quarta-feira, 28 de maio de 2008

Mudanças residenciais à noite

Comprei apartamento nas proximidades do final ou início da Rua XV de Novembro e início da Avenida desembargador Augusto Coelho na primeira quadra do Mar, num prédio recém habitado. Como sói acontecer nestes casos outros proprietários adquirentes providenciavam suas mudanças, faziam adaptações, trocavam pisos, esquadrias; instalavam lustres, eletrodomésticos, armários embutidos, trocavam segredos das fechaduras de entrada das unidades, outros instalavam aparelhos de ar condicionado; alguns faziam rebaixamento de gesso nos tetos e trocavam os lustres por outros mais modernos e funcionais.
Logo constatei que o síndico era meu amigo Enir Gonçalves que ocupava cumulativamente esse cargo no Edifício Bevilácqua. Percebia-se que esse síndico não teria como continuar dirigindo dois grandes prédios, pois o acúmulo de tarefas poderia ser nocivo à sua combalida saúde, embora minha situação não fosse diferente, pois temos situação de saúde similar: já fizemos igualmente duas revascularizações de miocárdio, somos diabéticos insulinodependentes e eu tenho como agravante uma HPN (hidrocefalia de Pressão normal), embora controlada, pode a qualquer momento desenvolver sintomatologia que me dificulte o exercício de algumas atividades, exemplo disso foi ter-me afastado da condução de veículos por pura precaução, é claro. Entregar-me ao cargo de síndico desse prédio parecia uma solução à vista, meu amigo Enir emprestou-me livro que trata apropriadamente da administração de comunidades condominiais, havendo, inclusive, nesses textos farta legislação sobre a matéria especificamente aplicada na atividade. Isso facilitaria meu trabalho, caso fosse eleito numa assembléia geral que era convocada especialmente.
Problema à vista parecia-me a fato de que ao lado do nosso prédio havia um conglomerado de habitações num velho e mal conservado prédio, habitado por famílias de baixa renda, onde a aparência de promiscuidade parecia ser real. Teríamos que conviver com essa situação e estarmos sujeitos a presenciar cenas pouco recomendáveis. Como é notório, o estado de carência, acrescido de costumes pouco recomendáveis, de certa forma contribuiria para desvalorizar nossas habitações e poderíamos nos tornar alvos de ações que poderiam até tornar nosso ambiente, além de tudo, pouco seguro.
Seria coisa comum e rotineira convivermos com a presença de policiais e oficiais de justiça cumprindo mandados judiciais de busca e apreensão de bens de origens criminosas como coisas furtadas, armas e não raro a apreensão de drogas ilícitas. Isso tudo me levou não apenas desistir dessa moradia, alienando a nossa unidade residencial e voltarmos a residir num bairro de periferia nas proximidades de um morro onde já residíramos há alguns anos.
Voltamos a residir neste local, apesar de que hoje se comenta que meliantes como assassinos, traficantes, autores de pequenos furtos para a manutenção de gastos com dependência de drogas infestam a região. Aqui residimos no passado e tivemos oportunidade de, ainda, contar com antigos vizinhos, dentre os quais, Sebastião Ildefonso de Carvalho Primo a quem, assim que o encontrei, lembrei-me de que tenho uma dívida consigo: devo-lhe a entrega de dois dos meus livros autografados. Conversamos e falamos de coisas antigas como foi lembrar-se do nosso amigo recentemente falecido, doutor Ubiratan, médico que ultimamente exercia a função de auditor no escritório da UNIMED instalado no Edifício doutor Nilton de Barros, na Avenida Champagnat e de outras coisas de nosso convívio comum no período de 1977 a 1982.
Não sei francamente se esta opção de retornar nossa moradia para bairro periférico representa algo vantajoso. Nada se pode garantir, pois a insegurança e a violência não privilegiam nenhum espaço urbano, sequer o ambiente rural. O que fazer então? Melhor mesmo foi acordar e deixar que Deus se ocupe de nossa segurança e proteção.

Vila Velha, 27 de maio de 2008
Idomar Taufner

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