terça-feira, 22 de julho de 2008

TRÂNSITO COMPLICADO

Tanto em Vitória como em todas as cidades limítrofes, quase em todas as ruas, avenidas, praças e alamedas há canteiros de obras, causando trânsito caótico por toda parte e quem sofre com isto é a população que, nem sempre vê suas reclamações antendidas. Ontem, mesmo, vinha trafegando pela Avenida Jerônimo Monteiro me vi envolvido num acidente causado por uma daqueles grandes picapes que têm capacidade de carga para mais de dois mil quilogramas. Esse auto não respeitou minha faixa, invadindo-a e me causando uma “fechada” que culminou no amassamento, quebra de farol e retirada do pára-choque da minha viatura. Por sorte ninguém saiu ferido, mas os estragos foram consideráveis.
Buzinei e gritamos simultaneamente para que o condutor da picape parasse para verificarmos os danos causados. Dialogaríamos para entendermo-nos acerca das providências para os reparos que se faziam necessários e, como faço costumeiramente quando me ocorre coisa semelhante, eu permaneci por alguns segundos em silêncio, aguardando pela atitude do meu interlocutor. Nesses casos, não costumo evocar de quem é a culpa ou de quem é a responsabilidade. O interessante é que o próprio culpado assuma a responsabilidade, sem quaisquer discussões; isto é óbvio, embora nem sempre ocorra de forma espontânea. No caso presente, o condutor da picape aproximou-se de nós e logo manifestou sua intenção de ressarcir os danos, indicando-me uma concessionária localizada em Jardim América. Seria necessário que fôssemos à oficina e acionássemos um serviço de guincho, pois o radiador do nosso carro fora danificado e houve um escoamento de toda a água da refrigeração. Chegaríamos à oficina numa carona oferecida pelo próprio em sua picape.
Para chegar à região da Vila Rubim foram horas de engarrafamento. Quando parados queimava-se combustível em flagrante desperdício, contribuindo com o aumento de gases poluentes na atmosfera que respirávamos. Apesar de o motorista ter demonstrado boa Vontade, aquela dificuldade de atravessar a Cidade de Vitória o deixava tanto quanto a nós impacientes, irritados e estressados.
Quando chegamos à Vila Rubim, toda a pavimentação havia sido retirada: havia um só atoleiro, onde muitos carros se encontravam sem condições de prosseguir e, ao mesmo tempo, impediam que outros atravessassem. Nesse caso, adquirimos alimentos porque já havia passado o horário de nosso almoço e nem sabíamos quanto tempo ainda teríamos nesse trânsito. Ali eram oferecidos ao pessoal naquele segmento intransitável salgadinhos, dentre os quais salsichas empanadas, pastéis, cochinhas, quibes, cachorro quente e refrescos feitos com aqueles pós com sabores artificiais (sabores de uva, laranja, pêssego, morango, etc.). Nosso condutor não escondia sua irritação e dizia que aqueles alimentos poderiam elevar nossos índices de colesterol e aumentar taxas de glicose, triglicerídeos, etc.
Permanecemos ali por longas horas, sem nenhuma ajuda; apenas os motoristas em gestos solidários colaboravam uns com os outros, mas com tamanho problema, essa Cooperação em pouco ou nada contribuía para solucionar tal impasse, pois não se ia nem se vinha de lugar algum.
O cansaço, o estresse, a sede e o calor sufocante davam mostras que algo pior ainda estaria por acontecer: negras nuvens cobriam os céus, prenunciando que, a qualquer momento desabaria violento temporal. E isso não tardou acontecer, quando uma brisa forte açoitava as copas das árvores, parecendo arrancá-las pelas raízes. Isso foi seguido por grossos pingos de chuva, relâmpagos cortaram os céus, seguidos de trovoadas, mais relâmpagos e uma chuva torrencial desabou nos deixando impedidos de enxergar pouco espaço adiante dos nossos narizes.
Depois a chuva abrandou, deixamos a cabine da picape e nos refugiamos nos estabelecimentos comerciais, que ainda tinham as portas abertas, especialmente nas raras lanchonetes, onde podíamos saciar nossa sede e comer alguma guloseima para tapear nossos estômagos.
E o nosso carro avariado? Quando seria possível que um guincho chegasse lá? Certamente, essa viatura, impossibilitada de locomoção, constituía mais um entrave para o caos que se tornara todo o trânsito da Capital. Provavelmente, alguma providência não vista por nós, teria ocorrido como a retirada da via pública, sendo arrastado para cima do passeio para, assim, dificultar o fluxo dos pedestres por essa via.
Obras públicas, apesar dos benefícios que trazem, também dificultam o trânsito e causam tumultos, cujos benefícios certamente virão.
Hoje amanheceu um dia de céu límpido, o sol raiando e espargindo luz. As tempestades da madrugada se foram e só existiram na mente dos sonhadores, mas as obras públicas, embora não com a intensidade vista nessa noite, continuam a salpicar os logradouros públicos e a dificultarem o trânsito tanto de veículos como de pedestres, tudo em nome do necessário progresso.
Vila Velha, 22 de julho de 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário