Jesus Stefenoni, José Luiz Fachetti, Maria da Penha Serafini, Herolino de Almeida Souza, Oswaldo Pulcheira, Stilson José Ferrari, José Carlos Tardin do Carmo, Walter Rigo e Hélio (não me lembro do que).
Agora, além de todos os funcionários citados acima, existiam outros, dentre eles alguns originários do Projeto Rondon que se tornaram servidores através de concursos; outros contratados temporariamente, mais tarde tiveram vínculos empregatícios reconhecidos, referindo-me a um de nome Davi, duas conhecidas por Cremilda e Sônia; Outros ainda contratados mediante autorização especial como fora um dos casos o de Odilon de Farias. Mas não eram apenas os servidores relacionados, havia ainda outros de admissões recentes que eu não Conhecia.
Durante a visita, revia o andar térreo repleto de segurados e beneficiários que buscavam atendimento na área dos benefícios (Seguros Sociais e de Acidentes do Trabalho) e, ainda, uma multidão de pessoas que procuravam atendimento médico. Essa foi uma visão do que fora a Agência do INPS em Colatina. Num balcão no térreo havia um pôster de uma foto que tive certeza tratar-se de fotografia, na qual a figura de meu pai se sobressaía. Depois, verificando bem, havia apenas leve semelhança. Nesse momento Alceu Martinelli, acompanhado de arquitetos e desenhistas detalhava como deveria ser um balcão de atendimento a ser estendido ao longo do corredor do térreo. Nisso, eis que surge Pedro Massariol que, constatando minha presença, apontando para mim, diz:
- e o meu livro? Trouxe-o?
- evidente que sim, Pedro! Como poderia eu me esquecer?
- Ainda bem! Senão...
- Pedro, foi ótimo encontrá-lo aqui. Desta forma você me poupa tempo. Vem comigo para entregar uma cópia de outro livro, que trata de pedras preciosas, ao Bento Marchiori. Assim aproveitamos esse tempo para falarmos mais sobre nossos velhos assuntos daqui e dos outros sobre a fiscalização, quando trabalhamos como fiscais do IAPAS. Hoje temos, em comum, nossas aposentadorias. Hoje, por exemplo, embora aposentado, completei a fiscalização de uma empresa daqui. Você tem o privilégio de estar longe de Hiran, sabe por quê? Assim ele não faz a você o que constantemente me faz comigo. Não é que ele não perde a mania de fazer com que seus chefiados, mesmo que na inatividade, voltem ao trabalho, nem só para fiscalizar. Imagine que há alguns dias tive que participar de uma campanha vacinal, preventiva contra febre amarela, em São Mateus e ele não se esmera em orientações. Economizando palavras, diz apenas:
- Não me incomodo como o serviço é feito, basta-me que me apresente produção em tempo hábil.
- Pedro, nem queira retornar a Vitória. Lá você não se livrará de ser convocado a trabalhar. Basta que Hiran tenha seu endereço. Muitos colegas aposentados, sabendo disso, estão se mudando para outras unidades da federação, as mais longínquas.
Pedro e eu seguimos rumo à casa de Bento Marchiori, continuando nossa conversa e falávamos agora não sei a respeito, nem de que. Perece-me que, repentinamente ficamos às escuras. Teria faltado energia? Não. Acordei e percebi que tudo se não passara de mais um dos meus devaneios costumeiros das madrugadas, felizmente um sonho bom.

