sábado, 6 de junho de 2009

GUERRAS E AMEAÇAS (REAIS)

Na atualidade, vivemos várias guerras. Algumas reais outras através de ameaças como dos norte coreanos, que procuram levar o mundo á hecatombe nuclear; outras, porém são reais, valendo destacar: guerra da dengue, das gripes suína e aviária, do tráfico de drogas, dos acidentes de trânsito, dos assaltos, dos homicídios, da impunidade, da corrupção, da falta de atenção sanitária e da destruição da natureza.
Cada uma dessas guerras merece comentários, análises e conclusões. Eis os comentários, análises e conclusões: guerra da dengue é um conflito assaz desigual e desequilibrado entre os beligerantes. De um lado um inimigo quase invisível, cuja massa não atinge sequer fração de um grama, é gerado nas águas empossadas em latas, em garrafas vazias, em caixas de água descobertas, em pneus abandonados em terrenos baldios e em ralos de esgotamento doméstico ou afins (é conhecido pelo nome de Aedes Egypit); mas tem o poder de destruição letal abatendo inimigos com milhões de vezes à sua massa corporal. Todo o processo de combate se inicia quando a fêmea faz penetrar um afiado ferrão para retirar, talvez apenas uma gotícula de sangue, insumo que permite sua reprodução e é, neste ato, que inocula poderoso agente biológico da destruição: microscópios vírus que abatem tão poderoso inimigo. Este mesmo que é capaz de viagens interplanetárias, que constrói mega obras, mega veículos de navegação, bombas tão poderosas e capazes de destruir o próprio planeta que habita. Para o combate a este mortal inimigo, as armas de combate e prevenção foram desenvolvidas: basta que sejam utilizadas, principalmente na destruição do habitat do inimigo, consistente na limpeza de terrenos baldios, recolhimento e destruição de materiais capazes de armazenar água, tais como garrafas, latas e outros recipientes quaisquer descartados em terrenos baldios; colocar tampas sobre depósitos de água, remover vegetação e entulhos de áreas urbanas desocupadas. Mas parece que a implementação destas medidas preventivas esbarre no comodismo de julgarmos que as obrigações não sejam nossas; pois seriam sempre dos outros. Também a omissão e a inércia que fazem com que todos os males se banalizem diante de tantas notícias negativas a que somos bombardeados diariamente.
Para concluir de como vencer esta guerra da dengue, eu entendo que bastaria que cada pessoa se sentisse responsável e tomasse atitudes concretas, fazendo sua parte, porque isto é uma questão de responsabilidade; a omissão é nossa maior inimiga nesta guerra.
Guerra da gripe suína ou (H1N1). Esta, apesar de algumas batalhas com muitas baixas, nada mais foi que uma grande ameaça, apesar de todo o terror que espalhou com focos entrincheirados pelo mundo afora, parece estar sob controle, talvez tenha sido um cessar fogo duradouro, coisa que torcemos seja definitiva. Neste conflito tivemos o maior aliado, simplesmente a OMS (Organização Mundial da Saúde), distribuindo apoio logístico a todas as nações, expresso na formação de barreiras de continência. A ameaça ainda existe, mas parece estar sob controle.
Guerra da gripe aviária. Apesar de inativa, permanece em estado latente e com ameaças de vir a se tornar um conflito grave, possivelmente uma pandemia, conforme previsões pessimistas de alguns cientistas e futurólogos. Que fazer? A melhor resposta está no desenvolvimento de estratégias de prevenção, dentre as quais o aperfeiçoamento da cobertura vacinal. Isto demanda a permanente criação de cepas atualizadas, seguindo de perto as mutações a que os vírus da influenza tem capacidade de realizar. “O preço da segurança é a eterna vigilância”.
Guerra do tráfico e uso de drogas ilícitas. É um conflito antiqüíssimo entre a prática e na marginalidade que lhe conferem leis específicas. Aqui o poder do inimigo – o efeito nocivo das drogas tem como aliada a dependência que causa nos usuários, transforma-os em escravos do consumo e aliados dos inimigos principais – produção e tráfico. As armas convencionais são as leis e o poder de polícia que conferem às entidades públicas – as guardiães da segurança e da defesa.
Esta guerra, de um lado tem os produtores e os intermediários (traficantes) e do lado oposto, o Estado, o principal combatente que se destina proteger vítimas (consumidores), que, de certa forma, através da dependência se torna aliada do inimigo constituído principalmente pelo traficante.
Drogas entorpecentes e alucinógenas foram descobertas pela necessidade humana de sentir sensações de euforia, de alívio das dores físicas e psíquicas. Inicialmente, os efeitos de bem estar, alegria, raiva; depois as alucinações e a sensação a cada vez maior de mais e mais drogas no organismo, seguidas das crises depressivas, loucura e morte por overdose em muitos casos.
Novas e mais novas drogas foram desenvolvidas por síntese e hoje, apesar de todos os esforços, de todas as mobilizações de forças a guerra das drogas tende a ser interminável.
Guerra dos acidentes de trânsito. De todos os conflitos atuais, este é o que maior baixa de vidas humanas provoca. Basta um ano de mortos no trânsito brasileiro para que seus números superem todas as perdas durante a guerra no Iraque, ou a todas as baixas da guerra do Vietnã, conflitos armados reconhecidamente causadores de grande número de mortos. Embora não se lhe dê a importância devida, o Brasil perde uma multidão de vidas todos os anos nesta guerra não declarada que custa ao erário público um dispêndio de 28 bilhões de reais anualmente, fora os prejuízos materiais causados ás pessoas e empresas.
Causas: Velocidade excessiva, dirigir sob efeito de bebidas alcoólicas, distância insuficiente em relação ao veículo dianteiro, desrespeito à sinalização e dirigir sob o efeito de drogas.
