NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA
Acabo de receber a monumental obra de autoria de Carlos Cornejo e Andrea Bartorelli, “MINERAIS E PEDRAS PRECIOSAS DO BRASIL”, livro elaborado com historiografia cientificamente comprovada em fontes primárias, iconograficamente rico em gravuras e fotos de garimpos e de minerais e de vastas coleções de pedras preciosas brasileiras, onde são detalhadas origens geográficas dos vários tipos de pegmatitos. O livro foi lançado recentemente em maio deste ano, através da SOLARIS EDIÇÕES CULTURAIS – São Paulo, 2010.
Num rápido manuseio e leitura, constatei fotos e textos e, especialmente, num mapa intitulado PROVÍNCIA PEGMATÍTICA ORIENTAL DE MINAS GERAIS, constante da página 507, cuja parte de sua cópia junto anexa, abrangendo todo o Estado do Espírito Santo, parte do Estado da Bahia e todo o Estado do Rio de Janeiro, citando ao lado municípios capixabas até onde chega essa abrangência, embora não completa. Esta constatação se estende por vários textos, adiante citados, que corroboram com informações constantes das gemas preciosas encontradas ao longo do Estado do Espírito Santo, embora incompleta nessa particularidade, o livro contempla muitas citações, cujos textos, eu os insiro neste trabalho, inclusive com citações das respectivas páginas para serem juntadas ao nosso livro “A Pedra da Onça – Jazidas, lavras e garimpos no Espírito Santo”, ora em trabalho sendo feito para a sua segunda edição.
Página 44, a figura à esquerda da parte inferior tem a seguinte menção:
“Cristal de escapolita (35 x 20 cm), Itaguaçu, Espírito Santo. Coleção de Andrea Bartorelli. Fotografia de Marcela Lerner...”
Página 106, ao lado da figura consta:
“Cristais geminados de crisoberilo (30 x 30 mm), Santa Teresa, Espírito Santo. Coleção de Keith. Proctor. Fotografia de Jeff Scovil. O crisoberilo foi descrito pelo mineralogista Franz Von Klaproth em 1795, a partir de amostras procedentes do Brasil”.
Páginas 276 a 277:
Na primeira página, abaixo de uma foto, ao alto, faz-se a seguinte menção: “Cristal de crisoberilo e pedra lapidada (10,77 quilates), procedentes de Itaguaçu, Espírito Santo, Canadian Museum of Nature. Fotografia de Jeff Scovil”. Na página seguinte (277), abaixo de uma foto ocupando quase página inteira, consta: “Cristal geminado de crisoberilo (30 x 50 mm), Santa Tereza, Espírito Santo. Exemplar da coleção de Luiz Paixão, pertencente ao acervo do Museu de Geociências da Universidade de São Paulo. Fotografia de Marcelo Lerner...”.
Página 418:
“[...]... A andaluzita foi encontrada nas areias do Rio Araçuaí e tributários, no Córrego do Fogo, em Malacacheta, e nos municípios de Minas Novas, Araçuaí e Itinga, em Minas Gerais, além do município de Santa Teresa, no Espírito Santo, onde foi achada andaluzita gemológica nos colúvios de encostas e nos aluviões dos rios... [...]”
Página 463:
“[...]... Os pegmatitos estão sempre associados a intrusões graníticas e tiveram origem a grandes profundidades; na principal região produtora do Brasil, a Província Pegmatítica Oriental de Minas Gerais, que engloba também parte do sul da Bahia e do oeste do Espírito Santo, estima-se que os pegmatitos se formaram como resultado da intensa atividade vulcânica, datada de 550 a 600 milhões de anos, que propiciou a formação de inúmeros maciços graníticos dos quais se agregaram milhares de corpos pegmatíticos, a uma profundidade estimada entre cinco a dez quilômetros sob a superfície original do terreno... [...]“
Página 465:
“Agrupamento de cristais de água marinha (45 x 65 mm) cujas terminações, originalmente piramidais, foram corroídas, adquirindo um formato cônico alongado que se assemelha a uma “ponta de lápis”, no linguajar garimpeiro. Amostra procedente de Mimoso do Sul, Espírito Santo, pertencente à coleção de Júlio Landmann, também autor desta fotografia”.
Página 468:
“[...]... Atualmente, a maior parte da água-marinha brasileira é comercializada nas cidades de Teófilo Otoni e Governador Valadares, proveniente de jazidas situadas principalmente nas localidades de Catugi (antigamente conhecida como Três Barras), Padre Paraíso, Caraí (com destaque para o distrito de Marambaia), Medina, Teófilo Otoni, Santa Maria de Itabira e Pedra Azul. Há ocorrências significativas, também, em Mimoso do Sul, no Espírito Santo, e em Jaquetô, na Bahia... [...]”.