sábado, 13 de setembro de 2008

REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO ELEITORAL

Avizinha-se o dia destinado a sufragar nossos candidatos a prefeito e vereador pelos municípios deste imenso Brasil. Durante os próximos quatro anos, as administrações municipais estarão a cargo desses mandatários, a quem concedemos o poder de dirigir os destinos de todos os munícipes brasileiros. Hoje, eles procuram por todas as formas e meios persuadir-nos que, cada um deles é o melhor; muitos desses candidatos que representam a maioria e se tiverem nova chance, estarão nos bombardeando com palavras exibidas nas rádios, nas TV’s, nas imagens de panfletos, folde’rs, faixas e baner’s, daqui a quatro anos, consumindo novamente toneladas de papel, de tintas; horas e mais horas dedicadas ao convencimento do eleitorado.
Política eleitoral faz parte do exercício democrático, permitindo que nossos preferidos escolhidos, se eleitos, se alternem no poder a cada quatro anos, chegando alguns a dois períodos idênticos, se utilizando de permissivo legal, conseguem segundo mandato. Em países vizinhos, como no caso da Venezuela e de Cuba, a perpetuação no poder se faz por meio de casuísmo eleitoral. Mas achamos que o continuísmo no comando do poder público não é prática saudável, pois pode conduzir ao domínio de castas de privilegiados, quase sempre pela força, como argumento; e não pela força do argumento. Mesmo no Brasil republicano, houve períodos em que o continuísmo no poder foi praticado por longos períodos. Exemplos disso podem-se citar a “Era Vargas” e o período de 1964 a 1985. No primeiro caso, o movimento tenentista, iniciado a partir da segunda década do século passado, chegou ao poder, colocando Getúlio Vargas como ditador, em 1930. Depois eleito por duas vezes presidente. Depois, elegeu-se Juscelino Kubistchek que realizou grandes obras à custa do endividamento externo, não sendo difícil entender por que a corrupção se tornou exacerbada, a partir desse governo. Elevados dispêndios motivados pelas grandes obras geravam licitações contínuas, realizadas mediante instrumentos de fiscalização ineficientes, com muito dinheiro envolvido, esses gastos podiam conduzir facilmente desvios, propinas e toda sorte de impropriedade. Na eleição seguinte, o pleito foi vencido pelo polêmico Jânio Quadros, que renunciou ao mandato ainda no início. Isso gerou impasse porque os comandantes militares não aceitavam João Goulart no exercício da presidência, devido ao argumento de que esse político professasse ideologia comunista. Tal impasse trouxe como solução a experiência do regime parlamentarista que, para ser implantado definitivamente, deveria passar por uma consulta pública – um plebiscito. Realizado o referendo, o povo devolveu a João Goulart, legalmente eleito, a Presidência da República. Esse governante não escondia seus propósitos de apoiar-se em patentes militares intermediárias, coisa que descontentava as autoridades militares e a demonstração visível de que o levaria a implantar uma república sindicalista, também contribuía para sua rejeição.
Numa nova fase de autoritarismo, os militares tomaram o poder e instituíram um governo provisório, outorgando uma constituição que permitia a existência de eleições para serem disputadas por duas organizações partidárias – a ARENA (Aliança Renovadora Nacional), e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro). A segunda agremiação se compunha de políticos opositores ao regime vigente, que ali se mostravam como forças de esquerda. Na verdade essa oposição era meramente de aparência; caso ela demonstrasse crescimento, a situação lhe tosava as asas com alguma solução casuística, simplesmente para demonstrar à opinião pública mundial que aqui havia oposição e que esta participava de eleições livres. A ARENA , de períodos em períodos eleitorais escolhia candidato à Presidência da República para ser referendado pelo Congresso Nacional, onde tinha maioria esmagadora dos votos. A oposição, estimulada pela situação, apresentava candidato. Houve, numa dessas eleições um candidato, representado por alta patente do Exército – o general Euler Bentes Monteiro, que concorreu como candidato pelo MDB. Assim, os situacionistas do movimento de 1964, alternaram no poder entre si de 1964 a 1985, durante vinte e um anos, portanto. Nesse tempo parecia que o país vivesse plena legalidade em que não havia espaço senão para a ética e para a sadia moral, reinando por tempo breve um estado de ufanismo cuja aparência demonstrava um Brasil vencedor em todos os segmentos. Sabe-se que esse sentimento em parte derivou da conquista de duas copas de futebol, por exemplo.
Na década de 1980, os militares no poder prometiam um processo de abertura política, lento e gradual, tornando possível o surgimento de movimentos sindicalistas e de lideranças que exigiam eleições diretas em todos os níveis de governo. Exemplo disso foi o movimento das “Diretas Já”, liderado por Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, Leonel Brizola e outros. Tancredo Neves foi o último presidente eleito indiretamente. Como esse presidente não tomou posse por motivo de enfermidade que o levou à morte, seu sucessor, José Sarney convocou uma constituinte e em 1988, esse congresso promulgou a constituição de uma nova república, tornando o país democraticamente engajado num moderno sistema político livre, plenamente coberto pela legalidade.
Hoje, elegem-se políticos para gerir o Brasil em todos os níveis; há constantes notícias de irregularidades, de corrupção em toda parte; há instalação de CPI’s para apurar ilegalidades, punem-se culpados, cassam-se mandatos; Denunciam-se impunidades, maus políticos não se reelegem; eleitores de memória curta se esquecem em quem votaram na última eleição e mais coisas acontecem simultaneamente.
Perturbado hoje pelo excesso de decibéis dos sons das campanhas, das violações das regras eleitorais, notoriamente da propaganda, tomando conhecimento que alguns candidatos têm seus nomes alijados da disputa, por motivo de improbidade administrativa; outros, por motivos diversos. Pode-se concluir que, no exercício do pleno processo democrático, as transparências deixam tudo à mostra; inverso daquilo que ocorre nos regimes ditatoriais, onde só existe a verdade da situação, onde a censura inibe a livre expressão e o obscurantismo impera.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

