domingo, 11 de julho de 2010

VIAGEM A CACHOEIRA DE SANTA LEOPOLDINA

    Embarquei em Santa Teresa, num daqueles coletivos montados sobre carcaça Chevrolet "Cara de Sapo", movido a gasolina e era a coisa mais moderna da época. Além do motorista condutor, havia um cobrador que recebia os valores das passagens, conforme o trajeto que faria cada usuário. No meu caso paguei uma importância equivalente ao segmento que ia desde o ponto de embarque à cidade de Cachoeira da Santa Leopoldina, nada mais que vinte e oito quilômetros, foi o trajeto que fiz nesse coletivo, serpenteando por curvas e mais curvas, deixando para trás grossa nuvem de poeira dessa rodovia de chão de terra.

Para que eu viajaria a essa cidade? Simplesmente para consultar-me com famoso médico homeopata de origem luxemburguesa que havia ali. Somente ele, como especialista da homeopatia e fitoterapeuta seria capaz de curar-me de enfermidade rara, que é conhecida pelo nome de CINESTESIA, que não tem nenhuma semelhança com SINESTESIA (iniciada com "S").

De longa data tenho percepção dos mais variados sons, quer esteja dormindo ou acordado. Ouço sons de cigarras (inseto), de campainhas, de motosserras, de tratores, de buzinas, de sirenes e de vozes humanas. Também dormindo ou acordado, vejo vultos passarem diante de mim, tudo com frequência. Às vezes, a campainha soa, eu me levanto e vou conferir à porta de chegada do nosso apartamento. Será que essa especialidade médica teria como curar-me desta moléstia rara? Foi exatamente por isso que viajei a procura de tal especialista.

Ao chegar ao destino, o ônibus parou em frente a um estabelecimento, onde era costume para que os passageiros, com destino diverso do meu, aproveitariam para se alimentarem de lanches, não faltando o famoso pastel de vento frito em banha de porco, café com leite, pão com manteiga e os famosos sanduíches de pão francês e mortadela "swift", tudo uma delícia!

Fui cercado por agenciadores de hotéis que me propunham levarem-me ao melhor hotel da cidade, inclusive o que podia oferecer preços módicos pela hospedagem. Tomaram minha bagagem e me levara rua afora até chegarmos a um beco com escadas e muros enegrecidos pela ação do tempo e descemos até chegarmos a uma edificação localizada a beira do Rio Santa Maria da Vitória. Era ali que me hospedaria, pelo menos, durante cinco dias, pois fui informado pelo pessoal do hotel que agenciou minha consulta, sobre a existência de longa fila de espera. Para que obtivessem esse pequeno prazo contavam com concessão especialmente para seus hóspedes.

Uma senhora idosa, acompanhada de auxiliares também afro descendentes formava toda a equipe dessa hospedaria localizada frente a uma cachoeira estranha: em meio a blocos de rocha negros havia poços de água que não se movia e a gerente me informava que ali eu poderia pescar nessa água parecida sem vida. Outra pessoa contrariando essa versão sobre pescarias nesse local, disse-me que poderia pescar ali apenas minúsculos bagrinhos e os temíveis mandis, cuja ferroada é extremamente dolorosa, Mas francamente não me movia o interesse por pescarias, bastava-me aguardar por minha consulta com o especialista.

No final desse primeiro dia, abri as bolsas e pendurei as roupas em cabides, sendo informado o banheiro que estaria à minha disposição: era um cano com furos ao longo de uma extremidade a outra por onde chovia água fria, verdadeiramente gelada. Não me lembro que tenha feito uso de tal instalação, apenas me lembro que isso ocorrera durante uma madrugada de baixas temperaturas durante este inverno.


 

3 comentários:

  1. Olá! Passei para deixar um abraço e o desejo de uma boa semana!!

    Afe! Detesto banho de água fria, nem no verão! kk

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  2. Visite o post especial do blog. Dedicado com muito carinho. Espero que goste. Abraços.

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  3. Idomar. Obrigada por prestigiar meu blog seguindo-o. Temos em comum o termo Memórias. Aprecio muito o significado desta palavra. Parabéns pelas suas obras. Voltarei aqui com mais tempo, a fim de conhecê-las melhor. Saudações.

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