Não sei por que, eu fui encarregado de comparecer a um evento em que se reuniram várias agremiações partidárias, visando, por meio de uma festa angariar recursos para campanhas político eleitorais. Para comparecer a esse evento consegui carona com o líder do DEM, que reside aqui nas proximidades.
O local do encontro, eu me lembro perfeitamente: um grande espaço para eventos foi construído especialmente, onde, antigamente, funcionara a fábrica de refrigerantes “Pepsi- Cola” e, há mais tempo ainda, grande armazém de café de uma empresa exportadora, num imóvel localizado no município de Vila Velha, Estado do Espírito Santo, Brasil, à margem da Rodovia Carlos Lindemberg, pela frente e, margeando o rio Marinho nos fundos.
Logo chegaram líderes do PMDB, do PSDB, do PDC e de outros partidos, dentre eles, do PT (partido do atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva), do qual eu era um dos representantes. O encontro se desenvolvia com lideranças discursando e os elogios mútuos era a regra, isto publicamente, mas nos bastidores todo mundo falava mal de todo mundo. A consumação de bebidas e alimentos se fazia com a paga de importâncias exorbitantes; tudo para arrecadar recursos para um fundo mútuo para, depois, ser rateado proporcionalmente aos membros presentes de cada partido. Eu consumi pouca coisa: somente alimentos isentos de substâncias gordurosas e com baixo teor de carboidratos e nenhuma bebida alcoólica.
O traje dos homens era exclusivamente de terno na cor preta e as damas presentes, esposas, irmãs, filhas e mães dos políticos usavam indumentária multicolorida, mas o que mais se viam eram trajes femininos nas cores verdes e amarelas; algum vestido azul aqui e ali podia ser visto. Como havia mais homens presentes, o tom preto prevalecia. Prevaleciam fofocas, com os homens liderando as questiúnculas partidárias dos membros das agremiações diversas e, não raro, dos próprios correligionários. Neste desempenho de mexericar, a surpresa se deu com a liderança masculina (quem diria?).
Ao término do evento, rateados os recursos, coube-me receber a quota parte pertencente ao PT, consistentes de vários envelopes listrados de vermelho e branco, recheados de notas de dinheiro. Recurso que devia ser entregue à diretoria do partido que, depois de conferido, seria depositado em conta bancária da agremiação.
Para retornar a casa, não me foi disponibilizada carona. Lembro-me, isto sim, da longa permanência num ponto de ônibus, próximo de onde se estabelecia o “Bar Cobilândia”. Tanto foi a demora de chegar o coletivo, que acabei dormindo no ponto, literalmente. Acordando pela manhã em casa, me lembrando vagamente da tal reunião. Que reunião?
Se esse encontro tivesse ocorrido, quantos deles seriam necessários para arrecadar dinheiro para as milionárias campanhas eleitorais? Um caso a meditar...
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