UM EMPREGO NOVO (OU VELHO?)


Não tenham dúvida que “seu Carone”, aquele idoso que costumava estar sentado numa cadeira próxima dos balcões de produtos resfriados e congelados, gostava de falar sobre suas experiências quando esteve morando nos Estados Unidos da América, de onde, com certeza, trouxe a experiência do ramo comercial dos auto-serviços, muito comuns há várias décadas naquela nação. O bom velhinho sempre puxava uma conversa comigo, parecia mesmo que nutrisse simpatia por nós (eu digo por nós por que, como faço habitualmente, sempre vou às compras, acompanhado de Anésia).
Em determinada madrugada tive a experiência de trabalhar num estabelecimento comercial de seu Carone. Ele me contratou para ocupar o emprego de caixeiro numa loja de sua propriedade, onde já existia uma jovem exercendo o mesmo tipo de trabalho. Antes mesmo de falar a respeito de minhas tarefas, eu faço uma descrição de como era a montagem dessa loja, assim: grandes prateleiras continham fardos e mais fardos de tecidos; alguns expositores exibiam vestuários masculinos, femininos e infantis; numa seção havia expostos brinquedos, a maioria carrinhos, palhaços e outros artefatos feitos de madeira e pintados; bonecas de plástico e roupinhas para vesti-las; num balcão vitrine exibiam-se materiais de armarinho como linhas, agulhas, colchetes, grampos de cabelo, “piranhas” para prender cabelo, alfinetes simples e daqueles usados para prender fraldas, botões, miçangas e miudezas diversas. Havia grande quantidade de chapéus, sapatos, guarda-chuvas, sombrinhas, lenços estampados coloridos. Já num ambiente contíguo exibiam-se expostos carne seca, lombos salgados, bacalhau, sardinhas salgadas, queijos, banha de porco e fumo de rolo. Essas mercadorias juntas exalavam odores, que misturados, faziam presentes aqueles odores próprios das antigas mercearias das pequenas cidades do interior. Apesar da colega de trabalho ter-me recebido, demonstrando boa vontade comigo, me ensinando como trabalhar ali, quer como fazer o corte dos tecidos, fazer embrulhos, pesagem de mercadorias vendidas a granel, inclusive como lidar com o querosene, como abrir a loja pela manhã e como fechá-la à tarde no final do expediente, eu me sentia inseguro nesse primeiro dia de trabalho. Na verdade não consegui vender coisa alguma nesse primeiro dia. Para essas providências, meu patrão entregou-me cópias de todas as chaves do estabelecimento, ficando para o dia seguinte confiar-me o segredo do cofre, onde deveria ser guardado diariamente o numerário das férias provenientes das vendas a dinheiro e dos recebimentos de contas daqueles fregueses que compravam fiado.
No fim de tarde do primeiro dia, realizava-se nessa loja um concurso que consistia em vestir o maior número possível de peças de vestuário numa única pessoa, coisas consideradas invendáveis, para que o competidor ganhasse além das roupas vestidas um prêmio em crédito para futuras compras. Essa competição tinha como objetivo aliciar possíveis clientes e afastá-los dessa forma dos estabelecimentos de concorrentes.
Tamanho foi o sucesso do concurso que o estoque de roupas encalhado desapareceu das prateleiras e houve um grande número de pessoas que não conseguiu participar. Carone prometeu às pessoas que compareceram e não tiveram oportunidade de participar devido ao tumulto que tomou conta do evento. Foram distribuídas senhas aos presentes para serem convocados a participarem de novo evento similar a ser realizado proximamente.
Não fiquei sabendo quem teria ganhado a competição, porque a comissão de julgamento anotou tudo para divulgar os resultados na semana seguinte.
Enquanto isso, no dia seguinte, quando retornei à loja, assim que abertas as portas, comecei a atender a inúmeros clientes. Alguns compravam tecidos, outros, coisas de mercearia como feijão, arroz, queijo, carne seca, sardinhas e açúcar. Outros compravam fumo de rolo, querosene e outras utilidades como panelas, talheres e artigos de armarinho.
Nem percebi, mas a loja nem os clientes já não existiam, nem eu tinha emprego. Tudo não passara de um de meus devaneios na madrugada.


