Recebemos a visita de uma família vinda lá das bandas do sul, do Rio Grande do Sul, talvez de Santa Catarina ou do Paraná. Ao todo, eram três pessoas: um casal, marido e esposa, e uma filha, moça feita e bela – loiríssima de olhos azuis e corpo perfeito, longilíneo. Foram recebidos em nossa casa e, agora, Anésia e eu tínhamos na condição de anfitriões ciceronearmos essas visitas. Não sei se eram nossos parentes ou, simplesmente, amigos.
Depois de hospedarmo-los em nosso apartamento numa suíte especialmente destinada a hóspedes, iniciamos a apresentar-lhes nossa cidade de Vila Velha, Estado do Espírito Santo. Primeiramente, guardando o veículo trazido por eles numa vaga extra em nossa garagem. Nem preciso dizer que me tornei o motorista para conduzir esses visitantes, primeiramente fazendo um tour pela cidade de Vila Velha, iniciando por uma visita ao Convento de Nossa Senhora da Penha, praias da Costa, de Itapoã, de Itaparica, da Barra do Jucu e da Ponta da Fruta. Visitamos, ainda em Vila Velha, o Museu Ferroviário, a fábrica de chocolates “Garoto” e quase todas as igrejas localizadas neste município. Agora teríamos que visitar cidades litorâneas e serranas, iniciando pela cidade de Guarapari, de Meaípe, de Piúma e de Marataízes. Na parte serrana, iniciamos com a visita à cidade de Santa Teresa. Nessa cidade, tivemos oportunidade de visitarmos o museu de biologia “Melo Leitão”, participamos de uma missa na Igreja Matriz, cerimônia em que não presenciamos por inteiro, pois tínhamos muitos locais, ainda, a visitar: feira de artesanato, cantinas, locais em que foram adquiridas garrafas de vinho e alguns litros da cachaça “Da Mata”. Marcamos, também, nossa passagem pelo restaurante “Mazzolin Di Fiori”, onde deliciamos pratos da culinária italiana, dentre os quais, os famosos “capelletti”.
Nossos passeios se tornaram oportunidades de prazeroso lazer, que se consumaram graças à atenção aos nossos visitantes. Assim, depois de mais de um ano em que não guiava automóveis, tive, também, meu retorno às pistas como condutor de veículos. Confesso que o fazia com prazer e, ao mesmo tempo, colaborava com o condutor – nosso visitante.
Agora, seria a oportunidade de prosseguirmos com os passeios e deveríamos iniciá-los pelas cidades vicinais da rodovia BR – 262: as cidades de Domingos Martins, Marechal Floriano e Venda Nova do Imigrante, região repleta de atrativos para oportunizar entretenimento aos nossos convidados.
Para alcançarmos inicialmente a BR-10l e retornar ao trevo de Viana para seguir pela BR-262, iniciamos pela Rodovia do Sol e tomaríamos um trajeto de uma via vicinal, ainda não coberta por pavimentação asfáltica. Assim o fizemos, fazendo uma parada num posto de combustíveis á margem da estrada para almoçarmos num restaurante existente no local. Nosso almoço teve com cardápio moqueca capixaba ao molho de camarão. Enquanto faríamos breve descanso para, depois, prosseguir viagem, de repente, eu fui acometido por intensa dor abdominal. Corri para local próximo, aonde havia algumas touceiras do capim colonião e ali caí me sentindo tocado por algo pastoso, como se fosse lama. Não sei se era isto, sei sim! Fedia muito! Dali exalava um odor fétido semelhante a um que ocorre num esgoto a céu aberto, localizado aqui na Praia da Costa, que é conhecido como Canal da Costa. O odor era tão intenso quanto à mistura deste com aquele das instalações sanitárias das estações rodoviárias. Fiquei ali inerte e uma mulher de aparência conhecida disse: – Edgard! É você que está aí? Respondi: Não sou o Edgard; sou o pai dele. Depois, Anésia me prestava socorro, procurando limpar-me com toalhas brancas em que exibiam seus bordados. Que pena! Utilizar material tão nobre para limpar toda essa nojeira?
Depois, não vi mais nossos visitantes, nem sei que rumos tomaram. Acordei deitado em minha cama e me parecia ainda sentir aqueles odores fétidos. Agora não tinha tempo a perder: devia providenciar o nosso lanche matutino, pois meu carrilhão, instalado na cozinha, soava seis longas e melodiosas batidas, demonstrando a que horas da manhã estávamos.
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