quarta-feira, 18 de novembro de 2009

NOSSO RETORNO MIGRATÓRIO

Assim como fizeram nossos ancestrais, agora é nossa vez de retornarmos para a Itália, usando navegação marítima. Lembro-me que éramos dois casais: Anésia e eu; Alfeu e Zenóbia. Viajamos num navio velocíssimos, bastando apensas uma noite para atravessarmos o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo e já nos encontrávamos no interior da Itália, numa pequena povoação de camponeses.
Chegamos e fomos recebidos, servindo-nos mesa farta: carnes de aves assadas, pães, vinhos e uvas frescas. Nossos anfitriões preencheram fichas com nossas identidades e dados pessoais, depois vieram as apresentações com presença de familiares e de vizinhos.
Alfeu e Zenóbia providenciaram, de imediato, compra de terras para cultivarem uvas, trigo, criar um pequeno rebanho de bovinos que fazia parte da propriedade adquirida. A paga se deu, parte em dinheiro e a entrega de um apartamento aqui no Brasil, pois essa família que vendia a propriedade rural pretendia imigrar para o Brasil, ou seja, o inverso do que nós fazíamos.
Coisas estranhas aconteciam: tanto nós falávamos fluentemente o italiano, como eles (italianos) dominavam perfeitamente este português falado no Brasil. Assim, a comunicação se fazia de modo perfeito: o entendimento era fácil.
Enquanto Preto tinha como objetivo a produção de bens agrícolas, inclusive introduzir a cultura do café arábica (coisa apreciada na Itália). Eu, logo me manifestei para saber se o local era propício à existência de gemas preciosas e tive informação: embora esse assunto não fosse frequente, houve casos de terem sido encontrados alguns exemplares de berilos dotados de coloração amarelo-esverdeada e os entendidos gemólogos chamavam-nas de “heliodoros”. Embora a coloração tenha características próprias, combinando verde e amarelo intensos, essa pedra tem a mesma fórmula da nossa água-marinha. Mostraram-me o local, aonde tais gemas foram encontradas e uma característica podia de facilmente notada: uma espécie de argila exibia intensa cor amarela.
Será que Preto conseguiria implantar a cultura do café em solo europeu? O primeiro obstáculo seria o clima, aonde, no inverno, ocorrem temperaturas baixíssimas. Imagino coisas que podem vir a ocorrer: estudos técnicos, usando, inclusive, plantas da rubiácea geneticamente modificadas, utilizando genes de plantas como das oliveiras, seriam uma hipótese para criar um cultivar de café que resistisse às variações climáticas próprias da Europa. Será que alguém teria tomado tal iniciativa? Muito interessante, pois o povo italiano tem especial predileção para a bebida do café. Eles produzem máquinas especiais, notoriamente a que faz o café expresso, divulgada pelo mundo afora e com uso intenso no próprio Brasil, afora receitas culinárias exóticas feitas à base do café.
Certamente que Preto terá que contratar os serviços técnicos de engenheiro agrônomo italiano para fazer estudos de viabilidade técnica. Esperamos que consiga. Depois esse cultivo poderá se expandir por toda a Península Ibérica e ultrapassar as cordilheiras dos Alpes, chegando À Suiça, Áustria, Alemanha, Holanda, Polônia e em alguns países do Leste Europeu.
Já no meu caso, prospectar gemas preciosas na Europa, parece-me coisa de pouco ou nenhum futuro. Talvez o futuro seja mesmo comerciar gemas produzidas no Brasil, na África e nos países orientais.
Todo esse devaneio ocorreu durante, apenas, numa noite, ou melhor, durante uma madrugada. Como é bom sonhar! Talvez esse sonho seja até factível. Quem sabe?

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