Bom chefe era doutor José Rodin, Cortez, compreensivo, sabia distribuir as tarefas segundo as aptidões de cada servidor e servia como exemplo, trabalhando pontualmente do início ao final do expediente: não dizia que era assim que deveríamos nos comportar. Era preciso dizer algo a mais? Bastava que se olhasse para ele para entendermos: “O Brasil espera que cada um cumpra seu dever”, como disse Duque de Caxias exortando os soldados num momento grave da guerra.
Agora durante uma madrugada inteira estive trabalhando novamente nessa equipe em que doutor Rodin continuava a chefiar. Fazíamos juntamente com os servidores da época: Natanael Martins Leal, Custódio Franqueira Cabral, dona Margarida Pinho Carpes, dona Deolinda, dona “Silvinha”, dona Cleide Padilha Leite e mais não sei quem, uma tarefa que consistia em datilografar numerosos textos naquelas máquinas datilográficas manuais (Olivetti, Remington, Olympia e outras). Trabalhávamos numa sala voltada para a Rua do Rosário e tínhamos vista para o morro da Fonte Grande. Podíamos dali ver todo o casario daquelas encostas e, no alto, trecho entremeado de habitações e árvores de uma floresta que insistia em existir junto a tantas edificações.
Houve um momento em que o funcionário Saul, que cuidava de reparos e conservação no Edifício Presidente Vargas, chegou para recolocar alguns tacos que haviam se desprendido do piso da sala aonde trabalhávamos. Para que Saul e sua equipe pudessem realizar seu trabalho foi necessário que deslocássemos nossas mesas e interrompêssemos nossa faina por algum tempo. O atraso resultou no acúmulo de trabalho que, dificilmente, seria atingido a meta inicialmente prevista e nós sabíamos da urgência para que tais tarefas fossem cumpridas no prazo, pois os dados estatísticos constantes dessas folhas datilografadas deveriam seguir imediatamente para a DG (Direção Geral), situada na cidade do Rio de Janeiro.
A interrupção do trabalho com a troca da localização das nossas mesas de trabalho, além do atraso causado pela perda do ritmo houve um tumulto ao colocar folhas de papel carbono para a reprodução de seis vias de cada vez, coloquei maior número e, com isso, não consegui introduzir as folhas de papel no cilindro da máquina de escrever. Também a pressa que eu tinha para concluir as tarefas, aliada à minha sofrível execução datilográfica, tornavam-nas mais demoradas ainda. E agora, também, a ansiedade seria outro fator que tornaria ainda mais sofrível meu desempenho. Mesmo assim, nós trabalhávamos continuamente e havia quase que certeza de que não cumpriríamos nosso trabalho a tempo.
De repente, um fato chamou à atenção: o casario, desde a ladeira de São Bento à floresta acima do morro da Fonte Grande ardia em chamas e a fuligem que emanava desse incêndio nos causava dificuldades respiratórias e alguém do grupo me chamava atenção: “respire bem, Idomar, você tem que se cuidar por causa dos seus problemas cardiológicos e neuropáticos, desça até o segundo andar, que ali se faz oxigenoterapia”!
Desci e nem cheguei ao segundo andar. Apenas coloquei os pés no chão e o relógio despertador soou. Era exatamente seis horas da manhã.
Agora durante uma madrugada inteira estive trabalhando novamente nessa equipe em que doutor Rodin continuava a chefiar. Fazíamos juntamente com os servidores da época: Natanael Martins Leal, Custódio Franqueira Cabral, dona Margarida Pinho Carpes, dona Deolinda, dona “Silvinha”, dona Cleide Padilha Leite e mais não sei quem, uma tarefa que consistia em datilografar numerosos textos naquelas máquinas datilográficas manuais (Olivetti, Remington, Olympia e outras). Trabalhávamos numa sala voltada para a Rua do Rosário e tínhamos vista para o morro da Fonte Grande. Podíamos dali ver todo o casario daquelas encostas e, no alto, trecho entremeado de habitações e árvores de uma floresta que insistia em existir junto a tantas edificações.
Houve um momento em que o funcionário Saul, que cuidava de reparos e conservação no Edifício Presidente Vargas, chegou para recolocar alguns tacos que haviam se desprendido do piso da sala aonde trabalhávamos. Para que Saul e sua equipe pudessem realizar seu trabalho foi necessário que deslocássemos nossas mesas e interrompêssemos nossa faina por algum tempo. O atraso resultou no acúmulo de trabalho que, dificilmente, seria atingido a meta inicialmente prevista e nós sabíamos da urgência para que tais tarefas fossem cumpridas no prazo, pois os dados estatísticos constantes dessas folhas datilografadas deveriam seguir imediatamente para a DG (Direção Geral), situada na cidade do Rio de Janeiro.
A interrupção do trabalho com a troca da localização das nossas mesas de trabalho, além do atraso causado pela perda do ritmo houve um tumulto ao colocar folhas de papel carbono para a reprodução de seis vias de cada vez, coloquei maior número e, com isso, não consegui introduzir as folhas de papel no cilindro da máquina de escrever. Também a pressa que eu tinha para concluir as tarefas, aliada à minha sofrível execução datilográfica, tornavam-nas mais demoradas ainda. E agora, também, a ansiedade seria outro fator que tornaria ainda mais sofrível meu desempenho. Mesmo assim, nós trabalhávamos continuamente e havia quase que certeza de que não cumpriríamos nosso trabalho a tempo.
De repente, um fato chamou à atenção: o casario, desde a ladeira de São Bento à floresta acima do morro da Fonte Grande ardia em chamas e a fuligem que emanava desse incêndio nos causava dificuldades respiratórias e alguém do grupo me chamava atenção: “respire bem, Idomar, você tem que se cuidar por causa dos seus problemas cardiológicos e neuropáticos, desça até o segundo andar, que ali se faz oxigenoterapia”!
Desci e nem cheguei ao segundo andar. Apenas coloquei os pés no chão e o relógio despertador soou. Era exatamente seis horas da manhã.
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