terça-feira, 24 de maio de 2011

DE CARRO NOVO POR AÍ

Durante as madrugadas quase de tudo pode me acontecer. Primeiramente visitei uma biblioteca futurista - verdadeira excentricidade - coisa jamais vista -; todas as prateleiras eram armações de vidro, completamente transparentes tais quais os livros rigorosamente dispostos, também transparentes, contendo no seu interior minúsculos chips metálicos capazes de armazenar grande número de obras. Para serem lidos esses livros bastava que se conectassem cabos e se selecionassem os diversos monitores disponíveis nos vários ambientes dessa casa de leitura. Fiz doação de alguns exemplares de minha autoria impressos em formato idêntico àqueles que compunham esse acervo de obras, algumas tão raras quanto as minhas. Não fiz longa demora nessa biblioteca, pois, dali eu saí, dirigindo uma Kombi novinha, cheirando a tinta, acompanhado da minha esposa e da nossa filha caçula.
Era nossa intenção visitarmos inicialmente a Basílica de Santo Antônio, localizada em bairro da Capital, que tem nome idêntico. Depois teríamos ainda uma extensa pauta de compromissos. Num deles, faríamos compras em lojas do Shopping Vitória, local também reservado ao nosso almoço, além de visita à igreja de Santa Rita, especializada em causas impossíveis. Nessa data e nesse templo seriam abençoadas rosas, visando proteção especial aos enfermos.
Para chegarmos a Santo Antônio enveredamos por uma ladeira na Vila Rubim, de onde seguimos em frente até sermos advertidos que trafegávamos na contra mão de direção. Voltamos e tomamos outra rua, que se parecia a um beco ou, mesmo, aquelas trilhas existentes nas matas, ladeadas por vegetação arbórea, que incluía grandes árvores, arbustos, cipós e abundante relva rasteira composta de gramíneas e de ervas diversas. Seguimos em frente e a vereda estreitou-se até que já não havia meio de manobrar nossa reluzente viatura. Que fazer agora? Enquanto minha esposa segurava o carro pelo freio de estacionamento – conhecido também como freio de mão -, nisso eu levantava a viatura e, aos poucos, eu a colocava de frente no sentido de ladeira abaixo. Voltamos e a nova opção de tráfego, desta vez, era tomar uma via à esquerda, sempre montanha acima, até que nos deparamos com trabalhadores, fazendo torrefação de café. Ao chegarmos a esse local, prontamente os operadores da máquina, que se estendia de um lado a outro da via, providenciaram levantamento dos equipamentos para passarmos sem que tivéssemos que fazer qualquer interrupção do nosso trajeto.
Continuamos, sempre subindo, até que paramos para nos informarmos se é que estávamos no caminho certo para chegarmos ao santuário – a Basílica de Santo Antônio -, pedindo informações a um senhor, que estava postado à margem da via, dizendo:
- Senhor saiba, pretendemos chegar à Basílica de Santo Antônio. Pode informar-nos: estamos no caminho certo?
- Seguindo por essa via, vocês enfrentarão grandes dificuldades, dentre as quais há boatos de que no alto dessa montanha, onde existe um cruzeiro edificado em alvenaria de cimento armado, o local serve de esconderijo de perigosos meliantes e ali costumam serem sepultadas em covas rasas pessoas assassinadas. Portanto, sugiro que retornem e, depois da segunda encruzilhada, prossigam numa entrada à direita. Esta, sim, poderá levá-los ao local certo.
Novamente, embora com grandes esforços e com a colaboração desse informante, nós continuamos o trajeto rumo ao local de destino.
Aguardo para que, nas próximas madrugadas, consigamos chegar ao nosso destino e de carro novo.





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