terça-feira, 12 de janeiro de 2010

DOIS SONHOS

Essas histórias de sonhar com salas de aula, quadro negro e giz permanecem sempre visíveis nos meus sonhos. Desta vez, já que estávamos em época de férias, não havia alunos presentes. Trabalhávamos em planejamentos para o próximo exercício, mas tivemos horários vagos, que foram aproveitados para nos dirigirmos, nesse tempo, às nossas obrigações espirituais, nessas proximidades do período quaresmal e nossas orações, planejadas num quadro negro, assinaladas em retângulos, com giz branco, que refletiam as tarefas de cada um dos professores presentes e funcionários da escola, como parte dos preparativos da Semana Santa, já próxima. Do lado esquerdo foi deixado espaço para ser preenchido com desenho de Jesus crucificado. Outro quadro havia numa parede que fazia um ângulo de 90 graus, com resumos das metas alcançáveis no primeiro semestre letivo desse ano.
Não sabíamos, porém fomos comunicados, que ali nesse prédio da escola receberíamos inscrições, visando selecionar motoristas para serem contratados pela prefeitura municipal. Após esse aviso, começaram a chegar os candidatos à seleção para o preenchimento de fichas e demais documentos de inscrição para participarem do processo seletivo. Processo que compreendia provas teóricas objetivas, exame prático perante instrutores devidamente qualificados e, posteriormente, exames de acuidade visual, auditiva e de coordenação motora. De qualquer forma, depois dessa fase de exames, nós, ainda, teríamos que instruir processos em que interessados não aprovados, interporiam recursos cabíveis. Teríamos trabalho pela frente durante nossas férias e, logo que se iniciasse o período letivo, estaríamos de volta às salas de aula efetivamente.
Acordei e esse sonho se dissipou. Novamente dormindo, eis que novo sonho se inicia com tema diverso.
Agora, me parecia ser advogado que participaria de uma sessão de júri popular no fórum da cidade e comarca de Santa Teresa. Vestia-me a rigor como deve um advogado se trajar nessas ocasiões: terno completo. Esse traje compunha-se de costume completo na cor amarela, na textura de couro de cobra, camisa branca e gravata verde musgo. Isso motivava admiração por parte dos colegas, também trajados a caráter. Ainda não havia chegado minha vez de apresentar-me diante desse tribunal para fazer defesa oral do meu cliente, réu nesse julgamento. Tudo que devia falar estava decorado na memória e, afinal, meu cliente era, mesmo, inocente e disso eu tinha o dever de provar e convencer o corpo de jurados.
De fora do prédio, sede do julgamento, platéia e advogados que iriam participar alguns diferentes de mim por servirem de assistentes do Ministério Público, na acusação, reforçando depoimentos de testemunhas com a mesma finalidade. Isso que se podia observar à distância certa, o juiz presidente da sessão de júri popular era o único que se vestia informalmente, usando camisa estampada e calçando tênis esportivos. Nunca, antes, teria visto coisa semelhante. Será que alguém, por dever de ofício, poderia, pelo menos, sugerir a esse magistrado comportamento formal num evento solene, como é o do tribunal de júri? Viu-se que ali não havia alguém com essa competência.
Julgamento adiado, eu troquei meu terno por outro que me oferecesse conforto, diante do calar sufocante que reinava nesse dia ensolarado, contrastando com a amenidade do clima da cidade de Santa Teresa.
Mas, assim que a tarde anunciava o fim do dia, o juiz, houve por bem, interromper os trabalhos, que seriam tomados precisamente às nove horas do dia seguinte. Neste caso, podia perfeitamente viajar para Várzea Alegre e desfrutar do conforto de minha residência nessa localidade. Fui ao sítio e tomei a direção do meu possante caminhão Mercedes Benz “Cara Chata” e desloquei-me pela estrada no sentido da Serra do Canaã, passando próximo da sede de uma cooperativa, de onde tinha início a pavimentação asfáltica da via. Mal iniciei trafegar com velocidade compatível com a via asfáltica, três pessoas fizeram-me sinal que parasse. Logo as identifiquei como sendo Ângelo Venturini, Ângelo Taufner e José Ângelo Venturini. Eles me perguntavam se o juiz já havia expedido a sentença ao réu, filho do segundo Ângelo. Eu lhes informei que o julgamento havia sido suspenso para ter início no dia seguinte e acelerei o motor do meu caminhão, ganhando velocidade para seguir pela sinuosidade das curvas do Canaã. A partir desse ponto, só me lembro que uma forte chuva coloriu de branco minha frente, nada mais.
Esses dois episódios foram sonhos comuns e corriqueiros, coisa que me acorre em quase todas as noites, especialmente nas madrugadas. Acho coisas corriqueiras os assuntos constantes dos meus sonhos, mas, quando os escrevo, eu os julgo coisas relevantes. Por isso, tornam-se constantes essas postagens. Desculpem-me os que não gostam dessa temática e, caso o queiram, manifestem-se.

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