Embora esses distritos sejam hoje territórios distintos, não se pode dissociar suas origens histórias interdependentes. Na parte alta, chamada e Alto Caldeirão foi aonde se instalaram os imigrantes italianos e plantaram os primeiros cafeeiros, a primeira e permanente fonte de renda desses produtores rurais. Nas baixadas de Várzea Alegre, duas famílias de lusos brasileiros – Damasceno e Lima foram os pioneiros da colonização. Aqui se cultivou cana de açúcar, cereais e leguminosas destinadas à subsistência, inclusive das famílias residentes nos altos de clima ameno e pouco apropriado e essas culturas. O Vale do Rio Perdido foi ocupado inicialmente por alemães, holandeses e pomeranos; só mais tarde a localidade passou a contar com italianos e lusos brasileiros. Aqui também o café teve a principal importância na produção de cultivares agrícolas.
Até a década de 1920 toda a região possuía produção agrícola e pequenos rebanhos de bovinos e também tinham criações domésticas de aves e suínos. Produtos agrícolas e animais criados nos minifúndios, que caracterizaram a ocupação e exploração das terras dessa região.
A queda no preço do café fez com que a população passasse a cultivar cereais e leguminosas, como fontes alternativas de renda. Opção que deixaria a população, durante cerca de três décadas num estado de pobreza, levando a uma vida simples. Esse estado carencial só não foi considerado coisa grave porque havia fartura de alimentos; enquanto que outras utilidades como vestuário, medicamentos e conforto de moradia eram mínimos.
Na década de 1940, a forte influência da descoberta da grande jazida na Pedra da Onça, aonde pessoas residentes em Figueira de Santa Joana (mais tarde Itarana), entre as quais agricultores, comerciantes e profissionais liberais se fizeram garimpeiros ocasionais e retiraram. com o concurso de profissionais vindos de estados vizinhos, cerca de duas toneladas das mais puras águas-marinhas e algumas toneladas de puríssimo quartzo de rocha. Este fato causou na região limítrofe (Várzea Alegre, Alto Santa Maria do Rio Doce e Alto Caldeirão) um aguçado interesse pelo assunto, resultado isso no aproveitamento de mão-de-obra ociosa na agricultura, tornando profissionais do campo em eventuais garimpeiros. Na região do Alto Caldeirão foram encontrados vários depósitos aluviais de quartzo, importante matéria prima para a fabricação de artefatos estratégicos em época da segunda grande guerra mundial. Também, nessa mesma época, descobriram-se depósitos aluviais de andaluzitas e de crisoberilo olho de gato. Nas baixadas da grande bacia de Várzea Alegre1, ocorreram achados de quartzo, mas aqui foi intensa a obtenção de achados de pedras coloridas como águas-marinhas, ametistas e citrinos.
Esta aptidão para a extração de minerais cristalinos, embora fossem espécimes de valores menores, mas as sucessivas descobertas promoveram renda a um grande número de pessoas; enquanto que as gemas preciosas da baixada e montanhas de Várzea Alegre, Vale do Rio Santa Maria, Vale do Rio Perdido, Córrego Frio beneficiam com grandes somas pequena parcela da população dessas localidades. E, como é notório, o ganho fácil obtido com pedras preciosas, tal como prêmios de loterias é dinheiro que chega rápido e fácil e da mesma forma se esvai. A produção de gemas preciosas em quantitativos generosos ocorreu com grande freqüência até a década de 1970. Sabe-se que vez ou outra algum produtor rural descobre gemas preciosas em suas terras, as retira e as vende de forma confidencial, restando apenas notícias vagas como foi o caso de uma grande descoberta noticiada e não comprovada recentemente.
Quanto à agricultura, a partir da segunda metade da década de 1930, antigas lavouras de café foram erradicadas, pastagens revolvidas. O plantio de milho foi feito na forma de monocultura, levando às baixadas de Várzea Alegre às encostas pedregosas essa cultura em qualquer porção de terra cultivável. Isso ocorreu em grande escala até à década de 1970. Com os preços aviltados e a irregularidade pluviométrica, a cultura do milho foi descontinuada. Novamente o café se tornaria principal cultura. Agora com o desenvolvimento de variedade de café “Conilon” resistentes à baixa umidade do inverno, coisa que não ocorria com as variedades arábicas “Bourbon”, “Mundo Novo” e o “Catuaí”. Estas variedades permaneceram cultiváveis nos entornos do Córrego Frio, Itanhanga, Pedra Alegre, Pedra da Onça, Toma Vento e toda a região do Alto Caldeirão.
A partir de 1960, implantou-se na região de Várzea Alegre a cultura de tomateiros, opção agrícola bem sucedida, que se tornou até a atualidade a principal atividade, opção que gera rendas a uma parcela relativamente considerável da população, tanto para os proprietários de terras como para arrendatários e parceiros agrícolas.
Enfim, atualmente, este é o panorama da produção de riquezas, tanto nos altos do Caldeirão, quanto nas baixadas quentes de Várzea Alegre e adjacências.
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