quinta-feira, 15 de maio de 2008

A tragédia que não aconteceu


Uma vela acesa na hora errada no local errado teria levado a um incêndio na coluna “N” da torre “X” do Edifício “A Madalena”, na Praia da Costa, não fossem as providências prontas dos moradores e do encarregado do condomínio. Mal tínhamos terminado nosso almoço mais cedo por que Hamilton teria que ir a Vitória para trazer Marta a casa, viagem necessária em face da greve dos ônibus que fazem no transporte coletivo metropolitano. Ao passar pelo corredor que me levaria à sala íntima onde nós costumamos fazer nosso repouso neste horário. Senti forte odor de coisa queimada, Hamilton e eu olhamos pela janela onde ele se encontrava ao computador, vimos grossa nuvem de fumaça escura e o odor de plástico em combustão era muito forte. Imediatamente cheguei à cozinha, acionei o interfone e Marcos, o encarregado, me atendeu na outra extremidade da linha, tomando conhecimento do fato. Quando desci pela escada atravessando duas portas corta-fogo, ela já aparecia abrindo o elevador e tomava o extintor de incêndio nas mãos. Agiu prontamente e debelou o fogo que já havia tomado o computador de uma vizinha. A mesma que acendera a vela na intenção de um santo qualquer da sua devoção.
As providências prontas evitaram uma tragédia que, se acontecida, poderia vitimar três mulheres residentes no apartamento onde se originou o princípio de incêndio, pois o pânico já havia tomado conta delas, das quais uma é anciã com a idade de cem anos de idade e já estava a ponto de se sufocar com aquela fumaça negra e de odor muito forte que havia tomado conta de todos os recintos da unidade habitacional, um apartamento idêntico ao nosso e postado no pavimento inferior.
Não fosse, também, a providência divina que nos permitiu agir com precisão e serenidade, nosso apartamento seria imediatamente o segundo alvo de uma catástrofe que, felizmente, não ocorreu. Só mesmo Deus nos permitiu agir pronta e eficazmente, sem pânico e serenamente, como se isso nada mais fosse que um acontecimento normal.
Agora imaginemos o pior: aquelas três mulheres tomadas pelo pânico e respirando fumaça tóxica perderiam os sentidos, enquanto as chamas se alastrassem e poderiam perder suas vidas enquanto o socorro não chegasse. Também o fogo depois de atingir um, dois e mais apartamentos, se tornaria fora do controle e somente o socorro prestado pelos bombeiros, decorridos trinta, quarenta ou mais minutos, contando com dificuldades várias como deficiência nos hidrantes e a água escassa no prédio devido aos consertos de vazamentos na cisterna e em diversos pontos das instalações; tudo somado contribuiria para fazer com que o incêndio se alastrasse por uma das torres que conta com quarenta e dois apartamentos.
Um incêndio quando atinge proporções que o tornam fora do controle causa aquecimento das estruturas e as ferragens perdendo a resistência ruem, caindo um pavimento sobre o outro numa espécie de efeito dominó e tudo vem inexoravelmente ao chão.
Para nossa sorte e felicidade quis Deus que uma tragédia dessas não acontecesse conosco. Por isso, acessei a capela virtual do Santuário do Divino Espírito Santo e acendi uma vela virtual que permanecerá acesa na intenção do agradecimento que fazemos a Deus pela obtenção da graça de permitir-nos praticamente o mínimo de danos diante de tudo quanto poderia ter nos acontecido. Por isto rendemos nossos agradecimentos ao Senhor nosso Deus.
Vila Velha, 14 de maio de 2008
Idomar Taufner

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