Página 471:
“As maiores jazidas ocorrem nos pegmatitos da Província Pegmatítica Oriental, a mais rica, compreendendo parte dos estados de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo, formada por ao menos oito “distritos” pegmatíticos; e a Província Pegmatítica do Nordeste... [...]”.
Página 480:
“[...]... No Estado do Espírito Santo distinguem-se os distritos do Centro-Oeste, que inclui localidades tais como Fundão, Santa Tereza, Itaguaçu e Pancas, e o distrito de Mimoso do Sul, na divisa com o Rio de Janeiro, com destaque para a lavra da Concórdia, que em 1990 produziu um bolsão contendo finos cristais de água-marinha de coloração azul com formato de “ponta de lápis”. Pancas ganhou manchetes nos jornais em outubro de 1987, quando o minerador Isaulino Antônio da Silva achou, na cabeceira do Rio São José, uma água-marinha de 20,5 quilos... [...]”.
Página 507:
Além da inserção do mapa da Província Pegmatítica Oriental de Minas Gerais, há uma relação de localidades, chamada DISTRITOS PRODUTORES DE ÁGUA-MARINHA, onde figuram no Oeste do Estado do Espírito Santo: Colatina, Santa Tereza, Itaguaçu e Pancas. No Sul do Espírito Santo: Mimoso do Sul.
Página 592:
Nesta página, abaixo de uma foto existente no alto, há a seguinte informação: “Turmalina schorl sobre topázio incolor (70 x 70 mm, Mimoso do Sul, Espírito Santo. Coleção e fotografia de Júlio Landmann”.
O contido nesse escrito corrobora de forma inequívoca a existência da turmalina negra e do topázio incolor, ambos citados ao longo do nosso livro “A Pedra da Onça – Jazidas, lavras e garimpos no Espírito Santo.
Página 611:
“[...]... Madagascar foi por muitos anos a única produtora de escapolita. Inclusive de belos cristais da variedade olho de gato, mas na década de 1940 começaram a aparecer belos cristais em Itaguaçu, a 130 quilômetros de Vitória, no Espírito Santo, de cor amarelada com reflexos azuis pontuais, atingindo até cinquenta gramas ou mais de peso... [...]”
Ainda na mesma página, ao alto, é exibida uma foto, contendo a seguinte observação: “Cristal de escapolita (22 x 25 mm), Itaguaçu, Espírito Santo. Coleção de Andrea Bartorelli. Fotografia de Marcelo Lerner”.
Nosso comentário
De tudo quanto trata a obra, em análise, apesar de conteúdos históricos regredirem a tempos remotos; sobejamente referir-se aos estudos mineralógicos e gemológicos que se faziam à época do Império, citando José Bonifácio de Andrada e Silva como precursor da mineralogia, geologia e gemologia brasileiras e de muitos fatos arrolados até os dias atuais; aqui no Estado do Espírito Santo, frequentemente noticiado, conforme citações inclusas, restando lacuna sobre a grande jazida lavrada num pegmatito encravado na Pedra da Onça – pedreira situada no limite municipal de Santa Teresa e de Itarana – fato registrado em provas testemunhais obtidas verbalmente de pessoas que estiveram presentes ao magno evento.
Acredito que as dificuldades de encontrar fontes historiográficas primárias representaram os óbices comuns a todos os pesquisadores que venham a seguir essa notícia da magnífica jazida de águas-marinhas da Pedra da Onça lavrada em 1941 e sobre a qual dediquei o capítulo do livro das jazidas no Espírito Santo.
Por não confiar em alguns relatos, no momento em que fazíamos as pesquisas, deixamos de citar achados de prismas de águas-marinhas com alguns com peso de 76 quilos e outros quando juntando todos os segmentos partidos teriam chegado a 180 quilos. Peças com 3 a 20 quilos somaram-se as centenas. Os prismas desses últimos pesos tinham formatos definido, muitos dos quais bi terminados. Duas coisas havia em comum: a limpidez cristalina das gemas e a inconfundível cor azul intensa e característica. Não houve mesmo como quantificar o volume total da produção da lavra dessa jazida, embora eu tivesse esperança a que com o tempo e estudiosos sempre a cata de melhores informações pudessem revelar toda a história, na maior parte perdida devido, principalmente, à forma desorganizada como foi conduzida essa lavragem.
Soma-se a todo o bambúrrio de águas-marinhas e de outros tipos de gemas do grupo do berilo; um bamburro de cristais hialino, fumê, citrino e ametista atingiram algumas toneladas, talvez, agora, se justifiquem notícias do embarque através do porto do Rio de Janeiro cerca de oito toneladas de pedras oriundas da lavra da Pedra da Onça.
Os resultados dos estudos geofísicos demonstrados no mapa da PROVÍNCIA PEGMATÍTICA ORIENTAL DE MINAS GERAIS justificam os bambúrrios de gemas preciosas cristalinas, ocorridos no solo do Estado do Espírito Santo e a evidência que há, ainda, muito a ser descoberto nesse território.
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