Você é capaz de reconhecer um diamante vermelho? Pois bem. Eu imaginava que não soubesse, mas durante a última madrugada tive prova disto: um garimpeiro me entregou uma gema completamente negra que, numa face que parecia polida, exibia um brilho que me ofuscava a visão. Brilho que emanava todas as cores do arco íris. Que pedra seria? Coisa que eu jamais vira, mas a intuição me revelava: só podia ser um diamante.
Com aquela misteriosa gema no bolso, eu procurei por um indivíduo de quem sequer sei o nome; sei apenas que ele era ourives, protético e odontólogo. E eu lhe entreguei a pedra para que a examinasse, porque fora informado de que esse profissional entendia de gemologia. Assim que pôs mãos no material, ele passou saliva e a encostou no lado esquerdo do seu pescoço. Logo se mostrou perturbado diante do que sentiu naquele toque. Apenas me disse: “- tenho que fazer o teste do fogo para ter certeza se esta gema é, realmente, a que imagino”.
Aquele profissional de múltiplas atividades levou a pedra ao fogo de um maçarico e, em poucos momentos a peça mudou da cor negra intensa para um verde semelhante ao da esmeralda. Vi na fisionomia do indivíduo que ele se mostrava atônito, parecendo demonstrar certo frenesi diante do que a pedra demonstrava.
Nesse momento chegavam clientes para tratamentos odontológicos, um deles parecia estar acometido de fortes dores e reclamava atendimento urgente. O dentista interrompeu o exame da pedra para atender aquele paciente, abrindo um dente com uma broca, cujo ruído me incomodava os ouvidos. Era como se ele estivesse abrindo algum dos meus dentes. Essa experiência era conhecida, desde minha infância, quando freqüentei um gabinete de dentista, e até que tivesse o último dente extraído recentemente. O dentista, sem que nada lhe fosse perguntado me disse: “– vou cobrar vinte contos pelo serviço, pois logo vou obturar o dente desse cliente”. Outros pacientes chegavam e o profissional continuamente tomado de uma espécie de excitação, ora levava a pedra ao fogo, ora atendia alguns dos pacientes que chegavam continuamente.
Eu percebia o seguinte: pelo estado aflitivo que o profissional demonstrava a pedra realmente era algo valiosíssimo e aquilo começava a me preocupar, pois o garimpeiro, que me confiara essa gema, teria me dito que recebera uma oferta de cinqüenta e cinco mil reais e, nessas circunstâncias, me pareciam óbvias, além do profissional do garimpo de quem eu deveria comprar o material achado, embora nada tivesse sido dito, com o desvendamento de que se tratava de uma gema de alta preciosidade, eu havia adquirido um sócio. Sim. Isto mesmo. Duas coisas levariam a isto: o preço do sigilo e o custo do trabalho.
Nisso, eu peguei a pedra e a coloquei contra luz, observando de que já não era negra; tinha uma cor marrom. Agora, eu comecei a sentir-me impaciente e falei ao indivíduo: “- não dá para a gente concluir o trabalho hoje. Eu levo a pedra, você atende seus clientes e a gente conclui o trabalho amanhã?”. “– Nada disso, dá para a gente fazer as duas coisas ao mesmo tempo”. Percebi que a coisa era tão valiosa que nem eu nem o profissional confiávamos um no outro. E agora? Presenciávamos um impasse: eu não confiava deixar aquela coisa valiosa nas mãos daquele indivíduo, nem ele confiava deixar para o dia seguinte. O profissional completamente aturdido e se mostrando visivelmente tomado de ansiedade me confidenciou: “- essa pedra é a coisa mais valiosa que já vi. É um diamante vermelho raríssimo e só falta mais um pouco de fogo para que revele todo o seu colorido e brilho. Tenha paciência, que atendo meus clientes e faço a conclusão do tratamento da pedra. Aguarde!”.
Agora eu pensava: “como faço? Proponho ao garimpeiro comprar-lhe a preciosa mercadoria? E ao profissional que faz o tratamento térmico do material? Faço-lhe uma proposta? Mas que proposta? Pensando bem seria melhor, nesse momento, aguardar pacientemente o resultado e depois, quem sabe?... Falar francamente sobre a existência de um garimpeiro que é o legítimo dono do diamante e propor-lhe uma tríplice sociedade?”. A verdade é que, de qualquer forma nenhum dos três tinha condições financeiras para comprar qualquer uma das partes. Neste caso depois do resultado final, se, realmente, a gema for um preciosíssimo diamante vermelho, o melhor que se poderia fazer, seria procurar quem pudesse comprar a mercadoria, vendê-la e fazer uma justa partição do dinheiro.
Mas que dinheiro? Não é que o despertador que minha esposa tem instalado no seu celular, soou forte às seis horas da manhã e desfez todo esse sonho de riqueza. Não foi preciso dividir coisa alguma, pelo menos por enquanto.
Com aquela misteriosa gema no bolso, eu procurei por um indivíduo de quem sequer sei o nome; sei apenas que ele era ourives, protético e odontólogo. E eu lhe entreguei a pedra para que a examinasse, porque fora informado de que esse profissional entendia de gemologia. Assim que pôs mãos no material, ele passou saliva e a encostou no lado esquerdo do seu pescoço. Logo se mostrou perturbado diante do que sentiu naquele toque. Apenas me disse: “- tenho que fazer o teste do fogo para ter certeza se esta gema é, realmente, a que imagino”.
Aquele profissional de múltiplas atividades levou a pedra ao fogo de um maçarico e, em poucos momentos a peça mudou da cor negra intensa para um verde semelhante ao da esmeralda. Vi na fisionomia do indivíduo que ele se mostrava atônito, parecendo demonstrar certo frenesi diante do que a pedra demonstrava.
Nesse momento chegavam clientes para tratamentos odontológicos, um deles parecia estar acometido de fortes dores e reclamava atendimento urgente. O dentista interrompeu o exame da pedra para atender aquele paciente, abrindo um dente com uma broca, cujo ruído me incomodava os ouvidos. Era como se ele estivesse abrindo algum dos meus dentes. Essa experiência era conhecida, desde minha infância, quando freqüentei um gabinete de dentista, e até que tivesse o último dente extraído recentemente. O dentista, sem que nada lhe fosse perguntado me disse: “– vou cobrar vinte contos pelo serviço, pois logo vou obturar o dente desse cliente”. Outros pacientes chegavam e o profissional continuamente tomado de uma espécie de excitação, ora levava a pedra ao fogo, ora atendia alguns dos pacientes que chegavam continuamente.
Eu percebia o seguinte: pelo estado aflitivo que o profissional demonstrava a pedra realmente era algo valiosíssimo e aquilo começava a me preocupar, pois o garimpeiro, que me confiara essa gema, teria me dito que recebera uma oferta de cinqüenta e cinco mil reais e, nessas circunstâncias, me pareciam óbvias, além do profissional do garimpo de quem eu deveria comprar o material achado, embora nada tivesse sido dito, com o desvendamento de que se tratava de uma gema de alta preciosidade, eu havia adquirido um sócio. Sim. Isto mesmo. Duas coisas levariam a isto: o preço do sigilo e o custo do trabalho.
Nisso, eu peguei a pedra e a coloquei contra luz, observando de que já não era negra; tinha uma cor marrom. Agora, eu comecei a sentir-me impaciente e falei ao indivíduo: “- não dá para a gente concluir o trabalho hoje. Eu levo a pedra, você atende seus clientes e a gente conclui o trabalho amanhã?”. “– Nada disso, dá para a gente fazer as duas coisas ao mesmo tempo”. Percebi que a coisa era tão valiosa que nem eu nem o profissional confiávamos um no outro. E agora? Presenciávamos um impasse: eu não confiava deixar aquela coisa valiosa nas mãos daquele indivíduo, nem ele confiava deixar para o dia seguinte. O profissional completamente aturdido e se mostrando visivelmente tomado de ansiedade me confidenciou: “- essa pedra é a coisa mais valiosa que já vi. É um diamante vermelho raríssimo e só falta mais um pouco de fogo para que revele todo o seu colorido e brilho. Tenha paciência, que atendo meus clientes e faço a conclusão do tratamento da pedra. Aguarde!”.
Agora eu pensava: “como faço? Proponho ao garimpeiro comprar-lhe a preciosa mercadoria? E ao profissional que faz o tratamento térmico do material? Faço-lhe uma proposta? Mas que proposta? Pensando bem seria melhor, nesse momento, aguardar pacientemente o resultado e depois, quem sabe?... Falar francamente sobre a existência de um garimpeiro que é o legítimo dono do diamante e propor-lhe uma tríplice sociedade?”. A verdade é que, de qualquer forma nenhum dos três tinha condições financeiras para comprar qualquer uma das partes. Neste caso depois do resultado final, se, realmente, a gema for um preciosíssimo diamante vermelho, o melhor que se poderia fazer, seria procurar quem pudesse comprar a mercadoria, vendê-la e fazer uma justa partição do dinheiro.
Mas que dinheiro? Não é que o despertador que minha esposa tem instalado no seu celular, soou forte às seis horas da manhã e desfez todo esse sonho de riqueza. Não foi preciso dividir coisa alguma, pelo menos por enquanto.
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