sábado, 29 de outubro de 2011

SONHANDO SEGUIDAMENTE

Nessa última semana minha mente baixou alguns arquivos, que deveriam estar guardados na memória liminar do meu universo cerebral. Foram seguidos e guardaram algo em comum, como espaços temáticos, geográficos e protagonistas.

No primeiro evento, juntamente com um comerciante estabelecido no centro de Vitória, nas imediações de Praça Costa Pereira, assistimos a um fenômeno incomum: as montanhas da Fonte Grande e sua continuidade, rumando através da cordilheira, cujo ponto extremo se fixa acima do Parque Moscoso e da Vila Rubim, deslizavam e causavam significativas destruições. Pois bem, esse conjunto de elevações ruía semelhante ao efeito dominó, levando consigo antigas e novas edificações residenciais comerciais e prédios públicos. Dentre estes, um colégio que funciona nas dependências da antiga faculdade de odontologia, na ladeira cujo nome é Rua Alziro Viana. Ainda permaneciam incólumes o Edifício Presidente Vargas (sede do ex- IAPI) e o Teatro Carlos Gomes. As outras edificações não tiveram a mesma sorte. Simplesmente foram engolidas pelas avalanches. Não chovia e os deslizamentos das terras e rochas, ao caírem, elevavam grossas nuvens de poeira. Nós, a tudo presenciávamos, sem que tivéssemos qualquer receio de algo que nos pudesse afetar e tornarmo-nos vítimas dessa violenta manifestação da natureza.

Essa noite findou-se e nada mais se soube da ocorrência do dia anterior.

Na noite, ou seja, na madrugada seguinte sucede-se com novo episódio anômalo do comportamento da natureza. Parecia-me que estivesse em Várzea Alegre, quando choveu copiosamente acima de quaisquer índices pluviométricos conhecidos. O Rio Santa Maria, aquele que deságua no caudaloso Rio Doce, em Colatina, registrou a maior cheia de todos os tempos. Suas águas se alastravam praticamente por todo o baixio e algumas colinas de menor altitude. Entrei naquela nossa casa, onde moramos e aí nasceram nossos filhos Domingos e Edgard. Pois bem, dentro dessa a moradia a água atingia a altura dos joelhos. Mas, quando parecia que tudo estivesse perdido, o Rio Santa Maria, acima da ponte de Várzea Alegre, se estancou e as águas que se localizavam abaixo dessa ponte formaram correnteza em sentido inverso: agora corriam para cima e o manancial se esvaziava.

Além de muita chuva e essa cheia descomunal, sabe-se que não houve registros de vítimas ou de perdas materiais. Um grande susto, apenas isso.

Ainda em Várzea Alegre, provavelmente durante a mesma noite ou madrugada, presenciei uma agressão a um indivíduo em sua residência, consistente em disparos efetuados com arma de fogo, atingindo a vítima na região temporal esquerda, tórax e abdome. Os ferimentos não causaram lesões graves e a vítima foi levada ao posto de saúde da localidade, aonde recebeu os primeiro socorros. O passo seguinte foi remoção desse paciente para um hospital localizado na cidade de Colatina, sendo submetido às cirurgias necessárias à correção dos traumas causados pelos projéteis da arma de fogo.

O dia amanheceu e constatei ter permanecido repousando no meu leito, dormindo e Sonhando seguidamente. Quanto à suposta vítima e seu agressor, não os conheço e o meu receio é que fosse obrigado registrar testemunho na delegacia policial da sede do município.

Não sei se na mesma noite, presenciei mais um fato de rara violência e requintada de selvageria: um conhecido parlamentar federal representante do nosso Estado em Brasília foi flagrado, praticando assalto a um pacato cidadão, fato que consistiu no roubo de dinheiro, cartões de crédito, talões de cheques e de todos seus documentos de identificação e ainda apossou-se de uma égua com a qual a vítima cavalgava. De posse do animal abateu-o, esquartejou-o e dividiu-o num churrasco promovido aos seus eleitores correligionários.

Como pode um parlamentar que tem os deveres de legislar e representar os cidadãos, que o sufragaram com seus votos, praticar crimes com a cobertura do manto da impunidade? Será que merecemos isso? Esse crime, além de irreal, é apenas fantasia navegando o mundo da virtualidade, aonde objetos abstratos tomam formas vivas e concretas, semelhantes à realidade.

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