domingo, 28 de fevereiro de 2010

PASSEI NUM CONCURSO DA JUSTIÇA FEDERAL

É isso é coisa acontecida mesmo! Só que em outra época, talvez lá pelos idos
de 1975. E alcancei o segundo lugar em nível nacional. Neste de agora, não fiquei sabendo minha colocação, sabia sim: todos os que receberam o aviso seriam aproveitados, inclusive eu.
A primeira coisa a ser feita: ir ao Rio de Janeiro para, numa seção judiciária situada num bairro periférico da grande cidade, retirar o diploma de aprovação, comprovante que garantia serem nomeados todos os portadores. E lá fui eu, não sei, nem me lembro qual o meio de transporte foi utilizado, talvez, quem sabe... numa forma de transporte telepático, pensado aqui e chegando lá. Quanta agilidade!
No local, cheguei e me indicaram que a seção judiciária funcionava no décimo segundo andar de um prédio de cor amarelada pela ação do tempo. Nem é preciso dizer que fora edificado antigamente... Lá já se encontravam dezenas de pessoas que, como eu, buscavam tal diploma. Esses documentos se encontravam afixados num longo filme enrolado e, cada um de nós devia retirar seu comprovante. Uma senhora desenrolava o filme e chama as pessoas pelo nome. Logo chamou-se: tem aqui um tal Idomár Taufinér. Eu disse: sou eu! Logo recebi tal documento e, para tal, assinei recibo num volumoso livro de capa preta, bastando buscar meu nome, de acordo com ordem alfabética.
Fazendo retrospectiva: ao chegar à grade cidade do Rio de Janeiro, hospedei-me num hotel e ali guardei aquela minha mala de couro marrom, seguindo até à seção judiciária, não sei se de táxi, ônibus ou a pé. Desse local, do alto do décimo segundo andar, podia ver uma praça em que existia, pelo que aparentava, alguma lanchonete, talvez ponto de táxi ou ônibus. Quem sabe alguma viatura dessas utilizadas no transporte alternativo, chamado de “pirata”. Para saber bastava ir até lá. Foi o que fiz. Primeiramente lanchei numa birosca, dessas que servem aquelas frituras feitas com gordura saturada, utilizada reiteradas vezes. O cheiro é característico: gordura velha, misturado ao forte odor de banheiros sujos, daqueles do tipo “rodoviária”.
Depois desse lanche, criei coragem e solicitei informação àquele que se parecia dono da birosca, dizendo: senhor, há ponto de ônibus ou táxi nesta praça? – Não, o ponto mais próximo fica além daquela colina, disse-me espichando o dedo para o alto de um morro, aonde se localizava uma daquelas famosas favelas, local em que nem policiais armados se encorajam em subir. Justamente eu haveria de fazer esse trajeto?
Observado, via que a praça estava repleta de pessoas, alguns formavam extensa fila. Para que fila, se não há transporte coletivo pro aqui? Talvez fosse para receber daqueles alimentos distribuídos pelo programa “Fome Zero”, ou para outras coisas quaisquer... Sei lá o quê...
Eu portava boa quantidade de dinheiro e não era prudente ficar com tudo aquilo no bolso. Procurei disfarçar, colocando alguns dentro dos sapatos, outros no bolso da camisa, enquanto pequena soma permaneceria num dos bolsos da calça. Fiz essa operação de forma disfarçada, mas me pareceu que alguém estivesse me observando. Uma atitude levou-me a desconfiar: alguém, parecia ter soltado ao chão uma nota de US $ 100,00, justamente sob minhas vistas. Simplesmente ignorei o fato, porque me lembrei daquele velho golpe da pessoa se dizer dona do valor encontrado e propor gratificar quem a achou e depois vem o envolvimento com a chegada de outras pessoas, testemunhado o fato e dali em diante, o golpe é aplicado pelo grupo e o incauto, se for naquela conversa da gratificação, utilizando sua ambição, se torna presa fácil. Felizmente, para esse tipo de golpes, ando, há muito tempo, vacinado.
E, agora, como voltar ao hotel, se nem ao menos me lembrava o nome do estabelecimento. Usei o velho recurso de me socorrer em situações embaraçosas: Despertei-me literalmente! O sono não fora de boa qualidade, pois acho que estive metido num dos meus costumeiros pesadelos.

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