quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

RETORNO À DOCÊNCIA

Há muitos anos deixei de comparecer às aulas na UVV. Parece-me que teria abandonado esse emprego, deixando, inclusive, de comunicar-me com a direção do estabelecimento, sem quaisquer explicações, mas na minha mente continuava professor, até que, tomei atitude de apresentar-me ao professor Rachid para explicar-lhe o ocorrido comigo. Não era coisa de meu costume deixar de cumprir. Para mim, as obrigações sempre tiveram prioridade, mas dessa vez, só a consciência é que me cobrava explicações, e pedidos de desculpas por ter agido desidiosamente para com a escola. Que pensavam de mim alunos, diretor, e colegas professores?
Cheguei à faculdade e me dirigi, logo, à sala dos professores. Lá se encontrava costumeiramente o professor Rachid reunido com os docentes, traçando planos estratégicos de ensino e, ao mesmo tempo, mantendo reunião informal e costumeira, ouvindo causos, piadinhas curtas de última hora e, por costume não recomendável, até questiúnculas da vida acadêmica. Ao chegar, dirigi-lhe a palavra, expliquei-lhe o porquê deixara de comparecer às aulas, fazendo lacunas em horários de minhas obrigações. Apesar de a escola ter-me descontado essas horas não trabalhadas, eu, só agora, comparecia para tentar explicar o inexplicável. Desconto de salários foi o mínimo; merecia, certamente, punições maiores, reconheço.
O diretor, depois de ouvir-me atentamente, passou-me exemplar reprimenda. Eu julguei ter meu contrato rescindido “por justa causa”, conforme dispõe o artigo 482 da CLT – (Consolidação das Leis do Trabalho) e seria nada mais que justa a punição. Mas o diretor chamou-me a não mais cometer falta dessa natureza, ficando, desta vez, aceitas minhas desculpas e justificativas devidas às enfermidades que estive acometido, consistentes de duas revascularizações do miocárdio, uma pancreatite aguda e a recente descoberta de hidrocefalia de pressão normal (HPN), durante esses vinte anos afastados da docência. E não só isso: devia retornar, adotando nova metodologia didática de trabalho, não se usando mais escritas em quadros com giz. No meu caso, ante a facilidade que tenho de escrever, poderia, a partir de títulos específicos, eu desenvolveria aulas em arquivos para serem baixados e até impressos pelos alunos. De posse desse material, minha função em sala de aula seria o desenvolvimento oral para que os alunos me acompanhassem pelo material informatizado. Já no início do período, eu deveria me adaptar às novas modalidades de aulas, coisa que, sem dúvida, modernizaria nosso ensino.
Com este acontecimento, espero que esteja redimido das minhas faltas. Continuei professor porque minhas justificativas foram aceitas. Agora, só me resta trabalhar e modernizar-me, para que esses pesadelos que povoam minhas madrugadas não voltem a ocorrer.

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