quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Onde há água, há vida.

Apesar de o planeta terra ser contemplado com 3/5 de água na sua composição, nós presenciamos a falta deste precioso líquido para o consumo humano. Falando apenas de onde a gente conhece, vimos recentemente faltar água no interior do Espírito Santo desde o sul, centro e norte, praticamente todo o Estado sofreu com a escassez de chuvas durante esse último ano. E, pelo que aparenta nestes primeiros dias de 2008, neste ano não será diferente. Já se pode sentir que os recursos hídricos do Estado estão dentro dos limites da sobrevivência. Os principais rios do nosso estado apresentam um estado de vazão decrescente, atingindo inexoravelmente o ponto de "alarme". Em poucos dias meios para produzir espécimes vegetais que nos servem como alimento e de renda para os trabalhadores e produtores rurais, vimos nesse último ano cenas de animais mortos pela sede, daqui a pouco veremos populações inteiras abandonando suas terras com aquelas cenas nossas velhas conhecidas dos “retirantes”.

Sabemos e não podemos negar que o aquecimento global causado pela excessiva deposição de gases carboníferos na atmosfera está causando sinais a cada vez mais visíveis de que o nosso planeta está perecendo. Esta é, talvez, a mais grave das causas do desequilíbrio que vem acarretando degelo, tempestades a cada vez mais devastadoras, secas prolongadas com excessivo aumento de calor e redução das taxas de umidade relativa, propiciando incêndios florestais que, não raro, afetam áreas urbanas densamente habitadas. A morte de animais aquáticos causada por agentes poluentes despejados nas águas dos rios, lagos e oceanos. Muitos desses dejetos são resíduos de bens industrializados de uso rotineiro no dia a dia de todos nós, geralmente produtos sintéticos produzidos a partir do petróleo cuja degradação chega, em muitos casos, a algumas centenas de anos.

Vê-se que a Grande Vitória não está imune ao que acontece no restante do mundo. Imagino a nossa situação daqui a vinte anos: não haverá água para irrigar as plantações, para saciar a sede dos animais; os peixes fluviais estarão extintos, a água potável ainda possível será bombeada de lençóis freáticos profundos e não há exagero algum em procurarmos desenvolver o tratamento da água do mar, dessalinizando e a tornando potável.

Se todos tomassem consciência de adotar hábitos saudáveis para o meio ambiente e reduzir gradativamente a queima de combustíveis fósseis. Controlar sistematicamente as queimadas, fazendo reflorestamentos com espécimes da flora natural, procurando cobrir prioritariamente com vegetação as bacias de captação de águas pluviais para que se reabasteçam os lençóis freáticos de modo que as nascentes voltem a fluir naquelas extintas e se conservem as que ainda subsistem; dar crédito e apoiar iniciativas como uma que acaba de ser divulgada sobre a transformação de resíduos de plásticos na produção de madeira sintética, poupando florestas que protegem a existência da água, que absorvem gases e equilibram o clima do planeta e ajudam na preservação de animais condenados à completa extinção. Apesar do estardalhaço que os cientistas vêm tratando esse assunto, parece não se tratar de problemas próprios dos terráqueos; parece ser uma visão ficcional de algum corpo celeste que estaria em vias de extinção.

Quem sabe, contando com a clemência do Onipotente que, vendo as tentativas da humanidade de preservar a vida nesta Terra, nos ajude reverter esta situação: faça voltar o gelo e a neve nos pólos e nas altas montanhas, não permitindo que os mares se elevem e destruam todos os litorais do planeta; faça com que chova regularmente, não permita que maremotos, terremotos e tempestades destruam cidades e populações; faça com que as florestas e os animais silvestres ocupem seus espaços, com que os peixes habitem tanto os rios quanto os mares; faça, enfim, que a vida seja preservada sobre esta Terra.

Há poucos dias testemunhamos a apreensão de água livremente vendida com qualidades de potabilidade duvidosa. São realmente de qualidade duvidosa estas águas envasadas e vendidas como se fossem águas com propriedades minerais, estas propriedades podem realmente estarem presentes. Mas há um fator que não deve ser descartado: águas obtidas de minas, apesar da aparente limpidez, podem conter microorganismos de origem vegetal e microbiana e ainda restos de matéria orgânica por serem provenientes de lençóis freáticos relativamente superficiais. Parece-nos a forma mais segura para o consumo da água de uso doméstico, utilizada tanto como bebida quanto para a preparação de alimentos, aquela fornecida tratada, depois de novamente tratada em filtros especiais que recolham impurezas. Tanto de resíduos sólidos, quanto de substâncias químicas provenientes do processo de saneamento.

Não deve ser descartada a reserva de águas pluviais, recolhidas de coberturas e depositadas em reservatórios preferencialmente subterrâneos. Essas águas reservadas servirão para uso geral em períodos de escassez.

Para o bombeamento de águas alternativas não deveria ser descartado o uso da energia eólica ou daquela produzida pela captação da energia solar.

As águas resultantes do tratamento de esgotos deveriam ser reutilizadas na irrigação de jardins, lavagem de veículos lavagem de pátios de empresas, praças de esportes e na limpeza de vias públicas.

Quanto às águas obtidas de lençóis freáticos profundos existe o risco da presença de arsênico, substância extremamente tóxica com o agravante de ser cancerígena.

Perdemos tempo precioso, apenas falando e prevendo esta catástrofe a que a humanidade a cada momento se expõe a um processo gradativo de extinção. Que tal tomar cada um de nós sua participação através da adoção de providências concretas. Como exemplo de participação, cito aquela história de um beija-flor que tentava combater um grande incêndio numa floresta com a água que conseguia transportar no bico. Alguém perguntou ao minúsculo pássaro de que adiantaria aquela pequena quantidade de água para combater um grande incêndio. Ele simplesmente respondeu: - "faço a minha parte".


Vila Velha, 02 de janeiro de 2008.

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Idomar Taufner

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