A Praia da Costa é localizada na orla do município de Vila Velha, no Estado do Espírito Santo. É a principal, além da de Itapoã e a de Itaparica, totalizando sete quilômetros e meio de faixa de areia contínua, desde o extremo norte, aonde se localiza o Clube Libanês, ao extremo sul, nas proximidades do estuário do rio Jucu. Em toda essa faixa o Oceano Atlântico deita e arrebenta suas ondas, resultando espumas alvas em toda à extensão.
Desde que nos mudamos para Vila Velha, tivemos a oportunidade e privilégio de presenciar este pedaço de paraíso, chamado “Praia da Costa”. Foi de tanto apreciar o ambiente, que nos tornamos moradores definitivos da localidade. Vimos erguer-se a floresta de pedra e a grande muralha, separando a cidade de Vila Velha do vasto oceano; vimos quando a faixa de areia recebia contínuas urbanizações, árvores eram plantadas; outras sendo retiradas. Vimos ruas serem pavimentadas, a troca dos bloquetes por cobertura asfáltica, tonalizando do cinza ao negro derivado do petróleo; presenciamos uma fileira de toscas barraquinhas, aonde se vendia de quase tudo: lanches, aperitivos, o famoso peroá frito e, também, pescadas; coco verde, milho cozido, torresmos, aipim frito e outras guloseimas, além dos bronzeadores, que acreditavam mudar a tonalidade da cor da pele besuntada e exposta ao ardente sol. Testemunhamos a abertura e fechamento de clínicas, farmácias, supermercados, bares e restaurantes; o sentido do trânsito, ora em mão dupla na Avenida Champagnat, na Gil Veloso, na Hugo Musso, ora em sentido de mão única nessas mesmas vias. Vimos serem extintas as barraquinhas, dando lugar aos modernos quiosques no formato de “Asa Delta”; a remoção das edificações do “Clube dos Quarenta” e do famoso “Mug”, da “Casa do Navio” para aumentar a fluidez do tráfego de pedestres e para a construção de imponente “flat”. A tudo isso nós presenciamos e muito mais: a construção da terceira ponte que nos liga à Praia do Suá, Praia do Canto e outros bairros da Capital, que ficaram próximos; a construção do Shopping Praia da Costa, como parte do incremento do comércio e de atividades de lazer.
E agora? Vamos falar sobre moradores e freqüentadores, de onde migraram e a população originária da Praia da Costa. A população que frequenta, quer como banhistas, ou visitantes noturnos de restaurantes, boates, pizzarias e botecos vem de toda a Grande Vitória. Quanto aos banhistas, nesses veranicos que ocorrem em qualquer estação do ano, são moradores fixos do bairro; mas na estação apropriada, que compreende desde a primavera, verão e outono, a frequência se dá, em grande parte, pela população flutuante, na maioria, originária de outros estados da federação, quer como ocupantes temporários de moradias fixas, ou, sejam eles turistas hospedados em hotéis, pousadas e imóveis de locação temporária. Nessas temporadas a orla litorânea tem ocupação constante.
O calçadão da praia, desde o amanhecer ao anoitecer vive em constante movimento: alguns caminhando a passos largos como forma de exercitarem-se, outros simplesmente passeando com seus cães de estimação, gente fazendo exercícios aeróbicos ao ar livre. E na areia, além daqueles postados e protegidos por barracas e guardas sóis, muitos praticam esportes, como vôlei de praia, futebol, handebol, frescobol e corridas, tanto no calçadão como na areia da praia. E, ainda, há pescadores, lançando ao mar anzóis municiados de iscas atrativas aos peixes; mas peixe mesmo, só nas peixarias, mas vale o entretenimento!
Além dos citados, temos pássaros que enfeitam e dão vida ao espaço: a maior incidência fica por conta dos pombos, habitantes alados e assíduos, tanto no calçadão como na faixa de areia, vivendo à cata das migalhas de alimentos deixadas nesses locais por outros freqüentadores. Os alegres bem-te-vis e os pardais, a cada vez menos numerosos (dizem que por causa dos produtos químicos utilizados no combate aos mosquitos). Vê-se aqui e ali, embora raros, alguns anus pretos e brancos, também raros gaviões. Vez ou outra aparece ninhos de um tipo de coruja, que dizem ser nativo da região – a “buraqueira”, cujos ninhos ocorrem em tocas subterrâneas sob a areia e vegetação gramínea. Um animalzinho, outrora frequente, quase não é mais visto nestas praias: refiro-me ao pequeno caranguejo branco – o guruçá está praticamente extinto. No verão chegam as pequenas andorinhas que enchem de vida castanheiras, oitis e demais árvores existentes na orla. Existem ainda as andorinhas do mar e outras aves, a maioria de dotadas de penas brancas, que vem acompanhando os cardumes de pequenos peixes migratórios. Outras aves marítimas, como gaivotas e atobás aparecem ocasionalmente
Existe um grupo de pescadores artesanais com suas pequenas embarcações instalados na Curva da Sereia. Quanto ao pescado, que conseguem capturar atualmente, é coisa rara, se restringindo a pequenas quantidades de pequenos exemplares de robalos, pescadinha, chicharros e outros.
Este é um pequeno retrato da Praia da Costa, que conhecemos a pouco mais de trinta anos.
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