segunda-feira, 15 de setembro de 2008

MORTES VIOLENTAS NA GRANDE VITÓRIA

Recentemente estamparam-se em vários jornais notícias sobre os índices de violência na Capital do Estado do Espírito Santo, comparando-os aos do Iraque em guerra. Dizia-se que o Brasil, que não está em guerra, vive paradoxalmente duas guerras: uma com 35.000 assassinatos e outra, no trânsito, que ceifa cerca de 35.000 vidas anualmente. Somados tais números, as perdas de vidas conferem ao Brasil um triste primeiro lugar, que o coloca como se vivesse guerra atroz.
Há ainda outro fato que, quando são comparados os números de assassinatos em Vitória, demonstram-na a cidade mais violenta do mundo. Examinando-se apenas os noticiários locais, sem recorrer-se às estatísticas, vê-se que a maioria dos assassinados refere-se a indivíduos jovens e do sexo masculino, quase sempre tendo como motivação alguma causa ligada ao consumo e tráfico de drogas ilícitas.
Mas mata-se por qualquer motivo e, como disse o Professor doutor Luiz Carlos Nunes ex-promotor de Justiça, quando ocupou a Pasta da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Governo do Estado do Espírito Santo, indagado como poderia adotar providências para reduzir o alto índice de assassinatos, ele simplesmente respondeu: “no Estado do Espírito Santo existe a cultura da morte”. Mata-se por qualquer motivo, podendo ser por motivo de dívidas de drogas, quaisquer vinganças; por motivo passional, assassinam-se os rivais; por motivos de disputas de propriedade, matam-se vizinhos; por motivos de calúnias e injúrias, eliminam-se os desafetos; por motivos fúteis de desavenças em brigas no trânsito, no calor das discussões, estando-se na posse de armas, isso pode representar causa para mortes irrefletidas; mata-se em assaltos, matam-se assaltantes, mata-se por inveja, matam-se concorrentes em atividades profissionais; Matam-se adversários políticos, que se propõem trabalhar pelo bem estar da coletividade (Quem bem estar é este de tirar a vida de alguém?). Enfim, há sempre algum motivo para tirar-se a vida de algum semelhante, não sendo raro matar-se por engano. Há significativa causa de morte entre as elementos das próprias organizações criminosas, sejam elas associações para o tráfico de drogas, de quadrilhas especificamente formadas para o crime de pistolagem, para roubos de cargas, para roubo de veículos e para quaisquer outras organizações ligadas às contravenções penais do jogo de bicho, de prostituição, de negócios ilegais de comercializações paralelas com moedas estrangeiras. Eliminam-se sócios em atividades lícitas, simplesmente para livrarem-se de partilhar resultados.
Houve épocas em que os empregados, depois de receberem seus quinhões resultantes do trabalho, morriam vitimados em tocaias para que os empregadores recuperassem os salários que lhes foram pagos. Essa modalidade é relatada como folclore vigente nas grandes e primitivas fazendas dos primeiros colonizadores das terras do Estado do Espírito Santo, ora por indivíduos de procedência luso-brasileira e também de europeus dedicados aos primórdios da expansão agrícola do Estado, teriam se utilizado de expedientes semelhantes, quando eliminavam seus parceiros de trabalho, evitando lhes entregar os créditos a que faziam jus. Mas essa forma de violência, com grande probabilidade de ter ocorrido não encontra amparo em fontes primárias da historiografia. Caso sejam verídicas ou não essas práticas, sempre carecerão da materialidade probatória. Nos centros urbanos, sempre houve os que registrassem, quer nos registros policiais e judiciais, quer na própria imprensa escrita. Bom exemplo disso são fatos históricos da violência resultante das contendas entre pessoas, às vezes do povo, como registros de ferimentos feitos com armas brancas como espadas e punhais.
Mas afinal, por que matar pessoas, simplesmente para se tornarem livres de suas presenças? Para impedir seu sucesso? Para livrar-se da concorrência? Para impedir que ocupem o poder? Para impedir suas posses de bens do amor de outras pessoas? Para anularem suas iniciativas e suas ações.
O que é matar? É interromper o ciclo da vida de um ser vivo que é ímpar no universo, que sentirá emoções nas alegrias, nas tristezas, nas frustrações, nos prazeres, nas dores e na própria morte. Com esta atitude antecipada, será frustrar-lhe oportunidades de sentir prazeres, de viver, de procriar mais semelhantes, de ser amado, de ser odiado, de ser pai, de ser mãe, de ser, talvez, benfeitor da humanidade, de proporcionar inventos que melhorem as condições de vida de todos os seres e de chegar a termo da existência a que lhe é destinada. Apesar da insensatez de ceifar vidas, isso seria permissão do Criador? Ou atitude da tentação do demônio? Tenho certeza que só o Onipotente tem a resposta.
Pensando bem, sabe-se que Jesus Cristo pelos santos desígnios do Pai, teve a vida tirada (ou oferecida para a remissão dos pecados da humanidade). Seria a morte de causa violenta, uma forma de alcançar o merecimento da vida eterna por meio deste sacrifício?
A nós que cremos na vida eterna após a morte, a interrupção da vida por meios não considerados normais, teríamos alguma forma de alcançar benefícios na proporção inversa dos agentes que causam o fim prematuro?

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