quarta-feira, 18 de março de 2009

REALIDADES DE VILA VELHA EM 2009

Ao passar pelo centro da cidade de Vila Velha, (ES), a gente se depara com uma comunidade urbana esburacada como se tivesse sido bombardeada em toda a sua extensão. Na Avenida Champagnat, importante via aonde se chega à faixa litorânea na Praia da Costa, importante balneário capixaba – significativo ponto turístico do Espírito Santo, a situação é lastimável: parece uma via em completo estado de abandono, um caminho com uma cobertura asfáltica incompleta, carente de sinalização, sem calçadas para pedestres e nos locais aonde estas deveriam existir há uma interminável sequência de buracos, ressaltos e tampas toscas de madeira sobre as caixas de passagem das redes hidráulicas, de eletricidade e de telefones, conferindo verdadeiras armadilhas que se tornou coisa comum pedestres sofrerem acidentes.
A maioria das obras de urbanização e de saneamento teve início no final da gestão passada. O novo prefeito eleito herdou o ônus de ter que atender a população do município, que paga impostos, que depende da liberdade de trafegar por ruas seguras tanto para veículos automotores como bicicletas e pedestres. Não adianta debitar essa situação caótica ao ex-prefeito. Até que pode, mas cabe ao atual mandatário do município solucionar estes problemas ou ele será mais um a ser responsabilizado.
Foi suficiente uma chuva na madrugada de ontem para que fossem alagados vários bairros desta cidade, não dando oportunidade para se esquecer do ocorrido no final do ano que se encerrou a menos de três meses. Na realidade em toda a cidade de Vila Velha existem obras inconclusas, ficando também difícil priorizar esta, essa ou aquela, pois todas são imprescindíveis. Com efeito, nós sofremos todos: população e autoridades responsáveis. A população se sente desamparada e as autoridades devem sentir-se incapazes e impotentes para solucionar necessidades de toda uma cidade com mais de trezentos mil habitantes, aonde há carência por todos os lados: está deficiente a coleta de lixo, qualquer chuva inunda residências e acumula água em depósito de lixo nos quintais de casas, facilitando a proliferação do funesto Aedes Egipiti, que causa a calamitosa epidemia de dengue. Enfermidade que evolui para formas a cada vez mais grave – dentre as quais a temível forma hemorrágica, que vem causando crescente número de óbitos.
Por outro lado, há um caos instalado nos atendimentos na rede pública de saúde, agravada em parte com as crescentes suspeitas de dengue, os postos de saúde e prontos socorros tem demanda sempre crescente. As reclamações se generalizam tanto a dos usuários como a dos profissionais sobrecarregados de trabalho para uma demanda a cada vez maior. A incidência de um número grande de enfermidades diretamente causada pela deficiência de esgotamentos sanitários, lixo acumulado e alagamentos. Há outra verdade sobre peculiaridades da cidade de Vila Velha: se não bastasse a deficiência estrutural do atendimento sanitário, há um agravante para tudo isso: muitas localidades da grande cidade ficam ao nível do mar e quando as chuvas excedem as médias consideradas normais, agravam-se os alagamentos.
A cidade, vista do alto, mostra a imponência de habitações modernamente construídas, conferindo modernidade aparente, que oculta todas as deficiências e graves problemas na baixada e nos bairros de periferia.
Se a população da Capital quiser ver suas praias providas de balneabilidade segura, deverá socorrer os municípios de Vila Velha e Cariacica, provendo de tratamento de esgotos eficientes nestas duas cidades da Grande Vitória – responsáveis por muitos milhares de metros cúbicos de esgotos sem tratamento que despejam diariamente na baía de Vitória.
Apesar de todos os discursos em prol da unidade de região Metropolitana da Grande Vitória e seus problemas de interesse comum, as soluções não correspondem à realidade: falta integração em saneamento, em transportes, na atenção à saúde e na área de segurança, pois em todo o território coberto pelos municípios, impera a insegurança e a violência desenfreada. Mas existem ações positivas levadas adiante pelas autoridades envolvidas, que conjugam esforços em ações integradas pelas polícias federal, civil e militar.
Mas o que fazer? Cruzar os braços e aguardar que o tempo resolva tudo? Não. Vale trazer os assuntos à discussão, à reflexão, fazendo críticas e propondo ações que visem ao equacionamento destes angustiantes problemas. Então, mãos à obra enquanto há tempo!

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