quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

SONHOS RECENTES

BANDIDOS, MUITOS BANDIDOS Certamente eu já fiz parte de uma quadrilha de atividades criminosas. Minha índole de indivíduo praticante da ética, coisa herdada dos meus pais e demais ascendentes, não me permitia praticar os atos, considerados normais por esse grupo, que podia, pelo número de participantes ser considerado quadrilha, conforme disposições contidas na legislação penal. Certa vez, o grupo partiu para praticar grande assalto. Eu e outro elemento não nos dispusemos participar da ação. Foi nos pedido que aguardássemos na sede pelo retorno dos demais facínoras. Como conhecêssemos as leis da bandidagem, recusar tarefa por bandido integrante de um desses grupos significava desobediência e traição. Sabe o que pode acontecer aos desobedientes, delatores e traidores: simplesmente condenação à pena capital sumariamente. É a isso que estávamos condenados e não haveria aviso: chegariam atirando para nos executarem, de acordo com os costumes: bandido tem que ser bandido o tempo todo. Negar-se a praticar atos próprios da organização é tornar-se meio bandido. E no mundo do crime se é bandido ou não bandido. E basta!
Naquela ocasião, meu comparsa e eu fugimos da sede com destinos ignorados e diversos, passando pelo meio de florestas, subindo e descendo montanhas, atravessando rios e riachos, caminhando dia e noite para chegarmos aos pontos mais distantes possíveis; nem nós mesmos saberíamos o destino de cada um, mesmo que algum de nós fosse alcançado, não teria como informar o paradeiro do outro. E foi tudo assim que aconteceu.
Sem que a gente desejasse, sem que imaginássemos, casualmente nos encontramos e, cada um de nós tinha parceiros, ou seja, já havíamos formado novas quadrilhas sob nossa liderança. O que não é impossível aconteceu: repentinamente, nós nos encontramos com todos os membros da nossa antiga organização.
Inicialmente, apenas um encontro aparentemente amistoso, mas bandido que é bandido não confia em ninguém, especialmente em bandido. O ar carregado de desconfiança fez-nos tomarmos, de forma segura, atitudes para continuarmos nossa fuga, pelos campos, pelas florestas, por caminhos diversos dos elementos da nossa antiga organização, pois tínhamos só uma certeza: se não partíssemos o quanto antes seríamos executados a qualquer momento, sem discussões, sem culpas, sem verdades, sem mentiras; não havia, mesmo, qualquer forma de perdão para traidores da causa.
Mas, por mais que fugíssemos sempre nos parecia estar ao alcance dos rifles, escopetas, fuzis, metralhadores e pistolas automáticas dos nossos caçadores. Sim, isso mesmo: nós éramos caça, enquanto eles...
Finalmente, desse grupo, nós conseguimos nos manter distantes, mas agora com esta nova organização formada sob liderança dos dois velhos companheiros, já se avizinhava formação de novo ambiente, onde a desconfiança podia-se vê-la nos semblantes de todos os membros. É, sempre, assim: bandido não confia em bandido e nem pode. Desta vez tomamos por precaução e nos dividimos cada um com seus liderados, mas até quando? Até algum dia em que... Quem sabe? Tudo poderá acontecer! Se este sonho tiver continuidade, saberemos.

