terça-feira, 27 de janeiro de 2009

UM VESTUÁRIO DO FUTURO

Fui convidado por uma senhora dona de um comércio de confecções para testar um conjunto de vestuário masculino composto de calça e jaqueta produzidas com um tecido fabricado por meio de reação nuclear. Eu seria o primeiro a testar uma roupa que acabava de ser produzida e prometia ser a roupa do futuro. O tecido obtido por meio de reação nuclear, segundo dizia a comerciante, teria durabilidade infinita; além do material não sofrer quaisquer tipos de desgaste, poderia resistir a quais temperaturas; não acumularia quaisquer tipos de impurezas, por isto não era preciso ser lavado, porque tudo que fosse estranho seria repelido; nada aderindo à sua estrutura. Ainda mais duas propriedades: tanto servia para refrigerar no calor do verão e aquecer no inverno, enfim o vestuário completo em todos os sentidos. Tinha durabilidade perene, não sendo necessário ser lavado, não sofria desgaste e, ainda, não causava reações alérgicas, coisa comum com os tecidos sintéticos.
Para realizar o teste, recebi um conjunto para vestir-me; só me causavam estranheza que o tecido tinha um colorido metálico prateado e devia colocar a roupa na posição de decúbito ventral, uma posição realmente estranha para troca de roupa, mas devia ser assim: era pré-requisito para que tudo desse certo. Eu me despi enquanto minha nova roupa era trazida. Nisso a mulher que me atendia, me cobriu com um lençol, porque permanecer despido ali publicamente poderia ser, no mínimo falta de pudor.
Depois recebi as peças de vestuário e as coloquei naquela posição, embora achasse aquilo estranho aceitei realizar a tarefa tal qual me foi proposta. Cansei-me e por isso permaneci deitado e já podia sentir a sensação de confortável frescor que a roupa me causava.
Em dado momento, apresentaram-me a conta. Eu imaginava que o teste fosse sem ônus. Nada disso, teria que pagar por aquela roupa a importância de R$ 500,00, facilitados com 20% de sinal e o restante dividido em cinco parcelas iguais pagáveis em cinco cheques pré-datados e vencíveis de trinta em trinta dias. Não tive alternativa: paguei tudo.
Não me lembro que tenha me levantado senão na hora em que soou nosso despertador. Tenho a impressão de que dormi longas horas com aquela vestimenta; só que acordei vestindo um pijama azul marinho confortável que uso nestas noites de verão.

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