sábado, 7 de junho de 2008

COMENTÁRIO SOBRE REPORTAGEM

“MISTÉRIO EM MONTANHA”
Publicado na página 14 de A TRIBUNA – VITÓRIA – ES DOMINGO - 01.06.2008– REGIONAL (contém foto de Fabrício Ribeiro)
Reportando-me ao artigo acima, onde se vê numa montanha de formação granítica rochosa foto que destaca a abertura de uma caverna, exibindo três sólidos que fazem da imaginação de gente simples de áreas rurais, vastos comentários fantasiosos sobre coisas que os conduzem a imaginarem existências mirabolantes e encantadas, criando e aumentando o clima de algo inexplicável na região da localidade de “Misterioso”, Distrito de Santa Júlia e Município de São Roque do Canaã, especialmente quando se referem à gruta existente num dos rochedos que afloram na região.
Minha intenção não é desmistificar o ar de mistério do fato que torna assunto notório na região, nem tenho autoridade para tal. Cada pessoa que vê a imagem da entrada de tal caverna exibida no rochedo fantasia a seu bel prazer. Há os que vêm nos sólidos incrustados na caverna como se fossem “carneiros encantados”, outras espécies de animais e que no interior da gruta exista uma panela de ouro. Julgam alguns que os animais teriam a incumbência de fazer vigilância à imagem de uma santa. Também essa gruta seria uma passagem para o outro mundo e a imaginação não pára por aí: há quem veja luzes e objetos de fogo na região e os comentários se ampliam sucessivamente.
Porém diante de um fato físico concreto, imagino algumas explicações: as galerias em rochedos são coisa comum. Algumas nada mais são do que bolhas de gases, quando a massa ígnea ainda não resfriada, se rompiam na superfície de rochas metamórficas, originando cavernas concoidais e vazias, mas esta como outras que tive oportunidade de presenciar durante décadas que cuidei de atividade amadorística no garimpo de pedras preciosas, me leva a fazer comentários, procurando explicar certos fenômenos naturais. A abertura desta galeria faz-me imaginar diante dos sinais de fraturas que formam uma figura de polígono irregular na abertura, misturando-se sinais lineares e outros apenas ligeiramente curvos e na base da abertura existem três sólidos, peças que me remetem vê-las à distância e reproduzidas apenas por imagem fotográfica como se fossem blocos de quartzo em estado amorfo, parcialmente cristalinos e blocos de feldspato, quer sejam quartzo ou feldspato deve ser parte da extremidade de formação pegmatítica restante de um veio cujas outras partes como massa argilosa, óxidos, micas, caulim, fragmentos de quartzo ou até de gemas foram expelidos ou arrastados por processo erosivo. Quanto à possível existência de coisas preciosas é algo que não se pode descartar, porque nesses pegmatitos existentes nas entranhas dos rochedos existem inúmeros relatos de terem sido descobertos minerais preciosos em abundância, tais como quartzo de rocha límpido, ametistas, quartzo citrino, quartzo morion, águas-marinhas, topázios, crisoberilos, piritas (ouro de tolo), fluoritas, brasilianitas e outros minerais, muitos dos quais de valor gemológico precioso. Pode ser, caso este rochedo tenha produzidos gemas, que ainda estejam guardadas no seu interior ou expelidos e depositadas em camadas aluviais no fundo dos vales adjacentes.
Outro fato que tem explicação científica é a fluorescência, propriedade que algumas substâncias têm com o estímulo de ondas de luz UV (ultravioleta) a capacidade de emitir luz. Assim, quando pessoas relatam ter visto bolas luminosas ou de fogo, o fato pode ser explicado como verdadeiro: gases exalados de minerais em cuja propriedade física exista a fluorescência, podem exalar bolhas luminosas cuja duração se estende ao tempo de duração dos estímulos luminosos. Se porventura eu não tivesse experiência própria sobre esse tipo de visão, por certo não creria nessas afirmativas. O fato realmente existe e onde há a possibilidade da existência de minerais preciosos é fato concreto.
Contudo não deve o leitor interpretar que minha opinião da possível existência de jazidas de minerais preciosos nesses locais sirva de estímulo à destruição de rochedos de valor paisagístico e histórico de uma região, de muitas que são capazes ainda de produzir gemas preciosas como o que é sobejamente citado no livro de minha autoria: “A Pedra da Onça – Jazidas, lavras e garimpos no Espírito Santo”.

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