Acredito mesmo que a água potável natural está no limiar
da existência; há muito, só se consome água submetida a tratamentos
purificadores para a eliminação de resíduos tóxicos devido ao uso
indiscriminado de defensivos agrícolas e de dejetos domésticos e de criações de
animais em escala industrial. A purificação desses recursos hídricos demanda
custos elevados e esses insumos nem sempre são utilizados para os fins nobres
do consumo humano. A água, líquido originariamente obtido de minas com
envasamento e fornecido resultante de depósito em lençóis freáticos, nem sempre
representa segurança para o consumo, eis que a formação de lodo esverdeado
prenuncia a existência de flora microbiana – fitos planctos e zoo planctos
resultantes da infiltração de substâncias nitrogenadas de restos de vegetais e
de animais decompostos.
Além da purificação mediante filtragem e aplicação de
substâncias cloradas e reguladores do PH, que atingem qualidades apropriadas ao
consumo humano.
O progresso da produção de cultivares e animais
destinados ao abate causam impregnação de efluentes que, lançados às correntes
dos córregos e rios, vêm onerar os custos de purificação dessas águas, restando
necessidade de sucessivos tratamentos em filtragens em domicílios para consumo
como líquido para aplacar a sede para manter os corpos hidratados. Isso tudo
causa custos, sendo lamentável que, em muitos casos, esse líquido tenha usos
menos nobres, tais como irrigação de jardins, lavagem de automóveis, limpeza de
quintais, praças e ruas, descargas de sanitários feitas com água potável. Por
outro lado, os efluentes resultantes do uso em ambiente doméstico conduzem ao
esgotamento sanitário, servindo apenas como agente poluidor dos rios e mares.
Mas recentemente, graças a recursos oriundos de fontes internacionais
destinados à despoluição dos ecossistemas, houve uma conscientização nesse
sentido, levando à realização de tratamentos de esgotos. Por enquanto, essas
águas resultantes desses tratamentos, tiveram pelo menos duas aplicações: os
resíduos sólidos compostos de matéria orgânica hidrogenada passaram a ser
utilizadas para a adubação de jardins públicos e a água, depois desse processo,
segue correndo para os rios, lagos e oceano.
Na verdade, em muitos casos, a água tratada para obter potabilidade
e servir ao consumo humano provém de cursos de água, que nada mais são do que
verdadeiros esgotos sanitários a céu aberto. Se ainda persiste o preconceito do
uso das águas provenientes de esgotos domésticos tratados, num primeiro momento
poderiam ter utilidade para usos menos nobre, tais como irrigação de jardins,
reutilizadas como rede doméstica para esgotamento sanitário, para lavagem de
pisos e de automóveis. Com o tempo, a escassez dos líquidos obtidos da natureza
como nas fontes das nascentes, águas captadas diretamente das chuvas, haverá
certamente a necessidade do aproveitamento de águas resultantes de tratamento
de esgotos, adotando-se processos aperfeiçoados e, com certeza, a escassez fará
bom motivo para o seu uso genérico. Inicialmente poderiam existir duas origens
de água para consumo doméstico e para estabelecimentos empresariais. Tanto a
água de origem natural e a resultante daquela dos tratamentos de esgotos
retornariam para o sistema de tratamento e seguidamente utilizada. A opção do
uso de águas resultantes dos tratamentos de esgotos hidro sanitários em rede de
distribuição paralela resultaria em preços menos custosos.
Já é certo que o uso das águas dos rios, lagos e
prospectadas do subsolo terão preço cobrado, também por seu uso para fins
agrícolas. E os mananciais provenientes da natureza, mediante o emprego desses
recursos de receitas oriundas desse tipo de uso deveriam servir, inclusive,
para rigorosos controles sobre os cuidados de manutenção das bacias de captação
e dos cursos de água que correm nos leitos dos rios, sempre livres do
desmatamento adjacente e de agentes poluidores, quer sejam de origem doméstica
ou de estabelecimentos industriais, de criadouros de animais e outros quaisquer
fins. Também acredito na premiação daqueles usuários que promovem a conservação
das nascentes, que preservam e plantam matas ciliares nas proximidades dos
cursos de água, que evitam o corte de árvores ou vegetação em volta das bacias
captadoras das águas das nascentes, que evitam o descarte de substâncias ou
materiais poluentes em quaisquer ambientes aquáticos (nascentes, córregos,
rios, lagos e oceanos). A premiação poderia ser através de créditos para
determinados volumes hídricos para utilizá-la na irrigação de plantações, para
o consumo em indústrias e nas granjas e criadouros de animais destinados ao
abate e/ou para fins ornamentais.
No futuro, visando maior oferta de água, não se poderá
descartar a dessalinização das águas dos mares e oceanos. Deixemos bem claro:
todas as alternativas de uso racional das águas poderão prolongar a existência
da vida neste planeta – sem água não há vida, tal como a conhecemos.