segunda-feira, 8 de setembro de 2008

NOVA VIAGEM PELO INTERIOR

Sempre estou às voltas com viagens inesperadas e acontecimentos inusitados, mas em viagens, passeios e ocorrências durante noites e madrugadas, o que se pode esperar? E desta vez há uma série de acontecimentos, alguns previsíveis outros não.

Nossa viagem se inicia em Alto Tabocas, exatamente naquele trevo em que se deixa a pista asfáltica para seguir-se a Tabocas, Caldeirão para findar-se em Várzea Alegre. Parece-me que vinha no sentido de Itarana a Santa Teresa. Poderia estar vindo, também, de Santa Maria de Jetibá. Isto não importa. Importante mesmo é a história que se inicia a partir deste local e deste momento, assim: Neste trevo, havia um grupo de jovens mulheres vestidas com roupa branca e exibiam faixas e repetiam refrões de alguma música, convidando para que as pessoas que trafegavam pelo local fossem assistir a um espetáculo encenado por mulheres num grande circo instalado na localidade de Várzea Alegre.

Não foi causa do convite, mas a partir desse momento enveredei-me pela serra de Tabocas, descendo até Caldeirão de São José, sucessivamente chegando a Várzea Alegre. Embora me parecesse sem motivação; mesmo assim, o primeiro local que visitei em Várzea Alegre foi um circo que havia instalado, onde fora, antigamente, o campo do Volante Futebol Clube. Era, realmente, um grande circo, pelo menos era grande a lona que cobria extensa área do antigo campo.

Convidaram-me a que entrasse para assistir gratuitamente um ensaio, em que o proprietário do circo exercitava declamações de poesias, cantigas populares, exercícios em trapézio e ensaiava algumas mulheres para executarem danças próprias de países do leste europeu, região de procedência do empresário. Essas mulheres representavam para a “Troupe do Grand Cirque” as artistas cuja publicidade era feita em Alto Tabocas. Ah, sim! Antes que me esqueça: o principal artista era dono da organização e, ao mesmo tempo, palhaço, equilibrista e malabarista. Assisti alguns ensaios e me retirei do local.

Saí do circo e vi que alguém garimpava pedras preciosas nas proximidades, tanto no antigo campo como nos terrenos de quintais de casas edificadas nas proximidades. Era Clementino Scotar que lavrava com duas possantes máquinas, uma das quais, moderna escavadeira e a outra fazia o trabalho de peneiramento das terras de modo a separar cascalhos e possíveis gemas preciosas, especialmente as valiosas águas-marinhas. Assim que cheguei ao garimpo, Antônio Morao me dizia:

- Pague aos seus garimpeiros. Eles estão, há vários dias, aguardando pelo pagamento. Caso você não tenha dinheiro disponível, eu lhe empresto algum, pois recebi uma diferença resultante da minha aposentadoria e posso disponibilizá-la ao amigo.

Estranho. Não entendi por que tinha que pagar garimpeiros se já não cuido do ramo há algum tempo, mas Clementino e Anízio de Barros reclamavam:

- Foi bom você ter vindo, estamos necessitando repor coisas do nosso barraco e você há tempo, não nos paga!

Pensei: deve haver algum engano, Preto é que é sócio de Clementino. Eu fui convidado a associar-me, mas declinei do convite. Devo falar com Preto para dissipar esse mal entendido. Fui procurar meu cunhado Alfeu, que responde pela alcunha de “Preto”, procurando esclarecer o caso, assim:

- Preto você é o único sócio de Clementino e eles estão me cobrando algumas parcelas de participação nas despesas do garimpo cujo responsável é você. Vi que Preto não estava nos melhores dias, aparentava péssimo humor e me respondeu:

- Realmente sou o sócio de Clementino no Garimpo, mas não se lembra que quem paga é você, meu compadre! Procure regularizar logo esses pagamentos em atraso para que eles possam continuar com a lavra.