ROUBOS E ARROMBAMENTOS EM VÁRZEA ALEGRE Posso garantir que essas ações criminosas não foram praticadas por meu grupo, também eu fui vítima. Não é que ao amanhecer desse dia, minha farmácia exibia portas escancaradas, papéis jogados ao chão, o balcão vitrine já não se encontrava no estabelecimento e a prateleira frontal estava completamente vazia: tudo o que ali havia fora surrupiado. Quanto à prateleira da esquerda todos os medicamentos continuavam lá intactos, mas isso representava apenas, talvez aproximadamente 25% de todo o estoque. Assim eu chegava à conclusão de que reiniciar o trabalho era, no mínimo, desanimador.
Procurei por meu antigo sócio João Romélio Zonta e ofereci-lhe para que adquirisse esse fundo residual da minha farmácia e até a casa que me servia, também, como moradia. Ele aceitou pensar no assunto, mas já me adiantava de que não tinha recursos financeiros disponíveis; pagar-me-ia assim que pudesse. Por falta de alternativa, fechei negócio e, prontamente, pusemo-nos a inventariar o estoque, enquanto, para o imóvel, ainda não tínhamos valor certo. Deveríamos estabelecer preço, de acordo com valores correntes de mercado. E, assim, livrei-me desse estabelecimento e espero que esse sonho não tenha continuidade e nem se repita. Estou, realmente, cansado com esse tipo de negócio. Ufa!
Quanto aos demais comerciantes, também foram vítimas da ação desses bandidos: agiram simultaneamente no comércio do Ivo, do Luiz Pacífico e do Bortolo Lucas. De todos eles foram subtraídas mercadorias, objetos de uso pessoal como relógios, facas, canivetes, além de equipamentos como refrigeradores, frízeres, balanças, mesas, cadeiras e vitrines.
Algumas pessoas que, temendo represálias, pediram para não serem identificadas, testemunharam um grupo composto de vários elementos agindo durante a madrugada, retirando mercadorias e outros pertencentes e acondicionando-os num grande caminhão baú, cujas características deixaram de ser anotadas.
UM SANTANNA PRETO
Depois que despertei desse segundo sonho, veio o terceiro: nesse, nós residíamos em Colatina e Anésia ter-me-ia pedido para entregar alguns pertences a uma família de amigos residente no Bairro São Vicente. Prontamente atendi, indo a casa desses amigos com meu Santana preto, meu novo e confortável automóvel. O trânsito, nesse dia, deixava Colatina transformada em verdadeiro caos.
Feita a entrega, esses amigos me pediram para que buscasse seus filhos que sairiam do colégio em instantes e não havia quem os buscasse. Passei pelo centro da cidade, trafegando inicialmente pela Avenida Getúlio Vargas, cheguei à Avenida Ângelo Giuberti, dobrei à esquerda, eu segui novamente em frente e, num trevo próximo de uma ponte de ferro, chegando à Avenida Champagnat, onde há um Colégio dos Maristas. Esse era meu destino para aguardar a saída dos estudantes e embarcar as crianças que buscava. Para chegar até aqui, tive que enfrentar trânsito confuso: em determinados trechos o sentido era na contra mão de direção, mas tudo autorizado por eficiente sinalização.
Enfim, uma sirene anunciou o término das aulas e liberação dos estudantes para retornarem as suas casas. Um casal de crianças me aguardava e eu os avistei de longe, acenando-lhes que viera para buscá-los. Entraram no meu carro, alojando-se ambos no banco traseiro, enquanto enchiam o banco do carona, na dianteira, com volumosas mochilas escolares. Esse início de retorno, com a presença de pais e responsáveis em grande número, fez com que as manobras se tornarem difíceis, até que nossa vez chegou e pusemo-nos a caminho de casa. Agora, além do grande número de carros que transportavam estudantes, era horário do retorno dos comerciários, operários e outros trabalhadores, também retornarem as suas casas. Isso tornava o trânsito ainda mais difícil, agora, pela excessiva presença de pedestres por todas as ruas. Em determinado momento, embora acionasse insistente a buzina do veículo, uma senhora robusta se postou à minha frente, parecendo ser portadora de falta de acuidade auditiva, não se movimentava. Para prosseguir, coloquei minha perna para fora do automóvel e empurrei a dita gorducha. Alguém gritava: olhem aquele motorista que veste terno preto chutando a mulher! Isto é um abuso! Onde já se viu coisa assim? Outros diziam: é caso para se chamar a polícia para prender esse motorista mal-educado! E assim fui atravessando esse trânsito complicado, até que me parece que escureceu e não vi mais nada. Teria havido um apagão? Não! Era a escuridão do meu quarto, porque ainda era longe do horário de chegarem os primeiros raios de luz da manhã. Não sei o exato horário, mas, com certeza, era cedo ainda.

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