quarta-feira, 23 de junho de 2010

COISAS FUTURAS

    Em recente crônica "A MORTE DE UM RIO", eu vi, com tristeza como esta natureza morre depressa, a "passos largos", não, "aos poucos", como costumamos dizer. Não sei o quanto poderei testemunhar nesse futuro sombrio que se avizinha. Sobre a falência das águas e dos rios é uma realidade que me deixa angustiado; não tenho forças para reverter esse processo, por alguns, considerado inevitável. Eu, bem que gostaria de não fazer parte deste pessimismo.

    Voltando a falar sobre Várzea Alegre, vi e senti que ali nessas terras férteis, o destino não reserva boas previsões. Assim como em todo o planeta, a água se extingue rapidamente. Como poderão sobreviver todos esses cafeeiros, todas as hortaliças e os cereais ali produzidos atualmente com fartura? Há um princípio de logística de guerra, o da "terra arrasada", para que o inimigo dela não tire proveito. O nosso inimigo comum é o aquecimento global e as consequências dele advindas. Então esse nosso inimigo, embora consiga destruir a natureza, não seria de bom alvitre aguardar que se percam nossas riquezas. Como? Usando os recursos minerais de Várzea Alegre, representados pelas enormes reservas de argila, exploradas e transformadas em utilidade para a construção de moradias e outras edificações; extrair todos os recursos possíveis de serem encontrados no subsolo: gemas preciosas e produtos de origem sílica, úteis, como matéria-prima, na produção de bens industrializados; todos os restantes de madeira das florestas nativas deveriam ser aproveitados, antes mesmo que a própria natureza os consumisse.

    Depois de exauridas todas essas riquezas e a terra tornada pobre de elementos nobres, de que adiantaria ter terra fértil, não possuir a água que a torna coisa viva? Depois desse processo espoliativo, seria a vez de ocupar esse grande espaço dessa bacia que representa a topografia da localidade com grande reservatório de água, mediante construção de apenas três barragens: uma no vale do Rio Santa Maria do Rio Doce, outra no vale do Rio Perdido e, finalmente, se necessária, na garganta entre Pedra da Onça e Pedra Alegre. Seria formado grande lago com 30 a 50 metros de profundidade, que se encheria com as águas provenientes das chuvas, desperdiçadas atualmente. E que seria do destino das pessoas que habitam a localidade atualmente? Suas residências, suas igrejas e suas escolas? De que adiantaria viver num deserto outrora fértil e produtivo? Certamente, o resto de vida estaria nessa reserva hídrica. Reserva que poderia beneficiar todo o vale do Rio Santa Maria do Rio Doce, tornando-o perene durante todo o ano, de uma estação das águas a outra no ano seguinte.

    Várzea Alegre serve, neste caso, como exemplo do que poderia ocorrer com as megas barragens, utilizando ora bacias semelhantes ou trechos de vales profundos. Isso, com certeza, poderia ser copiado para quaisquer regiões do planeta, onde fosse possível estocar água para que a vida pudesse ser postergada.

    Se isto que acabo de escrever tiver alguma utilidade? Esta foi minha contribuição!

    Vila Velha, 23 de junho de 2010.

    Idomar Taufner


 

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