sexta-feira, 11 de julho de 2008

DIA DA VACINA

Vacina sempre foi notícia capaz de tirar o sossego das crianças. Houve época que no Rio de Janeiro aconteceu uma reação popular, tornada famosa como “Guerra da vacina”. Também quando implantada a vacina antigripal gratuita para os idosos, circulou um boato, difundindo notícia de que essa campanha vacinal nada mais era do que uma forma de contaminar e extinguir idosos, como forma de proteção à combalida situação financeira da previdência social. E a notícia se espalhava entre a população de idosos inativos, carentes e desinformados. Muitos evitaram serem vacinados, principalmente alguns residentes na área rural ou nos bairros periféricos.
Mas a atual campanha é dirigida à população de cães e gatos, tanto desses que causam conflitos entre moradores de condomínios, desses bravos que protegem quintais de mansões, de outros mimados pelas madames e crianças, como alguns moradores nas propriedades rurais, que afastam bichos e pessoas intrusos, ou avisam, latindo quando chegam visitas, mesmo as desejadas. Amanheceu frio, nesse dia, e a paisagem estava coberta por uma névoa tão branca quanto algodão. Hoje era um dia sagrado: todos os cães e gatos da fazenda deviam ser vacinados, tanto Mickey quanto Scooby, pois apenas estes eram os animais de estimação existentes; há bastante tempo não se via um só gato por ali.
Chamados os dois cães, Mickey parecia oferecer o pescoço à coleira; Scooby, um autêntico Basset preto, com um par de olhos amarelos salientes, apesar de sua docilidade habitual, nesse dia mostrou-se arredio, não ousando aproximar-se de qualquer pessoa que o chamasse. Nem Aloízio de quem recebia constantes afagos, permitiu que o pegasse, reagindo estranhamente com mordidas e rosnadas. Levados, Mickey pela coleira, Scooby acompanhava à distância. Assim que a equipe de vacinação chegou, embrenhou-se pelo mato, não ousando sequer usar o caminho habitual, ficando, dessa forma desamparado pela cobertura vacinal e sujeito a contrair doenças, especialmente raiva, enfermidade grave que pode ser transmitida a outros animais domésticos, inclusive aos humanos.
Acrescento mais uma observação a respeito do comportamento que torna a espécie canina quase humana, quando vi naquela manhã do dia da vacinação, o comportamento de rejeição a uma simples picada de agulha, que o cãozinho demonstrava apenas por ouvir falar sobre o assunto dias e horas antes da consumação do ato. Vi perfeitamente que Scooby sabia o que significava ser vacinado: demonstrava medo, tornando-se arredio e feroz. Acho até que os cães são capazes de entender nossa linguagem; nós, no entanto, é que somos incapazes de decifrar suas palavras (latidos), mas se observarmos bem, esses animais demonstram expressões emocionais de raiva, de alegria, de medo, de apreensão, de rejeição, de afeição e... Eles são (acredito), as criaturas que mais estão próximas de uma comunicação entre espécies diversas (humanos e caninos). Por enquanto esta espécie animal, talvez seja a mais amada e mais odiada, quando esses sentimentos antagônicos produzem conflitos entre habitantes de moradias verticalizadas, não raro chegarem essas pendengas aos tribunais e isso se torna tendente a números cada vez mais expressivos porque muitas pessoas se tornam dependentes do afeto animal para minimizar os surtos depressivos que a humanidade se vê afetada pela carência afetiva. Com as estatísticas demonstrando fatos e mais fatos, que buscam o Poder Judiciário, não me causará nenhuma estranheza se no futuro forem criadas varas específicas como foro apropriado às ações que envolvam como objeto os caninos.
Mais uma vez me posicionei, estudando o comportamento dos cães, não possuo nenhum exemplar dessa espécie; nem o faria, pelos motivos seguintes: minha moradia não tem acomodações apropriadamente confortáveis para tal convivência; além de mim, teria mais um ser para incomodar vizinhos; não disponho também de tempo para os cuidados para o trato da saúde, da higiene e para a dedicação do afeto que reclamam como seres viventes.
Continuo a condenar o mal estar causado pelos dejetos deixados nas vias de uso comum (praias, calçadões, ruas, elevadores, etc.). Não atribuo essa responsabilidade aos nossos animais amigos. Considero culpados os donos que os permitem emporcalhar nossas áreas de uso comum, que se omitem na manutenção da saúde, contribuindo para a instalação de zoonoses, levando sérios riscos à saúde da população.

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