domingo, 5 de outubro de 2008

BAIRRO DE SANTA CECÍLIA - COLATINA

Ofereci carona ao meu pai que se encontrava de passagem por Várzea Alegre. Ele não aceitou porque teria que passar por Santa Teresa, me garantindo que daí a 15 minutos estaria em Colatina. Nesse momento seguimos caminhos diversos: eu rumo a Colatina e meu pai a Santa Teresa; embora fosse o tempo de quinze minutos coisa insignificante, seguimos nossos caminhos para nos encontrarmos em Colatina, no Bairro de Santa Cecília, onde meu pai, Augusto Taufner fixou residência, depois que se casou com Delmyra Dalmaso, quando já contava com alguns anos viuvez causada com a morte de minha mãe, Felisbina da Silva Taufner, em 25 de novembro de 1960.
Não foi fácil chegar a essa cidade localizada às margens do Rio Doce, dividida pela Ponte Florentino Avidos, fazendo desta área urbana, na margem sul a parte central da cidade e do outro lado, no norte, o Bairro de São Silvano tão habitado quanto à parte sul da cidade. Não foi fácil concluir a viagem porque chovia, tornando aquelas estradas ainda não contempladas de pavimentação verdadeiros mares de lama, ora provocando atolamentos, ora deslizamentos tanto nas subidas, quanto nas descidas ameaçadoras de lançarmo-nos precipícios ao longo da beira daquela via, inclusive dentro do Rio Santa Maria que havia tomado muita água devido às copiosas chuvas dos últimos dias.
Enfim, para minha satisfação, acabava de chegar a Colatina, iniciando por uma elevação que precedia o Bairro de Vila Lenira. Agora era questão de poucos minutos, atingiria o centro da Cidade de Colatina e chegar a Santa Cecília. Para isso bastaria subir uma ladeira, deixando o carro estacionado na Av. Getúlio Vargas ou nas proximidades da ladeira que deveria subir a pé. Subindo, percebi que à esquerda da ladeira, em frente à casa adquirida por Alceu Martinelli, meu colega, havia uma parreira de chuchus, exibindo carga copiosa de frutos; como a ladeira estivesse escorregadia, colhi apenas não mais que três frutos. Do lado direito, também, havia outra parreira do mesmo vegetal, ainda não exibindo frutos por ser planta nova, conforme demonstravam as ramas pouco desenvolvidas.
Cerca de cinqüenta metros ainda era a distância que me separava da casa de meu pai. Será que ele já havia chegado? Isso realmente poderia ter ocorrido por que minha viagem havia sofrido pequeno atraso devido às dificuldades que me causaram as estradas enlameadas, Meu pai poderia ter viajado em carro mais potente e veloz. Não. Isso não acontecera, pois, vista a certa distância, a casa demonstrava estar fechada, não havendo quaisquer sinais que houvesse alguém em casa. Tudo ficou materializado quando me aproximei, encontrando minha meia irmã Anizete a quem dei notícia que eu chegava para permanecer alguns dias hospedado ali com eles, enquanto realizasse um trabalho de fiscalização de uma empresa nesta cidade, explicando à Anizete que nosso pai resolvera passar por Santa Teresa e que logo viria, seguramente após quinze minutos. Anizete me perguntou:
- Você trouxe chave, porque eu também não a tenho.
- A gente espera papai que garantia que não demoraria nada além de quinze minutos.
- olha pelo que sei de Santa Teresa ele irá para Fundão, onde minha mãe também se encontra.
- e você, Anizete, o que faz aqui sem a chave da casa?
- eu não preciso, pois estou hospedada em casa de uma amiga, enquanto eles permanecerem por lá.
- eles, quem?
- ué, meu pai, minha mãe a tia Angelina!
E agora, o que fazer? Devia me hospedar num dos hotéis, ignorando que meu pai, madrasta e a meia irmã residissem ali? Não. Teria que encontrar solução, porque se conseguisse abrir a casa, eu poderia me hospedar e ainda fazer companhia a Anizete. Foi o que fiz: procurei equacionar o problema e a solução veio com a presença de Palmerindo Dalmaso que se encontrava trabalhando nas proximidades. Inicialmente, ele propôs abrir uma pequena basculante de madeira por onde alguém poderia entrar para destrancar a casa por dentro. Eu não! Talvez Anizete. Mas pensando bem o que me custaria comprar uma fechadura dessas boas e substituir alguma das existentes nas portas, bastando para tal, que se fizesse arrombamento. Enquanto saí para ir à Casa do Anzol, comércio antigo de Colatina e pertencente à família “Scarton”, descendo a ladeira, não vi mais nada, tudo escureceu. Teria faltado energia, durante algum apagão, desses que são freqüentes durante temporais em que ocorrem quedas de raios. Nada disso havia acontecido. Percebi somente que nosso quarto estava às escuras nesta madrugada.

Um comentário:

  1. São essas memorias que me fazem chorar de saudades de Colatina.Hoje moro no Rio de Janeiro,mas peço a Deus que me conceda o direito de voltar a esta Cidade que eu amo tanto.

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