segunda-feira, 27 de junho de 2011

A LA CARTE

Fomos a Glória à procura de um restaurante desses que servem alimentos processados na modalidade de self service. Escolhi o primeiro que exibia o nome de “comidas típicas de Vila Velha”. Lá me deparei com velho amigo e ex gerente da agência, em Vitória, de um banco, que teve cerrado suas portas há muitos anos, ocasião em que nos lembrávamos de uma subgerente, servindo nesse tempo como sua eficiente colaboradora. Lembrávamos-nos dela, especialmente por sua extrema eficiência chegando a interpelar pessoalmente e até os familiares de correntistas sobre fatos - embora confidenciais -, ela os tornava públicos com o objetivo de proteger a instituição financeira contra possíveis danos ao seu numerário.

Mas o que tínhamos em comum nesse momento era fazermos uma apetitosa refeição e já percebia pela linguagem do garçom de que estávamos – eu principalmente -, que procurava local para uma refeição rápida; nada desses pratos escolhidos em “menus” ou cardápios, falando no bom português – aquele entendido por qualquer mortal. Mas depois dessas conversas, surgiram mais dois clientes da casa e à nossa mesa foi trazida generosa porção de quibe cru, como entrada, antes que nos fosse servido o prato principal. O velho bancário de quem não me lembra o nome, pela maneira como o atendiam, parecia ser cliente habitué (costumeiro) do estabelecimento. E o garçom o avisava de que o peixe pedido só o havia em estoque pescado há mais de doze dias; seu pedido de peixada com essa iguaria e com prazo de pesca de menos de dez dias, não havia como ser atendido, restando outras opções, conforme explicitado no cardápio. Nosso amigo bancário fazia questão de degustar peixe e eu nada falava, importando isso sinal de concordância tácita.

Também os dois outros amigos do bancário – agora tornados meus também - tinham igual preferência de escolhas das iguarias – bastava peixe preparado com qualquer receita. Para mim tanto fazia, mas esse tanto fazia significava concordar com os três amigos, todos postados à mesma mesa. Um deles se dizia professor universitário e me indagou assim:

- e o senhor, nosso amigo, que fazia e que faz na atualidade. Respondi-lhe:

- no passado, tanto como o senhor, fui professor em duas faculdades e, também, em cursos técnicos do segundo grau, funcionário público, desde 1969. Atualmente sou aposentado.

Isso foi suficiente para que esse, que se dizia professor universitário, doravante se mantivesse em silêncio, pois meu status se igualava ao dele.

E aquele prato feito com peixe pescado há mais de doze dias (não se sabendo quando...), não dava sinais de nos chegar à mesa. Nem só a fome, mas a espera se tornava tediosa e, ainda aquelas interlocuções dos companheiros de mesa... Deixemos isso de lado.

Depois de tanto esperar, eis que o alimento principal e suas guarnições chegaram, enfim, à nossa mesa. Experimentei porção pequena e senti sabor ligeiramente amargo e cheiro de maresia, aquilo sentido às vezes quando estamos próximos de águas marinhas poluídas. Isso me deixava nauseabundo e fazia com que sentisse insatisfação no sabor da iguaria...

Acordei com aquele sabor na boca, típico daquilo que se sente quando se engole sapo!

Da próxima vez, farei tudo diferente; escolherei onde e o que comer. Permanecer em silêncio e não manifestar minhas opiniões fez com que eu aprendesse, mas com alto custo. Comida A LA CARTE, só aquela escolhida livremente e de acordo com o meu gosto, pois, como o dito: “há gosto para tudo”.


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