Voltei a Clementino para pedir-lhe mais algum prazo, pois teria que vir a Santa Teresa para levantar recursos em banco. Perguntei a Clementino se estava tendo resultados nessa lavra e ele me exibiu uma pedra de água-marinha límpida com aproximadamente vinte quilogramas de peso, dizendo-me que eles poderiam alcançar bom resultado com a venda dessa gema. Apesar de tudo, ele não sinalizava que eu tivesse participação nesse resultado. Só assim, pude entender que, na realidade, eu não era sócio de coisa alguma. Minha participação consistia em apenas na obrigação de pagar aos garimpeiros; o verdadeiro sócio era Preto, que nada pagava, deixando esses encargos exclusivamente para mim, que não tinha quaisquer direitos; apenas obrigações. Essa que era minha parte. Lembrei-me que, às vezes, sócios de garimpo existem somente para pagar, por que não são lembrados quando são encontradas as gemas preciosas.

Quem disse que esse tipo de sociedade é fruto de sonhos? Pesadelos é que são. Melhor numa ora dessas é acordar de verdade.

sábado, 6 de setembro de 2008

COMEMORAÇÕES E MAIS COISAS

Estivemos reunidos com vários casais num hotel na Praia da Costa, comemorando algo importante, talvez algo ligado à minha atividade de Auditor da Receita Federal do Brasil, neste caso, sob o patrocínio de duas entidades às quais somos filiados – a ANFIP, abrangendo todo o Brasil e a ANFIPES, onde são inscritos quase a totalidade dos auditores ativos, inativos e pensionistas do Estado do Espírito Santo.
Diariamente, havia palestras num centro de convenções, encontros em restaurantes famosos, desses que servem, entre outras coisas, a moqueca capixaba, tornada famosa devido aos ingredientes especialmente produzidos nesta terra – peixes, mariscos, condimentos e o modo como é preparada. Há uma coisa que costumam dizer os apreciadores da iguaria: “moqueca é capixaba; as outras são peixadas”. Certamente, este prato preparado com peixes e mariscos da água salgada e alguns de água doce dos caudalosos rios que cortam nosso território. Para nós capixabas não há dúvida de que é a melhor preparação do gênero – dizem que isto é coisa de “puxar a brasa para a própria sardinha”
Acredito, mesmo, que o evento que ocorria era congresso de auditores fiscais, e durante os dias em que isso ocorreu, várias autoridades, desde ministros, governadores, deputados, senadores, prefeitos e vereadores, tanto se fizeram presentes como alguns proferiram discursos e palestras. Dentre os congressistas palestrantes, havia um casal tornado nosso amigo, que costumava ocupar assento nas mesas em que eu e minha esposa ocupássemos. Tornamo-nos amigos e, chegando ao final do evento, sentiríamos falta de sua companhia. Foi na despedida que ofereci uma aguardente produzida no Estado – a cachaça “Da Mata”. Aquele senhor me disse:
- não posso tomar cachaça, pois sou alérgico a produtos feitos com cana-de-açúcar.
Ofereci-lhe outra bebida destilada, que transportava comigo, estendendo-lhe um copo onde existiam botões, clipes, grampos e outras miudezas, uma das quais se movia. A esposa desse meu amigo exclamou:
- barata!
Não sei se, de fato, era barata, mas o bichinho se movia através de centenas de perninhas. Logo, poderia ser uma centopéia. Quem sabe?
Eu disse apenas:
- Nem, mesmo, depois de lavado este copo, deve ser usado. Sei lá se este animal contém alguma substância tóxica? Nunca se deve arriscar. Leve apenas a garrafa e beba seu conteúdo em outra ocasião. Desculpe-me, não entendo como isto veio parar aqui. Mas esta ocorrência deixou-me constrangido. Isto não podia ter ocorrido com pessoa, que tornada amiga, merecia minha consideração.
O evento comemorativo foi encerrado com um coquetel em reunião solene onde todos os participantes presentes foram convocados para participarem, inclusive, de discursos diversos sobre a temática do congresso.
Mal tudo terminou, os participantes se dispersaram, cada um tomando seu caminho de destino. Eu, saindo à rua, fui abordado por um policial militar, de uma corporação especializada em trânsito, assim:
- senhor queira, por favor, se identificar!
Identifiquei-me e o policial explicou-me:
- o senhor sabe conduzir veículos?
Respondi-lhe:
- sim, mas minha habilitação classe amador se encontra vencida há meses.
- Isto não é problema, pois se trata de emergência: motoristas em greve abandonaram coletivos repletos de passageiros e, antes que ocorra caos generalizado, estamos requisitando quaisquer pessoas do povo para, emergencialmente, conduzir estes coletivos. O senhor acaba de ser requisitado para conduzir este aí.
Apontou para um grande auto de cor azul e me entregou a direção do veículo, dizendo:
- Pode acionar a máquina e dar partida que eu o acompanho para lhe mostrar o caminho a ser seguido.
Não tive alternativa, fiz de acordo com a ordem recebida do policial e percebia que havia vários passageiros, dentre os quais idosos e crianças. E na primeira parada, uma senhora parecendo demonstrar desespero entrou no coletivo e de lá retirou uma criança, justificando:
- desculpem-me esta é minha filha! O irresponsável do meu marido a abandonou aqui e saiu para beber com “amigos de copo”!
O policial autorizou que ela retirasse a criança que dizia ser sua filha, mas aconselhou-a a se dirigir à delegacia de polícia mais próxima e registrar um “BO” – Boletim de Ocorrência. Orientando:
- Senhora, isto é coisa grave! Caso de polícia mesmo! Preste queixa para que esse seu marido seja punido exemplarmente. Onde já se viu um pai abandonar uma criança e ir beber com amigos?
Não sei o desfecho daquele caso porque a mulher pegou a criança e saiu rapidamente do local. E eu ia conduzindo aquele ônibus com maestria. Não é que eu parecia ser mesmo condutor profissional de coletivos. Até o policial não economizava elogios:
- olha não podia imaginar que o senhor, apesar de dizer que só conduzia pequenos autos na condição de amador, me saiu melhor que a encomenda!
E eu ia adiante, parando o coletivo para o desembarque e embarque de outros passageiros; tive que desviar de buracos na pista, fazer paradas bruscas para não atropelar pedestres, atravessar uma pista de chão de terra repleta de lama. Num desses locais, tive que tirar o carro de um atoleiro, de marcha à ré. Nessa manobra, quase colidi com o carro em que viajava aquele casal, feito amigo naqueles encontros em que havíamos participado neste e em dias anteriores.
Não sei se houve greve de motoristas e cobradores no transporte coletivo, mas, enquanto isto, eu continuava a conduzir aquele ônibus azul durante o dia, à tarde, à noite e madrugada afora. Não tenho lembrança de que tenha encerrado meu trabalho, se é que realmente trabalhei. Não sei mesmo como fiz tudo isto sem sequer me levantar da cama.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