Análises: Quanto à velocidade excessiva na condução de veículos, a legislação brasileira teve sucessivos aperfeiçoamentos, visando à melhor capacitação dos condutores e na aplicação de penalidades sob variada forma de multas e pontuação na carteira de habilitação, e, atingindo determinada pontuação a licença de dirigir é suspensa ou, em casos graves, ocorre cassação definitiva do documento. Rodovias, ruas e outros espaços públicos tem sinalização adequada quanto à velocidade, sentido, permissões e proibições expressas em leis e regulamentos. Mesmo com todo esse aparato de cuidados, as transgressões são comuns e exacerbadas, vindas, como conseqüência, causar variados tipos de acidentes como colisões, abalroamentos, capotagens e atropelamentos, tanto pelo abuso da velocidade, às vezes agravados pela má conservação das vias. Além do aperfeiçoamento da legislação, das campanhas educativas, os números permanecem em ascensão.
Conclusão: Esta se parece uma guerra ainda distante do desfecho final.
Guerra dos assaltos: Na lista de crimes contra o patrimônio e a vida há uma forma diversificada de assaltos, geralmente perpetrados por quadrilhas organizadas, tendo como alvo agências bancárias, estabelecimentos comerciais e residenciais, aonde acreditam existirem dinheiro ou objetos de valor. São, também, alvo desse tipo de ação pessoas portadoras de dinheiro e objetos facilmente conversíveis em moeda ou simplesmente telefones celulares. No caso de estabelecimentos financeiros e comerciais, geralmente há o emprego de armas de elevado poder de fogo e, durante as ações, além da subtração de valores, havendo resistência é comum os ataques a pessoas ou a tomada de reféns, quando há cerco policial.
Assaltos tem como motivação a apropriação de coisas alheias, através do uso da força violenta de armas de fogo, verdadeiras armas de guerra como os famosos fuzis AR-15, pistolas de grosso calibre, metralhadoras e granadas. O combate a essas ações se faz com o uso da segurança armada e pelas forças policiais.
Apesar de a legislação impor pesadas penas aos criminosos desse segmento, da vigilância armada, da ação repressiva dos organismos policiais, parece difícil que haja forma apropriada de extinguir esta modalidade de crime. É, sempre, uma guerra de muitas batalhas e grandes perdas de vidas e de bens.
Guerra dos homicídios: A matança de seres humanos por seus semelhantes teve início nos primórdios, quando essa guerra teve início entre os próprios filhos de Adão e Eva e aí não parou mais. Mata-se por inveja, para subtrair pertences, por vingança, por amor, por raiva por traição e acidentalmente.
Em quase todos os finais de semana, aqui no Estado do Espírito Santo ocorre cerca de vinte homicídios e outro tanto de tentativas não consumadas. Parece que existe uma cultura da morte, conforme teria afirmado um ex-Secretário da Segurança Pública do Estado, quando questionado sobre as causas desta alta incidência de homicídios nesta unidade da federação.
Apesar dos castigos de supressão da liberdade, penas impostas por legislação a cada vez mais rigorosa, a incidência desta modalidade de crime continua a engrossar as estatísticas, além do fator religiosidade que também impõe severas condenações.
Guerras da impunidade e da corrupção: São dois conflitos interdependentes; que se misturam e se multiplicam. Se a impunidade acoberta os atos criminosos das autoridades; ela também, através do exemplo, se dissemina por toda a sociedade e predispõe os indivíduos a tê-la como aliada, tornando-se espécie de imunidade (rima com a primeira). Corrupção caminha junto com a impunidade que é ilegal e imoral, mas de tanto acontecer, parece ser confundida com a certeza da justiça, da honestidade e da ética.
A Justiça, que tem no direito, na moral e na ética seu embasamento não pode se coadunar com práticas criminosas, quaisquer que sejam, nem emprestar-lhe o manto da impunidade. A corrupção pode ser entendida como decorrência da impunidade, coisa efêmera de descuido dos valores legais, morais e éticos. As armas para o combate desses vícios de conduta podem, a priori, estar contidas no sentido da consciência, formado pelos ensinamentos obtidos na religiosidade. A base celular de qualquer nação provém de uma instituição capaz de tornar sólido esse aprendizado – a família.
Guerra da falta de assistência sanitária e da destruição da natureza: A falta de assistência sanitária é uma guerra silenciosa: ceifa vidas, contribui para o sofrimento contínuo da humanidade por meio do contágio de inúmeras doenças. Enfermidades que são decorrentes do uso de bens públicos poluídos: água e ar. Daí decorre produção de alimentos contaminados por microorganismos e por resíduos químicos tóxicos, uso direto de água imprópria e ar repleto de partículas e gases nocivos á saúde.
As armas para enfrentar batalhas nesta guerra são, basicamente, previstas na educação, visando preservar a natureza – manter cobertura da vegetação, não obstruir os leitos naturais dos cursos e mananciais de água (nascentes, córregos, rios, lagos e mares). Preservar as faunas silvestres e aquáticas, evitar a excessiva deposição de dejetos no meio ambiente.
Cabe ao poder público fornecer água tratada, esgotamento e tratamento sanitário. Isto é uma tarefa de grande abrangência e de grandes somas a serem aplicadas; mas se trata de um investimento que protege a saúde e qualidade de vida das pessoas.
Conclusão:
Vive-se constantemente em guerra; sejam elas reais ou simbólicas, os conflitos armados ou não estão sempre presentes. Vive-se um estado de beligerância, ora com armas convencionais, ora as de destruição em massa proscritas, ora simplesmente conflitos simbolizados por enfermidades, vícios e de toda a sorte de adversidades: o próprio universo tem seus mega conflitos.

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