sexta-feira, 10 de abril de 2009

SEXTA FEIRA SANTA

Desde a infância à atualidade, neste dia da quaresma, sempre senti a mesma sensação de algo sublime, de tristeza, de silêncio e de consternação: neste dia não há explosões, os ventos não sibilam; a própria natureza se encarrega de mudar o tom das cores, fazendo do cinza a cor predominante para uma claridade discreta.
Durante a manhã e parte do dia existe uma atmosfera que lembra sofrimento, dor e a tristeza que toma conta durante todo o tempo. Mas é à tarde que o sentimento de morte faz com que a luminosidade se torne tênue, como se o anoitecer fosse antecipado. Enfim o entardecer demonstra que uma vida repleta de esperança de um reino, que sequer tivesse sido entendido: imaginava-se que o reino almejado fosse deste mundo. Morreu o Rei, e junto Dele toda a esperança de libertação da Terra da Canaã prometida. Apesar de tudo o que aconteceu há dois milênios numa sexta feira, aqueles sentimentos se eternizaram para este dia. Desde criança, eu sinto esses mesmos sintomas, que revelam e relembram os sentimentos gravados no meu subconsciente. Acredito, não. Tenho certeza de que tudo se renova verdadeiramente no íntimo da minha alma. Realmente é santa esta sexta feira!

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