COISAS DO FUTURO

Será, mesmo, que ainda faltam descobertas e inventos que possam melhorar o dia-a-dia das pessoas? Vejamos coisas que poderiam melhorar o desempenho daquilo que se faz em casa. Digamos que sua família resida num apartamento com quatro dormitórios-suítes e vocês compõem um grupo familiar de cinco pessoas, assim: o pai trabalha uma jornada de oito horas, a mãe, também, permanece em igual jornada fora de casa; os filhos, em número de três, se compõem de um adulto e dois adolescentes. O adulto cumpre duas jornadas: pela manhã freqüenta aulas numa faculdade e, à tarde, executa trabalho como estagiário na área da sua futura profissão, que brevemente será definida com graduação e pós-graduação que o capacitará como especialista.
O que disse acima é a síntese da composição de uma organização familiar, que trabalha, estuda, consome, se diverte, enfim essa é sua vida. Quem trabalha? Pai e mãe trabalham para Alcançar rendas para a manutenção deste lar. Dois trabalham e cinco, ao todo, consumem os recursos deste labor. O pai passa o dia fora, a mãe também; os filhos revezam atividades fora e em casa.
A organização das atividades domésticas se constitui de: preparo da refeição matinal a cargo da mãe; às oito horas a doméstica chega para cuidar da manutenção da higiene das roupas, do preparo da alimentação dos três filhos, que a fazem em casa em horários diferenciados. Também cabe a esta doméstica toda a arrumação e limpeza de todas as dependências. Nem é necessário dizer que esta trabalhadora tem que se dedicar o dia todo para cumprir todas as tarefas, inclusive à do preparo do jantar e lanches da família no fim de tarde.
Apesar de existirem, nesta casa, eletrodomésticos para lavar e passar roupas; cozinha dotada de fogão de última geração, aparelhos de refrigeração, forno microondas, multiprocessador, batedeira de massas e demais utilidades; todo o tempo da doméstica é ocupado com trabalho e, ainda, sobram tarefas para a dona de casa. No caso, a mãe tem algumas tarefas que se estendem a certas horas da noite. E o laser. Mas que laser? Talvez algumas vezes assistisse à programação da TV, limitando-se a algum noticiário e capítulos de novela, não conseguindo, às vezes, acompanhar o enredo destes folhetins.
Que tal dotar esta casa de equipamentos que agilizem e racionalizem o trabalho? Mas como? A comunicação feita por aparelhos celulares de telefonia é exemplo do que a modernidade pode oferecer para facilitar o dia a dia das pessoas, colocando-as próximas entre si. É um fator que propicia o intercâmbio de idéias – ajuda a equacionar problemas, aglutinando o raciocínio de mais de uma pessoa. Só isto bastaria? Não. Isto é apenas o preâmbulo do raciocínio de como esta casa poderia ser gerenciada à distância. Vejamos daqui por diante quais os recursos da eletrônica e da informática, já conhecidos, poderiam ser úteis.
Primeiramente, a planta da habitação deveria ser totalmente monitorada por meio de sensores abrangentes: toda a área física apareceria numa tela de um telefone celular, permitindo a visualização de qualquer objeto móvel, aqueles previamente dotados de sinalizadores de rastreamento e os estranhos. Qualquer pessoa da casa quer fosse qualquer um dos familiares quer de trabalhadores agregados, seria identificado por seu código específico de chip (tais aparelhos poderiam ser fixados a anéis, como se fossem jóias ou a combinação de ambos). O primeiro benefício seria o da segurança, seguido da possibilidade de se conhecer em tempo real qualquer ação do empregado e de sua exata localização. Não seria necessária a exibição da imagem total; apenas um pequeno ponto luminoso, indicando ação e localização. Qualquer que fosse a ação não prevista no programa do trabalho doméstico um alarme luminoso apareceria no visor do celular. Outro receptor, dotado de visor e de microfones instalados nos ouvidos deveria estar ligado permanentemente para receber comunicados e ordens de quando deveriam ser executadas determinadas tarefas (esse dispositivo exibidor de imagens poderia ser fixado no pulso à semelhança dos relógios). Tudo deveria ser programado, desde o tempo mínimo ao tempo máximo para a execução específica de cada tarefa de trabalho, inclusive os horários destinados ao descanso.
Um compartimento interno do sistema deveria memorizar tudo o que foi realizado em cada período de 24 horas, podendo ser solicitado relatórios a quaisquer momentos.
A planta física de cada um dos aparelhos (hardwers e softweares) deveria ser desenvolvida por especialistas da informática a quem caberia produzir e elaborar a programação específica. Poderia também ser criado comando por controle remoto para ligar lâmpadas de iluminação, eletrodomésticos, trancamento e destravamento de portas. Para o caso de tarefas repetitivas programadas, deveriam ser desenvolvidos robôs especializados, também acionáveis à distância, podendo ser utilizados os recursos da Internet.
O carro estacionado na garagem poderia ter seu motor acionado, o portão aberto e providenciada sua saída à rua. No entanto, deveria ser parado mediante a constatação de quaisquer obstáculos fixos ou móveis, tudo perceptível por meio de sensores.
Todas as ocorrência anormais, no âmbito da residência, os sensores acionariam alarmes com um menu de situações codificadas, exemplificadas assim: XXX, para incêndio; XY, para arrombamento, assalto; YZ, para portas destravadas; e X? Para ocorrências não especificadas.
De qualquer forma, tudo deveria ser minuciosamente estudado, e planejado de tal forma que, este aparato pudesse representar economicidade, conforto e ganho de tempo, de dispêndios financeiros, em que todas as partes envolvidas fossem beneficiárias deste progresso científico. Deveria ser cuidadosamente estudado, se estas inovações trariam benefícios ou simplesmente gerariam estresse?
Esta abordagem visa, apenas, alertar os estudiosos sobre a possibilidade do desenvolvimento de aparelhos dotados de funções que racionalizem o trabalho e propiciem maior produtividade e menores dispêndios.