quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

TUDO POR DEZ REAIS! (MIL OU MILHÕES?)

Nesta madrugada, estando numa cidade em que residimos de 1965 a 1966, uma pessoa visivelmente preocupada procurava vender suas propriedades para pagar suas dívidas, que, todas somadas, os recursos chegavam a dez reais (dez mil reais ou dez milhões? Tudo poderia ser). Eu não tinha tanto dinheiro, mas indiquei-lhe meu amigo Alarico, proprietários de muitas terras rurais e imóveis urbanos nessa cidade. Alarico pediu um tempo para pensar no assunto, examinar escrituras, seus registros e limitações geográficas dos imóveis, enquanto isso, eu vaguei pela penumbra que exibia a madrugada dessa localidade.
Revi antigos vizinhos, a nossa casa, o açougue do Benedito, o boteco do seu “Manduquinha”, seu Netto, nosso senhorio, o imóvel em que estivera localizada nossa farmácia. Ah! Já me esquecia, como podia não me lembrar do grande amigo José Tótola. Estava lá também e sorria costumeiramente.
Quando estive num boteco descansando e bebericando um refrigerante, eu presenciei cena de violência brutal: um afro descendente que portava arma de fogo, visível na cintura, aparentando sinais embriaguês, fora abordado pela polícia e desarmado. Ainda assim, não se dava por satisfeito, ameaçando a todas as pessoas que cruzassem seu caminho. Logo encontrou um parceiro que aceitou sua proposta de duelarem e a arma escolhida foi canivete – desses que pessoas da roça usam para picar fumo de rolo. Armas obtidas por empréstimo de pessoas presentes no local e que assistiriam ao duelo. Quando o desafiante, percebendo distração do rival, que já se evadia do local, eis que alguém da platéia teria dito: - “assim não vale, cumpram o combinado, ataquem-se!”
O indivíduo que provocara o duelo foi objeto de uma rasteira, caindo ao chão e golpeado vigorosamente com a lâmina afiadíssima, ferindo o pescoço de onde o sangue passou a jorrar profusamente. Um segundo golpe mostrou o osso da clavícula e um mar de sangue se formou junto ao seu corpo estirado ao chão; a fisionomia que expressava agressividade, aos poucos, perdia a cor e a vitalidade. Uma expressão cadavérica de lugar à aparência. Nisso acordei, parecendo que meu coração me fugisse pela boca, tamanho era o pavor que sentia diante da cena presenciada. Lembrei de que me esquecera de fazer minhas orações, ao me deitar, fazendo-as agora para, em seguida, adormecer novamente.

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