sexta-feira, 16 de novembro de 2012

JAGUARITÁ



Apresentação
Jaguaritá é um romance ficcional e sobre a temática da Pedra da Onça – fato –, embora os personagens aqui guardem alguma semelhança com pessoas reais, eles, na realidade, são meras criaturas destinadas a dinamizar o cenário do maior de todos os garimpos do estado do Espírito Santo – A Pedra da Onça. Quando se abordam os trabalhos de lavragem dessa jazida de água-marinha, as pessoas são reais.
É visto também aqui que, nem sempre, são os profissionais os verdadeiros protagonistas das histórias dos grandes achados de minerais-gema, feitos ao mero acaso, semelhante à aleatoriedade de como os minerais se formaram. Um garoto que caçava cabritos teve a sorte de encontrar pequenos cristais de quartzo e de água-marinha, fato semelhante ao ocorrido com um caçador que encontrou idênticos minerais atirados para fora de uma toca de tatus.
Nesse segundo caso, o indivíduo levou o material e o mostrou a um comerciante que, além de não acreditar nessa história, aconselhou-o a procurar serviço, pois sua família dependia dos minguados recursos provenientes da sua atividade de trabalhador agregado em propriedades agrícolas. Ele tinha qualidades do famoso personagem das histórias infantis “Jeca Tatu” — adepto à “lei do menor esforço” —, criado pelo escritor Monteiro Lobato.
Bastou que um farmacêutico estabelecido na localidade de Figueira de Santa Joana tivesse conhecimento do que tal garoto achara ao escalar o rochedo da “Pedra da Onça” em busca da grande fortuna para haver uma corrida ao “Eldorado”. Fato semelhante ocorreu em “Serra Pelada”, onde uma multidão de garimpeiros, movidos pela cobiça de fortuna com o ouro encontrado ali com fartura, atraiu gente dedicada aos garimpos, principalmente profissionais vindos do estado de Minas Gerais. Uma grande invasão ocorreu instantaneamente e de forma descontrolada. Não faltaram curiosos, engrossando a multidão. Sabe-se que foram retirados de um pegmatito superficial, milhares de quilogramas dos mais puros e corados cristais de água-marinha e de quartzo nas variedades morion (palavra estrangeira usada para designar variedade de quartzo enfumaçado negro, cuja pronúncia é morrião), hialino, citrino e ametista. Até hoje os comentários persistem nas memórias de pessoas ainda vivas e na lembrança de outros que tiveram, como eu, a sorte de ouvir de forma reverberada e reiteradamente palavras de quem, mesmo não tendo testemunhado o fato, dele conhece toda a história, sempre transmitida e retransmitida oralmente.
Vê-se que personagens do garimpo criados aqui nestes textos serão nada mais que expectadores, alcançando quantias mínimas de gemas, colhidas nos rejeitos atirados montanha abaixo. A grande sorte foi generosa com poucos indivíduos residentes em Figueira de Santa Joana e outros em Itaguaçu, mas a maioria dos indivíduos que retiraram grandes gemas é gente anônima, pois não se sabe quem são nem de onde vieram. Por isso, os valores encontrados não puderam ser quantificados e muitas das gemas encontradas nessa lavra não foram vistas ou conhecidas. Outros fatos que comumente ocorrem nesses casos são os boatos, nem sempre retratando coisas verídicas. Portanto, há um misto de verdades e mentiras.
Dos poucos cidadãos aquinhoados, residentes nas localidades vizinhas, não há quem tenha conseguido manter suas fortunas porque dinheiro fácil, obtido inesperadamente, assim, na rapidez como chega,­­­ também se esvai.
Esta obra tem como escopo o que se tratou no livro A Pedra da Onça: Jazidas e Garimpos no Espírito Santo, embalando temática idêntica, porém de forma fictícia, a respeito de alguns personagens do garimpo profissional.
Semelhantes às histórias reais desses profissionais do garimpo, vindos de outros estados, que derramaram suor, acharam cristais e gemas coradas, apuraram significativos valores momentaneamente capazes de permitir a aquisição de bens como moradia e manutenção de garimpos diversos, outros, nada adquiriram ou, se alcançaram bons resultados, comportaram-se de forma perdulária, entregando-se aos prazeres do imediatismo e, depois, retornando ao statu quo.
Pode ser que, na criação desses personagens fictícios, algum seja identificado com uma pessoa real. Digo que isso não passa de mera coincidência.   Os nomes das pessoas reais e o fato verídico prevaleceram apenas no momento em que se centralizou a incidência dos achados das águas-marinhas na Pedra da Onça.
Além dos relatos de fatos característicos da atividade garimpeira, existem aspectos relevantes do modo como vivia, como se divertia e como se relacionava socialmente a população, com destaque especial para a juventude da época e seus costumes.

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